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sábado, 26 de abril de 2014

TERNURA E CARINHO


           Somos uma Centelha de Luz!  Então, somos uma fonte com potencial inesgotável de Amor. E o Amor se expressa de muitas formas... Uma faceta do Amor que nos empolga, que necessitamos deixar transbordar -  morna, doce, terna...  é a Ternura e ela precisa ser canalizada para o mundo sob a forma de Carinho.

            Se essa fonte fica bloqueada pelo medo, pela insegurança, pela raiva, pelas disputas, pelas crenças culturais... Se ela não consegue se expressar pelo carinho, ela se perde na aridez combativa do mundo e nós também secamos...  Nossas relações perdem a graça e o frescor. Queríamos florescer, florir, mas vamos mantendo-nos secos, defensivos, sobreviventes... embora a água da vida, do amor, ainda exista dentro de nós!

            O Carinho é que transmite a Ternura. Ele é o gesto que a faz chegar ao Outro, ele é que dá passagem/revela o Amor que nos empolga... Seres de Luz que somos, precisamos dar, tanto quanto receber, Carinho. Ele é a moeda do Amor...

            Recebemos e damos mais facilmente carinho quando pequenos ou no início das relações, quando estamos mais confiantes, mais entregues... Aos poucos, porém, a desconfiança, as cobranças, as tentativas de controle, as mentiras, o medo do desamor... nos tornam mais defensivos e acabamos por bloquear a doce fonte da Ternura e o rio do Carinho acaba por secar! Ficamos como os cactos do deserto, cheios de água, mas só mostrando os espinhos...

            Quando me sinto aprisionada por minhas defesas, me pergunto:
- O que EU posso fazer para trazer mais Ternura e Carinho à minha vida?
 - Preciso enfrentar o medo e ir-me desarmando, baixando minhas defesas e ousando chegar com mais Ternura e Carinho às pessoas, mesmo aquelas das quais mais me defendo.
  - Vou tentar pensar nelas como companheiros (nem sempre amigáveis) de viagem. Afinal, estamos no mesmo barco, enfrentando desafios e medos!
 - Não vou ficar remoendo desilusões e mágoas que eu permiti que me causassem. Não ficarei de peito aberto a ataques, mas tentarei manter aberto meu coração terno e carinhoso.
 - Os bons pensamentos amansam meus sentimentos e, aos poucos, timidamente, corajosamente, vou deixando sair, através de minhas atitudes, todo o carinho que preciso dar: um sorriso de compreensão e cumplicidade, um elogio, uma escuta paciente e interessada, um piscar brincalhão de olhos, um ligeiro toque, um roçar de braços, um afago, um abraço... até poder voltar a dizer, naturalmente, o quanto “te amo”! Será bom demais!

            Quero ser como o baobá que também vive em meio tão árido, mas guarda água que, generosamente, dá aos que têm sede e flores e frutos que nutrem os que tentam sobreviver junto com ele naquele meio tão árido e hostil.

            Quero viver com Ternura e Carinho! Essa é a nossa vocação de Centelhas Divinas. Não posso ficar esperando que os outros preencham essa minha necessidade. Talvez eles ainda não consigam se desarmar!
Mas sou responsável pela Ternura que sinto por mim e o Carinho com que cuido de mim! Sou responsável pela Ternura e Carinho que trago aos meus pensamentos e sentimentos e levo ao mundo, para meu próprio deleite...

segunda-feira, 21 de abril de 2014

HOSTILIDADE


           A hostilidade é um estado de beligerância, em nós ou contra nós, nas relações em geral, entre homens ou nações. É um estado latente de luta, de “guerra” (fria ou não), de desconfiança, de desamor...
Ela revela, mesmo quando tenta se disfarçar, um estado de animosidade, de rejeição, de revide... Um estado de não aceitação do Outro, de seus valores, de seu modo de ser/estar. Leva a uma constante irritação pela “teimosia” do outro em ser como é! Também pode se revelar na “inveja irritada” com os dons e bens do Outro. Ela se traduz em impaciência, em irritação (surda ou não), em má vontade com o Outro. Por tudo que nega de amor, a hostilidade não precisa ser declarada – ela é pressentida, ela é dolorosamente sentida por quem a percebe no Outro. 

 Nas relações mais próximas/íntimas, vemos tantas vezes o amor ir-se azedando e transformando em triste e cruel hostilidade pela não aceitação das diferenças, pelas expectativas frustradas ao se tentar convencer e mudar uns aos outros a modelos, valores e às idéias pessoais. Essas relações, antes amorosas, ou ao menos amistosas, vão transformando-se pelas comparações, competições, rivalidades...

Nesse processo são utilizadas máscaras cada vez mais sofisticadas e a atenção fica mais aguçada para “sacar” possíveis ataques disfarçados de “boas intenções”... Todos os nossos sentidos tornam-se cada vez mais alertas para ferir ou nos defender... E, confusos, magoados e ressentidos, vamos sentindo-nos cada vez mais sós e acuados, mesmo na companhia das pessoas mais queridas, que se foram transformando em “inimigos íntimos”!

            A hostilidade pode se instalar em quaisquer relações, mesmo as mais significativas de nossa vida – pais/filhos/companheiros/amigos...  Basta que não haja respeito ao que somos, ao que temos, às nossas diferenças de personalidade ou de educação.
Para aceitar o Outro não é preciso gostar das diferenças entre nós – basta apenas respeitá-las. Preciso me lembrar disso sempre que me sentir ficando hostil a alguém!

Como lidar com a hostilidade em minhas relações?
Preciso tentar não entrar nos “jogos de guerra” dos egos envolvidos.
Preciso aprender a estabelecer meus limites, me resguardando das “invasões” e hostilidade do Outro com assertividade, sem agressividade, ainda que com tristeza, mesmo quando o outro ainda prefira permanecer hostil...
Preciso aprender a ser pacífica sem ser passiva para não me transformar  numa “vítima reativa”
Preciso fazer uma re-leitura de minhas relações e rever minha atuação: Fui  passiva/permissiva, invasiva e hostil ou reativa e também hostil (8ºP)?
Preciso demonstrar o que quero de melhor para nós. Que comece por mim!

Se quero minhas relações amigáveis ou amorosas, preciso me lembrar que não posso obrigar qualquer pessoa a ser menos defensiva ou menos hostil. Só posso modificar o meu modo de ser/estar, mas quando eu mudo algo muda naquela relação!!!

A hostilidade é um eterno “rosnado” ameaçador, áspero, frio... me distanciando afetivamente das pessoas. Se prefiro curtir a doçura macia e leve das relações efetivamente amorosas, cabe a mim, Um dia de cada vez,  fazer a minha parte... 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

VENTO A FAVOR


         Onde me perdi da criança viva, curiosa, sempre atenta às oportunidades, aos “ventos a favor”, que podiam me dar alegria, me levar à felicidade? Eu nem pensava ou sabia disso, mas me entregava, alegre e solta, a quaisquer “ventos a favor”! Criança é assim! Alegre ou triste, em momentos bons ou difíceis, eu/criança ia caminhando ao sabor da vida, pegando carona nas boas possibilidades, nos bons momentos. Quantas vezes, ainda com uma lágrima pendurada no rosto, já sorria para o novo instante que se apresentasse. Eu/criança queria simplesmente ser feliz! Não complicava! Simplesmente aproveitava, brincava, vivia e me entregava à vida!

            Então, os mais vividos, os mais sabidos dos perigos da vida e do mundo, vieram me educar. Eles me ensinaram a “lutar contra” quaisquer ventos contrários... Nesse aprendizado, fiquei atenta ao mal e aos maus, aprendi a me defender sempre e atacar quando necessário, para me defender.  Aprendi a me prevenir contra possíveis perdas e perigos, remoendo lembranças passadas e de olho no futuro... Fui perdendo a capacidade de simplesmente soltar-me e entregar-me ao momento, mesmo aos bons momentos, porque aprendi a estar sempre focada e bem adestrada na luta – “Viver é Lutar!”

            Fui tornando-me um adulto/capitão bem treinado para combater e enfrentar qualquer tempo e tempestade, mas fui perdendo o contacto com o  
marinheiro/criança que sabia curtir a viagem, mesmo com os desafios do mau tempo. Afinal, quem tanto luta nem tem tempo de ser feliz! Quem luta fica sério e não sorri! Quem tanto luta não avança, preso que está à luta! Quem luta fica chato e mal humorado, porque tanta luta cansa e nos tira a alegria!

            Às vezes me dou conta de que fui “bem educada”. Aprendi a pouco brincar ou sorrir, a encarar tudo com bastante seriedade. Criei uma “casca grossa” para me defender, que nem me permite chorar. E ensino como lidar com esse “mundo cão” às novas gerações e penso: É assim mesmo! Fiquei adulta!

 Mas, de repente, sinto que não é nada disso que eu quero para mim! A criança que eu amordacei, enganei e “eduquei”, ainda vive e me diz que ainda é tempo de depor armas, relaxar e seguir os “ventos a favor” que acontecem em todo momento à minha volta.  Ainda é tempo de reaprender a “ver” qualidades nas pessoas, boas possibilidades nas situações e me chegar à vida... desarmada e sorrindo!

            Viver não é lutar! Viver é “entender a marcha, aprender com desafios e ir tocando em frente”, atento e aproveitando sempre qualquer vento, qualquer brisa a favor! Quero navegar sempre a favor de pessoas, idéias, coisas... A favor do bem, a favor do que é bom... Quero ser feliz! 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

TROPEÇOS, TROMBADAS E TOMBOS


           Como eternas crianças em nossa constante busca de felicidade, nos entregamos a desejos, a “certezas” e sonhos, perigosamente entrelaçados dentro de nós, conscientemente ou não.

            Nossos desejos mais imediatos costumam gerar expectativas, que tanto nos machucam com agonia e ansiedade, acabando tantas vezes em frustrações, irritação, raiva... São tropeços, às vezes, muito doídos, mas que podem me ensinar a fazer a minha parte em direção ao que desejo, viver o momento e entregar o resto à Vida...

            Formamos também algumas “certezas” em relação a nós mesmos e às pessoas com quem nos relacionamos com maior ou menor afeto. Essas certezas estão ligadas aos nossos anseios mais caros. Estão ligadas à nossa auto-imagem e à importância que damos à valorização ou ao amor que recebemos dos outros. Por serem “certezas”, nós nem temos consciência delas. Parecem tão óbvias! Em nossas relações funcionam como nosso chão! Gostamos também de enfeitar nossas vidas com sonhos, fantasias, idealizações... e tanto os desejamos, que passamos a acreditar neles como fatos concretos! São o nosso sonho dourado, o nosso céu.

            Essas “certezas”, só entendemos que eram ilusões, quando elas se esfumaçam diante de nós, sopradas pelos fatos reais de nossa vida.
 - certeza de que não iríamos falhar com quem amávamos...
 - certeza que eles também não iriam falhar conosco
 - certeza de que éramos admirados, queridos, até especiais, por quem tanto amávamos e agradávamos
 - certeza de que seriam reconhecidos os nossos esforços, nossas renúncias, nosso amor...
 - certeza de que seríamos plenamente compreendidos em nossos valores, sentimentos e atitudes...
 - certeza que jamais seríamos traídos, rejeitados, preteridos ou abandonados
 - certezas, tantas certezas...

            Na verdade, todas nossas “certezas” sobre a infalibilidade das pessoas, sobre a “perfeição” das relações que atendam aos nossos ideais, são ilusões que geram expectativas falsas, decepções, desilusões...
E, sempre que nossas “certezas” são confrontadas e derrubadas pelos fatos, nós nos desestabilizamos, despencamos, ficamos muito confusos... Afinal, tiraram nosso chão e perdemos nosso “céu” dourado! “Meu mundo caiu...”
            Depois do susto sentimos tanta mágoa! As decepções, as desilusões, sempre nos parecem tão maldosas, tão gratuitas... Nós nos sentimos enganados, menos admirados, menos queridos...  Sobrevém um sentimento de menos valia...
“_ Afinal, por quê?  Onde eu falhei?  Eu não merecia isso! Eu pensava que estava agradando! Nunca esperei isso de vocês!...”
Depois, sentimos muita raiva. Raiva de quem falhou, de quem nos decepcionou, nos desiludiu...  E raiva e vergonha de mim que acreditei demais, criei tolas certezas...

            Decepções, grandes ou pequenas, nos sacodem e machucam porque sacodem nosso modo de ver e crer quem somos, quem são os outros e como são as nossas relações. Com o passar do tempo podemos, ou não, entender racionalmente o nosso engano ao “criar certezas” e devemos assumir nossa responsabilidade pelas nossas frustrações, decepções ou desilusões. Contudo, a dor da lembrança dessas feridas permanece por muito tempo, talvez para sempre!

            Quando nos decepcionamos conosco mesmos, quando vemos ruir tristemente as “certezas” de nosso valor superdimensionado, quando falhamos sem poder culpar os outros, sentimos a princípio vergonha e humilhação, mas, aos poucos, podemos caminhar para a aceitação de nosso real tamanho em cada momento de nossa vida e começarmos a substituir esses sentimentos, que tanto nos ferem, pelo despertar da Humildade. Quando isso acontece já conseguimos “entender e sentir” melhor as falhas e as dores dos outros. Então, perdoamos e nos sentimos mais serenos, mais próximos, mais humanos...

domingo, 6 de abril de 2014

O PODER DO ELOGIO


           Por que temos tanta dificuldade em elogiar? Em elogiar com simplicidade e honestidade, sem bajulação ou manipulação. Elogiar simplesmente comunicando, fazendo chegar aos outros, as impressões boas que nos causaram.

            Acredito que estamos condicionados a analisar procurando defeitos e erros, mesmo os menores, em tudo e todos. Ficamos atentos àqueles que amamos para “consertá-los”, mostrar que devem nos ouvir e valorizar porque sabemos mais e lhes somos dedicados. Aos outros, nosso olhar crítico serve de comparação para nos sentirmos melhores, mais certos, mais bonitos, mais...
Esse nosso olhar torto, viciado, maldoso na medida em que procura o mal, faz parte do nosso modelo egóico, materialista, competitivo... Com esse olhar atacamos e nos defendemos em nossas relações. Vemos o mundo, e somos vistos por ele, através dessa lente crítica, cinzenta, desamorosa, que tudo enfeia, que traz ansiedade, raiva, irritação, mágoa, distanciamento... E não nos faz felizes...

            No entanto, basta que eu mude o foco do meu olhar, procurando beleza, generosidade, capacidade, qualidades... que tudo muda para mim! As pessoas e o mundo ganham um novo colorido, tornam-se mais vivas, mais amigáveis, ou pelo menos mais humanizadas.
Esse olhar generoso e “esperto”, que procura o que é bom, detona em mim sentimentos também generosos, de tolerância, de compreensão, de admiração... e sinto-me motivada a agir – a elogiar.

            Tudo muda nas relações onde o elogio substitui as críticas. Todos nós gostamos e precisamos, todos, de nos sentir aceitos e valorizados. Mas jamais conseguiremos isso através dos jogos de poder pela crítica, atacando e nos defendendo. Ao elogiarmos, levamos o outro a baixar a guarda, as armas de defesa e “amansar”.
O elogio funciona como um tônico, uma incrível dose de ânimo. Ele nos “empurra” para o melhor de nós mesmos, nos libera para fazer brilhar os nossos melhores dons. Em nossas relações tornamo-nos mais amigáveis, mais cooperativos... A vida fica tão mais gostosa!
           
            Preciso repetir PARA MIM, a cada momento, em minhas relações, quaisquer relações:
É tudo tão simples! “Mantenha-o Simples”! Não complique a relação querendo corrigir, superar, suplantar ou, de antemão, querendo se defender!


Mude a estratégia! Sorria e elogie!  Todos melhoramos e tudo muda! 

terça-feira, 1 de abril de 2014

A NÓS, ANÔNIMOS


           Como os rios que têm seu curso desviado e, às primeiras grandes chuvas, voltam ao leito antigo, nós também, sob a força de nosso passado instintivo e materialista, tendemos a nós desviar de nossa busca espiritual. Nossos passos ainda incertos e inseguros necessitam atenção carinhosa e constante para não nos perdermos de nós mesmos, da alegria de nosso despertar espiritual.

            Nós nos unimos em grupos para nos acolhermos, nos fortalecermos, para descobrirmos e fortalecermos nossa crença em um Poder Maior Amoroso que nos acompanha na descoberta de nossa humanidade, de nossa origem sagrada e em nossa transformação rumo à nossa destinação divina. Temos podido caminhar impulsionados pelo amor que encontramos uns nos outros e pela tomada de consciência desse Poder Superior de Amor e Sabedoria. Afinal, somos seres espirituais e nossa nutrição, nosso combustível natural é o Amor em suas tantas faces!

Mas viemos com uma visão egóica e instintiva de nós mesmos e do mundo. Perseguíamos os prêmios do mundo: posse, poder, prestígio, prazer físico... E, apesar de toda a dor da desilusão pelo fracasso desses gozos, que não foram suficientes para nos fazer felizes, tendemos a voltar a ver, sentir e agir do modo que ficou “gravado” em nosso ser, que rege o mundo à nossa volta. Somos desafiados, chamados, reclamados por esse mundo em Família, no Trabalho, na Igreja, na Política, no Lazer... e até nos Grupos! Esse Mundo, em todas essas formas, é o “lugar de ativa” de um viver que não mais quero para mim!

Como o carrego ainda dentro de mim, preciso cuidar do Ser que sou e Estar atenta a como ainda estou me relacionando com as pessoas e com meu Grupo! Temos a tendência, como o rio, de trazer para os Grupos, nosso ninho diferente e especial, a materialidade de fora, dando maior importância a bens do que a nossos valores, nos comparando, competindo e lutando por poder, pela supremacia de razões, informações e cargos, criando regras e “chefias” em vez de estimular lideranças naturais... Observo tantas vezes isso acontecer ameaçando nosso Grupo! Mas, não posso modificar meus companheiros! Só posso modificar a Mim!

Por tudo isso, preciso ser humilde e estar atenta à experiência dos que nos antecederam e generosamente nos deixaram sugestões que nos protegem das distrações mundanas que ameaçam de dissolução nossos Grupos – as Tradições.  Preciso ser coerente com minha busca, com meu desejo...

“Até que ponto é importante” -  todo esse resto, essa briga de egos?

Preciso estar me perguntando, Só por Hoje, Um dia de cada vez, a cada Reunião:  O que é, mesmo, que estou buscando aqui?!