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terça-feira, 29 de setembro de 2009

Honestidade



Nosso programa é de honestidade. Nossa proposta é de foco interno (olhar e escuta interiores); sendo assim, a honestidade faz parte deste Cuidar de Mim. TUDO COMEÇA EM MIM.
A contrapartida da honestidade são a mentira, a manipulação, a omissão, o não me ver, o não me perceber, não me ouvir... Tudo isso até parece mais fácil, cômodo, seguro. Não queremos correr o risco de nos decepcionarmos ( ou aos outros) e sermos talvez desvalorizados, confrontados, esquecidos, desamados.. . Então nos escondemos, usando máscaras variadas. Mas o que nos defende e esconde também nos aprisiona, nos conduz a um eterno desencontro, conosco mesmos e com os outros.
Aqui, depois de corrigirmos nossa rota para a felicidade, descobrindo a nós mesmos e nos entregando a um Poder Superior como companheiro dessa saga maravilhosa, podemos iniciar a incrível jornada de despertar, de reencontro, de libertação. O instrumento que não nos pode faltar todo o tempo é a Honestidade, ainda que, de início, neguemos, nos desculpemos, nos manipulemos.Se persistirmos, um dia de cada vez, a verdade se fará cada vez mais presente, procurada e até ansiada. Já não haverá conforto na mentira, nas máscaras. Mesmo quando ainda as usamos sentimos que, agora e cada vez mais, elas nos incomodam, parecem gritar que qualquer “desculpa” é uma deslealdade a nós mesmos. Ansiamos por nos ver e conhecer realmente, a nos aceitar sem lutas, vergonhas, sem culpas e desculpas, com bom humor, ternura, compaixão, com vontade de superar falhas, corrigir defeitos, valorizando nossas conquistas e potencialidades únicas. Ao percorrermos esse trajeto, sentindo as dificuldades que temos a superar( nossos medos, nossos condicionamentos culturais que nos ensinaram a mentir e sermos desonestos), poderemos ser mais tolerantes e compreensivos com aqueles que ainda não descobriram o poder libertador da honestidade. Não podemos obrigá-los a ser verdadeiros, mas podemos sim, cada vez mais, sermos um referencial de desassombro , de respeito a quem somos,da liberdade gostosa de Ser, de boa vontade na busca de nós mesmos, de perseverança para um Encontro verdadeiro.

domingo, 20 de setembro de 2009

ORGULHO



O orgulho nos isola e aprisiona na fantasia de que somos melhores, diferentes e especiais. Na verdade, todos somos diferentes e especiais, incríveis manifestações de um Poder Superior, criador e criativo. O engano, o orgulho, é acreditar que só nós é que o somos. Reféns desse delírio não queremos ouvir, porque sabemos mais e somos diferentes; não delegamos tarefas porque fazemos melhor; não nos permitimos receber porque o que temos ou desejaríamos é melhor. Preferimos ser os que podem dar, com condescendência, reforçando assim nosso senso de superioridade. Sentimo-nos orgulhosos até mesmo de sermos generosos,éticos ou humildes!? quando achamos que somos tudo isso mais e melhor que os outros. Sentimos também orgulho do que nem fizemos, apenas recebemos : nome, fortuna, beleza, inteligência, etc.
Na verdade, o orgulho quase sempre atrelado à vaidade, revela que o nosso foco está fora de nós; que precisamos estar nos comparando, competindo, demonstrando aos outros que temos mais valor, somos melhores, merecemos ser mais amados ou pelo menos mais temidos, admirados e invejados. Aprisionados nessa crença, nos isolamos e não desfrutamos da gostosura de estarmos entre iguais, acolhendo e acolhidos, nos beneficiando com um aprendizado enriquecido na troca. Orgulhosos, prosseguimos lentamente, desnutridos do amor, da alegria, da ternura, do conforto, que só o compartilhar com igualdade, em quaisquer relações, pode proporcionar.
Para desmascarar esse modo de pensar/sentir/agir precisamos descobri-lo sob os disfarces que os escondem e nos enganam. É difícil admitirmos defeitos que nos “protegem”, por isso é importante confiarmos que nos aceitaremos. É necessário mantermos o olhar que busca e procura, que quer entender sem policiar, culpar,justificar ou punir. Só então podemos baixar as defesas e começar a nos ver realmente. Nesse processo interior vamos construindo uma relação de confiança e intimidade conosco mesmos. A partir dessas descobertas, do “dar-se conta”, da aceitação, podemos iniciar o processo das mudanças, desativando essas crenças ilusórias, irreais, de superioridade e abolindo atitudes de arrogância disfarçadas.
É importante relembrar sempre que o que nos torna iguais é sermos TODOS únicos, especiais e diferentes. Entender, repetir compartilhar – até ir-se tornando uma crença, uma nova crença.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Nossas Reuniões



O momento mais impactante que vivi, cheio de espanto e deslumbramento, foi num grupo de uma irmandade anônima de 12 Passos, onde fora convidada a assistir uma reunião aberta. Ver aquelas pessoas tomarem a palavra para partilhar comigo, uma estranha, sua história, seu momento, seus sonhos, pensamentos e sentimentos pareceu-me inacreditável, quase assustador. Era totalmente fora dos moldes da comunicação mundana, superficial, mascarada, disfarçada, defensiva, que eu conhecia. Era uma atitude cheia de coragem, de uma ação nascida naqueles corações que resolveram ser honestos e leais consigo mesmos, libertando-se do jugo de fora, dos “outros”, dando voz à pessoa aprisionada que fomos moldados a ser.
Senti que queria aquilo para mim também! Queria poder dizer de mim, tão censurada e bloqueada; queria contar e cantar a “minha pessoa”; queria falar até calar, chorar e rir para aqueles que, com seu silêncio cheio de simpatia, empatia e respeito, me aceitavam e acolhiam. Em toda essa busca para liberta-me convivo com o desafio do medo. Às vezes, estou mais fragilizada e me escondo em falas triviais, corriqueiras, repetidas. Muitas vezes são áreas mais complicadas de mim, mais mascaradas e defendidas, mais aprisionadas. Quero me libertar, mais ainda não tenho coragem nem de ver, quanto mais de dizer! Ainda bem que é “só por hoje”... Outras vezes me emociono comigo mesma ao ousar revelar cantos escondidos em mim. Nesse processo, essa ousadia advem do escutar. Estou aprendendo a ouvir, a apreender realmente os ditos e não ditos na partilha de meus companheiros. Ditos que algumas vezes se contrapõem aos não ditos (é aquilo que dizem e não combina com o que fazem ou transparecem). Até mesmo a repetição contínua de estórias, casos, lamúrias ou exageradas bravatas, hoje, com o coração mais aberto, já me dizem mais claramente da dificuldade que têm em ultrapassar aquelas etapas. Ouvir suas descobertas, os altos e baixos dos seus caminhos facilita minhas descobertas, meu próprio caminho.
Estou entendendo o quanto tudo numa reunião pode me ser tão útil e sempre ser novo! Todo meu processo é interior portanto cada reunião será para mim o reflexo de como estou participando. Tudo será novo se estiver atento, compassivo, aberto, reflexivo:
- estou receptivo na minha escuta ou repetitivo no meu olhar, no meu sentir?
- estou julgador ou acolhedor?
- busco entender ou apenas descarto impaciente?
- o que me aquece o coração: condenar ou ter compaixão?
Porque não importa tanto o que os outros dizem, importa muito como eu os ouço, como tudo ecoa dentro de mim. Se uma reunião me parecer repetida, tediosa, “sem graça”, sem espiritualidade, é importante que eu reflita:
- o que estou mesmo buscando aqui?
- como estou comigo? Perdi o interesse por mim mesmo, desisti de mim?!
Acredito que a espiritualidade de cada reunião existe dentro de cada um de nós; revela como estamos naquele momento e como interagimos. Quem estiver com coração e mente abertos, olhos e ouvidos atentos e vontade de se libertar poderá então usufruir todas as maravilhosas possibilidades que nossas reuniões oferecem.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

AUTONOMIA COM RESPONSABILIDADE



A aceitação irrestrita com que somos acolhidos na Irmandade nos dá liberdade e encorajamento para começar a pensar, sentir e agir com independência e verdade. Nada nos é imposto ou cobrado, e o programa, apenas sugerido. Não mais o ‘tem que’, o ‘devia’, o ‘bem que você podia’, as expectativas externas sempre cobradas ou o modo de ser, estar e fazer sempre direcionados.
Pela primeira vez, podemos nos sentir livres, donos de nossos pareceres, opiniões, sentimentos e atitudes. Podemos começar a descobrir quem somos e entender que essa pessoa é de nossa total responsabilidade. Antes, sem autonomia, podíamos responsabilizar aqueles que nos conduziam ou cerceavam. Hoje, entendemos que a liberdade de ser e a autonomia no viver implicam responsabilidade conosco mesmos e no modo de estarmos nas nossas relações. Perceber isto é a base para todo o nosso caminhar no programa, bem como para aprender a exercer a nossa autonomia, respeitando a dos outros.
No grupo, nosso campo mágico de aprendizado, exercemos e exercitamos esse tipo de autonomia responsável. Fazemos nossas opções livremente. Para escolher, entretanto, com autonomia e firmeza, precisamos aprender a ouvir com mente e coração abertos, a pensar e reformular pensamentos, formando uma consciência flexível e madura. Esses cuidados devem estar atuantes ao escolhermos nossos servidores de confiança e ao servirmos nós mesmos à Irmandade.
Faz-se importante uma atenção sempre renovada com os reflexos de nossas atitudes e decisões, evitando invadir espaço e funções que não são nossas.
Autonomia com responsabilidade favorece lideranças sadias e cooperação. Ela se expressa de forma clara, firme e assertiva, mas não pode deixar de ser ética – ser cuidadosa com os outros. Nesse tema está implícito o princípio do respeito: respeito a nós mesmos – ao próprio modo de sermos, de exercermos funções, de liderarmos – e respeito aos outros, em igual medida.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Mágoa


A culpa nasce da crença numa “Missão Impossível” de não falharmos jamais. A mágoa tem a mesma origem, só que agora esperamos o Impossível dos Outros. Quando investimos sonhos, idealizações, esperança, expectativas, em alguém que não pensa, sente ou age como “deveria”, nos frustramos e decepcionamos. Quanto mais altas as esperanças e expectativas maior o tombo; quanto mais intenso o investimento afetivo maior a dor, a mágoa... e a cobrança(explícita ou não). Sentimo-nos magoados porque demos tanto e recebemos tão pouco. Cobramos dos outros, da Vida, de Deus “a culpa” por frustrarem nossos sonhos, nossos esforços. Sofremos com tanta ingratidão, desconsideração. Nos relacionamos “com amor” num eterno jogo de Toma lá/da cá, - Eu dou/você me dá. Eu sonho - você me atende (porque você sonha e eu acho que atendo seus sonhos!). Não paramos para ouvir o que os outros desejam e se podemos atendê-los, nem tão pouco para pensar na possível incapacidade deles nos atenderem; não admitimos seus sonhos e desejos diferentes...
Podemos ficar eternamente magoados, ressentidos, vítimas encalhadas na vida, repetindo para nós mesmos a mesma cantilena, lamúria, sobre a ingratidão e decepção que temos com o Amor, com a raça humana, com Deus...Podemos também cortar, tirar, podar de nossas vidas todos que nos magoam, mas vamos descobrir que estamos cada vez mais sós, isolados numa vida sem cor e amor. Podemos então buscar outros amores... até que eles também nos decepcionem e fracassem.E assim, como disse a música: “...e de fracasso em fracasso, descrente de tudo me resta o cansaço, cansaço da vida,...”. Por isso que acreditamos que Amar é sofrer!Foi assim, tem sido assim, mas não precisa continuar a ser assim. O incrível da vida é que podemos começar a mudar tudo a cada momento.Aprendendo a conhecer nosso modo de pensar, sentir, agir; nos confrontamos com nossas dificuldades, com nossos modo diferente, único de ser, e começamos então a aceitar as diferenças e dificuldades dos outros.
Não fui como meus pais, filhos, companheiros queriam que eu fosse; não fui nem mesmo quem eu gostaria de ter sido, mas sou uma criatura única e incrível que estou aprendendo a conhecer, aceitar e amar. Agora posso entender o mesmo em relação às outras pessoas, próximas ou não.Quando entendo e aceito as diferenças, os sentimentos mudam, vai dissolvendo-se a mágoa, substituída pela tranqüilidade da aceitação. Mudam também meus comportamentos. É o fim das concessões exageradas, vitimações e depois, cobranças; é o início do aprendizado de conhecer meus limites, estabelecê-los, comunicá-los com coragem, honestidade e buscar honrá-los a cada momento; é buscar não mais invadir, nem nos deixar invadir; não cobrar nem dar ouvidos a cobranças. Dizer honestamente que penso diferente e quero me relacionar diferente. Perdoar-me e perdoar os outros pelo passado sofrido, brigado, cobrado, silenciado. Perdoar é aceitar, mesmo sem gostar, o que foi, o que não pode ser mudado. Foi e pronto; já era! Perdoar é me libertar então desse passado para poder ver, sentir, viver diferente e melhor.Como tudo fica leve, solto, gostoso. Quando mudo, posso descobrir que Amar assim é dar brilho à vida.