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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

CUIDAR DE AMOR EXIGE MESTRIA....




            Vivemos diferentes relações de amor com pessoas escolhidas por nós ou com pessoas escolhidas pela sabedoria de um Poder Superior. São relações para nos possibilitar sobreviver ou para nos fazer crescer e viver melhor, desabrochar.  No entanto, muitas delas azedaram, tornaram-se destrutivas!  Confusos, magoados, desiludidos, ressentidos, nos perguntamos: Por que ficamos assim? Onde foi que nos perdemos? Por que?  Quando?  Como?              Nós nos amávamos tanto!      Dividíamos nossas vidas, às vezes na mesma casa, no mesmo quarto, até na mesma cama... Tivemos perdas, danos e ganhos que a vida foi nos impondo. Estávamos unidos por laços de sangue e parentesco muito poderosos ou porque escolhemos compartilhar nossas vidas, arrastados por paixões arrasadoras para quem nada seria obstáculo!  E agora estamos aqui, assim: armados, defensivos, ressentidos... Ou indiferentes, distantes e, quando juntos, sentimo-nos tão solitários!    O que foi envenenando lentamente todo aquele nosso amor tão cheio de ternura, alegria e gostosura?

            Acredito que ficamos tão maravilhados com o que desfrutávamos que, medrosos de perder o amor, quisemos possuir, controlar quem amávamos! Usávamos de todos os meios de nos valorizar (ou de nos anular!), porque tínhamos medo de sermos preteridos, sermos menos amados...  Foram manipulações, segredos e mentiras, grandes ou “inocentes”, que só nos trouxeram mais medo e insegurança, criando “viagens” na imaginação de cada um...   Foram as críticas, mesmo as “bobas”, mas tão constantes, que apontavam para a incompetência de um e geravam o revide do outro...  Foram os não ditos, os “sapos engolidos”, a submissão a que nos forçamos tantas vezes, em nome da paz, mas que nos encheram de raiva e ressentimento... Foram as cobranças de afeto e comportamento, contínuas e insuportáveis, movidas pela crença de que o seu amado era seu e era sua responsabilidade salvá-lo, modificá-lo e controlá-lo...   Foi a agressividade, a ironia, o mau humor, a grosseria, a falta de “cerimônia”, de cuidado, de gentileza... que foram tomando o lugar do carinho que nos agasalhava.   Foram tantas “coisinhas miúdas” formando, aos poucos, uma formidável barreira entre nós. Foram tão banais e sorrateiras, tão “normais”, que nem percebemos o avanço do distanciamento e o encolhimento do Amor! 

              E agora? O que faço sem o calor amoroso de pessoas tão queridas? Não adianta “sacudi-las”, cobrar, culpar, me desesperar... porque isto é o que fiz até agora! Não posso, sequer, obrigá-los a rever suas atitudes em nossa relação (“Quem errou primeiro? Quem errou mais?”) O que posso, se quiser, é tentar, eu mesma, mudar minhas crenças sobre o Amor e as minhas atitudes nas minhas relações.   O que posso é aprender a cuidar do amor nas minhas tantas relações. É entender que cuidar de Amor exige uma diferente mestria. É preciso aprender a nutri-lo com a Verdade e Respeito, buscando ter coragem para ser leal comigo e honesta com o outro, sem agressividade, construindo, aos poucos, uma relação mais confortável, de confiança.    É preciso boa vontade, buscando ver qualidades, elogiando... É tão nutridor fazer elogios! Sentir a alegria, mesmo quando disfarçada, de quem recebe elogios!  É preciso  atenção para não criar expectativas ilusórias, que  levem a frustrações e cobranças... É preciso cuidar de honrar e resguardar  limites, como forma maior de Respeito à individualidade de cada um. Limites garantem a possibilidade de termos compreensão, compaixão, generosidade e criam uma gostosa camaradagem...  É calçar a relação desta forma franca, gentil, verdadeira, para haver a possibilidade de ver renascer, pelo menos em mim, a ternura que nos agasalhava e tanta falta faz.

            Nesse mundo tão frio, materialista e aguerrido, nossas relações afetivas precisam de Cuidado. Só elas podem nos nutrir e confortar. Não deixe para depois esse cuidado só porque a relação ainda é nova e está sadia, nem desanime porque ela já está velha e adoecida! Também não é solução descartar pessoas, amores... Nem tente refazer o passado.    Nós mudamos, tudo mudou, marcas ficaram, mas podemos construir agora, no presente, melhores e afetuosos laços, mesmo nas relações antigas. Um dia de cada vez...

            Somos seres únicos e de relação! É um paradoxo! Somos seres espirituais que necessitam se nutrir do amor que recebemos em nossas relações para podermos desabrochar como seres únicos e individuais! Cuidar de Amor Exige Mestria! Precisamos ser eternos Aprendizes e ter Mestria na arte de  Cuidar de Amor.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

O AMOR ESTÁ NO AR !




         Nessa época de tão grande simbolismo amoroso, de festejos pelo advento de uma grande mensagem de Amor, precisamos aproveitar para nos revigorarmos, para nos sentirmos nutridos em nossa Dimensão Essencial. Para isso, é importante dar um tempo no ódio, nas disputas, nas críticas acirradas, na maldade, na busca desgovernada e exacerbada pelo prazer e poder, no horror, enfim, do nosso tempo! Afinal, somos bombardeados todo dia, a todo momento, pelo que há de mais negativo em nós e em nossa época. Somos alimentados (e assimilamos) tudo isso em nossas mentes, corações e nosso corpo. Somos lentamente envenenados... Somos participantes de um momento muito difícil e triste nesse caminhar humano, desde na  família até entre as nações. 

            Mas, nesse momento, o Amor está no ar! Precisamos buscar nossa sanidade e nos nutrirmos, desfrutando desse Amor em suas tantas cores, para que elas possam colorir nosso interior e nossas vidas. Muito já perdemos do jeito de trazê-las às nossas vidas, mas essa época natalina pode ser a oportunidade para isso! É o momento em que se valoriza a Generosidade, a Gentileza, a Boa Vontade... Podemos aproveitar para acolher os mais distanciados, para lembrar e procurar os mais distantes, para escolher afastar nossas mágoas, raivas, ressentimentos... tudo que azeda nossos corações.   É a época de buscar reunião com união, com a alegria suave e espontânea do momento...  É a época que nos deixamos invadir pelas lembranças mais queridas. Lembranças que nos fazem chorar, mas um pranto, embora doído, de saudade, de Amor...  Esse Amor que chega a doer, porque nossos olhos e corações foram se endurecendo no dia a dia de um mundo muito ameaçador e de muitas perdas. Mas é, também, a época de agradecermos, de termos um sentimento de alegria pelos que chegaram e pelos que voltaram...

           Esse Amor que esta no ar, nos invade, nos “amolece”, nos humaniza, nos traz ao melhor de nós mesmos.  Esse Amor nos enternece, adoça nosso olhar, para nós mesmos e para o Outro. A magia desses momentos nos faz ansiar para se traduzir em ternura, em alegria leve e suave, como as músicas natalinas que ele inspira. O Amor é assim! E essa época é uma maravilhosa oportunidade para nos lembrarmos de como é gostoso amar! Nossa Dimensão Essencial, nossa Origem Divina, requerem nutrição com esse alimento sagrado.  O Amor está no ar! Tomara que consigamos segurá-lo por mais algum tempo em nossas vidas!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A AGONIA DO APEGO


           A agonia do apego chega e se instala em nossas vidas pela fantasia da posse, pela ilusão de sermos donos/possuidores de coisas, saberes e pessoas! “Somos passantes, seres de passagem” por um mundo onde nada possuímos e de onde nada levaremos quando, fatalmente, terminarmos nosso tempo aqui. Ainda assim, loucamente, nos apegamos a tudo que nos cerca... talvez para, assim, nos enganarmos quanto à nossa finitude. Montamos nosso mundo e apegamo-nos ao que não possuímos! Afinal, somos meros depositários de coisas, somos meros pensantes em processo de eterno aprendizado, somos meros parceiros transitórios de todos que amamos... Ainda assim, nos apegamos e ficamos, então, reféns do medo das perdas, inesperadas ou não, precoces ou tardias... Ficamos reféns da agonia do apego.

            O apego transforma a generosidade, a compaixão, a leveza e a alegria da parceria, da amizade, da camaradagem, do Amor enfim, em luta e disputa pela posse do que não se pode possuir- pessoas. Esse apego nos faz mentir, manipular, não ouvir, sufocar,  tentar dominar. Tudo pelo medo de perder, de sermos rejeitados, desvalorizados, de ficarmos sós... Reafirmamos a toda hora nossa “posse” pela força das palavras e só nos referimos a eles pelo possessivos – meus/minhas... Já não são pessoas em minha vida, mas tornaram-se partes, pedaços de mim, da minha vida (afetiva ou profissional), do meu destino! Preciso ter domínio sobre eles, para fazê-los felizes, para poder ser feliz (com eles!)!  Assim também com as coisas/objetos do meu mundo. Agarro-me a eles, mesmo sabendo que irei deixá-los! Tão apegados estamos que a perda de qualquer parte, nos “despedaça”, deixa nosso mundo ilusório muito vazio... 

            Mas estamos fadados, inexoravelmente, à desconstrução desse mundo. Afinal, estamos, todos, só de passagem nesse universo em constante mutação, universo de constante perdas e  desafios novos. Até entendemos tudo isso, mas como é difícil o desapego! Acredito que só o que podemos, hoje, é entender nossos apegos e tentar ir minimizando-os.  Tentando sofrer menos, preciso estar sempre me lembrando de que, mesmo aqueles que mais amo, estão apenas de passagem pela minha vida, e eu pela deles. Preciso lembrar que são pessoas com vontades e destinos próprios. Preciso aprender a amá-los com cuidado, sem prender ou sufocar, sem direcionar, sem cobrar fidelidade à posse, sem aceitar ser presa de qualquer “dono” ou dona de meus queridos apegos. Preciso lembrar a todo instante que eu não sou daqui...  O único modo, acredito, de ir diminuindo essa agonia do apego é ocupando-me (conhecendo, amando, libertando), aqui e agora, a cada momento, aquele que, realmente, me foi confiado para sempre – Eu    

sábado, 10 de dezembro de 2016

BAILE DE MÁSCARAS




          Fomos chamados a esse “baile” e desde cedo nos ensinaram a  usar nossas máscaras. Elas nos “agasalham e protegem” desse mundo perigoso e frio e a escolha delas nos é facultada, é particular. Cada um de nós escolhe aquela que melhor se adapta às nossas necessidades mais íntimas (conscientes e inconscientes), aos nossos medos e aos nossos sonhos. De qualquer forma, elas nos “protegem” do medo de sermos nós mesmos e acabam por vezes a nos impossibilitar isso! Quanto maior essa dificuldade, mais nos agarramos aos disfarces e maior é a variedade dos modelos que buscamos.  Nesse afã defensivo, ficamos cada vez mais prisioneiros dessas máscaras e acabamos por perder, em grande parte, o contato conosco mesmos, com os porquês que nos levam a essa busca contínua e perversa de abrigo. Passamos a acreditar que somos realmente a máscara e nada fazemos para nos libertar.

            Uns escolhem se abrigar sob a máscara de vítima, com direito a comiseração dos outros e a uma eterna auto piedade, embora sempre com uma raiva surda pelas injustiças, pela humilhação, escondendo mágoa e ressentimento.  Outros viajam em delírios de força, poder e grandeza, vendendo a imagem de superioridade e alegria, sem dores e medos, ou alardeando um saber maior, sem dúvidas ou recuos. Outros ainda, escondem seus sentimentos do mundo, talvez até de si mesmos, se mostrando como fossem blocos de pedra, fortalezas inexpugnáveis, imunes à sua própria humanidade. Ressentem-se, de forma escondida, da incompreensão dos outros. Tanto se defendem, que sofrem as dores da vida em grande solidão. E outros, que usam máscaras sedutoras, sempre tentando cativar com sorrisos de promessas para o mundo, disfarçando medo de solidão e menos valia... Ou, ao contrário, com sorrisos bondosos, atitudes de eterno sacrifício, escondendo cansaço, irritação, tantas vezes suas próprias dores... E tantas outras! Nossa coleção é interminável...

            Alguns de nós, provavelmente, jamais deixarão o abrigo da maioria de suas máscaras. Não ousam se expor ao desafio de buscar, e aceitar, quem são ou o que, só por hoje, podem. Preferem repetir falas, atitudes, “enganações”, papéis – vítimas, heróis, palhaços, superiores, indiferentes... E não adianta julgarmos ou confrontá-los antes de seus momentos de encontro consigo mesmos. Ficarão, com justiça, ofendidos, ressentidos, agressivos, evasivos... Afinal, com que direito queremos desmascará-los, se ainda usamos muitas das nossas próprias máscaras? É importante termos clareza e honestidade para reconhecermos nossos próprios disfarces e cuidado, sensibilidade e firmeza para aceitar e lidar com os dos outros. 

            Para participarmos desse baile, ajuda procurarmos estar lúcidos e atentos às “dissonâncias” entre as falas e as atitudes das pessoas e suas máscaras! Afinal, ninguém consegue ser ator em tempo integral!  Nesse baile, nas danças com as pessoas mais queridas, nossas relações permanecem, tristemente, muito finas, até supérfluas, porque, com medo de receber menos valorização, com medo de magoar e perder amor, revelamos muito pouco de nós mesmos... Então, nós nos machucamos, fingindo o que ainda não somos, levando decepção e insegurança uns aos outros.

            Só uma viagem paciente e persistente ao encontro de nós mesmos, trazendo o foco de nossa atenção para a pessoa que se esconde sob nossas tantas máscaras, poderá ir nos revelando, honestamente, quem somos, o que queremos, o que podemos ir ousando, a cada momento. Esse baile continua sempre. Com o tempo (tempo de cada um), com coragem e auto confiança, o abandono gradativo das nossas máscaras talvez encoraje nossos tantos parceiros de vida a também se revelarem... E se isso for acontecendo, o baile ficará  muito melhor...


domingo, 4 de dezembro de 2016

UNIDADE II




         Somos criaturas únicas, mas pertencentes a uma Unidade Maior, Primordial, Original, de Puro Amor! Talvez por isso, numa memória atávica e inconsciente, temos uma necessidade gostosa de nos sentirmos unidos, próximos...  Próximos, embora guardando  nossas individualidades, nossa unicidade. Próximos, buscando o pertencimento, o sentido de pertencer, de estar dentro, de não estar sozinhos; buscando formar outras unidades, baseadas em nossa identidade de propósitos, em nossas ligações afetivas, em ideologias - religiosas, políticas, sociais, nacionais... Assim, existem várias pertenças e busca de unidade nos diferentes grupos humanos. O que nos une é a “lembrança” de nossa Pertença Original Amorosa, mas somos “partidos” e repartidos por nossa mente racional.

            Os grupos humanos, no mundo, se formam e buscam manter sua força e unidade, baseados em anseios afins e procuram se  apoiar na uniformidade desses anseios. Mas não podemos insistir na tentativa de uniformizar as pessoas! Desde sempre somos levados a usar uniformes de todo tipo, vestir camisas, aceitar rótulos, que mais facilmente possam nos tanger e cercar em nossas unidades grupais. Somos tangidos por forças materiais: Força física, força do poder, do dinheiro, das armas... Ou pela supremacia da força do saber intelectual/racional, da inteligência, das ideologias...  Essas Unidades se mantêm pela força, pelas lutas  e disputas, defendendo e atacando outros grupos, outras diferenças, outros diferentes, porque só acreditam na unidade pela uniformidade! Esses grupos crescem, se expandem, explodem, tendem a criar facções internas, implodem e se enfraquecem, num rodízio interminável e doloroso de luta pelo poder.  Assim também, mesmo nos grupos que acreditam que se unem pelo amor, grupos familiares, religiosos..., a Unidade, mantida pela força do sangue e crenças, forçadas à uniformidade, fica empobrecida e acaba por se quebrar em lutas, desencontros, mágoas... É o que acontece quando tentamos uniformizar pessoas, pensamentos e sentimentos.

            Enquanto permanecermos em grupos apenas unidos nesse patamar físico, racional, egóico não conseguiremos a Unidade pela qual tanto ansiamos. Essa é a Unidade da boa pertença, que nos aproxima naturalmente através de um bom e generoso propósito, para crescermos espiritualmente e nos sentirmos mais acolhidos e felizes. É a Unidade que respeita nossa diversidade e unicidade e, paradoxalmente, se apoia na igualdade de nossa humanidade e de nossa Origem Sagrada.   Essa Unidade amorosa, que pode nos nutrir, só pode ser alcançada por uma abordagem que está além do material e do racional. É uma abordagem que privilegia a aceitação das diferenças, a tolerância, a boa vontade, o respeito ao tempo       e espaço de cada um – é uma abordagem espiritual!

            Em tempos tão difíceis, onde a luta se nos impõe em todos os momentos, podemos aprender com a sabedoria dos Anônimos quando sugerem que, quando estivermos juntos, em grupos, devemos ter atenção firme com nosso ego orgulhoso e prepotente, atenção com nosso personalismo e um  cuidado gentil, simples  e respeitoso uns com os outros. Só os princípios espirituais de Amor, Verdade, Respeito, Compaixão, Coragem, Solidariedade... , poderão nos nutrir e proteger essa especial e ansiada Unidade nos grupos por onde passamos.