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domingo, 29 de janeiro de 2012

NÃO TEMAS TUA SOMBRA



             Nossa sombra formou-se com pedaços de nós, refugos de nós, rejeitados e escondidos do mundo e de nós mesmos. São pensamentos, sentimentos, dons, talentos... aspectos negativos ou positivos de nós, que poderiam nos causar vergonha, não aceitação, desamor... Poderiam ser  entraves à nossa necessidade de valorização e amor por não satisfazerem os desejos de nossa Família e nossa Sociedade.

            Nossa mente, nosso ego defensivo, renegou esses nossos aspectos primeiro atrás de nossas máscaras; e renegou-os de tal modo que passaram a fazer parte de uma zona escura, sombria, escondida, incomunicável, inalcançável, até por nós mesmos - o nosso inconsciente, a nossa Sombra.
Lá, eles permanecem aprisionados, angustiados e nos angustiando, tentando sempre emergir, vir à luz, nos pressionando, levando-nos tomar atitudes e viver emoções que (ainda ou já) desconhecíamos e que tanto nos assustam. A sombra e seu feitor, o nosso ego, fazem parte dessa dupla blindagem que nos aprisiona, que nos mantém partidos, desconectados de nossa Luz.

            Essa deslealdade, ensinada e aprendida, à nossa real humanidade tem um alto custo energético para todos nós. Vivemos tensos, vigilantes, carcereiros de nós mesmos e desatentos, esquecidos, ignorantes de muitas de  nossas  possibilidades. Não podemos nos sentir livres, íntegros, felizes, enquanto estivermos assim aos pedaços, aprisionados e mascarados.

            Precisamos “amansar” nossa mente adestrada e fechada – “Mantenha carinhosamente a Mente Aberta” – buscando conhecê-la, entender seus motivos de defesa, para que ela, então, vá permitindo-nos “ver” sob as máscaras e afrouxe a pressão sobre a sombra inconsciente. Assim, aos poucos, podem ir, timidamente, ressurgindo pedaços de nós, desconhecidos ou esquecidos. E podemos ir continuando, Um dia de cada vez, desatando nós, abrindo cadeados, a caminho de uma liberdade interior que nos faz cada vez mais leves, livres e felizes.

            Por isso, não fujas de ti, Não temas a tua sombra! Só a travessia desse aparente sinistro e sombrio deserto interior, só o resgate de nossa humanidade, só a transformação de nossa escuridão pela ação de nosso amor, só a aceitação de nossos dons e possibilidades, só eles poderão nos conduzir à nossa dimensão espiritual, a essa dimensão que representa o oásis, a origem, a fonte de nossa água, de nossa Luz.

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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

DESPEDIDAS



             Por que doem tanto?! Como nos lembra R.Bach “despedidas são necessárias para que possamos nos encontrar novamente...” Mas doem tanto! Há uma vontade de reter o momento para não deixar ir os que amamos, para continuarmos a curtir o que foi tão bom, para tentar, ainda um tempo a mais, refazer o que não foi... até para lembrar dos ausentes!

            Festas, férias, feriados, viagens...Tempo de chegadas, de partidas...  Oportunidades de estarmos com quem amamos, de ficarmos, finalmente, com aqueles que vemos sempre muito menos do que gostaríamos. Época de encontros e despedidas...

            Despedidas despertam em nós vontade de mudar, de rever prioridades, de correr menos, fazer menos, para simplesmente estarmos mais. Despedidas, emoções, saudades antecipadas, “combinados” de última hora para novos encontros, numa derradeira tentativa de reter o momento.
Despedidas, as tristezas pelos desencontros, as irritações e frustrações pelo que não foi melhor...

 Despedidas de amigos queridos que pudemos enfim rever... Tudo nos “puxa” para lembranças e para a vontade de revivê-las.

Despedidas de férias, de dias passados com filhos adultos que, por alguns momentos, nos pareceram tão nossos, tão meninos, crianças, tão filhos, tão irmãos... brincando, implicando, competindo por uma atenção especial dos pais! Despedidas, bagagens, confusão, crianças, beijos, abraços, risadas, promessas, emoções... Partidas, um carro que sai, depois outro e mais outros. Nossos amores estão indo e nós ficando! E ficamos no portão, rezando, agradecendo, sorrindo, olhos marejados, garganta doída, nos despedindo...As salas agora vazias, casa desarrumada e quieta, num silêncio que grita por todos eles!

Despedidas doem tanto! Funcionam como um ritual de passagem dos momentos, “ainda agora” tão presentes, tão gostosos, mas que já se revelam passado. Acho que é por isso doem tanto.

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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ARROGÂNCIA



             É a atitude que tomamos, consciente ou inconscientemente, através da qual revelamos e expressamos no mundo o nosso orgulho. E o orgulho resulta da percepção equivocada que vamos tendo de nós mesmos, quando, cada vez mais, precisamos nos perceber os mais diferentes, os mais especiais, os maiores, os melhores, os mais... Sempre nos comparando, com nosso foco de atenção sempre fora, nos outros; sempre nos “defendendo”, disfarçando nosso medo de ser menos, menor... Sempre tentando aplacar nossa necessidade de reafirmar nosso valor. Esse medo de ser menos nos aprisiona nesse processo de comparação compulsiva. Nossa mente rígida, teimosamente se fecha em nossa defesa e, consciente ou inconscientemente, vamos nos percebendo como os orgulhosos vencedores nesse embate interior.  O orgulho é a exacerbação, é a distorção de nosso sentimento de dignidade pessoal, de valor natural. E nós demonstramos tudo isso através da Arrogância.

            Embora nos pareça uma atitude tão antipática, que repudiamos, pode ser interessante estarmos atentos a todo esse processo em nós, com uma curiosidade sadia, generosa e bem humorada. Nosso orgulho e arrogância nem sempre são tão explícitos. A prepotência, o autoritarismo, a presunção, o perfeccionismo, disfarçam-se para nós mesmos, justificam-se como atitudes naturais e até elogiáveis pelo nosso ego rígido e auto-manipulável. Podemos levantar algumas questões:
 - sou perfeccionista, obrigo-me sempre ao melhor, a ser a melhor?
 - sou mais “generoso”, posso até “perdoar” e ser indulgente com os erros dos outros, “coitados”?
 - sei o que é melhor para os outros, tenho mais competência, aconselho-os mesmo que nada me peçam...? Sacrifico-me para resolver seus problemas, para viver e dirigir suas vidas...?
 - tenho uma visão mais “certa” e um contacto melhor com Deus, por isso insisto em “salvar” os outros ou então desprezo interiormente, disfarçadamente, suas crenças religiosas (mais “erradas”)?
 - quero impor minhas idéias (são melhores) ou então, nem discuto, fecho minha mente e ignoro as dos outros (são menores, piores)?
 - sou mais “caridosa e humilde” porque nas minhas preces peço a Deus por todos, menos por mim (afinal, sou mais forte, obrigo-me ao melhor...)
 - tenho “pena” das “tiriricas”, porque nesse jardim da vida eu nasci uma “rosa”, fazer o quê ?...
E tantas e tantas outras distorções que podemos ir descobrindo... Descobrir, inclusive, porque me irrito tanto com os “donos da verdade”, com os que podem mais, os que pensam que são melhores...com os orgulhosos e arrogantes! Afinal, eles pensam que são melhores que EU! Como é mais fácil enxergar a arrogância nos outros! Mas, se tivermos “olhos de ver” podemos aproveitar para descobri-la em nós mesmos!

            É isso! Enquanto só nos compararmos e competirmos, mantivermos nosso foco de atenção nos outros, nada descobriremos de nós mesmos, não poderemos nos libertar dessas distorções do ego. E essa procura interior, feita com aceitação, generosidade, de boa vontade e com muito bom humor, nos dá coragem para mudar, para ir desfrutando de um gostoso sentimento de igualdade, de humanidade, de serena Humildade. E isso é muito bom!

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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O JEITO QUE O OUTRO É



            Cada um tem um jeito de Ser e de Estar. Cada um é o que é. Agradando ou não, cada um carrega seu modo único de ser. Esse modo que resulta de sua história: o que trouxe (é discutível de onde), o que aprendeu na sua origem e com suas experiências, o que viveu, enfim... E o modo de estar nas relações deriva do jeito de ser, das circunstâncias e do espaço que lhe é permitido.

            Preciso entender isso, porque quero amá-lo do jeito que você é! Chega da luta sem fim para tentar mudá-lo e das mágoas por não conseguir. Para nossa convivência, acredito que precisarei, para sempre, me lembrar que você, como eu também, é único e, portanto, precisamos estabelecer um espaço entre nós que garanta o respeito a essa alteridade, o respeito a esse modo diferenciado de sermos. É minha responsabilidade garantir esse meu espaço: não permitir ser invadido, nem tampouco invadir o dos outros. É importante eu buscar compreender, ter sensibilidade para perceber sua humanidade (medos, frustrações, mágoas, sonhos, desejos...) tantas vezes escondida, disfarçada com atitudes agressivas ou de indiferença.

            Quero amá-lo do jeito que você é! Mas, às vezes, é tão difícil!
Aquilo que me encanta a princípio, mais tarde me irrita e confunde! Começo a querer modificá-lo, “acertá-lo”, livrá-lo dos defeitos de criação... por amor, com amor e já sem tanto amor... Ofendo-me, irrito-me, com sua resistência, com sua teimosia, em ser do jeito que é! Chega a parecer provocação, falta de amor, falta de consideração!... E discuto, invado, me deixo invadir, magôo, me deixo magoar... Uma batalha sem fim, até o fim da relação, deixando-nos feridos, com feridas que nos acompanham, às vezes, para sempre.

            Devemos nos isolar? Devemos desistir das pessoas? Ou apenas desistir de modificá-las? Quanto mais eu entender, sentir e respeitar o meu próprio modo único de ser, poderei também aceitar e respeitar o Outro, do jeito que ele é. Quanto mais desenvolver minha sensibilidade, minha atenção com meu próprio modo de Ser, com minhas atitudes ao Estar em minhas relações, quanto mais exercitar minha assertividade, poderei ficar mais sensível, atenta e compreensiva com o Outro. Nossas diferenças, nosso colorido único, só precisam de espaços delimitados pelo Respeito e garantidos pela Assertividade para podermos usufruir com gostosura a companhia uns dos outros. E isso é responsabilidade de cada um!
            “O que nos diferencia não precisa ser o que nos antagoniza”
            Somos flores maravilhosas de um maravilhoso e tão criativo buquê  divino!

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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

MARÉ ALTA E MARÉ BAIXA



             Acordei mal! Sonhei algum sonho ruim do qual não me lembro?
Sinto-me cansada e irritada quando penso em tantos “tem que fazer” que me aguardam. As pequenas e grandes manias, dificuldades e defeitos dos outros estão, nesse momento, me incomodando muito. Estou sem paciência! Sinto, descubro e reconheço, sob esse marasmo irritado, uma insistente tristeza, quase sempre recolhida... E ainda pressinto algo diferente, ainda escondido nas sombras do meu inconsciente, querendo emergir, mas ainda sem o apoio de minha coragem para conseguir.
Estou mal, sem vontade de me movimentar! Essa energia densa, depressiva, adere ao meu corpo, sugando minha vitalidade, tirando-me a pressão de vida, o desejo e a coragem para caminhar. Não quero isso para mim, é muito ruim! Quero sair dessa, mas preciso de um tempo! Tenho vontade de colocar uma tabuleta em meu peito: “Em recesso – para melhor poder amá-los e servi-los”.

            Preciso soltar meu corpo dessa neblina pegajosa e sem vida. Preciso movimentá-lo porque o movimento físico influenciará outras dimensões de mim.
            Preciso falar disso, escrever isso, me entender, me enxergar, compartilhar, deixar isso sair...

            Preciso orientar meus pensamentos para mim mesma de uma forma muito carinhosa; preciso ter comigo uma paciência amorosa, bem humorada, daquelas que incentivam, que nos dão força e coragem...

            Preciso lembrar que a Luz que me habita é perene; que toda luz sobrevive e ilumina qualquer escuridão, inclusive minhas sombras e meus momentos sombrios.

            Preciso me acalentar com gentileza e doçura enquanto vou recobrando minha confiança ao lembrar que “até os poderosos oceanos têm um tempo de maré baixa”! Isso me leva à aceitação do meu momento. E aceitação trás paz interior, trás paciência com o meu tempo, libera a força necessária para alcançar novamente a maré alta! É o fluxo natural da vida...

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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

UM SERVIR ESPECIAL



            O Serviço Voluntário é diferente porque traduz uma Vontade Especial de Servir. É uma atitude de criar uma disponibilidade gratuita em nossa vida para o Outro.

            Esse Servir é uma doação espontânea, uma escolha voluntária. É um transbordamento do que há de melhor em nós: a alegria, o entusiasmo, o desejo de cooperar, de participar, de sermos generosos, solidários...
O que nos anima nesse Servir é a Boa Vontade – uma vontade amorosa de chegar junto, de estarmos juntos compartilhando idéias, sentimentos, tarefas...

            É um Servir tão delicado e puro que não posso praticá-lo como quem dá uma esmola ou faz um favor – sem compromisso, sem responsabilidade, sem vínculos, sem Amor! Também não posso usá-lo como moeda de troca para ter regalias, elogios, prestígio, poder... Seria banalizá-lo e a mim mesma.

            Na verdade, esse Servir Especial, o Serviço Voluntário, é um poderoso chamado interior, gentil, livre de anseios materiais, pleno de alegria e amor, que traz sentido e significado às nossas vidas! É a voz, cada vez mais atuante, de nossa dimensão espiritual; é o doce fruto do nosso Despertar Espiritual.  Esse Servir nos faz, enfim, entender que “é nos doando que recebemos a imensurável alegria de participar, compartilhar...”


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quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A VOCÊ : SORRIA, CANTE, DANCE...



             Liberte-se da seriedade angustiada, da indignação, do silêncio desanimado, irritado, da rigidez que vai aprisionando nossas mentes, nossos sentimentos, nosso corpo; da rigidez teimosa e competitiva que nega movimento, leveza e melodia às nossas vidas. Liberte-se do medo do ridículo, de se expor, da não aceitação. Liberte-se... Como?

            SORRIA – ao sorrirmos, nos relaxamos fisicamente, influenciando a liberação de nossas mentes e corações. O sorriso nos desarma e nos leva em direção ao Outro e à Vida. Ele funciona como um chamado; ele traduz  alegria, aceitação, perdão, compreensão, doação...
Deixa voltar aquele sorriso gratuito e deliciado da infância, o sorriso moleque da adolescência... Deixa ficar mais o sorriso doce de quem ama, entende, desculpa... O sorriso que traduz seu interior generoso, amigo, gentil, compassivo... O sorriso bem humorado de quem decidiu tirar o melhor das situações, porque quer ser feliz!

CANTE – como exercício, cante para libertar sua voz tantas vezes calada, retida, sufocada. Cante para desabafar as dores, as indignações, as frustrações... mas também para compartilhar, deixar sair as alegrias, sua ternura e as doces emoções que dão colorido e gostosura às nossas vidas. Cantar é dar voz à nossa alma! Cante, afinado ou desafinado, apenas cante. Cante com vontade e espontaneamente, brincando com o Sopro que nos anima o corpo e a alma, porque o canto, como o gorjeio das aves, seduz e convida para, juntos, celebrarmos a vida.

DANCE – porque dançar é expressar e afirmar com o corpo nossa participação, nosso movimento na vida. Dançar, qualquer ritmo ou melodia, libera emoções retidas, sacode e derruba crenças rígidas e interdições forjadas em família. Dance espontaneamente, com a graça das crianças pequeninas, antes de lhes ser “ensinado” como dançar. Dançar quebra “imagens” que nos impuseram, que aceitamos ou que construímos, imagens que nos servem socialmente, mas nos tolhem e aprisionam. Dançar nos solta para criarmos nossos próprios movimentos, para escolhermos novos ritmos no nosso caminhar na vida, para escolhermos os desenhos que deixaremos pela nossa passagem... Dance para revelar seu movimento, único no universo, e convidar a participarem com você dessa dança incrível da vida!

SORRIR, CANTAR, DANÇAR são o nosso melhor modo de expressar no mundo quem realmente somos e desfrutar essa criatura única que somos.


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domingo, 1 de janeiro de 2012

TEMPO... TEMPO... TEMPO...



             “Hoje é um novo dia, de um novo tempo...” Assim começa a canção. Ela nos remete ao mistério e às promessas do tempo. Ela nos sugere o novo, um novo tempo, um tempo sempre adiante, que nos dá esperança de boas novas, mas nos angustia pelo desconhecido que encerra.

            Estamos prisioneiros do tempo. O tempo passado que nos invade o presente com seus fantasmas alegres ou tristes, que insiste em querer se manter vivo, ocupando nosso pensar, nosso sentir, atuando em nosso agir.
Esse é o tempo que sempre dói: porque foi bom e já passou ou porque foi doloroso e teima em ainda gritar dentro de nós. Querendo deixar para trás o que passou, passamos a celebrar ansiosos, ainda que meio temerosos, a chegada do tempo que virá. Estamos quase sempre fugindo do passado ou esperando pelo futuro! Ficamos aprisionados entre esses dois tempos irreais, enquanto o verdadeiro tempo, senhor do Agora e da Vida, está passando sem ser percebido por nós!

            O novo dia, do novo ano, de uma nova era...  resume-se, na verdade, no Agora. Cada momento, aqui e agora, é carregado de possibilidades reais de Vida. Cabe a cada um de nós nos libertarmos da prisão do “antes” e da fantasia hipnótica do “depois”, da letargia e da pressa, da nostalgia e da expectativa...

            Somos livres filhos da Luz, co-autores dos nossos destinos e senhores do nosso tempo... E ele está Aqui e ele é Agora! É assim que construímos nosso dia, nossa era, nossa história!

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