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quinta-feira, 29 de agosto de 2013

SAIR... PARA SERVIR


Essa exortação, esse convocação, me chama a atenção para a importância de sair do meu mundinho cômodo/egoísta, do meu conforto protegido pelos meus bens materiais, pelo amor desfrutado em família, pelo acesso que tenho à educação, à informação, a valores... do tanto que tenho e tive o privilégio de desfrutar.       Sair da segurança das minhas opiniões, da minha religião, da minha cultura, das minhas “certezas”, quando elas me separam e me fecham, quando me ajudam a ignorar ou rejeitar o “resto” do mundo.

Sair... para chegar ao Outro. Chegar a Outros de realidades tão diferentes e que, na verdade, me são tão iguais! Chegar, acreditando menos em nossas diferenças mundanas, apostando mais em nossa humanidade, que nos aproxima, e em nossa origem divina, que nos iguala. Chegar, com mãos amigáveis, sorriso franco, mente aberta, coração receptivo... Chegar ao Outro com igualdade – para Servir.

Mas, como posso Servir? Um Servir maior, melhor, um Servir que sabe doar e receber...
Será apenas doando bens materiais, que talvez eu possua mais?
Ou será sabendo, também, aceitar, receber, valorizar e agradecer o que o Outro possa doar a mim - coisas, atenção, gratidão, sorrisos ou afetos – fazendo realmente sentirmo-nos iguais e amigáveis?
Será apenas levando informações/orientações que eu acredito ter melhores?
 Ou será sabendo Ouvir, muito mais do que falar, catequizar ou direcionar?
Preciso, acima de tudo, estar disponível, receptiva, abrindo meu coração para poder, realmente, sentir e demonstrar empatia, simpatia...  para finalmente poder Chegar Junto!

            Esse Servir requer estar aberto, humilde, entusiasmado, para trocar, compartilhar!  Sair... para servir é dar a mim mesma a oportunidade de me sentir atuante, participante, pertencente a essa grande aventura da Vida!
 O moço de Assis já descobrira isso! Ele afirmava “É dando que se recebe”, a alegria do compartilhar!


Sair... para servir com simplicidade, humildade, respeito, alegria... Assim, sou também enriquecida pela humanidade do Outro! E isso é muito bom!


sábado, 24 de agosto de 2013

TORCIDAS


             Todos “torcemos” pelas nossas escolhas, pela satisfação dos nossos desejos. Na verdade, deveríamos apenas desejar, sem trazer aos nossos desejos o peso de nossas expectativas. Mas, enfim, ainda torcemos! Resta uma reflexão sobre como torcemos! Eu torço a favor ou torço contra?

            Quando “torço contra” – no esporte, na política, na religião, em família, em quaisquer relações...- essa torcida traz o peso da luta, da raiva, do despeito, da inveja, da intolerância, do preconceito, da competição, da necessidade de ser melhor e ver o outro como pior, do desamor... Somos movidos pela “revolta justificada” do que é contrário aos nossos desejos, ao nosso modo de pensar, contra as nossas preferências, até mesmo quando entendemos que é “contra o mal”.  Torcer contra nos faz sentir o gosto azedo da irritação, o “sabor gelado/amargo” da revanche, a “glória pobre” de ver os outros, os “adversários”, serem menos, serem piores, serem perdedores, serem os sem razão... Torcer contra nos faz sentir diferentes/melhores, distanciados e partidos em nossa humanidade.

            A “torcida a favor” tem a energia boa da caminhada a favor de algo  que acreditamos que é bom e/ou do bem, que é a favor do que amamos, desejamos ou escolhemos. Essa torcida é movida pela alegre possibilidade de conseguirmos realizar nossos desejos e podermos desfrutar de gratidão pelo seu sucesso. “Torcer a favor” nos faz sentir leves, generosos, parceiros, solidários...

            O que desejo, afinal? A luta, a derrota do “mal” que vejo no Outro ou a possibilidade da alegria em nossa caminhada?  “Torço para o meu “time” ganhar, ou torço para o seu tropeçar?”
Parece a mesma coisa, mas não é!!! Podemos preferir torcer para o nosso “time” ganhar, mas nos negarmos a “torcer” para o outro tropeçar! Podemos ficar, assim, apenas no “lucro” da alegria boa, prá cima, da torcida a favor, nos resguardando do fel de ser contra, da energia pesada de estar vibrando contra alguma coisa ou alguém, e ainda sentindo a gostosura de sermos generosos com a tristeza dos outros ou simplesmente ignorarmos os revezes!


segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ALIMENTOS


           Com que me alimento?  De que escolho me nutrir?
Tão identificados estamos com nossa dimensão material que só buscamos, com prazer e cuidados, a nutrição do nosso corpo físico. São dietas para todos os fins – dos mais banais, por gula ou estética, aos mais sérios e responsáveis, para recuperação ou preservação da saúde física.  É um cuidado sadio e natural na medida em que estamos hoje de passagem num mundo material e precisamos desse corpo para habitá-lo.

            Mas, atenção! Esse é um corpo temporário! E as minhas dimensões que realmente continuam? Como as estou alimentando? Que informações/nutrições faço questão de oferecer à minha mente, sem atentar para os sentimentos e os comportamentos que dali serão originados?
Estou me nutrindo com notícias, fotos, conversas, histórias... que geram e justificam idéias/crenças/pensamentos de competição, de lutas, retaliações, de maldades, pornografia, perversidades, desânimo, impotência, revoltas por injustiças, ódios..? Fico revendo e realimentando esses pensamentos ou estou escolhendo relatos de cooperação, solidariedade, honestidade, alegria, generosidade...?  Prefiro me deliciar relembrando de casos que me façam rir, sorrir e acreditar que nem tudo está perdido, que “o amor até existe”, e é muito bom?

Que sentimentos faço questão de remoer, mantendo-os vivos em mim, alimentados por mim? Mágoas, rancores, ressentimentos, vergonhas, culpas, ódios... ou ternura, alegria, gratidão, generosidade, perdão, aceitação do que não posso modificar...?  Aceito e respeito meus momentos de dor ou quero eternizá-la em sofrimento inconformado?

Que tipo de comportamentos tomo como exemplo, como alimento?   Arrogância, agressividade, soberba, sarcasmo, deboche, mentira,... ou gentileza, coragem, justiça, honestidade, compaixão, tolerância...?

Sou responsável pelo meu mundo interior. Sou responsável pelo que escolho como alimento! Não posso modificar o mundo exterior, mas sou responsável pelo que escolho para me nutrir ao comer, pelo que leio, pelo que vejo/assisto, pelo que sinto e como ajo. Sou responsável pelas escolhas que irão nutrir o mal ou o bem em mim, pelas escolhas que me fazem uma pessoa amarga/aguerrida ou uma pessoa, e companhia, mais serena, mais alegre, mais tolerante, mais gentil...
           
Somos seres incríveis e complexos. Somos seres energéticos, seres multidimensionais e, principalmente, somos seres espirituais. Preciso estar cuidadosa e atenta ao alimento que proporciono às minhas várias necessidades. E uma especial atenção com minhas necessidades mais altas de seres espirituais: Verdade, Beleza, Alegria, Justiça, Respeito... e o Amor em suas muitas faces.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

OS MEUS PORQUÊS


           Os meus porquês vão indicando, no caminho que faço em direção a mim mesma, os nós que me retêm/prendem assim como os dons/virtudes que são minha força/minha luz. Eles me trazem para mim, vão trazendo as minhas respostas, independente dos motivos/estímulos de fora. Nesse processo, nessa busca de mim, não interessa a origem externa daquilo que provoca meus pensamentos, sentimentos e atitudes. O que interessa é entender o porquê das minhas reações, entender as minhas questões internas. Atenção! O que vem do mundo são apenas estímulos, provocações, que me levam a reações ensinadas e esperadas, também pelo mundo e, assim condicionada, continuo caminhando, alheia a mim mesma!

            A chave que pode me libertar dessa cadeia empobrecedora de retroalimentação é a “escuta” dos meus porquês. Não importa o que vi, senti e como agi sob a provocação dos outros – mas porque vi, senti e agi dessa forma.
 - por que “vejo” dessa maneira? por que discuto? por que me calo?
 - por que me irrito/agrido?  por que me conformo?
 - por que choro? por que rio? por que me culpo? por que me magôo?
 - por que?...

            São tantos e infinitos os nossos porquês! E eles se desdobram em outros, mais profundos, diferentes... Somos ainda tão presos a tudo que nos fizeram acreditar: como devíamos ser, poder, fazer, sentir! Buscar nossos porquês torna-se uma viagem incrível, numa paisagem ainda tão desconhecida! Somos tão complexos, ainda tão contraditórios! Somos um mistério a ser desvendado, por nós mesmos!

            Não adianta tentar ser o mais informado, o mais estudado, ser o vencedor... Tudo são escolhas. O que escolho para mim? Viajar para  “Paris”, ser juiz, carrasco, vingador, vítima, esperto, sucesso, vencedor...no mundo?
Nada disso me traz para mim, nada me diz realmente o que me move e quem eu sou!
Quero continuar a ser uma repetidora de crenças/pensamentos, de sentimentos e atitudes, bem ensinada e totalmente adaptada ou buscar a mim mesma nos meus porquês?

            Preciso desbravar, descobrir e libertar o que tolhe o brilho dessa Centelha Divina que me originou e honrá-la com os dons e potencialidades únicos  que possuo.

Preciso ser livre e feliz.


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

OS NÃO DITOS


          Qual será nossa maior dificuldade: a de ouvirmos (realmente) ou a de “dizermos”, (honestamente)? As duas fazem parte do ato de nos comunicarmos – e temos tanta dificuldade com ambas! Precisamos tão desesperadamente nos comunicar, sermos entendidos, entendermos uns aos outros. Somos seres de grupos e através da comunicação honesta/aberta é que podemos nos aproximar, acolher, trocar, ensinar/aprender... Mas, podemos também nos calar e assim nos afastar, nos isolar...

            Nós nos comunicamos dizendo do nosso amor, do nosso desamor, do que queremos, do que não queremos, do que sonhamos, do que sentimos, do que pensamos...dizendo de nós mesmo, de onde estamos, de como estamos. E fugimos do verdadeiro encontro através da comunicação pervertida pelas mentiras (“boas” ou más), e mais dolorosamente – pelos silêncios, pelos não ditos!

            Os não ditos são as nossas verdades, os sentimentos/pensamentos, que negamos ao Outro, que traímos a nós mesmos não lhes dando voz e às vezes sequer os reconhecendo. Nós os calamos, mas não os aquietamos. Eles não se acomodam e ficam dentro de nós como gritos de amordaçados, que incomodam, que atormentam. O que calamos por covardia, por “generosidade” ou por desânimo/desistência está sempre nos sufocando, nos ameaçando, nos envergonhando...  “Se fosse resolver, iria te dizer da minha agonia...”

            Os não ditos envenenam as relações, lançando uma névoa escura entre nós, fazendo nós nos perdermos de vista. Nesse silêncio medroso e perverso nós nos sentimos como viajantes sem rumo, sem chão, sem teto – totalmente à deriva! Onde está o outro? O que deseja? Será que o magoei? Quando? Como? Onde? Será... Quem é o outro, afinal?

Os não ditos nos levam assim a grandes desvios e a nos perdermos na busca do Encontro, que tanto ansiamos. E nos levam ao cansaço, ao desânimo na relação... Acabamos por desistir um do outro e nos isolamos...
O que, às vezes, ainda permanece entre nós são as trivialidades, as superficialidades, algumas/muitas farpas ressentidas ou um grande silêncio... 
“Como as pedras que choram sozinhas nos mesmo lugar...”

            Em qualquer relação não posso obrigar o Outro a se revelar, a dizer de si mesmo para nos aproximarmos.  O que posso é acolher meus sentimentos e dar-lhes voz com honestidade. Posso ser um referencial diferente na relação, ser assertiva, abandonando o medo, os segredos, as manipulações, o silêncio.

Posso preferir os Ditos, até eventualmente os mal ditos (agressivos), mas jamais os não ditos!


Posso ser verdadeira e assim trazer luz para favorecer um possível e tão desejado Encontro!

domingo, 4 de agosto de 2013

EM PRECE


            Na prece buscamos encontrar a sintonia de nós, criaturas, com nosso Criador.  Cada vez mais sentimos a necessidade desse contacto, vivendo hoje como estamos, arrastados, desnutridos espiritualmente, identificados com a materialidade desse nosso mundo provisório, desse mundo que ainda não é o nosso! Nessa identificação somos levados à busca incessante de possuir bens, saúde física, oportunidades de sucesso material, pessoas queridas... E padecemos do medo constante de não os conseguirmos ou de perdê-los!  Agoniados, sofridos, nesse processo que não nos sacia a desnutrição básica/original, nem tampouco nos traz paz, desesperados com as perdas não evitadas, recorremos, então, à nossa Fonte/Origem através da Prece.

            A princípio, nossa prece traduz muitas vezes a tola arrogância de nos acharmos detentores do bom senso maior, da razão, do maior merecimento... e tentamos orientar o Poder Superior rogando-Lhe “firmemente, com fé inabalável” como deve nos atender, como agir para nossa felicidade ou dos nossos queridos. Parecemos pensar:
“- Deus tem todo o poder, mas pouco bom senso! Preciso orientá-Lo!
Tenho tanta fé, sei que Ele vai me atender!”
E nos sentimos magoados, injustiçados, decepcionados... quando não somos atendidos!

            Mas a Prece que nos fortalece parte do reconhecimento de nossa impotência, de nossa fraqueza, do nosso desconhecimento dos mistérios dos desígnios de Deus, que nos chegam como desafios da vida. Aos poucos, sofridos, amadurecidos, humildes, acabamos por descobrir a magia curadora da prece ao nos entregarmos, confiantes, a esse Poder Amoroso.

            Em Prece, extravasamos nossas dúvidas, nossos medos, nossas dores, até nossos sonhos, seja tagarelando sobre nosso cotidiano, seja nas grandes conversas, em momentos maiores de intensidade marcante em nossos corações e em nossas mentes.  Em Prece, confessamos/expurgamos nossas culpas e arrependimentos, sentimo-nos acolhidos e temos a certeza do Perdão Maior, que infunde força e nos induz a buscar reparações e mudanças...

            Envolvida pela correria do mundo material, esqueço muitas vezes de procurar, de forma constante, essa aproximação que cria intimidade com meu Deus e me faz desfrutar a doçura desse vínculo divino.

Tenho buscado iniciar essa sintonia com pensamentos ou lembranças que me encham de ternura... Assim me emociono; doces emoções me envolvem, às vezes até às lágrimas! Sinto que o vínculo, a sintonia, com esferas/dimensões superiores foi feito, porque eles se fazem através do coração! Desfruto, então, de uma suave e intensa força interior advinda certamente das esferas amorosas de Luz. Ela me energiza, me infunde coragem/esperança de superação das dificuldades. Ela me fortalece, me intui, me ilumina, me tranqüiliza...
Estou em prece...