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domingo, 29 de maio de 2016

ESCOLHENDO A ALEGRIA




            Tudo é uma escolha!  Preferir a Alegria à raiva, ao mau humor à revanche... também é uma escolha.

            Vivemos num mundo onde predominam a competição, a luta, a necessidade de ser melhor/vencedor, de calar o outro, de saber mais, de revidar, de se impor e impor ideias/atitudes, de tentar convencer, de se isolar dos “outros”... São necessidades da guerra para sermos vencedores a qualquer preço!  Mas, que preço estamos pagando por esse troféu?  

Como guerreiros, vivemos atentos aos outros, precisando mostrar força, disfarçar medos, confusões e dores, mostrando o rosto sério e zangado com tudo e com todos os “errados”. Precisamos ter postura desafiante, sempre prontos para o debate e para  o embate.  Usamos a palavra (falada, cantada,escrita, em redes, virtual...) para marcar territórios, posições, superioridade... (em família ou quaisquer outros grupos). Usamos o esporte, não como forma de admirarmos técnicas e curtirmos as possibilidades sadias do corpo, mas para competir e derrotar, para extravasar raiva do adversário e aliviar o medo de sermos nós os perdedores. Para isso, exaurimos nossos corpos ao absurdo, buscando medalhas que nos garantam ter mais valor.  Usamos os corpos e a sensualidade para subjugar, para sentirmos poder e para, disfarçadamente, mendigarmos afeto... Usamos as religiões para defender o deus melhor. “Nos” retroalimentamos e adestramos para a luta contínua em filmes, livros, novelas, noticiários, até em desenhos  animados infantis! Mantemos atitudes atentas e defensivas: punhos fechados e rostos com diferentes máscaras.  Aprendemos o riso de escárnio dos vencedores e dos rivais, mas já não conseguimos sorrir com ternura, com amizade, com leveza e cordialidade...  Esse é o dilema de nosso mundo ainda dominado pelo ego. Ego de pessoas, das facções, das nações... Ele parte, reparte, separa, cria partidos para poder vencer.

Apesar de tudo, ou por conta de tudo que vivemos e sofremos nesse modelo tão egoico, cada vez mais ansiamos por uma nutrição mais afetuosa e espiritual. Somos seres instintivos e racionais, mas nossa dimensão de origem é a Espiritual. Está despertando em nós, cada vez com maior intensidade, a consciência de que somos seres portadores de uma Centelha Divina , que necessita se nutrir de Amor. Amor que é pacífico, que respeita as diferenças, que nos faz compassivos, generosos, delicados, que nos leva a buscar sermos verdadeiros e justos, amor que nos leva a relaxar, aceitar e sorrir...

Quero sair da luta, mas recaio tantas vezes! Quero ser leal às minhas ideias e aos meus gostos, sem precisar estar reativa aos outros. Não quero viver e conviver partida entre partidos e disputas (familiares, religiosas, políticas ou de qualquer ordem). Quero apenas viver com mais ternura, soltura, alegria... Quero estar atenta e com abertura de mente e coração para descobrir e usufruir as qualidades, dons e razões dos outros, de qualquer “lado”.

Esta escolha, como quaisquer outras escolhas, são responsabilidades de cada um. Entendo que “surfar” meu momento com a alegria que puder, num mar tão revolto como esse em que vivemos, é muito difícil!  Requer paciência, boa vontade e aceitação de mim mesma, desejo de ser feliz, para ir tentando, insistindo, não desanimando...  Vale a pena, pelo desfrutar da leveza e da serena Alegria de Ser.

domingo, 22 de maio de 2016

CONTINUE INDO...



           Todo o tempo desafios nos confrontam. Muitas vezes, nos parecem intransponíveis ou muito difíceis. Sentimo-nos com medo, inseguros, cheios de incertezas, cansados, sem gás, sem entusiasmo, vazios... Sentimo-nos presos à situações ou a caminhos sem volta!  Nesses momentos gosto de lembrar o conselho do avô índio ao jovem guerreiro: “Keep Going”, Continue indo, não desista! Mas, por que? Para que? Por que ainda devemos caminhar? Para onde? 

            A montanha que me compete atingir, o deserto a atravessar, as floresta sombrias a desbravar, são todos eles meus caminhos externos e internos rumo a patamares mais intensos de força e libertação interior... É um caminhar que pede paciência amorosa com meus medos e tropeços, que aceita meu cansaço, que espera meu refazimento... É um caminhar que me promete ser/estar cada vez melhor, rumo à aceitação serena do próprio caminho, com a certeza de um Poder Maior Amoroso que me fortalece, que me criou e renova, que me cuida, que me espera...

            Fazemos parte de uma Luz Maior. A ela somos atraídos e é para ela que caminhamos apesar das dificuldades, da demora, dos retrocessos... Acredito que eles têm a função de ir nos lapidando, nos purificando, nos livrando das armadilhas e teimosias do nosso ego. É nessa direção que todos, inexoravelmente, estamos caminhando! Tropeçamos, nos revoltamos, cansamos, nos indignamos, lamentamos, enfim aceitamos... Conscientes (ou não) dessa vocação, desse chamado aos nossos passos, atrasando ou adiantando a marcha, nós vamos, nós continuamos indo...

            Acredito que pode me ajudar estar atenta e, sempre, me perguntando: Ainda estou aprendendo? Porque, quando temos a impressão de que já sabemos tudo, tendemos a parar, a estagnar...  A perseverança paciente e firme nesse meu olhar interior curioso, carinhoso e bem humorado é que me mantém ativa, viva e me lembra do significado da caminhada.  “Vá com calma, mas vá”, “Um dia de cada vez”, Prossiga, Continue! Não desista!  “Keep Going”...

segunda-feira, 16 de maio de 2016

MOMENTOS DE FRAGILIDADE


          Naquele momento, eu só queria parar, sentar-me bem escondidinha e chorar...  Poder liberar águas represadas por um sem número de diques, sempre tentando conter prantos e me isolar no seco, em seco.  Tive a impressão que, se deixasse rompê-los, eu iria vazar, sangrar, até me acabar... Era muito pranto! De onde vêm tantos prantos!?  “Me” encastelei, muitas vezes e muito tempo, em meu mundo, na minha dor. Será ela a maior, a mais diferente? Alguém me entenderia? Como deixar ver a dor dos abandonos, das rejeições, da vergonha de sentir-se incompreendida, preterida?  Ah, esse meu orgulho que me isola, me priva de compartilhar minhas dores, minhas confusões, minhas reflexões... E hoje, sufocada, preciso apenas chorar...

            Nesse momento, tão doída e frágil, gritam em mim anseios de carinho, de braços e abraços me acolhendo.  Eu queria um sorriso para me receber... Queria sentir um toque leve, suave, de simpatia... E um abraço longo, gostoso, protetor... Um sorriso e uma palavra paciente, tolerante e bem humorada com minhas distrações, meus erros e confusões.... Um sorriso cúmplice e orgulhoso com meus acertos e minhas pequenas conquistas... Um cuidado de tentar tirar pequenos empecilhos ao meu caminhar... A lembrança de dizer que ama, que sente falta da minha companhia... O cuidado de evitar cobrar, criticar, ironizar... Apenas me aceitar!

            Precisamos de todas essas formas de carinho como uma plantinha necessita de solo, sol e água . Carinho é como o sol doce e morno de meia estação, é como uma manta macia que nos envolve e faz o caminho valer a pena, mesmo nos momentos de muita dor. Carinho é como a água que nos nutre e dá força para prosseguir. Carinho nos dá o equilíbrio de um solo seguro para seguir. 

            Na verdade, sob a armadura que nos defende para lidar com o mundo, escondemos muitas dessas nossas carências, dessas “securas” de afeto, de atenção, de carinho. Tão defendidos e distantes, temos muita dificuldade de dar e até de receber o carinho que tanto desejamos e precisamos. Ficamos sem graça, medrosos, desconfiados, escondendo nosso anseio. Precisamos de coragem para chegar, para ousar, para dar, para vivenciar o carinho, abrindo assim a possibilidade de, talvez, recebê-lo. Mas, inseguros e frágeis, fica  ainda muito difícil buscarmos abrigo e conforto no outro! 

             Nesses momentos de fragilidade, quando fica evidente a força dessa carência afetiva, é preciso atentar que tudo começa em nós mesmos!  O carinho do mundo é um presente a mais, que receberemos (ou não!), mas a primeira fonte de todo o carinho que preciso está na relação comigo mesma. Todas as formas de carinho, cuidado e atenção que busco no outro, preciso, antes, trazer para o trato constante comigo. Nesse momento, me ouço, me acolho, choro e me consolo, me aceito com muito carinho... Então, sorrio confiante, confortada e fortalecida.  Depois, levanto e caminho...


terça-feira, 10 de maio de 2016

ADOÇÕES




          Adotar é acolher, escolher para si, para sua vida, para sua história, para seu coração.. .uma ideia, um estilo, um animalzinho, um amigo, um companheiro, um filho...  Adotamos um filho na juventude ou na maturidade, acolhemos um filho no casamento ou fora dele, um filho de nossa linhagem familiar e sanguínea ou de qualquer outra origem...  Acolhemos um filho menino, jovem, adulto...  Acolhemos, independente de raças, de origem religiosa ou cultural. Apenas, escolhemos, acolhemos, adotamos... É uma atitude de entrega da nossa mente, do nosso coração...

            Quando adotamos alguém, estamos acolhendo um ser único no universo, de características únicas, de uma história única, que irá se entrelaçando com a nossa e criando novos capítulos para ambos. É importante, então, entender e respeitar sua individualidade, sua necessidade de trilhar seus próprios caminhos. A adoção, como uma relação de amor, não comporta segredos e mentiras, nem expectativas e cobranças.

            Relações tão intensas de amor não podem aceitar adjetivos que, na intensão de explicá-las, apenas as restringem e empobrecem:  filhos paridos, filhos trazidos por outros laços, filhos adotados...  E os que chegam em tempos tempestuosos, os filhos inoportunos? E os que chegam de fora, que chegam assustados e ressentidos, fragilizados destroços de naufrágios familiares? Nesses filhos, quanto medo, desamor, insegurança... muitas vezes sob máscaras de rebeldia ou indiferença? Quanto anseio de serem amados, aceitos e adotados por nossos corações, ainda que sejam anseios disfarçados ou até mesmo insuspeitados!  

 Na medida em que são realmente acolhidos e adotados por nosso amor, cria-se um vínculo que nos confere e reforça o sentimento de sermos pais e mães. E algumas vezes a Vida nos traz filhos, de sangue ou não, filhos que não adotamos em nosso coração. Perdemos, então, uma maravilhosa chance de amar, de construir laços que, para sempre, enriqueceriam nossas vidas. 

            Na verdade, necessitamos, todos, de dar e receber amor, de adotar e de nos sentirmos adotados. Que alegria, que sensação de aconchego e segurança, sentirmos que somos, realmente, adotados/aceitos por um grupo, por um irmão, por um companheiro, por nossos pais, por nossos filhos... E nos leva a pensar:  Por que essas pessoas?  Que contrato sagrado nos uniu? Que mistério nos encaminhou para esse Encontro?  É a partir de então que, realmente, teremos a oportunidade de aceitarmos, acolhermos, adotarmos, uns aos outros, construindo, a cada dia, vínculos de amor para o Sempre. 

quarta-feira, 4 de maio de 2016

DEFESAS AFETIVAS



As Cercas e as Muralhas


           Temos tantos medos! Na verdade, temos sempre o medo da dor, o medo de sofrer. Mas a vida, o viver e o conviver, nos fazem atravessar “campos minados”, campos de obstáculos e desafios que nos ameaçam todo o tempo com possibilidades de sofrimento!  Inseguros, estamos sempre assombrados pelo medo do desamor, do “desvalor”, da rejeição, do abandono, das perdas... E, assustados e medrosos, reagimos procurando nos defender.


            Aprendemos a erguer nossas defesas, cada vez mais sólidas, em resposta à nossas experiências “mal sucedidas”, às desilusões, que acompanham as expectativas idealizadas, aos nossos confrontos com o mundo, principalmente com nosso mundo afetivo.  Ficamos com sequelas pelas dores passadas e vamos nos congelando, hipnotizados, ante a possibilidade de dores futuras. 


 Tudo isso reforça em nossa mente, em nosso ego vigilante e aguerrido, a necessidade de maiores defesas. Assim, nossas pequenas cercas defensivas, vão com o tempo crescendo, transformando-se em fortes muros e por fim em muralhas, que procuram nos preservar de sofrer, mas acabam por nos aprisionar e isolar.


Defensivos, afastamos pessoas e situações de risco ao nosso coração. Sem o exercício de amar, vamos esfriando, perdendo o jeito de estar com entrega e calor e de nos enternecer. Vamos congelando nossa capacidade de ousar amar, de sorrir, de abraçar...  Passamos a conviver com o máximo cuidado em não nos envolvermos afetivamente, principalmente com aqueles que tanto queríamos amar, mas que, acreditamos, representam risco de nos fazer sofrer.


Defensivos, com medo de arriscar em várias áreas de nossas atividades, tornamo-nos invejosos dos que ousam, dos que fazem, dos que tentam... Amarrados em nossas defesas, vamos nos tornando azedos, intolerantes, críticos, arrogantes senhores de muito saber, mas de tão pouco sentir...  E procuramos suprir ou nos anestesiar desse vazio afetivo com coisas, com químicos, com riscos físicos, com muito “saberes”, com assuntos do ego, com qualquer coisa que não ameace o “coração”!


Nossas relações, principalmente as mais significativas e caras (companheiros, filhos, familiares, amigos...), por nos parecerem mais ameaçadoras, com maior potencial de nos fazerem sofrer, ficam muitas vezes blindadas por nossas defesas e tornam-se muito superficiais, sem verdadeira intimidade afetiva. E, quando nossos medos e inseguranças se encontram com os medos do outro, as defesas de ambos se fortalecem, se chocam, e uma grande distância afetiva se estabelece, às vezes, para sempre...


Preciso entender os medos que me levaram a fugir, criando  tantas defesas. Quantas expectativas irreais, quantas idealizações infantis, quanta falta de confiança em mim mesma, no meu poder em minha própria vida, no valor da única/incrível pessoa que sou... Quanta  falta de carinho, paciência, firmeza e honestidade na comunicação do meu amor, de quem sou, do que posso ou não posso.

            Só quando ouvirmos o silêncio gritar forte dentro das nossas relações mais queridas poderemos atentar para a realidade de onde nos encarceramos e sentir até que ponto nos isolamos.  Todo esse processo se fez aos poucos. Agora, só eu mesma poderei ir “tirando uma pedra” de cada vez dessas muralhas que me afastaram de uma vida afetiva mais plena. Só eu mesma poderei ir sinalizando que estou aqui, que estou mais disponível, mais amigável, mais amorosa... deixando contudo, sempre, a pequena e importante cerca que demarca o respeito ao meu espaço, à minha individualidade e ao espaço e individualidade do outro. Cabe a mim  a atenção constante para não permitir que essas necessárias pequenas cercas se transformem nas frias muralhas do silêncio e do desamor!