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segunda-feira, 27 de junho de 2016

TOLERÂNCIA




          Tolerância é um generoso, delicado e gentil estado interior que se exprime em nossas atitudes com o Outro. Mas para que a tolerância nasça e floresça em nosso interior, precisamos da “segurança” que advém do respeito necessário a nosso espaço. Em nossas relações, voltamos sempre à questão de limites. É mais fácil sermos compreensivos e tolerantes em tese, em teoria, mas, na prática, em relações próximas, precisamos estar resguardados pelo respeito para podermos nos sentir realmente tolerantes e agir com tolerância.

            Nosso ego, sempre defensivo, tende a desconfiar, e até a rejeitar, o diferente, o estranho, o “errado”. Ele tende a rejeitar o que parece ameaçar nossa razão, nossos desejos, nossas expectativas, nosso mundo...  E como nós ainda vivemos bastante submetidos à força desse ego, precisamos nos sentir resguardados pelo respeito a nosso espaço, para que possamos, tranquilizados, ouvir o Outro, suas verdades, seus sentimentos e suas atitudes e sermos, então, tolerantes com ele.

            Em nossa relações mais próximas e queridas, por uma crença equivocada, à princípio, tudo toleramos  de pais, filhos, companheiros... como prova de um amor sem fim! Também para nos sentirmos valorizados e aceitos, muitas vezes, em muitas e diferentes situações, tentamos ser simpáticos, úteis e “tolerantes” além da conta. Mas, aos poucos, nos sentindo desrespeitados no modo como somos (o que desejamos ou podemos), vamos nos sentindo invadidos e recebendo menos em troca do muito que permitimos, toleramos e aturamos!.  Tolerância sem limites, sem respeito, torna-se permissividade, o que, certamente, vai nos levar com o tempo a impasses na relação. Leva à mágoa, à irritação, à impaciência, à indignação, ao ressentimento, ao cansaço, à Intolerância!

Acredito que somente alguns raríssimos seres em passagem pela história do Homem, transcenderam o ego e conseguiram Amar e serem tolerantes sem limites, incondicionalmente. São seres totalmente espiritualizados. São nossos mestres e divinas referências. Nós, em nosso evoluir, nesse processo de educar e transcender nosso ego, podemos aprender e exercitar uma Tolerância Melhor e mais Amorosa.  Com o tempo e boa vontade, podermos ir além da simples consequência do cuidado com nosso espaço e enriquecê-la com Generosidade, Paciência bem humorada, Ternura...
           

terça-feira, 21 de junho de 2016

ESSE MEU EGO TEIMOSO...




           A cada dia que passa, vou conhecendo melhor esse meu ego teimoso. Ele mora em mim, na minha mente, sabe das coisas que lhe foram ensinadas (e vivenciadas) através dos tempos. Ele tem força, tenta controlar meus afetos e minha sombra, decide sobre minhas máscaras, está sempre pronto para lutar em minha defesa!  Ele acostumou-se a me comandar!

            Ele se manteve à custa de crenças do que seria melhor para mim nesse mundo onde eu precisava sobreviver e vencer. Para isso, ele sempre me defendeu usando conceitos, preconceitos, atitudes, aprendidos e/ou trazidos comigo na minha bagagem inconsciente. Bagagem sombria que esconde orgulho, vaidade, prepotência, presunção, raiva, ressentimento, anseios gorados... “Forças” que até eu desconheço, mas que, ainda assim, são usados e vividos nas lutas do meu cotidiano.

            Ele sempre foi coerente com o que aprendeu e portanto me levava a buscar prestígio, valorização, poder...  Dominar e não se deixar dominar, vencer e não perder, ter razão, saber mais, não aceitar críticas, mesmo quando tudo disfarçava. Meu ego mantém o olhar vigilante para julgar, condenar, comparar, se defender ou revidar. Aprendeu a ser intolerante com quaisquer diferenças que pudessem ameaçá-lo.   Ele tanto lutou, mas não me fez feliz! Com ele, tantas vezes venci, mas não era feliz!

            Meu ego é bom de briga, mas não quero mais brigar! Ele guarda segredos, que vou aos poucos descobrindo e começando a encarar... Comecei a “ouvir” uma Outra Voz, que me sugere em vez de comandar. Uma voz gentil, amorosa, que me mostra outras crenças, valores... Um outro modo de Ser/Estar, sem ter que disputar e vencer.  É uma Voz suave que chega ao meu ego e, sem confrontá-lo, me sugere que será melhor sair desse carrossel de eternas lutas e, com simplicidade e honestidade, poder fazer, livremente, minhas próprias escolhas.

            Comecei, então, uma verdadeira epopeia para conhecer o que se mantém e o que se esconde atrás das muralhas do meu ego. É preciso atenção paciente e cuidadosa, a cada momento, para entendê-lo e às suas reações aprendidas, já automatizadas; atenção para não deixá-lo, ainda, me dominar. Mas como esse meu ego é teimoso! Quando penso que já assimilei o respeito, a tolerância, a verdade, a generosidade, a imparcialidade da justiça, a compaixão... Quando me vejo defrontada com uma nova (ou velha) situação ou desafios... Quando quero ter uma resposta mais amorosa, meu ego salta à frente e me vejo brigando, discutindo, querendo dar o troco, pensando “bem feito!”, querendo ganhar...

            Quase desanimo, mas não quero desistir! Se quiser ter uma relação melhor, mais leve e amorosa com o mundo, preciso começar comigo mesma, com meu velho ego teimoso. Procuro entendê-lo como a minha parte infantil e birrenta, como a minha parte adolescente que já tudo sabe e como o meu adulto arrogante que tudo quer poder. Preciso ter paciência (com firmeza) para acolhê-lo, segurá-lo, educá-lo, conversando, revendo questões, para redirecioná-lo.

            Acredito que nascemos e vivemos para o aprendizado do Amor em todas as suas faces, porque isso é nos faz felizes e cada vez mais livres. E é minha Dimensão Espiritual, essa minha Voz Interior Original, que pode ser a mestra paciente desse meu ego teimoso! 

quarta-feira, 15 de junho de 2016

ESCUTAR




           Uma boa Escuta vai além do ouvir, do ler, do olhar, do tocar. Ela requer que utilizemos nossos sentidos físicos a serviço do entender e do sentir: Ela requer mente e corações abertos, senão -  “entra por um lado e sai...”.  Escute e Aprenda , nos é sugerido, porque essa verdadeira escuta é que nos abre para possibilidades maiores de Ser e Estar.

            Para esse Escutar preciso me interessar, realmente, pelo que está sendo dito. Acreditar que, sempre, há uma possibilidade de ouvir algo novo, de ter uma nova visão do outro e do que ele diz, de perceber algo que não havia percebido, de saber de uma experiência que, talvez, possa me enriquecer... Ao escutar o Outro em seu momento, como sinaliza Jean Y.Leloup, é importante estarmos presentes, receptivos, para, realmente, apreender o que ele nos traz, com palavras e silêncios, com seu corpo, com sua energia....  É poder escutar o que ele ainda não consegue dizer, o que ele tenta disfarçar, mas que o está sufocando... Sua dor, sua culpa, sua vergonha, seu ressentimento, seus sonhos gorados...  É Escutar com os ouvidos, com um olhar receptivo, com o tato, com o coração...

            Para isso, no momento da escuta do Outro, é importante tentar “limpar-nos” o mais possível de crenças, conceitos, preconceitos, sentimentos e estar abertos para acolhê-lo em sua unicidade, sua alteridade, no mistério único que ele representa, que pode nos encantar e que poderá, sempre, nos surpreender.

            A Escuta poderá nos levar a mundos incríveis, que estão à nossa volta, mas são muito pouco percebidos.  Se nos desligarmos da gritaria eletrônica que nos envolve e distrai, poderemos escutar  a natureza da qual fazemos parte: pessoas, animais, plantas, ventos, águas... até os sons de nossas lembranças e dos nossos sonhos. E talvez possamos, então, dar um novo significado a todos eles.

            E a Escuta de mim, a cada escuta do Outro, da Natureza, dos sons da Vida? Como reajo a esses sons? Chego a ouvi-los? E os sons que grito ao mundo, são verdadeiros?  E os gritos sufocados em mim, aqueles que não quero escutar? O que eles dizem de mim mesma? Sinto-me escutada por mim, pelo mundo? Às vezes, sinto o isolamento e o abandono por não ser escutada?

            E a escuta de um Poder Superior Amoroso que, suavemente, fala a nós, fala em nós...? E a voz de nossa Consciência Amorosa, já despertando, que nos sussurra e orienta para o melhor, está sendo escutada?   São escutas e escutas... Preciso me desligar do que me apenas me distrai sem finalidade e focar no que me desperta...

quinta-feira, 9 de junho de 2016

SOLIDÕES




           Vivemos muitas solidões!  Na verdade existem muitas formas de reagirmos ao “estar só”, muitas formas de sofrermos, ou desfrutarmos, nossa solitude.

            Talvez a solidão mais dolorosa seja a de nos vermos sós, abandonados, preteridos, esquecidos, por aqueles que, acreditávamos, nos completavam e davam significado às nossas vidas. E um dia eles se foram, levados pelos ventos da vida ou pelo irremediável da morte, deixando-nos despedaçados, faltando pedaços, com “buracos”, com vazios... Nessa solidão, abatidos por imensa dor e ainda reféns dessa crença equivocada, vemos nossa vida perder o significado, o sentido, porque tudo dependia deles...  Continuar sozinhos, agarrados eternamente em agonia ao vazio deixado pelos pedaços que estão faltando, dói demais! É terrível essa Solidão!

            Existe, também, a Solidão do orgulho e do poder, quando subjugamos, quando nos colocamos acima dos outros, quando despertamos inveja porque “somos mais e melhores”... Sentimo-nos, então, isolados, sem companhia de “iguais”, de simples semelhantes.

            Existe a Solidão do caminhar com apegos a bens que sabemos serem  finitos. A solidão do caminhante que só acredita nas conquistas desse mundo finito, em companhia de pessoas que ele acredita serem apenas finitas. A Solidão de um caminhar para o fim de tudo, com perdas e perdas... até o fim. Um caminhar cada vez mais solitário, sem a perspectiva do eterno, do Infinito.  Um caminhar sem a companhia, a presença, a força, o conforto, a orientação... de um Poder Maior de Puro Amor. A Solidão de um caminhar sem Deus!

            Existe a Solidão inerente à nossa unicidade. Somos únicos, particulares criaturas, criações de um Criador Maior. E isso, de alguma forma nos diferencia e isola. Ninguém sente e pensa, realmente, como sinto e penso; ninguém viveu a minha história, as minhas circunstâncias, com minha bagagem de defeitos e qualidades únicos.  Queremos e precisamos compartilhar com outras criaturas, também únicas, tudo que somos e sentimos. Precisamos dessas trocas para crescer, para ensinar e aprender, para nos confortar, para não nos sentirmos tão sós... Mas sabemos que apenas em parte poderemos ser entendidos e sentidos, apenas em parte conseguiremos nos identificar uns com outros! Apenas em nossa humanidade e em nossa Origem Sagrada! Essa nossa Solidão precisa ser aceita, entendida e respeitada, mas ainda assim, suavemente, ela dói...

            Mas existe uma Solidão serena, a ser saboreada, quando aprendemos a estar conosco mesmos, descobrindo, aceitando/perdoando, curtindo e gostando dessa pessoa especial que somos; quando aprendemos a ter carinho, ternura e paciência bem humorada conosco. Mas atenção, quando entendemos que somos completos e que, mesmo sós, estaremos livres, com intimidade e em nossa  gostosa companhia, poderemos ter a tentação de nos isolarmos!  Não vale a pena, porque, sempre guardando nosso espaço, poderemos desfrutar, também, da incrível criatividade de Deus em suas muitas outras criaturas! 

 A dor de qualquer Solidão nos aponta para sair do isolamento que nos congela e desumaniza e desistir da agonia da busca para nos “completar” com o Outro; nos aponta para deixar a mágoa e escolher o doar, o compartilhar... E também para aceitar a nossa solitude e nos permitir desfrutar do próprio silêncio...  As Solidões  devem nos sinalizar para uma relação mais equilibrada, sadia e livre conosco mesmos, com o Outro e com Deus.

sábado, 4 de junho de 2016

PSICOSFERA




            É o envoltório energético que geramos em torno de nós, com nossos pensamentos e sentimentos. Podemos criar uma psicosfera   leve, luminosa, sadia ou pesada, escura, doentia.  Quando estamos juntos, em qualquer lugar, criamos um ambiente marcado por uma energia grupal que pode ser sadia, gerando trocas positivas (e até milagres!) ou negativas, contagiando-nos uns aos outros com energias pesadas, retroalimentando uma psicosfera maior  de sombras e escuridão.

            Vale, então, me perguntar:  Como estou cultivando meus pensamentos e sentimentos?  Que tipo de energia, e consequente psicosfera, eles estão criando/ fortalecendo em mim e em torno de mim?  E nos grupos onde atuo (familiar ou quaisquer outros)?   Se procuro situações e lugares de lutas, paixões, desequilíbrios, que me exaltam e tolhem minha calma e lucidez, que prejudicam minha capacidade de discernir e escolher livremente, estarei aprisionada numa onda de energias negativas. Se vibro, muitas vezes, por muito tempo, com raiva, impaciência, inveja, despeito, ressentimento, luxúria, ambição... vou acabar sentindo o peso de toda essa psicosfera pesada e deletéria gerada por mim mesma.

            No mundo, vivemos uma época de contínuas descobertas e  profundas transformações e, sob o assédio de chamados agressivos e competitivos, precisamos estar atentos às energias com que nos alimentamos e com aquelas que exalamos de nós. Cada um é responsável pelo “peso energético” individual e, em parte, pela psicosfera global, porque fazemos parte desse todo planetário.

            “Cuidando de mim”, para me ajudar, para ajudar os outros e não prejudicar o todo, preciso estar atenta: Estou me nutrindo com pensamentos serenos? Procuro refúgio e trocas sadias com a natureza? Procuro motivos para sorrir? “Me” preservo de disputas e discussões que me exaltam? Procuro aceitar (mesmo sem gostar) o que não posso modificar?  Procuro manter o entusiasmo para modificar o que posso, mesmo as pequenas mudanças? 

            Somos responsáveis pela Psicosfera  sadia, leve, luminosa, de serenidade e alegria, que conseguimos criar (ou não) a cada momento. Somos peregrinos, caminhantes responsáveis por nossa própria luz e também pela do nosso mundo, sempre em direção à Luz Maior de nossa origem.