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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

EM FAMÍLIA - OS IRMÃOS



           Irmãos, companheiros primeiros, companheiros no ninho, companheiros de ninhada... Ninhadas pequenas, grandes ninhadas, crias criadas junto, crias criadas separadas – não importa, o vínculo se fez e persiste!

Irmãos mais velhos, mais “sabidos”, ora protetores, ora ditadores, invasores, “educadores”, ciumentos da atenção e do amor que passou a ser “dividido”. Irmãos mais novos, implicantes, invejosos de nossa “maior/idade”, das nossas primeiras liberdades... Eram nossos maiores admiradores, só queriam mesmo era serem aceitos como iguais, como colegas e companheiros! Irmãos “do meio”, espremidos, destemidos, lutadores, buscando sempre seu lugar no ninho! Irmãos que a gente critica e briga, mas não quer que ninguém critique! Irmãos eternos “rivais” competindo pelo espaço no ninho, espaço no colo, nos carinhos, na atenção e admiração do pai e da mãe.

Quando nos afastamos, fisicamente, na vida adulta, é o fio da infância que nos mantém unidos. Quando nos afastamos afetivamente, brigados, distanciados, a ruptura desses fios nos faz ressentidos, amargos, quebrados em nossa história...

Os irmãos nos foram oferecidos pela Vida para aprendermos a dividir, a compartilhar... Um Amor Maior nos fez irmãos, nos fez nascer no mesmo ninho, para sabermos, para sempre, que não somos sozinhos... Fomos moldados e curtidos nas mesmas festas de família, nos mesmos passeios, nas mesmas férias... E também nas mesmas crises dos pais, nas separações, nos mesmos medos, nas mesmas perdas...

Conforme o tempo avança, mais e mais, ganham significado esses  laços que nos unem à nossa origem. Cada vez mais sentimos a força desses vínculos, mesmo quando distantes uns dos outros. Os irmãos são a memória, o que ficou de nossa infância, eles são o “restinho” de nossos pais. São as testemunhas vivas do início de nossa história. Eles trazem, como nós, a marca indelével de nosso berço, da Família que nos acolheu nessa caminhada.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

GENEROSIDADE


           É uma faceta do Amor! Aquela que nos leva a priorizar e valorizar sempre o Bem e o Amor nas situações, nas pessoas e em nós mesmos. Ela nos leva a procurar ver, mesmo em quem erra e falha, tudo que nele existe de bom, ainda que muito escondido!

Generosidade é aceitar a diferença, aceitar o diferente, de forma amorosa!
- é ouvir com gentil interesse e se revelar sempre com verdade, permitindo que o outro enxergue minhas humanas dificuldades, facilitando que ele relativize as suas próprias.
- é sorrir com simpatia, demonstrando vontade de estar junto, evitando que o outro se sinta isolado.
- é desejar compartilhar bens materiais, idéias, oportunidades, bons momentos...
- é estar disponível, sair do conforto de si mesmo, ir ao outro, buscar “senti-lo”...
- é valorizar o outro, favorecer-lhe oportunidade, encorajá-lo, “segurando” minha própria vontade de sobressair.
- é ter o cuidado de não iludir, de não alimentar fantasias, de não ferir os sentimentos dos outros, apenas para alimentar vaidades em mim.
- é não cobrar, não culpar, não humilhar, não “ajudar”, fazendo o outro se sentir eterno devedor, ou errado, menor, incompetente...

            Esses são apenas alguns aspectos da Generosidade! Mas, para “transbordar” tudo isto para os outros nas minhas relações, preciso que a Generosidade passe por mim. Preciso entender e sentir a doçura, a coragem, a importância da Generosidade em mim, nos meus momentos. Não a Generosidade que vem de fora, mas a que tenho comigo mesmo. “Que comece em mim” – preciso aprender a ser generosa comigo, para que, generosamente, queira vivenciá-la no mundo, com o mundo.

            Preciso “ver” o que há de bom em mim, com olhar amoroso/generoso, para aceitar, perdoar e poder modificar minhas dificuldades, os meus defeitos. A Generosidade se revela para mim na atenção e cuidado com os meus limites, com as minhas possibilidades em cada momento. Ela não exagera, mas jamais desqualifica minhas dores e meus dissabores. Experimento esse doce sentimento comigo mesma quando aceito quem eu sou, Só Por Hoje, e não quem eu queria ou deveria ser.

            Paciência, bom humor, cooperação, verdade, gentileza, aceitação, disponibilidade... são as maravilhosas companheiras da Generosidade eclodindo em nós, em nossas relações, tornando nosso caminho suave e muito gostoso! Qualquer atitude para ser generosa precisa ser amorosa. A Generosidade é o Amor em ação, trazendo mudança de atitudes e trazendo, principalmente, uma transformação interior.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

ORIGEM E DESTINAÇÃO



           Como tudo no universo, somos todos permeados pela Energia Luminosa de Deus. Somos centelhas de sua Luz, somos singelos “portadores de Sua Luz”. Dela nascemos e é em Sua direção que seguimos. Ela é nossa Origem e nossa Destinação. Uma força irresistível, uma atração incoercível, nos norteia e nos conduz para Ela... Assim evoluímos sempre, sempre...

            Temos, todos, isso em comum. Mas o percurso, a caminhada, é pessoal, particular, porque somos, cada um, uma criação, uma criatura, uma centelha única, original, do Criador! Essa caminhada se faz, então, ao modo, ao estilo de cada um e respeitando o tempo e a possibilidade de cada um. Nela, é de minha responsabilidade o cuidado com a nutrição de minha Luz Interior. Também sou responsável por buscar a direção certa, ou por tomar atalhos duvidosos, porém mais fáceis e cômodos, ou pelas paradas preguiçosas, ou pelo esquecimento temporário do meu destino... E sou responsável pelas marcas que vou deixando... Suas conseqüências, boas ou más, também são minhas.

            Como não nos perdermos definitivamente nesta jornada, tão presos que ainda somos ao mundo conhecido – à nossa materialidade tão defendida e tão disputada? Como abrir mão do concreto, do prazer mundano, aquele que se busca a qualquer preço porque ele é fugaz, passa tão rápido e não consegue nos satisfazer mais completamente, mais profundamente, porque, por mais e mais que o tenhamos, sempre nos falta algo? E como buscar o que, claramente, ainda não sabemos... apenas intuímos, sempre pressentimos?

            Decorrente de nossa Origem, existe em nós, ainda que em surdina, uma Voz que nos orienta, que nos aponta o caminho de “volta à casa do Pai” – à nossa destinação. Ela sempre esteve presente! Nós muito pouco a ouvimos porque nossa atenção e nossos interesses estavam no Mundo.
É uma Voz Silenciosa, que jamais desiste, que tenta se fazer ouvir, mesmo abafada pelas vozes do ego que apregoam o ter, o parecer, o poder, o vencer... Esse ego racional/instintivo, arrogante e assustado, tenta nos impedir de ouvir a “Voz Sem Som” da Consciência Espiritual nos convocando a evoluir... A Voz que traduz “uma intuição profunda para os rumos a serem seguidos” em direção a SER QUEM, REALMENTE. SOMOS.

            Como um filho pródigo à procura do caminho, precisamos, cada vez mais, estar atentos a essa Voz Espiritual Interior; precisamos ouvi-la e repassá-la, com infinita paciência, ao nosso ego, à nossa consciência racional/instintiva, num diálogo amoroso, apaziguando-a, ensinando a gostosura, o deleite, de um viver mais amoroso, mais generoso, mais livre e feliz... Acredito que é para isto que estamos aqui – aprender a ouvir a Voz da Consciência Espiritual a nos guiar nos cuidados com nossa Luz a caminho de nosso destino – a Luz Maior.

domingo, 18 de novembro de 2012

SAUDADE II


                          Dói tanto! Quando consigo, confesso que fujo dela! 
Saudades são filhas das minhas lembranças...Lembranças alegres, lembranças tristes... Lembranças de momentos marcados pela felicidade e de outros, marcados pela dor, até pelo horror... Lembranças de dias frios, chuva fria, temporais quentes de verão, banhos de chuva, risos, trovoadas, sustos...eu menina e, mais tarde, os meus meninos... Elas me trazem saudade do aconchego da família protetora e ainda inteira... São tantas as saudades...!

 - Saudade da infância, dos vizinhos, da escola, dos “amigos para sempre”, da adolescência assustada e atrevida...

- Saudade da juventude ainda inocente que me levava a idealizar, a buscar os sonhos de “peito aberto”, tão vulnerável às lições duras e objetivas da vida...

 - Saudade dos meus alunos que me revelaram a importância de minha “mestria” em suas vidas e me encantavam em nosso convívio, naquele caminhar gostoso, juntos, num  Encontro diário...

 - Saudade de colegas, em outros trabalhos, que dividiam comigo brincadeiras, alegrias, impaciências, companheirismo, em meio às lutas cotidianas, nas longas horas longe de casa.

 - Saudade das “secretárias” que tanto me ajudaram a “levar” a casa, os filhos, a família...

 - Saudades maiores do carinho de meus avós, da tia sempre companheira, de meus pais mais jovens, sempre atentos, cuidadosos, disponíveis para tudo, a qualquer momento...

 - Saudades dos primeiros amores, saudades dos primeiros tempos do último amor, do amor que ficou...

 - Saudades da infância dos primeiros filhos, dos filhos que se juntaram a nós, dos filhos que chegaram ainda depois, tão dependentes, tão próximos, tão meninos... Saudades da chegada alvoroçada e curiosa dos “escolhidos” pelos filhos já adultos, saudade dessas relações se tornando mais íntimas, mais amorosas, saudade da chegada em festa dos netos... A Família crescendo, o abraço aumentando...

- Saudade das férias, das festas de São João, dos Natais, dos lanches sob qualquer pretexto, apenas para ficarmos juntinhos...

 - Saudade das coisas boas que ficaram no tempo... mas, mesmo assim, como dói!

Saudade é o passado gritante, gritando, querendo se fazer ouvir, se fazer sentir, machucando de graça, porque ele não volta! A saudade revive o que não mais podemos viver!
As Saudades mais terríveis, saudades que parecem nos rasgar, dilacerar, no físico, na alma, são as saudades daqueles que já se foram de nossos olhos, de nosso toque, do nosso convívio. Enquanto ainda estávamos todos aqui parecia ser possível tornar realidade, recriar o filme maravilhoso do passado de nossas vidas. Agora não, agora são só saudades... Saudades que me assaltam em repentes, que eu respeito, que me fazem chorar em agonia... Mas, depois, enxugo o pranto e Caminho...  

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O DEPENDENTE QUÍMICO NA FAMÍLIA



O dependente químico faz parte da família! Ele é um membro do grupo como outro qualquer! Perdeu-se essa noção ao longo das lutas dentro da família. Ficou a sensação de que estavam em lados opostos, numa eterna luta pelo controle daquele familiar que estava em perigo, que colocava todos sob constante sentimento de medo, culpa, raiva, frustração, mágoa... que expunha a Família à vergonha!

O dependente químico já não conseguia “viver” sem o aditivo químico e a Família acreditava que, Por Amor, tinha o poder e o dever de salvá-lo. A comunicação distorcida fornecia as armas para essa “missão santa” – cobranças, agressões, mentiras, manipulações... E todas eram usadas e abusadas! E cada vez mais se machucavam, e foram se afastando...

Um dia, premido por uma dor maior e pela graça de Deus, o dependente químico entra “em recuperação”. Mas, recuperação de que? Do passado, de tudo que foram juntos? Não se iludam, não se recupera o passado! Ele passou! E nem tinha dado certo, afinal! Mas é possível recuperar o controle da própria vida, da capacidade de fazer as próprias escolhas, talvez de cuidar de outra forma das relações tão machucadas.

Toda família para recuperar sua função de “nidar”, para recuperar sua “sanidade”, precisa, também, mudar.  O dependente químico precisa acreditar e reforçar novas crenças (e os outros membros, também):
 “sou um ser único, com dons e destino único. Faço parte, mas não sou parte, não sou um pedaço da família; tenho uma direção e história própria. Preciso aprender, antes de tudo, a me auto responsabilizar, a me respeitar, a me cuidar!”
“preciso buscar, com firmeza e paciência, um novo papel nessa organização familiar. Preciso estabelecer limites claros e respeitar os dos outros – isto é assertividade.”
“preciso buscar um novo modo de me comunicar, com honestidade. Dizer do meu momento, das minhas prioridades, do meu amor independente.”

Atenção! Recaídas nas relações, a volta aos velhos maus hábitos de facilitação, dependência e cobrança, podem trazer recaídas maiores! Atenção e firmeza com outros membros que não estejam “em recuperação”, que não tenham mudado suas crenças e atitudes. Eles ainda não podem entender as mudanças do dependente químico na relação! Paciência, compreensão, compaixão... mas atenção e assertividade.. Atenção com cobranças! Familiares “paralisados” tendem a tentar arrastar o dependente químico para seu passado “errado” e paralisá-lo pela culpa. Eles ainda não sabem se relacionar no presente, no Só por hoje, ainda estão congelados na dor, na mágoa, na prepotência...

Atenção! Você e eles estão juntos nessa Família. Um Poder Maior apostou que seria importante para o crescimento de vocês tudo que viveram e o que podem ainda viver juntos. Depende de cada um! Mas sua vida é sua! Cuide dela em primeiro lugar, com carinho, alegria e bom humor!        E seja feliz, “às suas custas”! 


sábado, 10 de novembro de 2012

UM TEMPO



           “O tempo não corre em vão!” Estou tentando aprender a me dar um tempo. Estou, afinal, entendendo que precisamos nos dar um tempo. Não devo dormir no tempo, mas estar acordada, respeitando cada tempo, aproveitando o saber, talvez até a sabedoria, que ele pode me trazer.

            São tantos tempos! Tempo de chegar, tempo para ficar, tempo de partir... O tempo para aceitar o que não quero, o que me machuca, o que me irrita, o que não posso... Preciso de tempos curtos para aceitações mais simples, mas eles variam de acordo com as minhas expectativas, com o tamanho das minhas desilusões, com a força de minha teimosia, da minha negação, da minha raiva, da minha resistência em aceitar. Mas atenção: meu orgulho, com minha arrogância, minha pretensão, minha vaidade, meus melindres... podem ir esticando esse tempo, gastando as oportunidades que a vida me traz, transformando-me numa prisioneira da espera.

            “Me dá um tempo!” – “Preciso de um tempo!” Parece “chororô”, mas é verdade!
- preciso de um tempo para entender e assimilar o novo
- preciso de um tempo para “esquecer” a vergonha...
- para abandonar a culpa e aceitar que falhei...
- para repensar minhas escolhas, para aceitar suas conseqüências...
- para desistir de me apegar às críticas e aprender a gostar, a apreciar, a elogiar...
- para “digerir” minhas experiências e transformá-las em nutrição sadia para minha vida.
- preciso de um tempo para aceitar o inaceitável, as dores maiores... Para entender que, apesar de tudo, precisamos continuar...

            Precisamos, na verdade, de tantos tempos... De toda uma vida de variados tempos para nossas mudanças. “O tempo não corre em vão!” – Quando acordados, atentos, disponíveis, flexíveis, ele se perpetua no Agora e, então, nos vamos nos libertando,  nos transformando.


terça-feira, 6 de novembro de 2012

O MELHOR QUE SE PÔDE



               Um dia, fui a um cemitério acompanhando alguns familiares em visita “de rotina” à sepulturas de parentes. Ao caminhar olhando os túmulos, lendo dizeres de homenagem e saudades nas lápides, fui sendo tomada pela energia do passado, de vidas de outrora, daquelas pessoas que existiram por aqui deixando suas marcas, mais fundas ou mais leves, longas ou ligeiras, mas certamente fortes nos corações daqueles que os amaram. Chegamos a um pequeno túmulo, onde estavam recolhidos os ossos de antepassados dos quais eu ouvira falar, ouvira pedaços de suas histórias. Talvez pela isenção que a distância no tempo nos traz, sem a força da memória e das dores mais recentes interferindo nos julgamentos, pude, de repente, me dar conta de que aqueles nomes representavam pessoas que por aqui estiveram marcando suas presenças com seus sonhos, suas crenças, ilusões e desilusões, suas atitudes, suas lutas, seus sentimentos quase sempre negados e escondidos, buscando acertar, querendo dar certo e tantas vezes errando, falhando... Mas todas querendo ser felizes!
           
            Eu me emocionei, e ainda me emociono, numa atitude reverente ante aqueles nomes do passado porque entendi, senti, que cada um deles fez o melhor que pôde, o melhor que conseguiu fazer, certo ou errado!
Entendi que todos nós, desde o mais remoto passado da História até hoje, todos nós, estamos vivendo e dando à Vida o melhor que podemos, que conseguimos! Acertando, errando, sendo muito bons ou muito maus, amorosos ou odiosos, gentis ou brutos... sendo o que formos, estamos sendo o melhor que conseguimos naquele momento! As conseqüências, os frutos bons ou maus do que fomos, colheremos certamente depois, mas naquele momento, foi o que se pôde!

            Não adianta nos crucificarmos, ou aos outros, pelo mal que fizemos, pelo bem que não conseguimos fazer. Se fomos pequenos, mesquinhos, covardes, se erramos mesmo sabendo que deveríamos fazer diferente, ainda assim, esse foi o nosso tamanho naquela circunstância, fomos o que pudemos ser. Acho importante ter essa percepção do processo de nós todos e poder aceitar, mesmo com dor e até horror, os erros e fracassos do passado para poder perdoar o que fui e aceitar a responsabilidade de tentar, agora, ser melhor, mudar o que puder. É muito importante tentar olhar os Outros e seus erros, passados e presentes, com essa mesma compreensão.

            Na vida de relação, em quaisquer relações, mais próximas e na sociedade, precisamos aprender a estabelecer e respeitar limites, fazer acatar as regras sociais e não aceitar comportamentos destrutivos, maldosos, agressivos.  Mas não posso acalentar a noção de que o Outro é irremediavelmente mau! Temos, todos, a mesma Origem! Ele está revelando apenas o seu tamanho, o que, nesse momento, ele Pode. Não adianta eu me magoar ou me horrorizar, porque isto é o que ele pode, é o que ele consegue ser – agora. A sociedade pode e deve cercear suas atitudes, mas não desprezá-lo!

            A Vida é um continuum maravilhoso em direção ao Melhor. Temos, todos, a oportunidade de estar tentando, com erros e acertos, de recomeçar a todo momento, mudando, nos transformando. Estamos todos nesta jornada, caminhando, Um dia de cada Vez, como podemos.
Um Poder Superior, pleno de Amor e Sabedoria, entende o que ainda somos e podemos e, paciente, amoroso e firme, aguarda o tempo de cada um de nós.  

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

OS MEUS LIMITES


           A única forma de preservar minhas relações, quaisquer relações, é a minha capacidade de estabelecer e honrar os meus limites, não me deixando invadir e desrespeitar. Já entendi que não posso modificar ninguém! Não posso modificar os “folgados”, os invasivos, os manipuladores, os grosseiros, os “espertos” mal intencionados... Não posso, por isso, estabelecer limites e ter controle sobre suas atitudes e suas vidas. Não posso transformá-los em pessoas éticas, respeitosas, gentis, educadas...

            No entanto, se não estou disposta a abandoná-los, se não quero desistir dos “difíceis”, o jeito será EU me mobilizar procurando descobrir, estabelecer, comunicar e honrar os Meus Limites dentro dessas relações.   Para isso, preciso estar em constante atenção comigo mesma. Qual é o meu limite nesse convívio e nessa situação? Acabo por descobrir que meus limites são diferentes em situações diferentes e com diferentes pessoas! Com algumas pessoas tenho maior aceitação, com outras tenho maior dificuldade de comunicar o meu limite – dizer –lhes o que aceito e o que não aceito. Uma vez eu li e hoje acredito: “Eu ensino aos outros como eles irão me tratar”! “O bom cabrito não berra!” Se eu permito que me invadam, não adianta reclamar, me lamuriar, culpar os outros, ficar ressentida, com mágoa ou com muita raiva. O meu espaço, a minha dignidade, a minha qualidade de vida nas relações é Minha responsabilidade.

            Preciso trocar o foco de minha atenção! Em vez de focar o outro e tentar modificá-lo, preciso focar em mim, procurar me conhecer, aprender a ser leal comigo, comunicando às pessoas o que aceito ou não. E para isso preciso, realmente, criar uma “intimidade” comigo, me “sentir” em cada situação, para ver se estou pronta a honrar os limites que quero estabelecer e comunicar. Quando não, devo procurar entender melhor os meus medos e porque me obrigo a “engolir os sapos” que não quero!   Esse assunto de Limites é muito difícil de enfrentar porque aprendi a Amar misturando, invadindo e sendo invadida, sem limites... Também é difícil porque sempre queria agradar para ser valorizada... Queria amor e valorização, tinha medo de ser rejeitada, preterida...

            Nossos relacionamentos são importantes para nosso crescimento e libertação porque eles apontam e nos confrontam com nossas dificuldades. Fico muitas vezes tentada a simplesmente abandonar algumas pessoas, a desistir de me relacionar com elas pelos incômodos, dificuldades e dores  que me trazem. Mas entendo que esta “poda” me levaria ao isolamento e me faria perder essas oportunidades que a Vida me traz através dos “difíceis”. Permanecer nas relações mantendo o foco interno, enfrentando com gentileza, honestidade e firmeza os desafios que o ego do Outro pode me trazer, é a oportunidade que tenho de aprender a me respeitar, me conhecer, me gostar, a ser leal e generosa comigo mesma.