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domingo, 29 de novembro de 2009

O Despertar Espiritual




Vivemos num mundo material e tão identificados ficamos com ele que esquecemos nossa origem espiritual - “somos seres espirituais em uma experiência material”.Embora sendo multidimensionais parecemos só perceber nossa dimensão física e dela cuidamos cada vez mais: na alimentação, sexo, exercícios, remédios, próteses, etc. Queremos soluções materiais que trazemos de um mundo também material. Buscamos aí porque nos parece mais fácil, mais perto; exageramos até nessa busca de sensações e elas passam tão rápido, deixam vazios...
Somente quando esse mundo parece nos decepcionar, quando não consegue nos dar felicidade e nos confrontamos com tédio, dor, desespero é que parecemos ficar prontos para tentar outra direção; quando as circunstâncias da vida conflitam com muito do que acreditamos, quando perdas maiores nos atingem em outras dimensões (mental/afetiva) ainda assim buscamos primeiro solução onde estamos habituados – no mundo lá fora. Ficamos confusos quando muitos de nós parecem possuir tudo que o material pode proporcionar e ainda assim perambulam, empurrando o tempo, insatisfeitos, entediados, inquietos, deprimidos, traduzindo a sede da alma, da dimensão espiritual. Nada os preenche ou consola porque esta dimensão está desnutrida e seu alimento não é material. Estamos aprisionados nas crenças e certezas de nosso ego, nosso pequeno eu. Tentamos nos conformar olhando em volta e nos sentindo “normais”, iguais a todo mundo – é a “normose”,a traição do nosso Ser Maior, Essencial.
Mas para alguns de nós a Dor levou à busca de uma passagem para além desse ego aprisionante , atendendo a nosso inato desejo de despertar, de saúde, de ser feliz. Aceitamos uma programação que nos sugeria outra direção na busca de soluções e Passos para prosseguir no caminho. Essa itinerância é um exercício de cuidados, atenção, bom humor e ternura conosco mesmos ao encontro de nossa saúde profunda, nossa origem sagrada, nossa dimensão espiritual.
Iniciamos nossa caminhada com um primeiro passo que nos aponta a nova direção a ser seguida: não mais tentando lutar, possuir, controlar o que está fora de nós (pessoas, coisas, químicos, etc). E decidimos começar a confiar e entregar os rumos de nossa busca a um Poder Superior, a um poder maior , mais sábio e amoroso, presente de algum modo em nossa vida. A nova direção nos convida a conhecer, sem briga, com cuidado e atenção a nós mesmos, esse ego sofrido e aguerrido que nos defende e aprisiona. Aos poucos, sem lutas internas que só nos desgastam e retêm, aceitando mesmo sem gostar algumas descobertas, vamos deixando de nos esconder e envergonhar do que fomos e somos, compartilhando com honestidade, reiterando nosso propósito de mudança e libertação; trocamos o sentimento de humilhação e fracasso que nos paralisa por não sermos quem “devíamos” ser pela humildade de aceitar quem somos, só por hoje, e pedimos a ajuda de um Poder Maior, cada vez mais próximo e presente, para ir superando as amarras internas, nos libertando. Prosseguindo a caminhada, aprendemos a fazer uma nova leitura de nossa história, das relações conosco mesmos e com os outros. Isso nos dá uma nova visão do que precisa ser mudado, reparado e acertado, deixando-nos continuar mais confiantes e animados. Passamos a aproveitar melhor nosso tempo fazendo de cada momento e circunstância do dia uma oportunidade de revelação e mudança. Isto nos faz compreender melhor nosso ego. Ele já não nos aprisiona tanto porque não brigamos com ele, porque entendemos seus medos, manias, sua disposição para competir, seus desvios, suas fraquezas... Em todo esse trajeto vamos aprendendo a aceitá-lo, para amansá-lo e poder redirecionar sua força.
“Só é duradouro o que se renova todos os dias” Em todo esse percurso temos por companhia, cada vez mais próximo, íntimo e companheiro, esse Poder Superior. Conversamos com Ele em nossas orações de agradecimento e pedidos de orientação; sentimos Sua força e serenidade quando nos aquietamos em meditação.
Estamos ficando diferentes ! Já não somos mais o ego:encapsulados por ele, identificados com ele. Cada vez mais o olhamos de fora, de uma outra dimensão, com uma outra

consciência. Estamos começando a despertar nossa dimensão espiritual! A vivência, o exercício de valores amorosos como aceitação, verdade, respeito, paciência, perseverança, humildade, compaixão, bom humor, ternura e tantos outros fazem parte dessa jornada, passo a passo, e nos despertam uma força diferente que nos cuida, nos defende sem aprisionar, nos liberta, nos une a tudo e todos. Descobrimos esse Poder Amoroso cada vez mais em nós. E nós o procurávamos lá fora! Essa luz esteve todo o tempo aqui como um sol atrás das nuvens, como num candeeiro escurecido, como uma obra de arte sob a pedra bruta, como a água viva de uma fonte obstruída - “É o humano animado pelo sobre-humano”
A perseverança e determinação de prosseguirmos com nossos Passos, um dia de cada vez, nos conduzem à dimensão espiritual. Lá podemos desfrutar de uma “saúde profunda-a manifestação do Invisível no visível”; é a “transparência de Essência na existência humana” porque “precisamos expressar de maneira única o Ser que se manifesta em nós”. Espiritualidade é a consequência natural de nossa comunhão e participação consciente, amorosa e entusiasmada no processo da Vida.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Primeiro as primeiras coisas


Em meio ao caos em que se transformaram nossas vidas torna-se imperativo colocarmos um pouco de ordem em nossos dias. Debatiámo-nos todo tempo com cobranças externas e internas, com o que tinha que ser feito, o que terá que ser feito, o que é prioritário, etc. Desta forma perdemo-nos, relembrando o passado que não pode ser mudado, planejando atitudes para o futuro que ainda não podem ser efetivadas e desgastando-nos em especulações sem fim sobre o que é mais importante e necessário a ser feito. Então, realmente, objetivamente, nada fazemos e mais e mais nos debatemos, frustrados, inseguros, antecipadamente fracassados.
O lema sugere “ir com calma” e organizar-se: ''primeiro as primeiras coisas'', mas o que serão as primeiras coisas? “Mantenha-o simples e pense”: as primeiras coisas são aquelas que eu posso fazer, hoje e agora.
Não posso consertar toda minha vida de uma só vez e não tenho o poder de consertar a dos outros! Posso sim, com humildade, escolher o que é possível fazer aqui e agora.
Isto me dá um senso de eficiência, de auto confiança no processo de desenovelar minha vida.
Primeiro as primeiras coisas - é o lema da ordem e das nossas possibilidades reais a cada dia.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Respeito




Acredito que o Respeito é o alicerce, a base sólida, condição primeira para poder construir minha felicidade, a gostosura de viver amorosamente comigo mesma, com tudo e todos. Entendo que Sou mas não sou sozinha, pertenço a grupos (humanos e à natureza em geral). Nesse desafio de buscar o equilíbrio em Ser e Pertencer, o respeito é que pode garantir o espaço necessário para desfrutarmos ambos esses aspectos em vez de sermos repuxados, dilacerados entre eles.
Respeito tem a ver com aceitação de mim mesma e do outro em nossa alteridade, nossa unicidade, nossa identidade. Embora tenhamos a mesma origem sagrada, somos únicos, especiais e diferentes. Temos potencialidades próprias, temos propósitos, possibilidades e dificuldades diferentes; temos histórias e trilhamos caminhos também diferentes. Ao passarmos uns pelos outros durante a vida só o Respeito a essas diferenças pode nos garantir um doce desfrutar nos encontros.
Como acredito que tudo se inicia na minha própria percepção de quem sou, cabe-me a responsabilidade de ser respeitosa, antes de tudo, comido mesma. Aceitar quem sou a cada dia, como penso, como entendo o que sinto, descobrir o que posso, o meu tempo na caminhada, sem me angustiar com expectativas e cobranças, internas e externas. Isso é Respeito comigo mesma e toda essa aceitação, paciência, esse acreditar em mim mesma, me leva a ser mais respeitosa, paciente e compassiva com os outros.
O Respeito se revela concreto e objetivo nos limites claros, firmes, ainda que flexíveis, que estabelecemos em nossas relações. Eles garantem o espaço para que possamos Ser e compartilhar, enxergar e sentir o outro. O Respeito é que guarda um espaço para o Amor.