Pesquisar este blog

quarta-feira, 29 de maio de 2013

DESARMAMENTO


           Ouço campanhas pelo desarmamento em todo o mundo. Campanhas veiculadas por todos os meios de comunicação, embora esses mesmos meios tenham toda uma programação (filmes, novelas, noticiários...) onde a violência é banalizada, justificada, “purpurinada”, levando-nos à necessidade de nos armarmos para sobrevivermos nesse mundo agressivo, violento, injusto, tão desamoroso e hostil. Esse mundo que, na verdade, é formado do mundo particular de cada um de nós!

            Isso me leva a pensar: Como está meu mundo? Fui aos poucos me adaptando, me armando, para existir nesse cenário? E, se não uso armas que atiram, com qual tipo de armas me defendo, ataco, “dou o troco”? E, se fico cada vez mais aguerrida para me defender da violência, sinto que fico presa e retroalimento um processo maldoso, maligno, de competição de forças, inacabável, que não traz alegria, amor, felicidade!

Como parar esse círculo vicioso que nos suga a gostosura da vida? Não posso desarmar ninguém, só a Mim! Enquanto endosso campanhas e comentários sobre a violência, fico no campo das teorizações, porque nada efetivamente estarei fazendo para trazer Paz ao mundo. O meu poder se restringe a mim e pode se iniciar com um “olhar” honesto para meus pensamentos, meus sentimentos e minhas atitudes –“ armadas.”  

O quanto me mantenho armada, defensiva, aguerrida... nas minhas relações, até nas mais próximas? Com a preocupação constante de me poupar sofrimento, decepções, rejeições... posso estar me fechando afetivamente e me isolando! Estamos juntos, até nos amamos, mas temos dificuldade de nos desarmar, de nos relacionar sem expectativas, sem cobranças, sem luta. O quanto tento esconder meu medo de perdas, comunicando-me com ironia, aspereza, prepotência, arrogância...? O quanto estou presa, armada, nesse modelo competitivo de Ser e Estar?

Como me desarmar? Devo me entregar com inocência, de peito aberto, simplesmente acreditando que, se o Bem é maior que o Mal, devemos esperar que o mundo seja generoso e perfeito – Hoje/Agora?

 Só por Hoje, acredito que não somos perfeitos, nós e o mundo do qual fazemos parte. Todos, países e pessoas, temos medo de todos e o medo é que nos torna agressivos e armados ! Mas só posso cuidar do meu medo! Preciso tentar viver cada momento com os “pés no chão”, sem a agonia de esperar pelo pior, mas lidando com o cuidado, a atenção e a assertividade necessários ao meu espaço físico e afetivo. Cuidar de mim com carinho, compreensão, aceitação, me aquece, me acalma, me desarma, me aproxima das pessoas. Pacificada, desconfio menos, tenho mais facilidade de olhar e ver o Bem no mundo, na natureza, nas pessoas. E esse olhar mais benevolente, certamente irá me nutrir melhor, me tranqüilizar, me tornar mais receptiva e acolhedora. Só assim aquele círculo vicioso negativo poderá ser rompido e seu movimento invertido numa espiral virtuosa, amorosa e libertadora.


Se eu me desarmo, o mundo fica um pouquinho mais desarmado e certamente um pouco melhor!


sexta-feira, 24 de maio de 2013

CARÁTER



           Todos já nascemos trazendo características físicas e psíquicas (temperamento) únicas, pessoais, particulares. O meio familiar e cultural onde crescemos e as experiências vividas em nossa história irão ajudando a moldar, retificando ou ratificando, essas nossas características. Elas formam o que nós chamamos de nosso caráter – nossas qualidades e defeitos de caráter.

            O Bom Caráter revela aspectos de nossa personalidade emanados de nossa dimensão espiritual – honestidade, generosidade, solidariedade, respeito... Aspectos regidos pela capacidade maior ou menor de sintonizarmos com as várias faces do Amor... Aspectos, às vezes, ainda insuspeitos por nós mas que existem e esperam que  possamos acessá-los.

            Já nossos Defeitos de Caráter revelam aspectos de nossa personalidade ligados às distorções exageradas de nosso ego materialista e competitivo (defensivo/agressivo) – o orgulho, a arrogância, a mentira, a preguiça, a covardia, a inveja, a luxúria, a raiva, a maldade, a indiferença... Eles foram sendo fixados à nossa personalidade em resposta aos desafios que enfrentamos em diferentes situações. Pareciam nos defender, mas acabaram por nos aprisionar nesse estágio de lutas e de isolamento afetivo.
 
            Como evoluímos do instintivo/animal, passando pelo mental/psíquico em direção ao espiritual, esses defeitos de caráter que nos retém nesse estágio egóico, impedem nosso caminhar em direção ao melhor, à libertação, à felicidade! Torna-se, então, importante que consigamos “enxergar” esses entraves que nós tentamos esconder do mundo, dissimulando-os sob máscaras antigas, coloridas conforme as “necessidades”, e que escondemos, principalmente, de nós mesmos quando os negamos, minimizamos ou justificamos. Nós até os defendemos, muitas vezes, vaidosos e orgulhosos de nosso “estilo de ser”!

            Só uma atenção sem medo, carinhosa e cuidadosa conosco mesmos, só a aceitação honesta de nossos defeitos de caráter, só o entendimento que vale a pena perseverar, com paciência e coragem, para transcendê-los – só assim poderemos ir livrando-nos do individualismo torto, do personalismo egoísta que nos isola e paralisa  -  e caminhar em direção à individuação, em direção à integração de nosso ego reformulado com nossa espiritualidade despertada.

            Somos seres de Luz, somos seres espirituais em processo de libertação de nossa Luz. Que características defeituosas ainda trago em minha personalidade que toldam essa Luz?  Acredito que preciso buscar e utilizar justamente minhas qualidades de caráter para poder confrontar e transcender os meus defeitos!

domingo, 19 de maio de 2013

GRUPOS EM PERIGO !



           Jamais poderemos exagerar a importância de estarmos em grupos – em família ou quaisquer outros. Quando estamos juntos, reunidos, criam-se imensas possibilidades para cada um de nós, ainda que, infelizmente, nem sempre tenhamos noção disso.

            Desde que nascemos, fomos aprendendo a ser humanos no convívio com outros seres humanos – primeiro na família e, a partir daí, em quaisquer outros encontros ou reuniões. Nós nos reunimos porque somos humanos e precisamos estar com nossos semelhantes, trocando aprendizados, novas idéias, sentimentos, comportamentos... Juntos, podemos mais facilmente nos descobrir, enriquecer, fazer escolhas, crescer, nos transformar... Juntos, podemos nos encantar, mesmo espantados, com nossas diferenças e nossas identificações!

            Apesar de toda a importância de estarmos reunidos, nós não fomos educados para isso, para usufruirmos de tantas possibilidades!
 - queremos lutar para impor pontos de vista uns aos outros; queremos ter razão, sermos vencedores no campo das idéias, fechados às opiniões alheias. Discutimos ou nos calamos, criando mal estar no grupo e zonas blindadas, que vão, aos poucos, nos isolando, sós ou em sub grupos, todos fechados, zangados, em estado de luta... Temos muita dificuldade de aceitar que o Outro pense ou sinta diferente de nós. Sentimo-nos agredidos e desafiados pela diferença, em vez de prestar atenção às possibilidades embutidas nela!
 - queremos também ter o controle sobre as atitudes dos Outros, queremos conduzir as pessoas (por amor que seja) porque acreditamos que o nosso modo é melhor! Temos dificuldade de aceitar de bom grado, sem críticas ou interferências sutis (ou não), as regras e a direção de outras pessoas.
 - ouvimos pouco uns aos outros; ouvimos com reserva, nos preparando para rebater ou debater, mesmo que em silêncio. E silenciamos na presença de quem nos irrita para fazer críticas mais tarde em “off”, tornando-nos maledicentes, azedos, amargos, irônicos... Ou podemos querer “mostrar serviço” e levar aos criticados tudo de mal que ouvimos sobre ele! Instala-se a “fofoca”, que destrói qualquer grupo, criando raiva, insegurança, ressentimento, amargura... nos afastando!!

            Não posso modificar as pessoas que convivem comigo, em Família ou em qualquer grupo. Não posso transformar a reunião em momentos gostosos, amorosos, criativos...
Mas posso me negar a participar de atitudes e “políticas” que ameacem ou prejudiquem nossos encontros.
 - posso aprender a ouvir com mente/coração abertos, com isenção, sem discussão, concordando ou não, apenas respeitando.
 - posso aprender a me colocar com coragem e honestidade, sem tentar, no entanto, convencer os outros.
 - posso aprender a respeitar as atitudes e decisões dos outros, resguardando sempre meu espaço.
 - posso aprender a defender sempre o ausente e jamais levar adiante o que ouvir de negativo sobre ele.

            Se acredito que temos tanto a aprender e usufruir com os acertos e desacertos uns dos outros, se acredito que é maravilhoso nos sentirmos acolhidos e pertencendo a grupos humanos, preciso ser coerente e fazer a minha parte para cuidar de meus encontros.

            Minhas atitudes em quaisquer grupos são minha responsabilidade!

terça-feira, 14 de maio de 2013

SUFICIÊNCIA



            Vivemos sob a angústia ameaçadora da escassez, submetidos pela  crença de precisarmos sempre mais e mais de tudo que nos cerca! Sem sentir, vamos ficando escravizados nessa busca insaciável!
- mais dinheiro, para comprar mais coisas, mais modernas, melhores...
- mais poder, para termos mais status, para sermos mais respeitados, mais valorizados, até mais invejados...
- mais informação, para podermos competir mais, para sabermos mais, para vencermos melhor...
- mais amor, para nos sentirmos mais seguros, mais longe do abandono, da rejeição, da solidão...

Tanta atenção constante com o mundo, vai levando-nos a uma desatenção, a uma distração de nós mesmos, de nossas reais necessidades interiores. Nessa carência de atenção com o que somos e com o que temos, ficamos reféns de uma sensação eterna do que “ainda falta”, do que ainda “devemos buscar mais”, “tentar mais”, mais, mais... fixando em nós, cada vez mais, a idéia que temos e somos Menos!

 O Mundo torna-se insuficiente para nos aquietar e satisfazer! E essa busca incessante, desconectada de nós mesmos, não nos deixa desfrutar tudo que somos e possuímos, tudo que o mundo, a vida, as pessoas, já têm nos oferecido e nem notamos!

Em contrapartida a toda essa corrida desesperada e sofrida, convém atentarmos para a idéia da Suficiência. Ela nos traz a permissão para pararmos, para desfrutarmos com satisfação o que já somos, o que já temos. Não impede de avançarmos, mas sempre prevalecendo nossas reais demandas interiores e não as que nos são “doutrinadas” pelas mídias ou cobradas pela família e pela cultura.

A Suficiência está ligada à nossa conexão com o aqui/agora. Ela pode nos parecer estranha porque estamos condicionados a nos compararmos e a esquecer o momento, ligados sempre às dificuldades do passado, com medo das incertezas do futuro ou hipnotizados por nossos  delírios grandiosos desse amanhã.

Suficiência é aprender a relaxar para desfrutar as coisas, as relações, a vida. É usufruir o que temos sem a agonia de buscar mais, de precisar acumular mais, aprendendo a lidar com o material, fazendo apenas uma “reserva prudente” que nos sirva, e não, nós a ela! É, afinal, sabermos lidar com o mundano sem ficarmos submetidos a ele. Esse é um grande desafio!

Suficiência é cultivarmos a Temperança e, de repente, num paradoxo, descobrirmos a Abundância em nossas Vidas!!! 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

EU SÓ PRECISO CHORAR



          Meu Deus, quantos choros escondidos, reprimidos...
Choros que acabava por liberar, aos pouquinhos... Choros que só marejavam meus olhos, doendo, ardendo... quando a garganta contraída, doendo tanto, já não conseguia reprimir toda a emoção. E eu olhava para outro lado, falava qualquer outra coisa, tentava rir, desconversar, não pensar, não sentir...
           
            E fica a pergunta: Por que me sufocar tanto?
 - é meu orgulho atuando, fazendo-me sentir vergonha de demonstrar fragilidade, sentir vergonha de parecer descontrolada ou mesmo fraca, boba?
É ainda esse orgulho que me faz vaidosa de querer parecer/ser superior, forte... E como tal, precisar ter o cuidado de preservar e poupar os “mais fracos”? Ou o cuidado de não querer “incomodar” os outros?
 - são os ditames familiares, culturais, que me condicionaram a não demonstrar emoções? Um pudor absurdo de ser eu mesma?
 - é a insegurança, o medo de parecer “chata”, o medo de não ser aceita, de não ser amada?
 - é o medo irracional de começar a chorar e nunca mais conseguir parar, de me acabar...
 - é um pouco de tudo isso?

            Quantos choros não chorados! E quantas vezes não fui acolhida e melhor compreendida pelas dores que não demonstrei e até pelas emoções mais doces e bonitas que disfarcei... por tudo que tranquei em meus olhos, minha garganta, em meu peito, em mim... Nessas ocasiões, engoli o choro, escondi sentimentos, reforcei a máscara e continuei caminhando, pisando duro, reta, seca, desumanizada, superficial, trivial, quando não, ameaçadora ou agressiva, na defensiva, cada vez menos próxima de outros, também “defendidos”. Quantas dores pelas desilusões, pelo fim de uniões, pelos afastamentos... pelos filhos que cresceram e se foram e pelos filhos que se foram, sem nem ao menos acabarem de crescer... Dores, enfim, de despedidas, quaisquer despedidas...  A dor maior do confronto com minha impotência ante situações limites em minha vida. E parece que quanto maior a dor, tornava-se maior a necessidade de segurar as lágrimas, ser forte...

            Em alguns momentos, sinto-me cansada! Para que? Por que?
A troco de “parecer” para mim mesma e para o mundo?
Preciso me cuidar com mais ternura e carinho, respeitando meus limites e minhas emoções. Preciso aguar minha vida com as lágrimas permitidas pela minha própria humanidade. Preciso ser forte o suficiente para me permitir expressar meus sentimentos pelas palavras, gestos e pelo pranto.

Hoje, nesse momento, eu só preciso chorar!

sábado, 4 de maio de 2013

O DESPERTAR ( O 12º PASSO )


     
         Esses Passos têm me levado a uma caminhada ao interior de mim mesma. Caminhada que não se acaba, porque a paisagem é mágica, se renova em inúmeras facetas e possibilidades. Caminhada de continuadas descobertas e libertação, onde vou aprendendo a me relacionar com a Confiança e Entrega, com a Verdade, com a Aceitação, com a Humildade, com a Coragem, com o Perdão... e  partir para a Ação! Caminhada que precisa ser feita com as muitas faces do Amor: com  Gentileza, com Compaixão, com Generosidade, com Bom Humor e Alegria, Respeito, Honestidade...

            Essa caminhada foi me conduzindo a um Despertar Espiritual, a “despertar” para esses valores espirituais, que me permitem descobrir e desfrutar o viver sob a orientação de minha Consciência Espiritual. E esse despertar vai me levando a um transbordamento amoroso para o mundo!

            Os Passos sugeridos, encadeados de uma forma lúcida e respeitosa com minhas possibilidades, são um processo de apaziguamento do meu ego, que foi adestrado para lutar com o mundo e buscar, lutando, o que esse mundo poderia me oferecer. Nessa caminhada com esses Passos, minha Consciência Espiritual passa a ser cada vez mais ouvida e, com paciência, passa a ser a orientadora e “professora” de minha consciência egóica. Confrontada com as delícias e dificuldades de minha própria humanidade, passo a respeitar e procurar entender o Outro em sua humanidade.

            Cada vez mais, com esse Despertar podemos ir desfrutando de “uma saúde profunda – a manifestação do Invisível no visível”. É a “transparência de nossa Essência em nossa existência humana”, porque “precisamos expressar de maneira única o Ser que se manifesta em nós”!(R.Crema)

O Despertar Espiritual é a conseqüência natural de nossa participação Consciente e Amorosa no processo da Vida e, muito mais que mudanças, ele pode nos levar à Transformações...