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domingo, 28 de dezembro de 2014

O MEDO DA VIDA


Esse medo, alicerçado em memórias dolorosas e em nossos apegos, nos aprisiona em possibilidades desagradáveis e até terríveis, sempre em um Futuro próximo ou distante. Nos momentos em que nos perdemos do Agora, esse medo nos envolve, difuso como uma neblina assustadora, e nos ameaça de todas as formas, com todas as forças...

            É um medo nascido em um mundo agressivo e maldoso, apresentado e comentado pelas mídias num festival contínuo, cotidiano, sobre o que há de pior nos seres e na sociedade. Hipnotizados, nos perguntamos: Como parar? Aonde vamos parar? E temos medo de sair, de ficar, medo de não ver saída... no futuro.

           E remoemos o medo das escolhas e do destino daqueles que mais amamos. Medo de vê-los afastados do nosso convívio, medo de vê-los sofrer, medo de nossa impotência ante suas vidas, medo de perdê-los, medo de sua finitude.

           E temos o medo da falta, das nossas carências, de bens materiais, da saúde, medo da perda da utilidade, medo da perda dos carinhos, dos amores, e medo, a cada despedida, de não voltar a ver quem amamos...  Medos, tantos medos, medo até da agonia dos nossos medos...  E todas as possibilidades ruins que nos assaltam estão ligadas ao Futuro! Quando me ponho a antevê-las sinto muito medo de sofrer e, mesmo acreditando serem necessárias ao meu caminhar, sinto-me acovardada, pequena...

            O Futuro, informe, disforme, solto e sem limites na imaginação, nos assombra e aterroriza. Nossa mente, quando sem freios, nos arrasta em pensamentos aleatórios, soltos, loucos. Viver pode, então, tornar-se um fardo ameaçador e sufocante, com questões que ressoam, sem parar, em nossa mente: E se?...  E quando?...

            A solução em qualquer momento de medo, para qualquer medo, inclusive esse tão abrangente Medo da Vida, é entregar-me ao Agora, focar minha mente e atenção no que estiver fazendo e vivendo naquele momento: andando, trabalhando, respirando... Viver o Agora com simplicidade, fazendo o que posso naquele instante. É um exercício de Paciência, Autodisciplina e Perseverança, onde meu esforço e minha ação são reforçados pela entrega confiante à uma Força Amorosa que nos habita, nos acolhe, nutre e conduz.

            Minha humanidade, ainda tão imperfeita, se deixa levar pela desatenção, se perde nos atalhos assustadores do Futuro e me apavoro tantas vezes com Medo da Vida. Mas acredito que já sei o caminho de volta a Mim, a Deus, ao Agora – ao porto seguro do Aqui/Agora. Busco, através da oração, a sintonia com a força e o Amor de Deus, entrego-me ao momento e o medo se esfumaça... Ele volta muitas vezes e eu, pacientemente, tento repetir e repetir o que aprendi. Acredito que, cada vez menos, o medo me assaltará e cada vez mais estarei atenta, fortalecida e livre para viver.

            A vida é “Só por hoje” – Só por Agora!  

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

A DOCE RESPOSTA


           Há muito tempo atrás (ou será que foi ontem mesmo?) viviam os homens num mundo muito duro, agressivo, cruel, competitivo... Era um mundo dos mais fortes, mais ricos, poderosos... dos que lutavam sempre para jamais perderem o que tinham conseguido e ganharem cada vez mais e mais! Os mais fracos e perdedores sofriam, invejavam e buscavam o modo e o momento de darem o troco e serem, eles também, os vencedores! Lutavam todos por coisas e poder!  Era um mundo de muito sofrimento! E os homens se lastimavam: Como ter segurança? Como ter descanso dessa lura eterna? Como sofrer menos? Como, afinal, ser feliz?

            O Pai Amoroso, criador dos mundos e dos homens, enviou-lhes a resposta, através de um mensageiro, que fosse ele próprio a mensagem, para que todos pudessem entender. E foi essa a sua doce resposta:
- Libertem-se das lutas contra os “maus” e das lutas pelos “bens”; das lutas pelo poder, pelo prestígio, pelas riquezas materiais... Ele assim nos disse e demonstrou: “ Dai a César, o que é de César!” Ao mundo, o que é do mundo! A felicidade não virá desse mundo e suas lutas!  O caminho para a felicidade passa por um “outro mundo”, passa pelo Amor, vivido em um Mundo Interior.  Somos criaturas de um Criador Amoroso, centelhas de seu Amor Maior! Só através desse caminho poderemos nos sentir nutridos e felizes! E esse é um Caminho Interior! Não podemos percorrê-lo pelos outros, nem pelos que mais amamos, nem por nossos inimigos. E a felicidade não virá no fim desse caminho, ela É a vivência desse caminho!  Foi o que Ele disse e viveu, a cada momento entre nós!

              Sua história atravessou o tempo e chegou até nós, mas distorcida, quase como uma maravilhosa lenda ou uma fantasia plena de milagres... Resolvemos adorá-lo e festejá-lo, porque, na verdade, muito pouco acreditamos ser viável aquele caminho, muito trabalhosa a mudança e até hoje nos aferramos e lutamos por nossos bens materiais, por nossa razão, poder, prestígio... E até hoje nos lamuriamos pelo mundo que recebemos e ajudamos a manter... E até hoje tão pouco percorremos desse Caminho Interior. E até hoje continuamos tão perdidos e, olhando para fora, culpamos uns aos outros!

            Mas, ainda insistimos, até hoje, em comemorar o advento do Mensageiro e de sua mensagem! Acredito que buscamos  esse encontro amoroso nos festejos de Natal desejando reafirmar a nós mesmos que esse é o Amor que nos pode fazer felizes. Tentamos, ao menos nesses momentos, uma trégua, às vezes, desconfiada (entre pessoas/países), curtimos as luzes, a alegria, compramos e ofertamos coisas, muitas coisas, damos “festas”, comemos e bebemos muito, queremos nos sentir juntos e solidários... Rimos muito, choramos perdas e saudades... Esse ainda é o Natal das nossas comemorações com o mundo, mas acredito que, a cada ano, a cada Natal, vamos conseguindo, no nosso pequeno passo, em nossa ainda pequena maturidade, acreditar e viver, cada vez mais, aquela doce resposta.

Preciso estar sempre me lembrando que cada dia é uma nova oportunidade de estar naquele caminho. Cada momento de gentileza, paciência, ternura, compaixão, respeito... cada momento experimentando essas faces do Amor me faz sentir a doçura e o poder desse sentimento em mim.  Relembrando-me, somos criaturas de um Criador Amoroso, centelhas de seu Amor Maior e trazemos em nós sementes de sua Luz e seu Amor. Só esse despertar amoroso nos levará à felicidade.  Que esse Natal sirva, mais uma vez, para nos lembrar e tentar viver a doce resposta do Homem de Nazaré: Eu sou (o Amor) o Caminho, a Verdade e a Vida”

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

CAMINHOS INTERIORES


            É uma dádiva, uma graça de Deus, podermos finalmente “ver” alguns tão dolorosos aspectos de nossa humanidade ao sermos confrontados com ela.

            A princípio, não me via; apenas olhava para fora e julgava, condenava, ainda que o fizesse, muitas vezes, apenas comigo mesma. Em minha “cegueira” tola e arrogante, em meu orgulho, sentia-me uma pessoa melhor, superior, generosa, incapaz daqueles erros e mesquinharias.

            Mas, “o tempo não correu em vão” e um dia, pela Graça e Justiça de um Poder Amoroso e pela minha perseverança em aprender a olhar para meu interior, consegui acessar algum nível mais sensato, verdadeiro e amoroso de mim e fui levada a rever algumas de minhas “verdades”, de meus sentimentos e minhas atitudes.

         Foram momentos de vergonha e culpa, misturados com raiva e, mágoa, com tentativas de ainda tentar desviar ou dividir responsabilidades... Foi o momento em que meu orgulho foi confrontado com meu egoísmo, com meus erros, pequenos ou grandes, negados ou não, mas finalmente admitidos. Foram momentos de humilhação! Afinal, não fui quem eu pensava ser,  não fui como devia ser, como queria ser! Presa ainda à minha soberba/vaidade/arrogância sentia remorso cruel, briguei comigo, me machuquei...Fui meu juiz e meu carrasco, porque só a mim competia esses papéis!

            Então, ainda pela Graça de Deus, pude começar a aceitar meu, ainda, tão pequeno tamanho e a transformar humilhação em Humildade! Transformar remorso em arrependimento e vergonha em tristeza pela dor que tenha causado aos outros.                      AH, meu Deus! Só por Hoje, meu tamanho é esse! Ao ganhar um novo olhar sobre mim mesma e sobre os outros, vem a libertação de ter que ser sempre juiz. Descobri que somos realmente iguais em nossa humanidade ainda tão desorientada e desconhecedores de nossa Luz tão escondida...

            Ah, meu Doce Deus! Tenho que passar pela aridez dos meus desertos interiores, pelos meus venenos escondidos, para desfrutar as doçuras de Tuas planícies em mim! Esse é o caminho da Verdade que liberta e, “um dia de cada vez”, preciso percorrê-lo Contigo.

            Que sei dos caminhos interiores dos outros? O que se passa atrás de suas máscaras, o que se esconde atrás de suas palavras, de seus silêncios e até de seus atos? Que posso saber, se até eles, como eu, ainda se escondem e se desconhecem?

            Preciso da força amorosa de Deus para continuar atenta aos meus desvios interiores. Ainda tento julgar e graduar os erros dos outros, só porque, muitas vezes, ainda me parecem maiores ou diferentes dos meus! Ainda quero me sentir maior e melhor!!! Só a constante “lembrança educativa” dos meus erros para me livrar do orgulho e do autoengano.  É muito bom poder aceitar os confrontos em minha caminhada com Humildade, Bom humor, Paciência, Honestidade... Não quero aprisionar meu caminhar em ilusões, acusações, lutas... nem quero transformá-lo num fardo para mim mesma. Quero atravessar meus caminhos interiores entendendo que eles são rotas para libertação! 

sábado, 13 de dezembro de 2014

DESPERTARES


            Somos poeira das estrelas, pedra bruta da Terra, mas, também, seres animados por uma Energia Pura, Maior, de Amor... e em processo de despertamento. Lentamente, muito lentamente, vamos despertando...

            Nessa curta passagem, nesse “curto viver”, primeiro despertamos  para nosso corpo físico - suas necessidades primeiras e, a cada fase da vida, vamos despertando para suas sempre novas possibilidades, seus anseios adultos, suas dores, seus gozos... até seu declínio!

            Ao mesmo tempo, vamos despertando nossa mente para um pensar racional, intelectual, cada vez mais sofisticado, ainda e quase sempre, a serviço de nossa vida material – tecnologias, poder, prazer, vitórias... Nesse processo de buscas mundanas tivemos nossas emoções e sentimentos bloqueados, direcionados, condicionados, aos fins imediatos e materiais que buscávamos. Despertamos em racionalidade e intelectualidade, mas nos mantivemos estacionados e letárgicos no despertar de nossos níveis mais altos – espirituais... e não somos felizes!

            Hoje, cada vez mais, somos atraídos pela doçura e delícia de um despertar de nossa espiritualidade, pelo despertar de nossa consciência amorosa, consciência que nos liberta, que nos traz alegria e felicidade. Nossa agonia nos confronta com a falência de um modelo tão fortemente materialista, que não é bastante para seres espirituais como nós e nos faz ansiar por um conviver com a ética, com o cuidado atento e carinhoso, com o respeito... de uns com os outros.  A satisfação do corpo e o orgulho com o desempenho  de nossa mente, sozinhos, não conseguem nos nutrir a alma e ela, isolada, não consegue nos fazer felizes!.

            Esse novo despertar, o de nossa Consciência Amorosa, requer Vontade e Coragem para a escolha desse viver, para “soltar-nos” de lutas, rancores, disputas, certezas... e “um dia de cada vez” nos “entregarmos” à Luz que nos alimenta. Não podemos parar! Não conseguiremos parar ou retroceder! Somos filhos de uma Luz Maior que tudo criou, que nos habita e cada vez mais se manifestará em nós. Nossa origem divina nos empurra e nos chama, ainda que tantas vezes relutemos nesse caminhar e tentemos tomar atalhos de vaidade, prepotência, orgulho, preguiça...

            Já nos foi dito: Vós sois a luz do mundo! Precisamos acreditar e Despertar essa Luz em cada um de nós.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

VAIDADE II


           Embora possa não parecer, a Vaidade encobre (e expressa!) uma necessidade sempre presente, consciente ou não, de valorização. Em nossas relações, como a Vaidade engana! Ela quer nos fazer parecer mais e melhor, enquanto disfarça nosso medo de parecer menos e pior, num esforço contínuo para demonstrarmos nossos dons e nosso brilho, a nós mesmos e ao mundo.
           
            Como ainda não temos conhecimento e acesso contínuo e satisfatório, às nossas verdadeiras possibilidades, dons e brilho interior, precisamos sempre, desesperadamente (não é exagero), que reconheçam  nosso brilho e nosso Valor. Desde sempre aprendemos, todos, a manipular e sermos manipulados através da Vaidade, que nos leva a dar ouvidos ao que nos envaidece e a dizer ao outro o que a vaidade dele quer ouvir. 

            Somos seres de relação, nos humanizamos no contato uns com outros, numa eterna busca por Valor e Amor. Se ainda tão pouco nos conhecemos, valorizamos e amamos, ficamos à mercê somente da valorização que possamos receber do mundo. Por isso temos tanto medo que, no contexto onde vivemos (familiar ou social), não reconheçam nossas qualidades, em quaisquer níveis.

            A Vaidade, então, está ligada às necessidades do Ego, necessidade de prestígio, de “sucesso”, de  poder, de vencer, de não perder, de ser mais... no bem ou no mal (não importa, importa apenas que sejamos valorizados). Para isso, a Vaidade nos leva à construção de uma vitrine, uma fachada, muitas vezes falsa ou artificial de nós mesmos, onde ficamos em constante exposição e comparação.

 Assim, a Vaidade nos mantém vivendo e olhando para fora. Somos prisioneiros da necessidade de elogios -  das pessoas ou de nós mesmos, os verdadeiros ou até os falsos, que nos obrigamos a acreditar para retroalimentar as crenças, anseios  ou as imagens ideais que criamos. E pelos mesmos motivos nos deixamos duramente atingir ou até derrotar pelas críticas que agridam nossa vaidade.

À medida que vamo-nos conhecendo com mais Verdade, com defeitos e qualidades, vamos, também, criando uma intimidade carinhosa  conosco mesmos, que nos faz, cada vez mais, tomarmos consciência amorosa de nosso Valor intrínseco como Ser Humano Único... E vamo-nos aceitando, a cada momento, como fomos e como somos, sem “necessidade” de aprovação.

É muito tênue a linha que separa a Alegria Simples e Verdadeira de Ser/ Estar bem, conosco mesmos e com as pessoas, de gostarmos dos elogios honestos e de nos sentirmos felizes com nossos avanços nas várias áreas de nossa vida, da Vaidade que está à espreita e quer sempre nos aprisionar.  Como já foi dito pelo “Mal”, nos manipulando sempre:

- Vaidade Humana, você sempre foi minha maior aliada! 


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

PARCERIAS E DISPUTAS


Nesse nosso mundo materialista, disputado, hostil... aprendemos desde cedo a ir nos entrincheirando, buscando alianças e pertenças a grupos que fortaleçam nossas defesas nas lutas que enfrentamos por dinheiro, prestígio, poder, ideias, afetos... Tudo que poderia nos tornar “vulneráveis”, nós procuramos resguardar, disfarçar, esconder... desde bens materiais até nossos sentimentos, atitudes, sonhos, ideais... Mas nos vemos, afinal, aprisionados em nossas máscaras sociais, em nossas armaduras mentais e afetivas, na defesa de nossas “posições”....

            Hoje, muitos de nós já ansiamos por nos libertar!  Poder ver a nós mesmos, poder dizer de nós, de nossas possibilidades, de nossas características, boas ou más... Poder flexibilizar nossas  certezas e ideologias... sem ter que estar ‘lutando contra’!

            Mas o mundo ao qual pertencemos ainda nos convoca à “lutar contra”, ainda nos mantém distraídos de nós mesmos, de nosso processo de libertação, de descoberta de um novo modo de Ser/Estar - com respeito, com parceria, com atitude... mas sem  “lutar contra”!  Esse mundo competidor nos convoca a carregar bandeiras, mesmo sem necessariamente nos dispormos a vivê-las, cuidando só de implantá-las, levá-las aos outros, buscar adesões -  para mais lutas...  Somos convocados a defender/lutar por dogmas e certezas alheias. Somos assediados, amedrontados e convencidos por informações, novas ou antigas, muitas vezes enganadas ou enganosas. Somos “vestidos”, encapsulados, por novos modismos/discursos  e velhos estereótipos. Somos convocados a aceitar rótulos, a ser parte/pedaço de grupos religiosos, políticos, esportivos, etc... onde perdemos nossa identidade amorosa de filhos de um Poder de Luz  e somos levados a nos antagonizar àqueles que não pensam, não sentem ou não agem como nós.

             Tantas e, ainda, muitas vezes, nos deixamos envolver em novas convocações às lutas! E, porque não nos olhamos, nem notamos como atuamos: - com arrogância, nos sentindo mais fortes, mais responsáveis, mais virtuosos... ? - com acomodação e egoísmo, querendo que outros lutem por nós? Ou que nos sigam nas nossas lutas?
              
              E nem notamos também que, enquanto estivermos envolvidos em lutas externas, não cuidamos de ser mais amorosos e responsáveis conosco mesmos, para, então, podermos amar melhor aos outros, como iguais em nossa humanidade, com respeito, com parceria ... sem precisar ser superior, adversário ou condutor.

            A todo instante, ainda, somos convocados a “lutar contra”, mas, hoje, já não acredito ser esse o caminho duradouro para quaisquer  transformações, individuais ou sociais. A luta desgasta, radicaliza posições, retarda nossa caminhada. Acredito em tomarmos atitudes de parceria, de chegar junto, de aceitação, de compartilhar, de ouvir, de refletir, de nos colocarmos com firmeza e honestidade, com generosidade, igualdade, solidariedade... e seguirmos, com perseverança e paciência, em direção a um tempo melhor, porque já estou entendo que o curto/impaciente  “tempo dos homens” está dentro do Tempo de Deus.