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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

COMPANHEIROS




           Companheiros são caminhantes que estiveram conosco em vários momentos, com maior ou menor intensidade, compartilhando  desafios, alegrias, tristezas... Existem tantos companheiros em nosso caminhar! Jamais estivemos sozinhos!
 
            Existem os “bons companheiros”, pessoas especiais que alegraram e “calçaram” nossa infância, nossa juventude, nossa velhice... Companheiros de gostosas lembranças, cúmplices de travessuras, companheiros de descobertas e desafios ao mundo na adolescência, companheiros que estiveram conosco na construção de nosso mundo adulto, companheiros de “mais idade”, que podem entender melhor o nosso assombro doloroso com as perdas, as impotências, o declínio físico...

            Existem, também, os companheiros “difíceis”, na verdade instrumentos duros de nosso aperfeiçoamento para lidar com diferenças, instrumentos para o aprendizado de fazer valer o respeito aos nossos limites, para aprendermos a aceitar, mesmo sem gostar, a sermos tolerantes... Gostaríamos de deixá-los, de fugir deles, mas são eles, na verdade, peças importantes em toda nossa caminhada.

            E existem os companheiros das “horas mais difíceis”, das grandes perdas, das desilusões, do medo da vida... Eles funcionam como esteios que nos escoram enquanto nos recuperamos para continuar...  Eles nos acolhem, nos consolam e  nos acompanham com  honestidade, simplicidade... 

            Tivemos companheiros efêmeros, passageiros, mas que certamente deixaram algum rastro em nossa vida. Companheiros de ideais, de lutas, de trabalho, de fracassos na família, no amor... Companheiros em projetos que foram mudando, conforme mudávamos nós mesmos.     

 E os companheiros de longo percurso... Companheiros que a vida nos reservou por algum sagrado motivo!  Ou companheiros que elegemos para os grandes projetos afetivos (ou não) de nossa vida.   Acredito que um Poder Superior Maior orientou nossos caminhos a se cruzarem. Alguns passaram, outros permaneceram... Desistimos de alguns, insistimos com outros... O passar do tempo, com tantas diferentes circunstâncias, transformou nosso companheirismo. Ouros, nem o tempo, nem a “morte”, conseguiram nos afastar ou fazer desistir.

            Somos passantes, caminhantes em processo, que um Poder de Amor jamais deixou sozinhos. Basta que olhemos nossa história, que observemos nosso momento.  Companheiros estiveram sempre conosco e eles estão, também, aqui/agora! É só os reconhecermos em cada um e desfrutarmos da melhor maneira as possibilidades dessas companhias que a Vida nos oferece.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

A GRAÇA DE UM PAI




            Cada uma das pessoas com as quais nos relacionamos exerce um papel em nossas vidas. Em família, “nosso primeiro e virginal abrigo”, esses papéis são muito poderosos.  

            O papel do Pai é absolutamente básico e estruturante de nossa personalidade. O Pai é a figura vertical que nos transmite proteção, direção, orientação... O Pai é a Lei.  Sua falta nesse nosso começo deixa um espaço vazio em nossa estrutura. Outras figuras familiares procuram se desdobrar e multiplicar para cobrir essa falta, mas, ainda assim, fica uma lacuna em nosso psiquismo, que pela vida afora tentamos entender, justificar... Que queríamos preencher.

            A natureza e a cultura tornaram o corpo dos pais mais rijo, mais forte, preparando-os para seus papéis de luta e proteção. Eram impedidos de demonstração de afetividade, sempre atribuída às mães. Essa falta da doçura, ancestral e cultural, privou gerações de ternura e formou gerações de homens impedidos de demonstrar e de desfrutar a expressão dos doces sentimentos de ternura, de carinho... Afinal, foram criados para serem protetores, procriadores, lutadores, defensores!  Não deveriam demonstrar emoções que não estivessem de acordo com seus papéis! Para exercê-los, aprenderam a bloquear lágrimas, a esconder dores... 

            No entanto, na medida em que as mães, nesse mundo tão competitivo, aguerrido e agressivo, precisaram sair para a luta, os pais foram convocados, em maravilhosa contra partida, para o cuidado amoroso dos filhos, dando a todos, pais e filhos, a oportunidade de se aproximarem, de se descobrirem no amor.  Cada vez mais, o Pai forte e distante se “humaniza” e se transmuta em cuidados, carinhos, ternuras, enriquecendo, com muita graça, seu papel, ainda, de proteção e de Lei .

            É uma “graça” poder vê-los, desfrutá-los, nessa doce transformação, nessa bonita evolução, nessa proximidade tão doce e gentil. Eles cuidam, brincam, beijam, participam das várias fases de nossas vidas... Compartilham tudo! Eles riem e até já podem chorar!  Essa é a “graça de um pai!


domingo, 14 de fevereiro de 2016

REJEIÇÃO II




            Dentre os nossos infinitos medos, os que mais nos assustam são o medo do desamor e o medo do “desvalor”.  A agonia da rejeição se alicerça nesses dois medos, na ameaça a essa  necessidade primeira que todos temos: sermos amados e sermos  valorizados, aceitos, admirados. 

            A dor da rejeição nos atinge quando nos sentirmos preteridos e perdedores do afeto e da admiração das pessoas que amamos ou daquelas que têm algum tipo de importância em nossa vida.  A Rejeição pode, também, nos apontar como não merecedores de pertencer, apontar-nos como perdedores perante nossos grupos sociais. Então, além da dor da rejeição, sentimos o peso da vergonha!  A isso, soma-se uma profunda tristeza e mágoa pela frustração de não vermos reconhecidos nosso valor, nosso empenho, nossa importância!  Rejeitados, sentimos também muita  raiva pela “ingratidão” ou pelo abandono... E inveja, daqueles que agora são os escolhidos, os vitoriosos! Nosso mundo interior, afetivo, torna-se muito confuso, escuro, doloroso e nossas atitudes muitas vezes tornam-se irracionais, agressivas, vingativas...

            Quanto mais “apostamos” numa relação, quanto maiores forem a ilusão e as expectativas, maior será o impacto ao nos sentirmos rejeitados. Dor, confusão, nossas crenças quebradas, “falta de chão”... “Meu mundo caiu...”  Ficamos em cacos ou atirando cacos! 

Nosso mundo afetivo e psicológico, quando construído em bases fantasiosas ou quando delegamos a outros a construção dessas bases à nossa felicidade, comporta-se como um castelo na areia. Ele não se sustenta muito tempo ante os desafios da vida que estilhaçam nossas máscaras e nos revelam, a todos, menos perfeitos, menos grandiosos... apenas humanos. Cai o véu e nossos olhos choram ante o clarão do Real.

Como seres sociais que somos, a rejeição certamente irá nos machucar, mas não deve nos derrubar. É preciso trazer ao máximo o foco de minha atenção e meus cuidados para mim mesma, num aprendizado contínuo de auto conhecimento, auto aceitação, auto valorização e auto estima.   Ocupando-me comigo, posso ouvir críticas e até pensar sobre elas, mas não devo me deixar impressionar pelo repúdio dos outros e entrar num processo de auto rejeição. É preciso relativizar as opiniões  sobre a pessoa especial que sou e a importância dos outros, quaisquer outros, em minha vida.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

O TEMPO É AGORA !




            O tempo sempre é agora!  O que passou, passou! O futuro é pura especulação!   Não podemos ser apenas um campo de memórias que nossos pensamentos vão visitar para nos fazer sorrir com nostalgia ou para chorarmos para sempre as mesmas dores!  Também não podemos aprisionar nossas vidas em um porvir risonho, imaginado e tanto esperado, ou em um trailer ameaçador e sombrio!

            Na verdade, transitamos das lembranças às ameaças, num frenesi contínuo e corrido de pensamentos incontidos, que nos aprisionam em sentimentos intensos e controversos e controlam nossos comportamentos. Ficamos indefesos, à mercê de um mundo virtual que criamos! Parece que temos vocação para o absurdo ou para a agonia!  E, enquanto isso, a vida se esvai...

            Nosso passado, como Espécie e Pessoal, foi sempre palco de conquistas, de disputas, de submissões, de revanches... desde as mais remotas lembranças. Muito sofremos, choramos, nos queixamos, acusamos... mas tão pouco aprendemos! Os erros pareciam sempre pertencer aos outros: outras pessoas, outros povos, outros tempos... Talvez por isso todos os erros estão sempre se repetindo ao nos defrontarmos com os mesmos desafios.

            Hoje, como em outras vezes, em diversas épocas, muito ouvimos, pela ciência e por diferentes tradições religiosas, falar de duras premonições acerca de tempos difíceis, dessa época de “fim dos tempos”, de “tempo esgotado”.  De um tempo terrível, que sentimos cada vez mais próximo de nós, através dos noticiários de guerras, corrupções, catástrofes, doenças... Nós nos assustamos, evitamos pensar, queremos desacreditar, lembrando de outros “anúncios” que não se concretizaram, mas continuamos a pensar, hipnotizados pelo medo...  

            No entanto, o que temos de certo e real são os desafios do hoje, em nosso Agora!  Só o que temos para nos “salvar” das lembranças dolorosas ou do medo angustiante de um futuro tão obscuro, é a atenção com o Agora.  Mas como lidar com os pensamentos recorrentes, teimosos, mais do que habituais, que nos dominam? Pensamentos que se tornam os senhores de nossa mente, que nos subjugam, que maldosamente se nos impõem... Pensamentos que nos fazem “sofrer a vida” em vez de apenas aprender com ela e a desfrutarmos? 

 Para esses “senhores maldosos” de minha mente, preciso de muito Boa Vontade comigo mesma, muita Paciência, Disciplina e Persistência! Não brigo com esses pensamentos! Jamais brigo com o meu ego teimoso!  Tento não alimentá-lo tanto com notícias agressivas ou dolorosas, faladas, filmadas, escritas... Apenas desconsidero a insistência dos pensamentos que me causam dor e  anulo-os, ocupando-me com o Agora! Abandono a pré/ocupação, apenas me ocupando com o Agora, com o que estiver acontecendo no momento: desfrutando os sabores de alimentos, das relações, da música, da natureza... Vivenciando o amargor dos momentos de perdas... Procurando manter-me  atenta aos detalhes de tarefas, coisas, pessoas...  E se “eles” voltarem, e voltarem, para o passado/futuro? Eu, paciente, persistente, busco trazê-los de volta ao momento! E quando, ainda,  não estou conseguindo? Através de uma oração, peço ajuda à Força Sagrada que me habita para Soltar-me e Entregar-me...  É assim! Funciona!  “Um momento de cada vez!”

Real é o que eu posso, Aqui/Agora! É meu momento! Preciso vivê-lo de forma amorosa, verdadeira, intensa... Atenta sempre às possibilidades de respeitar, acolher, descobrir... Aceitar  cada instante, chorar a dor do momento e curtir o que a vida me traz de bom, ocupar-me...    Os novos desafios  que a Vida me trouxer, vou buscar vivê-los -  Agora.  Não existe magia, química ou religiosa, para enquadrar minha mente delirante e angustiada! Sou Eu, com a ajuda de um Poder Superior!  Sou eu, o senhor de minha mente, o responsável por meu mundo interior!

Um viver simples e amoroso em cada Agora, me constrói e prepara  para qualquer amanhã, para qualquer tempo.  

Preciso repetir e compartilhar o que acredito, para reforçar minha determinação na permanência no Aqui/Agora!!!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

O PRÁTICO E O ESPIRITUAL




          A vida agitada em nosso mundo materialista, apressado e competitivo nos solicita e oferece soluções e atitudes cada vez mais práticas.  Prático é tudo que nos facilita, o que nos dá menos trabalho, o que nos poupa esforço e tempo. Prático é o que nos permite performances cada vez mais rápidas e melhores e nos leva a buscar novidades cada vez mais práticas, em busca de resultados cada vez melhores! Afinal, corremos em círculo, vivendo num mundo de comparações e resultados. Precisamos superar tempos e metas, precisamos vencer os nossos próprios limites e aos outros. Precisamos ganhar tempo... Para que?    Por que?

            O que fazemos com o tempo economizado? Rapidamente o preenchemos com novidades ainda mais práticas, numa corrida sem destino e sem sentido pela vida, que se vai escoando rapidamente ante nossos olhos distraídos dela, de nós mesmos, do que poderíamos desfrutar!  Corremos sempre, cada vez mais apressados, sem responder, sem “ver ou escutar”, sem compartilhar, sem lembrar, sem saborear...  Buscamos em todos os aspectos “receitas de liquidificador”, relações de todos os tipos apenas “corridinhas”, práticas...  Na verdade, parece que estamos sendo consumidos pela voracidade de um mundo frio, insensível, desamoroso, prático...

            Acredito que não somos felizes nesse mundo tão moderno, tecnológico e de tanta praticidade. Tornou-se um viver mecânico, otimizado pela ciência, mantido pela necessidade egóica de acumularmos  o poder, o saber, coisas e vencer. Parece existir, até nos mais jovens, uma nostalgia de um viver já esquecido ou talvez, para alguns, sequer conhecido, porque o que é muito prático apenas serve ao mundo das produções em série, dos robôs, das máquinas, dos “super heróis”...

            Mas “com gente é diferente”!  Tudo isso, tão prático, nos encanta, como à crianças curiosas e deslumbradas, mas não sacia nossa humanidade, não nos nutre como Seres Espirituais. Precisamos nos ancorar no Aqui e Agora, assimilar, trocar, tocar... para podermos elaborar, criar e desfrutar tudo que nos faz felizes. Precisamos parar para podermos colorir nossos momentos com gentileza, carinho, delicadeza, paciência, compaixão, bom humor... Precisamos de tempo para uma nova escuta, para um novo e sensível olhar, para nós mesmos e para os outros. Para podermos trazer gostosura à nossa vida, às nossas relações, porque Espiritual é participar e compartilhar, sem a preocupação da pressa ou de criarmos mecanismos práticos para sermos “vencedores” ou “ganharmos/matarmos” tempo. O Espiritual não exclui, mas não prioriza, os aspectos práticos que facilitem nosso dia a dia.  Mas os aspectos espirituais é que são os essenciais à nossa felicidade.

 Prático é o que satisfaz minha dimensão física e egóica. Espiritual é o que traz cor e beleza à essas dimensões e nos nutre em outras dimensões como um Ser Maior e  mais complexo que somos. Prático é o que busco no Mundo e para o mundo. Espiritual é o que busco de melhor em Mim e compartilho com o mundo.