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domingo, 31 de julho de 2011

SER E PERTENCER II




Numa visão pequena e mundana, Somos seres em luta contínua para sobreviver, para ter, para desfrutarmos prazeres e poderes, num mundo agressivo, materialista, imediatista, prático. Para tanto precisamos de um ego forte e aguerrido que nos defenda e que nos leva a sermos possessivos, egoístas e individualistas. Mas somos seres de relação e porque não conseguimos existir sozinhos, buscamos Pertencer, também numa visão pequena, abrindo mão do que realmente somos, para nos sentirmos aceitos, valorizados e amados.
         Contudo, numa visão mais abrangente de nós mesmos, Somos centelhas únicas, portadores de uma Luz Maior; somos individualidades com dons e estilos próprios para caminhar, para sermos co-autores de nossos destinos. Numa comparação simples, somos Ondas diferenciadas que fazem parte de um Oceano Maior.
Somos únicos/inteiros e fazemos parte, Pertencemos, a um Todo Maior, a um Oceano Maior, à Luz Maior. Somos diferentes, aparentamos estar separados, mas nossa base, nossa matriz, nossa Água, nossa Luz, é a mesma. E nesse nível estamos unidos, somos iguais. É um Pertencer diferente, que não nos tira as cores e nada exige em troca.
         No passado, nosso ser menor, nosso ego, sentindo-se responsável  pela guarda de nossa luz, acreditou precisar protegê-la, resguardá-la, dos ataques e invasões de  “fora”. Mas o que criamos, primeiro para nos defender, hoje nos aprisiona.
É nossa responsabilidade libertarmo-nos das nossas “defesas” competidoras, controladoras, mascaradas. Elas é que escondem e deformam nosso verdadeiro Ser. Isso pode ser feito através de uma caminhada paciente, amorosa, perseverante, para apaziguar nosso ser menor, o ego.
Vamos descobrindo-nos, desarmando-nos de nossos escudos, retirando as máscaras que nos encarceram.
Nessa caminhada, aquilo que nos pode orientar e fortalecer é o acesso à nossa dimensão essencial, espiritual. É reivindicar nossa Pertença a essa base divina e ali reabastecermo-nos, nutrindo-nos de Luz. Passo a Passo, Um dia de cada vez, vamos despertando nossa espiritualidade, nossa capacidade de viver com entusiasmo, ternura, compaixão, alegria, generosidade, respeito a nós mesmos, aos outros... Vamos aprendendo a Ser, revelando com nossos maravilhosos e variados matizes que Pertencemos a uma Luz Maior.
O grande desafio de nossas vidas, numa visão menor e mundana, é buscar Ser e Pertencer com equilíbrio, respeito e liberdade.
O sentido maior da vida é buscar viver o Ser Maior que somos com a consciência de um Pertencer Maior.   


terça-feira, 26 de julho de 2011

OBRIGADO PELO SILÊNCIO



Poucos momentos, entre tantos numa reunião de Anônimos, são tão tocantes quanto o singelo agradecimento que uma pessoa dirige à sala ao fim de sua partilha: “Obrigado pelo silêncio”. Através destas palavras damos voz à gratidão que sentimos por nos ouvirem em silêncio. Elas revelam a sede que temos de sermos ouvidos, sentidos, “vistos”, em nossa realidade, em nossa individualidade. Temos tanto em comum e somos tão diferentes!

Um dia de cada vez, estou tendo mais coragem de lhes contar quem sou, a pessoa única que sou e que eu nem conhecia! É minha história que vou rememorando, resgatando, vendo-a com outros olhos, sob novos ângulos e querendo, precisando, lhes contar! “Obrigado pela sua escuta, pelo seu silêncio”.

O silêncio numa sala de Anônimos é pleno de atenção, simpatia, empatia, respeito. Ele parece “falar”: Eu estou aqui: respeitoso, atento, interessado... Eu o entendo, eu quero entendê-lo. Na sua humanidade eu busco encontrar e entender a minha! Sua fala não deixa eu me sentir tão distante, tão diferente, tão só... Muito do que sinto e não consigo, ou não me permito, dizer, sua fala diz por mim. Suas culpas e agonias refletem tantas das minhas...! Elas as humanizam. Suas dores, alegrias, derrotas, vitórias ecoam em mim, me enternecem, me fazem sentir viva em minha espiritualidade.

O Silêncio revela atenção, reflexão, oportunidade de organização e reorganização de crenças, idéias, pensamentos, sentimentos, comportamentos. Ele parece também nos “dizer”: Obrigado, você não fala em vão!

Quando ouço esse agradecimento tão simples, penso, comovida:

Obrigada pela sua fala, pela oportunidade de eu poder ouvir. Você se doa no seu revelar, eu o acolho no meu silêncio.

É assim a magia do compartilhar numa sala de Anônimos. Emoção pura, energia forte e amorosa envolvendo a todos, nos fazendo sentir gostosamente vivos, unidos e... a caminho!


quinta-feira, 21 de julho de 2011

EU CONFIO



Eu confio no amor e na sabedoria de um Poder Maior.

“Sei o que quero, mas só Ele sabe o que eu preciso”. Só Ele tem uma visão maior para poder decidir o que é necessário para meu crescimento e libertação.

Eu confio que, ainda que esteja atravessando desertos, sombras e tempestades, Ele estará comigo, sua criatura, amparando, fortalecendo, encorajando...

Eu confio que, também nas minhas tão assustadoras e constantes dúvidas, Ele estará ali, sempre disponível, fiel e pronto a orientar-me, esperando pacientemente que eu possa Soltar-me de “certezas” e teimosias para Entregar-me à Sua sabedoria.

Eu confio no processo da vida e sei que, por isso, estamos todos em processo. Ele é individual e é responsabilidade de cada um caminhar como pode, em seu tempo, a seu modo, com seu próprio estilo.

Eu confio que, em algum momento da nossa caminhada, conseguiremos, também nós, sermos honestos, fiéis, confiáveis em nossas relações, escolhendo sempre a verdade porque, já então, teremos entendido que só assim nos sentiremos livres e confortáveis.

Eu confio na perfeição, força e amor de Deus e reconheço a imperfeição (ainda/Só por hoje) de todos nós.

Acredito que, quando temos essa compreensão, não devemos delegar a responsabilidade por nossa credulidade, por nossas escolhas, por nossa vida e felicidade a outras pessoas, ainda tão humanas e imperfeitas; muito menos cobrar delas a nossa confiança perdida, quebrada, traída. Somos seres de Deus, caminhando, mas ainda tropeçando. Precisamos estar atentos ao que cada um pode dar de verdade, o quanto consegue honestamente se revelar, o quanto consegue estar inteiro e lealmente conosco (e o quanto, dessa mesma forma, nós também podemos estar com os outros).

Em minha relação com esse Poder Maior de amor e sabedoria busco cada vez mais confiar e me entregar. Nas minhas relações, ainda tão humanas com outros seres também tão humanos, busco aceitar a realidade e limitações de cada um, mantendo o coração aberto mas com os “pés no chão”, com bom senso, sem expectativas e fantasias irreais. Acredito que só assim poderei desfrutar uma boa, amorosa e gostosa parceria.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

TEM QUE...




Quantos “tem que” ouvi, ainda ouço e repito (a mim e aos outros) a cada momento? Tem que acordar, trabalhar, lavar, comer, malhar, transar, cuidar-se, cuidar e escolher pelos outros, salvá-los, rezar por nós, pelo mundo, entender, perdoar... Tem que revidar, vencer, fugir da derrota, da rejeição, se desapegar...
Tem que são ordens desrespeitosas que desde sempre ouvimos e aprendemos a repeti-las para nós mesmos (e nas nossas relações).
Mesmo os tem que “do bem, para o bem” trazem o peso horrível da obrigação, da falta de opção, da falta de respeito ao que queremos ou ao que podemos. Tem que..., tinha que... você devia... podia, ia, ia... Funcionam como comandos internos que nos foram dados tantas vezes que acabaram encontrando eco em nós mesmos e para sempre os repetimos, repetimos...
Porque achamos que são por um bom ou justo propósito, porque nos acostumamos a acatar essas ordens, mais acumulamos nossas vidas, nosso tempo; mais nos cobramos sem descanso, sem a mínima generosidade ou respeito conosco. Sem perceber, vamos invadindo-nos, explorando, sufocando...( “tenho que, eu devia...). Por conta disso tudo, vamos também nos tornando irritadiços, magoados, vitimados, agressivos... e tudo que temos negado a nós mesmos, acabamos, tantas vezes, cobrando ou negando aos outros, também.
Em cada um dos tantos momentos em que penso e repito a mim mesmo “tem que”, preciso me reportar ao Primeiro Passo que me sinaliza:
Cuidado! Você perde o controle de si e de sua vida quando quer controlar tudo, quando não respeita sua impotência perante a vida dos outros, quando não respeita seus próprios limites no momento! Na Oração da Serenidade busco, confiante no amor de um Poder Superior, a aceitação, sem culpa, do que está fora do meu alcance fazer ou modificar e peço coragem para fazer o que Posso a cada momento. Não o que “devia ou tinha que” mas a boa vontade de fazer o que posso.
O caminho que busco, através dos 12 Passos, para um crescimento que me traga felicidade, é um caminho espiritual, portanto amoroso, generoso e profundamente respeitoso comigo mesmo e com os outros.

terça-feira, 5 de julho de 2011

MEDITAÇÃO



“O seu verdadeiro trabalho na vida é crescer espiritualmente”.
Por que? Porque esse é o caminho que nos leva àquilo que todos buscamos: a gostosura de nos sentirmos felizes. O mundo material pode até nos dar breves alegrias, satisfações e prazeres, mas apenas o acesso à nossa dimensão espiritual pode nos proporcionar o que mais buscamos – felicidade. Essa dimensão é nossa origem, nossa essência. Dela recebemos “paz e serenidade, amor e alegria” diretamente para nossa vida. Quando nos habituarmos a viver a partir dessa dimensão, tudo nos parecerá melhor, menos ameaçador; nos sentiremos mais fortalecidos, estaremos mais abertos à orientação de um Poder Superior, seremos por Ele intuídos e haverá maior clareza em nossas escolhas.
Para nós, no entanto, que aprendemos a estar sempre correndo, fazendo, discutindo, sabendo, competindo, nos ocupando ou preocupando, que vivemos, enfim, sob o domínio do ego, torna-se difícil, parece quase impossível, parar de pensar, calar nossa eterna tagarelice interna! É difícil, mas vale a pena! Nossa dimensão espiritual está logo ali adiante... e além dela, o Grande Silêncio que nos nutre. A meditação é o veículo nesse caminho que nos leva até Ele; é onde aprendemos e exercitamos o ato de nos Soltar e nos Entregar... Como somos controladores e temos medo,
torna-se necessário realmente desejar, ter claramente esta intenção, perseverar docemente... “Meditar significa desistir de satisfazer o ego.”
Aquiete-se, não dê ouvidos à mente tagarela, não discuta com ela, não lhe dê ordens, não responda aos murmúrios desse ego poderoso e dominador. Seja paciente, gentil e bem humorado, porque nada muda num repente. Apenas persevere, quieto... Um dia de cada vez, no começo apenas por instantes, começaremos a desfrutar de uma dimensão plena de serenidade. Seremos envolvidos por um Poder Superior do qual fazemos parte, mas tínhamos perdido essa noção porque, sob o domínio do ego, permanecemos tempo demais desconectados.
Hoje quero voltar à “Casa do Pai”. Já sei o caminho e a chave está em meu poder.


Solte-se e Entregue-se ao Silêncio.
Isto é Meditação.

Sugestões e comentários: mariatude@gmail.com