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sexta-feira, 29 de julho de 2016

CANSAÇO




           Em alguns momentos somos tomados por um cansaço que sentimos espalhar-se em todos os nossos corpos. Vem do continuado confronto com novos, antigos, repetidos desafios... Sobrevém, então, uma verdadeira baixa energética. Sentimo-nos desconectados de nossa Luz Interior no afã de tentarmos resolver tantos desafios exteriores, de tentarmos controlar situações, pessoas, destinos... Lutamos com impossibilidades e com possibilidades fora do nosso alcance... Quanto cansaço!

            Cansaço de sentir medo pelos que amamos! Cansaço de vê-los em situações de risco, numa vida que é feita de desafios e riscos... Cansaço de sofrer com suas dores... Cansaço de cobrar e sermos cobrados por situações que fogem à nossa alçada, ao nosso alcance... Cansaço de ser confrontada com a dor de minhas impotências, quando tanto nos esforçamos, mas jamais chegamos... Cansaço de acreditar em mentiras “bonitas”, por medo de encarar verdades doídas... Cansaço de expectativas frustradas, que insistimos em repetir... Cansaço de temer por nossa saúde, antes tão descuidada... Cansaço de tantas “preocupações”, que são, na verdade, tentativas desesperadas de controlar o destino, os caminhos e as escolhas, de quem amamos... Cansaço de notícias de horror, de tristeza, de maldade, de corrupção...  Cansaço de ser convocada  para lutas agressivas, num mundo agressivo, que me maltrata e me distrai do melhor de mim mesma...  Cansaço que me toma quando resolvo e insisto que devo descobrir, ao meu modo, as saídas para os outros e para o mundo... Cansaço  por complicar e teimar, quando sei que o caminho para o meu descanso passa pela humildade e simplicidade de pedir ajuda à minha Luz Original!

A esses momentos de tanto cansaço, sobrevém uma verdadeira “queda de força”.  Baixa uma escuridão na alma, que  embota a mente, adoece o corpo, deixando fugir a vitalidade e a alegria.  Sinto que preciso relaxar. Preciso Soltar-me da arrogância tola e prepotente de querer salvar e consertar pessoas e o mundo, quando, na verdade, não consigo sequer entender-me e cuidar-me. Preciso me religar à Deus/Fonte - Falar-Lhe (através da oração) e ouvi-Lo(através da meditação, do meu silêncio).  Preciso  Entregar-me a Seus cuidados e a Seu amor...  Daí virá o alívio, o consolo, a força e a certeza de que para cada um de nós há um propósito amoroso maior.  Vou tentar relaxar e me entregar, sabendo que o Tempo e a Forma como tudo caminha e se encaminha é de Deus. A mim, cabe a responsabilidade e a escolha de confiar e seguir...

sábado, 23 de julho de 2016

FAMÍLIAS E ESCOLHAS




           Somos Seres de Luz ainda envolvidos em sombras. Somos Centelhas Sagradas de Luz que, num processo evolutivo, precisam libertar-se das sombras que nos aprisionam para, assim, liberar, cada vez mais, as potencialidades da Luz que somos.  Acredito que ao nascermos já trazemos um “currículo individual” de nossas sombras e da Luz, guardados e escondidos, até de nós mesmos, em nosso Inconsciente Maior (temperamento, aspectos negativos e positivos de carácter...).

Nessa passagem por aqui, nessa “escola” de vida, trazemos, escolhido e sugerido por um Poder de Pura Sabedoria e Amor, um “dever escolar”( desafios e oportunidades) a cumprir para nosso propósito de aprendizado e libertação. Sozinhos pouco aprendemos!  Então, essa Sabedoria Amorosa nos encaminha para um Grupo que favoreça, a todos, nesse propósito – a Família.! Nascemos num mundo físico, com instintos de sangue que gritam em nós e nos unem, com uma genética que nos influencia e aproxima, com a lealdade exigida pelo grupo, com um longo convívio (mesmo com os familiares que não são de sangue)... Tudo serve à formação de vínculos fortes e amorosos, que possam amenizar e nos fazer suportar os desafios de conviver uns com outros, com nossos defeitos e diferenças...  A  Família, forma-se como um buquê de flores de diferentes matizes, umas muito espinhosas, outras perfumosas; umas chegando em botões, outras murchando, caindo, saindo...  Nosso buquê familiar, tão humano,  traz a diversidade que nos enriquece com possibilidades de trocas e aprendizado: orgulho, vaidade, bondade, arrogância, agressividade, mansidão, mesquinhez, materialidade, espiritualidade, rigidez, tolerância...  Toda essa diversidade funciona como desafio e amparo para que cada um possa ir descobrindo suas próprias cores, luz e sombras, ainda escondidas.  Nessa “escola” todos viemos com nossos próprios currículos e nossas próprias tarefas.  Não podemos fazer o “dever” dos outros.  As tarefas são individuais!!!

            Sob esse propósito de crescimento, não adianta o lamento de que queríamos outros familiares, uma  outra Família! Afinal, vamos à Escola para aprender a resolver problemas difíceis!  Não adianta querermos ficar só no recreio, saboreando merendas e gostosuras, com os parentes com quem temos mais afinidades...  O que podemos é entender o propósito sagrado que nos uniu, aceitar os desafios de conviver e aprender a amar nossos familiares mais difíceis, nos perguntando sempre até que ponto somos também difíceis, e desfrutar dos aspectos amorosos e saborosos da Família. O que pode me ajudar nessa “sala de aula” familiar é organizar meu pedaço dentro dela, sendo honesto, firme, gentil, respeitando meu próprio pedaço e o dos outros. Com esse exercício de conviver com ordem e respeito, conseguiremos desfrutar da Graça Sagrada da Família e poderemos ir alcançando o propósito de Deus para nós, ao substituir nossos sentimentos e atitudes da sombra pela compreensão, paciência, compaixão, gentileza, aceitação... Poderemos, então, até “ver” e desfrutar da “Luz” dos outros.   

            Muitos de nós, agoniados, pensamos em fugir de nossa família problemática e escolher outra. Não pensamos no porquê de estarmos aqui. Queremos só felicidade imediata, queremos só o “recreio”. Sendo assim, cuidado com nossas escolhas! Costumamos nos basear em fantasias afetivas, máscaras de sedução, pouco convívio... e pouca duração.  Algumas vezes, até encontramos novas famílias mais confortáveis ou nos fechamos  nas relações mais generosas dentro da Velha ou da nova Família, escolhendo só as “rosas sem espinhos”. Podemos nos acomodar, nos acostumar, ao conforto de só desfrutar, sem desafios, das relações mais fáceis, mas levaremos, bem escondidos, até mesmo justificados ou  negados, sentimentos de fracasso, culpa, amargura e de certa forma estaremos fugindo ao propósito de aprendizado e libertação,  que um  Poder Superior  de Amor e Sabedoria escolheu e ofereceu para nós.

domingo, 17 de julho de 2016

PROVOCAÇÕES




            Dentre os tantos papéis que desempenhamos nas nossas relações, aparece, insidioso e inconformado, o papel do provocador, daquele que sacode a aparente “paz” do momento.  Mas, o que os leva, ou o que nos leva, a provocar?

            O provocador é alguém incomodado com essa “paz”, para ele ainda mal resolvida. Sente-se movido por seu incômodo, sua raiva, sua mágoa, sua vergonha, sua frustração... sentimentos lacrados em seu próprio  ressentimento, muitas vezes insuspeitados por si mesmo. Sente-se, ele próprio, provocado pela paralização da luta, pela trégua em uma situação ainda não digerida.  Cede, então, ao impulso de sacudir o outro, de chamá-lo para mais um round de luta, buscando uma reação já esperada,  numa tentativa de reacender a questão não aceita.

            O provocador formou-se em meio a lutas e aprendeu a conhecer as fragilidades, os pontos fracos, dos outros. Está inconformado, revoltado, e resolve agir aproveitando quaisquer situações para tentar “reaquecer a relação”. E existem tantas formas de provocar a reação das pessoas à nossa volta!  Podemos relembrar fatos passados, num culpar sem fim... Podemos nos tornar vigilantes dos passos do outro para acusar e culpar no presente.  Podemos “criar” silêncios manipuladores, que induzam o outro à desconfiança, à insegurança... “O que quer dizer esse silêncio? O que virá depois?”   Podemos trazer assuntos polêmicos para, mais uma vez, confrontar questões, razões, paixões... Podemos repisar fracassos, enganos e tropeços para provar superioridade (Bem feito!). Podemos augurar novos fracassos, misérias ou rogar pragas...  Podemos ironizar, debochar, com palavras, gestos e meio sorrisos... Podemos usar de muxoxos, bater portas, olhar com agressividade ou desprezo... 

            As provocações são gritos e sussurros que traduzem insatisfação e agonia na relação. É importante estar atenta a mim mesma e reconhecer minhas provocações, mesmo as mais “ingênuas” e sem intenção...  

E então me perguntar : o que me levou ou me leva a provocar? Ou o que ainda me incomoda tanto nessa pessoa ou nessa situação? O que ainda dói tanto nessa relação, onde, afinal, só posso cuidar e modificar a mim?  Preciso estar me relembrando que o passado é imutável, mas o agora pertence a mim. O que quero para mim: provocações e mesquinharias sem fim ou a paz da aceitação do que não puder modificar?  Como construir minha paz interior?

E como lidar com os provocadores e suas provocações? É muito doído estar em constante luta, principalmente com aqueles que amamos!  Atenção para não entrar no jogo de quem está mal, revidar e deixar-se aprisionar nessas disputas. Atenção a mim: por que ainda me deixo irritar e intimidar com provocações? Preciso das minhas respostas para me libertar! Atenção para não aceitar provocações e poder comunicar, com gentileza firme e assertividade, que agora só aceito o compartilhar de ideias e sentimentos de modo honesto e respeitoso – e pacífico.  Como sempre, nas relações, em quaisquer relações, tudo se resolve a partir do respeito aos limites de cada um e da comunicação honesta.  Diziam os antigos: Quando um não quer, dois não brigam... A princípio, é irritante e difícil, mas é verdade!  

Ficam as reflexões: Tenho sido uma provocadora em algumas relações ou em alguns momentos?  Tenho acolhido, e até revidado, as provocações? Estou aprendendo a me “blindar” de provocações? Só o que interessa é o que posso modificar: Não provocar e não aceitar provocações! 

domingo, 10 de julho de 2016

TRISTEZA II




          Tristeza é a minha dor esmaecida, minha dor “conformada”, minha agonia e o meu desespero que se aquietaram, que se entristeceram ... Ela foi chegando, se instalando, escondida, depois de tantas separações, pequenas ou grandes, com suas dores  gritadas, gemidas e  que, afinal, se calaram, impotentes, tristes... Depois, também, das frustrações e raivas pelas expectativas goradas, pelas lutas perdidas, que se acomodaram em tristes cicatrizes... Depois de me confrontar com a finitude de nossa passagem aqui, onde tantos e tão queridos vínculos que fiz foram partidos pela “morte” e me deixaram desorientada e vazia dessas presenças, entregue à misericórdia do tempo, que foi colorindo as lembranças, transformando-as em nostalgia e tristeza... Depois dos sonhos abandonados, dos amores e paixões que nasceram, mas não vingaram, e dos amigos que passaram por mim, marcaram de alguma forma minha vida e depois ficaram perdidos na distância...   Depois que o tempo transformou em passado as lembranças de momentos maravilhosos da minha vida...     Minha tristeza cresce muito quando visito o passado.

            Mas descubro minha tristeza também no presente! Quero a alegria, procuro o entusiasmo, mas às vezes sou confrontada com a tristeza, escondida sob a correria da vida. Sinto tristeza pelas pessoas e os fatos serem tão diferentes dos meus desejos, tristeza pela minha impotência, que hoje até já compreendo, mas que ainda assim é tão doída. Tristeza pelo desgaste físico do corpo, da saúde, pela perda da utilidade, pelo desgaste de vínculos que acreditávamos serem  eternos e perfeitos... Tristeza pelas crianças que crescem e deixam nosso colo e nossos dias tão vazios... Tristeza pelos meus medos, pelos meus defeitos insistentes e até  pelos defeitos ainda nem suspeitados... Tristeza por não ser melhor, por ainda não ser mais livre... Tristeza por saber que “é melhor ser alegre que ser triste”, mas nem sempre conseguir trazer essa leveza para os meus momentos... 

            Tristeza é a dor que se esconde em mim, no meu caminhar, mesmo quando, com valentia, eu prossigo... Mesmo quando eu curto a vida e sorrio para ela, aceitando o processo, acreditando em nossa Meta de Alegria e Luz.  Tristezas são as marcas da vida, são as pegadas quase apagadas em meu caminhar, mas mesmo assim marcando minha passagem nessa eterna busca pelo melhor.  

segunda-feira, 4 de julho de 2016

NÃO !




          Por que nos é tão difícil  Dizer Não ou Ouvir Não ?

          Quando preciso, quando quero e até mesmo quando, finalmente, consigo dizer não, sinto-me tão culpada, ansiosa e amedrontada! Culpada por não estar atendendo aos desejos e expectativas das pessoas, principalmente aquelas que me são mais queridas. E também assustada, ansiosa... Tenho muito medo de magoar, de afastar, de decepcionar, as pessoas que amo e até mesmo aquelas que não amo, mas quero impressionar !  Afinal, quero se amada e valorizada! 

            Em Família, eu acreditava que devia desempenhar, com perfeição, papéis idealizados, que hoje sei serem impossíveis de ser executados: devia fazer a felicidade daqueles que amava! Para isso, não deveria magoá-los, mesmo à custa de sacrifício. Nada  deveria negar-lhes: coisas, atenção total, aplausos... Tudo o que quisessem ou precisassem, na hora e na dose que pedissem. Esse era meu dever com aqueles que amava com tanto apego.  Não poderia correr o risco de decepcioná-los e perdê-los, perder seu amor e o papel importante em suas vidas.

            Mas não deu certo! Não consegui atendê-los em tudo e sempre! E quando, coagida por minhas limitações, precisei Dizer Não, cheia de justificativas, culpas e desculpas, encontrei, muitas vezes, a incompreensão daqueles que não esperavam minhas negativas. Triste e culpada, fiquei muito mal e reforcei em mim a crença de que não deveria Dizer Não!

            Ainda presa às mesmas crenças ideais, também tinha muito medo de Ouvir Não. Para me sentir amada e valorizada precisava ouvir sempre um Sim. O Não me assustava! Quando era confrontada com negativas pensava, amedrontada, que era menos querida, que seria preterida, ou que iria perder mordomias, agrados, facilitações... E então, teria que me virar sozinha? A negativa me magoava( Eu não merecia!). Ficava irritada, também, por ver desafiados meus desejos, minhas expectativas!

            Estamos tão mal acostumados a essa dependência afetiva e de aprovação uns dos outros, que muitas vezes não queremos nos arriscar a ter que dizer ou ouvir um Não. Preferimos, então, não perguntar, não ousar, apenas nos fechar e isolar....

            Acredito que a “culpa” de tantas dificuldades ainda está nas crenças absurdas que internalizamos. Hoje, ainda que não mais as aceitemos, elas ainda gritam muito fortemente dentro de nós.  Preciso repetir, para fortalecer em mim, novas crenças, mais reais, humildes e verdadeiras que me dizem: Cuide de você!  Seja honesta, reconheça o que pode e o que não pode, o que quer e o que não quer. Respeite o Outro! Dê-lhe oportunidade para suas próprias descobertas, suas próprias opiniões e desejos. Cuidando de mim, atenta a mim, vou entendendo e aceitando o que, Só por Hoje, eu quero, eu posso e eu Sou. A partir de então, Um dia de cada vez, terei Coragem para Mudar e poderei dizer Não (ou Sim) para as pessoas com Verdade, sem tanto medo, sem tanta culpa, sem tantas justificativas...