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sexta-feira, 28 de junho de 2013

SUPERANDO AS PERDAS


          São tantas as perdas!
Perdas materiais de bens, de coisas... Perdas de situações, de status, de sonhos, ilusões, expectativas... Perdas de pessoas, “nossas pessoas”, pessoas que se tornaram “nossos objetos” mais preciosos de amor e adoração! Perdas...

            Na verdade, seria bom se abandonássemos a ilusão de que somos donos, proprietários, possuidores de qualquer coisa num mundo de mudanças constantes, um mundo onde estamos, tudo e todos, passando... Somos apenas “seres de passagem”! Mas temos e mantemos essa ilusão de posse; a ela nos agarramos num medo crônico de qualquer novidade que venha ameaçar o que já conhecemos e “possuímos”.  Tendemos à inércia, ao não movimento. Se pudermos, sem sentir, preferimos ficar encalhados nas situações conhecidas (com pessoas e coisas) do que nos arriscarmos ao novo.

            Mas a vida nos empurra. Precisamos continuar -  para conhecer, adaptar, aprender, apreender, re-significar, crescer... Somos, então, confrontados, à nossa revelia, com o Novo e com as Perdas – duas faces da mesma moeda!  Como dá medo e assusta! Como incomoda e irrita! Como dói!

            É tudo tão forte, que nossa primeira reação é de luta, de negação, de repúdio à idéia da perda( pequena ou grande)! - “Não acredito...”
 - e sobrevém a raiva, a revolta, o sentimento de injustiça, pela “rasteira” que estamos tomando. “Por que logo comigo? Eu não merecia!”
 - e tentamos negociar com Deus/Vida a suspensão do “castigo” com promessas. Se não conseguimos, fazemos “birra”, nos fechamos, cortamos relações, magoados...
 - e vamos alternando essas reações de desespero e luta, nos desgastando, perdendo a esperança de voltar ao passado... Até que, desesperançados, vamos conformando-nos, cheios de mágoa, raiva surda, “bronca enrustida”.
 - e mais uma vez, tendemos a estagnar, ali permanecendo, uns mais tempo, outros menos, todos mal!

            Mas o impulso da Vida é maior e se faz presente no processo mágico da Aceitação da perda, Aceitação da nova realidade. Para aceitar não é preciso gostar! É apenas parar brigar/zangar! É encontrar Paz, mesmo na dor!... E nossa energia/alegria, finalmente livre da luta e das lamentações pela perda do passado, nos impulsiona a seguir, renovados, acrescidos, crescidos, mudados, transformados...
A dor perene/viva recolheu-se, permanecendo, no entanto, latente, mas o sofrimento que nos paralisava foi superado e nós, mesmo tão machucados, até “sequelados”, de novo, avançamos...

Superando as perdas, acolhendo o novo, nós caminhamos... É assim!

domingo, 23 de junho de 2013

DOADORES


            É maravilhoso sermos também Doadores no processo do Compartilhar! Doadores abertos a receber, a acolher o que têm a nos oferecer.

            Mas atenção para não nos tornarmos aqueles doadores compulsivos que só sabem dar, doar, se doar... Aprendemos que isso seria o certo, o bonito e muito bom! Deveríamos cuidar de nossos familiares, amigos...  doando-nos completamente, por amor, com amor!  Esses doadores receberiam a admiração de todos, se sentiriam generosos, invejados, poderosos, necessários...
Quanto maior e mais completa a doação (material ou afetiva), maior o significado que teríamos na vida dos outros! E isto se tornava importante porque estávamos condicionados a buscar fora de nós o significado de nós mesmos, de nossa vida. Nessa ansiedade em nos doarmos para suprirmos as necessidades dos outros, acabamos querendo viver suas vidas à nossa maneira, acostumando-os a acomodação, negando-lhes o direito de também doarem, de servirem... E cansados e esgotados pelo tanto que nos doamos, espontaneamente ou não, quantas vezes nos sentimos explorados, magoados, e cobramos com palavras, pensamentos e atitudes!

            Quem sabe doar, não consegue compartilhar, porque não sabe receber! Para recebermos, precisamos abrir mão da nossa posição de doadores, do orgulho de sermos aqueles que possuem mais, que podem doar... Orgulhosos, não aceitamos a “vergonha e humilhação” de nos sentirmos “submissos e submetidos” a alguém que está podendo mais!  Não aceitamos esse novo papel que nos faz sentir “frágeis, fracos, necessitados, ultrapassados”...

            A caminho de mim mesma, eu preciso observar, com honestidade, gentileza e bom humor, quais são minhas motivações quando me revelo uma “doadora compulsiva” e quais são minhas dificuldades em aceitar ser  uma recebedora.
 - estou muito apegada ao poder de decidir o que é melhor para todos?
 - tenho dificuldade de deixar o controle?
 - sinto-me orgulhosa e envaidecida de ser aquela “generosa”, a que sempre doa, aquela a quem todos recorrem?
 - sinto como humilhação abrir mão desse papel e aceitar receber?...

            Somos assim... Existem dentro de nós “bons e maus” motivos para doarmos e recebermos. Somos ainda tão controversos! Quais os nossos motivos? Somos ainda tão desconhecidos de nós mesmos! E ainda tão apegados aos nossos papéis aprendidos!


 Precisamos descobrir e exercitar nossa capacidade de doar com respeito ao espaço, às responsabilidades e ao desejo do Outro, de doar com generosidade, mas atenta à sensibilidade do outro.  Precisamos descobrir e desfrutar a gostosura da simplicidade e da humildade ao receber com gratidão... Só assim descobriremos, então, a magia do Compartilhar!

terça-feira, 18 de junho de 2013

ESSE MUNDO É O MEU !


            Que mundo é esse que anda “tão mal freqüentado”?

            Quanta agonia e irritação quando fico atenta a seus erros e me sinto submetida a tudo que nesse mundo acontece: a invasão dos egoístas, a “folga” dos espertos, as lamúrias eternas das “vítimas”, a agressividade e grosseria dos apressados, a truculência dos mais “fortes”, a sujeira das ruas, as árvores sufocadas pelo concreto das calçadas, a indiferença e o abuso contra qualquer forma de vida, a militância estreita e competitiva dos “chatos”, as atitudes irracionais, de puro vandalismo e ódio dos radicais, a mentira nas relações, a corrupção e impunidade em todos os níveis, as programações  “culturais” perversas contando histórias coloridas e cheias de charme de pervertidos e psicóticos, as pessoas tangidas como rebanho e se eximindo de auto-responsabilidade, a maledicência inconseqüente e insensível ao Outro, o deboche usado como arma...

Esse é o lado adoecido do mundo que eu hábito, que também é o meu mundo! É o mundo do qual também faço parte! Mas não quero ficar tão irritada, desiludida, depressiva! É muito ruim!!! Parece-me que, sob esse olhar que privilegia tudo que está errado e maldoso, acabo ficando presa num túnel, para sempre tangida do ruim para o pior!

             Existe um outro lado desse mundo, mais sadio, que me promete e oferece gostosuras, venturas – um mundo que é, também, bem freqüentado e busca se acertar! Para desfrutá-lo, preciso me dispor a procurar com meu olhar tudo nesse mundo que me faz sorrir, que me enternece, que me emociona. Depende de mim nutrir minhas necessidades mais altas de Beleza, de Verdade, de Justiça Amorosa, de Compaixão...
 - preciso me dispor a ouvir crianças, abraçar filhotes fofinhos, respeitar e desfrutar da beleza da natureza à minha volta (as águas, as árvores, o céu, as montanhas, os animais, as pessoas...)
 -preciso aprender a me respeitar, guardando meu espaço com firmeza e gentileza, sendo verdadeira e acolhedora, para (só assim) poder desfrutar o que o Outro tiver de melhor.
 - preciso escolher o que vou ler, ouvir, assistir... Escolher com o que vou sintonizar: pessoas, mídias, programas “do bem”, com bons propósitos, com boa energia... Pessoas/mídias que me tragam boas notícias, notícias de Bem de que somos capazes!

Nada me adianta ser arrogante, crítica, revoltada... Quero ter esperança de dias sempre melhores com a certeza de que essa nave Terra e sua tripulação, humana ou não, têm um Divino Timoneiro, amoroso, pleno de sabedoria e paciência. Apesar de tantos desacertos humanos, Ele nos acompanha e aguarda, enquanto estamos a caminho!


            Esse mundo é o meu! Esse mundo é também bem freqüentado e busca se acertar! Depende de mim escolher como quero fazer parte dele. Se apenas criticando, como se não tivesse nada a ver com isso, ou escolhendo ver e compartilhar o melhor, tentando cooperar para o melhor... Afinal, Quero ser feliz! É muito bom!!!

quinta-feira, 13 de junho de 2013

DESEJO E EXPECTATIVA


            É muito tênue a linha que separa o Desejo da Expectativa.

Desejo é a criação mental de algo que almejamos para nosso prazer e felicidade. E ele traz em si o antegozo desse prazer e felicidade.
O desejo nos leva a vôos ideais, nos leva a sonhar... não importa se sonhos possíveis ou  impossíveis! O desejo nos leva à ação, quando da possibilidade, ainda que remota, de o trazermos da idealização, passando pela intenção até o concretizarmos na realidade. E somos os responsáveis por todo esse processo interior. Ele também nos leva ao aprendizado da espera/aceitação/entrega, quando independe de nós o tempo e desfecho de nosso sonho.

            A Expectativa resulta do desejo desgovernado, que nos traz ânsia e agonia, que nos aprisiona ao desenrolar dos fatos, mesmo quando eles não dependem de nossa atuação, mesmo quando estão fora do nosso controle, mesmo quando dependem da atuação e do desejo de outras pessoas, mesmo que dependam de Desígnios Maiores...
 - queremos ter certeza que nosso desejo será satisfeito, de preferência logo, do modo exato que esperamos.
 - queremos ter o controle de fatos e situações que envolvem outras pessoas; queremos decidir por elas o que será melhor para nós, embora o que é meu desejo, nem sempre interessa ou toca os outros.
E enquanto  insisto, ansiosamente, em esperar que atendam meus desejos, crio expectativas muito dolorosas para mim, e mais ainda para os outros, que me levam a invadir ou interferir em suas vidas com o peso, muitas vezes massacrante, do que espero delas. E me trazem decepções, me levam a lamúrias e a cobranças injustas pelas minhas frustrações.
Criar também a expectativa de que algo ruim possa acontecer nos faz ficar remoendo o medo e nos traz um sofrimento tão grande que, se o pior acontece, chegamos a sentir alívio pelo fim da agonia deste esperar doentio!

Preciso cuidar para que meus Desejos permaneçam como poderosas fontes de inspiração, de alegria... Que a busca de sua concretização, quando possível, dependa somente de mim, porque eles são meus desejos, não dos outros! Preciso estar atenta para não persegui-los obsessivamente, deixando-os se transformarem na expectativa que me angustia e tira todo o sabor dos meus sonhos...


sábado, 8 de junho de 2013

ELES CRESCERAM !


                Eles nasceram de nós, nasceram em nossas vidas... Nós os cuidamos, nós os amamos... Nós os apresentamos às pessoas, ao mundo, à Vida... Nós lhes ensinamos o que sabíamos do Viver e da Vida. Nós os conduzimos, orientamos, demos-lhes diretrizes... O que acontecesse, nós estávamos ali para abraçá-los, acolhê-los, consolá-los... Mas muito pouco os ouvimos, porque tínhamos tanto a informar! Eles eram nossos ! (nós acreditávamos) – nossa responsabilidade, nossos amores...

                Mas eles cresceram! E cada vez ficou mais claro que não eram nossos! Cada vez ficou mais claro que muito pouco nós sabíamos, realmente, quem eles eram sob as vestes de “nossos” filhos! E eles também muito pouco sabiam de nós, escondidos que permanecemos sob nossos papéis de pais e orientadores.

 E então, me assusto e me arrependo de tão pouco saber e de tão pouco me revelar, porque agora eles cresceram!  Saíram de casa, distanciaram-se do meu olhar amoroso, sempre inquieto e intrometido...  Estão agora fazendo suas escolhas, desenvolvendo crenças e opiniões próprias, às vezes tão diferentes das minhas!
Formaram suas próprias famílias e entregam-se a elas, priorizam suas questões, como antes nós nos entregávamos a eles e também os priorizávamos.

                Então às vezes, de novo, me assusto quando descubro meu colo vazio! Será que os perdi? Será que perdi toda a importância em suas vidas? Será que acabou todo aquele nosso amor?
               
                Procuro entender que nossos papéis na vida uns dos outros são dinâmicos – eles mudam conforme mudam as fases de nossa vida. O Amor não muda – ele amadurece, conforme amadurecemos! Aquele amor de total doação com imposição, precisa se adaptar com respeito às novas fases de nossas vidas e se transformar em amor parceiro, amor que ouve, amor de trocas espontâneas, que tenta não invadir, que respeita quem eles são e quem somos.
Nossos papéis vão mudando: pais de filhos pequenos, pais de adolescentes, pais de filhos adultos, pais de filhos com seus próprios filhos... ( Preciso tanto estar me lembrando disso!!!)

                Não adianta chorar as lembranças do tempo em que dependiam e precisavam de nossa proteção!  Os passeios, as férias, os tombos, as febres, o estudo, as broncas, os carinhos, o “papel principal” no filme de suas vidas... Eles aprenderam, e de alguma forma aproveitam, tudo que lhes proporcionamos com nossos acertos e, também, com os nossos erros. Nós não fomos descartados de suas vidas. Estamos todos, pais e filhos, impregnados, internalizados, na vida uns dos outros. Cumprimos nosso papel na primeira fase da história de cada um deles... Agora é uma nova fase e precisamos nos adaptar a ela, porque continuamos a amá-los.

                Quando doer a distância, quando bater a saudade, quando gritar o silêncio da falta de notícias, de ouvir suas vozes tão queridas, quando a cada ficar imensa de tão vazia... preciso apenas agradecer toda a vida que temos e tivemos e me lembrar – eles cresceram!



segunda-feira, 3 de junho de 2013

MEMÓRIA II


            A Memória é a guardiã de nossas lembranças, a senhora do nosso passado, a testemunha silenciosa de nossa história...

            Quando fujo sistematicamente de minhas lembranças, com medo do confronto com a dor da perda de tudo que não tem mais volta, corro o risco de me sentir como “pipa voada”, vivendo o hoje, mas perdida, sem referências, roubada ou abrindo mão do meu passado – um ser sem Memória!

            Podemos usar nossa memória de várias maneiras:
 - às vezes a usamos como uma “flauta mágica” que nos mantém encantados, mas aprisionados, nas alegrias gostosas do passado, deixando de viver o que está acontecendo no momento... E nem importa o que a vida nos oferece porque nada enxergamos... Porque “aquele tempo é que era bom”!
 - outras vezes, ficamos igualmente aprisionados ao passado, mas então encarcerados num castelo escuro, habitado somente por nossas tristezas, nossas saudades, nossas agonias, mágoas, ressentimentos, culpas e vergonhas... E, ali, nossa memória nos mantém acorrentados sob constante açoite.
 - algumas vezes usamos nossa memória como arma que nos mantém aquecidos, remoendo raivas, para mais facilmente superarmos nossa timidez e conseguirmos reagir.
 - ou remoemos injustiças para nos atirarmos às revanches, à vingança... prisioneiros do ódio! Esse mesmo uso da memória serve também para ir corroendo nossas relações mais caras quando a usamos como arma de coação, cobrando aos outros seus erros passados, numa tentativa de controlá-los pela culpa!

            Mas a memória pode ser uma aliada maravilhosa quando nos testemunha experiências do passado para nosso aprendizado. Ela nos ajuda a revisitá-lo para que também possamos “vê-lo” com os novos olhos de nossa caminhada... E ainda nos preserva a beleza do que vimos e vivemos para nos enriquecer o presente.

            Memória... tantas possibilidades! 
Como estou lidando com minha memória? Que usos tenho feito dela?