Pesquisar este blog

segunda-feira, 29 de maio de 2017

ESCUTE A SUA DOR




          As dores são sinais! São sinalizações que recebemos de nossos vários corpos, avisos de que algo não está bem conosco. Elas nos chamam para uma escuta mais atenta e cuidadosa de nós mesmos. Não devemos ignorá-las, anulá-las, desligá-las, antes de lhes perguntarmos onde dói, por que dói, quando dói, quanto dói...  Preste atenção, porque elas, às vezes, só sussurram, manhosas, contínuas, quase “invisíveis”. Doem, e nós nem as detectamos objetivamente, claramente. Doem, e nos levam a um estado de desconforto, confusão, insatisfação... Custamos a perceber porque estamos condicionados a olhar para fora, para os outros, para o mundo, a querer consertar ou culpar os outros pelas nossas dores. 

            Somos filhos de um tempo imediatista, apressado, de desatenção conosco. Nesse modelo objetivo, superficial, racional, nosso corpo físico é mais facilmente percebido e, para suas dores e mazelas, queremos soluções rápidas, químicas de preferência, que nos livrem da dor, do sintoma que nos avisa que algo vai mal. Nosso modelo é de suprimir sintomas!...

            Em nossos outros níveis, racional, psicológico e emocional, níveis mais sutis, também as dores nos sinalizam desarmonia nas crenças aprendidas, no pensar, no sentir, no demonstrar... As dores de viver um sistema de crenças egoísta, materialista, competitivo, que nos leva a sempre disputar e tão pouco a amar! No entanto, apenas colocamos nossas máscaras sociais, ignoramos nossos sentimentos e possibilidades, numa tentativa constante e agoniada de nos adequarmos ao que esperam de nós em papéis irreais e ideais, numa tentativa desesperada e constante de buscar sucesso, aceitação... Também para as dores nesses níveis, somos orientados ao uso de químicos, cada vez mais potentes, lícitos ou ilícitos... E, se a dor insistir ou crescer, use mais, cada vez mais... Ou procuramos distrairmo-nos da dor com a busca incessante de coisas, prazeres, poder, disputas, aparências, opulências... Não pensamos em ouvir o que essas dores nos sinalizam, queremos apenas apagá-las! Mas “ sentimentos (dores), ilhados, amordaçados, voltam sempre a incomodar...”

            Talvez não tenhamos ainda percebido que a origem de todas as dores refletidas em nós está nesse constante estado de desatenção e incompreensão de como somos movidos e sufocados por nosso ego e  pela subnutrição amorosa conosco mesmo. Precisamos de atenção, interesse, respeito, aceitação, gentileza, carinho, paciência... com a criatura única que somos. Isto é o que pode nos nutrir e iniciar a cura de nossas dores. É responsabilidade de cada um de nós “escutar” nossos desconfortos, nossos sentimentos de inadequação, de vazio, nossas dores! Não há remédios externos que possam, realmente e continuamente, nos aliviar. A cura vem de dentro, do nosso nível interior...

            Compartilhar nossas incertezas, nossas surpresas, nossos sentimentos, nossas dores tão humanas, nos consola, nos ajuda a descobrir, entender e a aceitar a origem de nossas dores. Ajuda a encorajar e a superar as questões internas, que atribuíamos a fatores externos. Compartilhar favorece a nutrição de “amor” que desce de nossa dimensão espiritual a todo o nosso Ser. A cura de nossas dores se inicia aí, em cada um de nós. É responsabilidade de cada um de nós.

            Escutar-me, cuidar de mim, para melhor Ser e Estar. Nascemos para isso!

segunda-feira, 22 de maio de 2017

AGUENTE FIRME ! VAI DAR CERTO !




            Fomos criados de um assomo de Luz! Luz amorosa, Luz expirada, Luz espalhada, Luz criativa, Luz criadora... de tudo, de todas as Suas criaturas! Essa é a nossa Origem! Trazemos em nós centelhas dessa Luz, somos portadores dessa Luz! 

            Acredito que é assim! A Luz é o início e o fim! Esse Poder Maior, que tudo criou, fez evoluir fisicamente suas criaturas e suas espécies e, finalmente, introduziu o Amor entre elas a partir do vínculo estabelecido entre a mãe e suas crias. Esse vínculo, à princípio instintivo, de proteção, carinho e cuidado, tem se sutilizado e expandido entre nós, humanos, em nossas tantas outras relações. Esse Amor, com a marca do Sagrado, está impresso em todos nós e nos faz sentir e buscar, mesmo inconscientemente, suas várias nuances de cor: Respeito, Carinho, Justiça, Alegria, Generosidade, Solidariedade... Elas existem em todos nós, mesmo em estágio embrionário, mesmo em cores ainda tão esmaecidas... É assim, porque, afinal, estamos em processo de aprimoramento.

            Mesmo quando essa centelha revela-se abafada por instintos antigos de luta por poder, por crenças e atitudes de puro egoísmo, desrespeito, maldade, indiferença, escuridão... ainda assim, ela sobrevive em cada um de nós. Mesmo quando vemos o mundo em meio a lutas, escândalos, corrupções, indiferença entre povos e pessoas, desilusões, desesperos (gritados e mudos), desvios de todo modo de nossa meta de Felicidade, ainda assim ela sobrevive, latente, em todos nós – nos bons e nos maus. Trêmula e frágil, pode estar escondida, quase imperceptível, mas jamais se apaga.   Não há como apagar, desaparecer! Sua origem é Sagrada! 

            Um dia de cada vez, a Centelha Amorosa em nós, irá se fortalecendo, refinando... Os ventos tempestuosos e as brisas doces da Vida, irão “soprando” essa “brasa viva de Luz” em nós, em cada um de nós, ao tempo de cada um, e seguiremos adiante, rumo à nossa Destinação Maior. 

            Aguente firme! Não desanime! Vai dar certo! Não tem como dar errado! Não desanime nos momentos de loucura e tristeza! Com humildade, com paciência, perseverança, cada um fazendo a sua parte, fortalecendo aquela aquarela amorosa em si mesmo, seguiremos em frente... Nossa destinação de Luz está traçada desde sempre!

terça-feira, 16 de maio de 2017

EXAUSTÃO




         Todo o sistema em xeque! Todos nossos níveis de energia esgotados, sugando, em agonia, uns aos outros, se confundindo, nos confundindo...   Choro, pranto, muito pranto... Por um motivo, por qualquer motivo, sem motivo! Preso, escondido, escorrendo triste, desafiando nossa máscara e, às vezes, convulso, sem controle... Nossa energia se esvaindo, nossa alegria apagada, nosso gosto pelas coisas mais queridas ou mais saborosas, perdido... O Sistema perdeu pressão! Entramos num limbo depressivo, sem vida... 

Nosso corpo físico, muito exigido, desrespeitado em sua força, em seus anseios, em suas rejeições... tem dificuldade de caminhar, parece travado, completamente sem vontade... Ele sente dores, enjoos, fastio... Ele está gritando que vai adoecer!

Nossa mente sobrecarregada de “tem que”, de cobranças, de exigências internas e externas, de pressas, de informações de horror... sente-se confusa, perdida, esquecida, esquecendo... Nossas lembranças, corriqueiras ou as mais queridas, estão embaralhadas, esquecidas... Passado que insiste em voltar, machucando, e futuro que insiste em nos amedrontar. A beleza e alegria não conseguem mais povoar nosso pensamento. Estamos apagados, numa noite escura, sem achar o caminho de volta...

Nossas emoções, nascidas desse caos mental, aprisionadas por nossas máscaras, são retroalimentadas constantemente por nossos medos: medo de nos revelarmos fracos, de falharmos, de sermos rejeitados, preteridos, abandonados, humilhados... Medo de nos revelarmos simples, humildes, humanos, iguais... E isso é o que nosso orgulho e nossa vaidade não podem suportar!  Somos consumidos, em muita raiva e impaciência, ao assédio constante de críticas externas e internas, ao confronto com nossas impotências...

 Como chegamos aqui? Quantas feridas não foram curadas e nos fazem sangrar, nessa hemorragia mortal, que nos suga a vida? Quantas crenças absurdas, sobre humanas, impossíveis, nos fizeram lutar até o fim, à exaustão? Quantas expectativas, também absurdas, sobre as pessoas, os amores, a vida, queimaram nossos esforços mentais e nossas emoções? Quanta falta de respeito aos nossos limites! Quanta falta de humildade ao nosso real tamanho no momento! Quanta falta de aceitação de tudo que já não é, e de tudo que ainda não se consegue ser! Quanta luta equivocada nos exaurindo, quanta acomodação por desânimo e quanta dificuldade de ver novas e diferentes saídas...

E então! Temos em nós a força potencial de uma Centelha da Luz. Nosso Sistema em xeque necessita de um choque da energia de um Nível Superior, que nos originou... Precisamos, como nunca, acessar nossa Luz Interior e conectá-la com sua Origem Maior! É dessa conexão que receberemos orientação, acolhimento, reforço amoroso... Cabe a nós buscar e alimentar essa conexão através da prece conversada e sentida e da entrega total na meditação. Cabe a nós, também, atenção conosco, com os sinais que nosso corpo, nossas emoções e nossa mente nos enviam através da dor. Cabe a nós, com firmeza e honestidade, respeitarmos nossos limites, nossas possibilidades. Cabe a nós, um dia de cada vez, reconhecermos nosso orgulho, nossa dificuldade de pedir ajuda, em demonstrar nossa humanidade, nossa humildade. Cabe a nós paciência, disciplina e perseverança...


quarta-feira, 10 de maio de 2017

MÃE TAMBÉM É GENTE !




          A princípio, ela era só uma filha e menina, crescendo em direção a seu destino de ser Mulher! Não imaginava que esse desejo de amor e romance a levaria a um papel irreal, o de ser a responsável pela felicidade daquele que a escolhera! Mas acreditou e dedicou-se a esse papel com afinco, porque queria e “precisava” do amor e da valorização daquele Homem! Depois, cumprindo uma destinação ainda maior, ela tornou-se Mãe! Viu-se investida do papel principal na programação e evolução do Ser Humano! Sentiu-se para isso arrastada por uma necessidade biológica, instintiva, psicológica, espiritual...

            E a menina simples, a mulher apaixonada, entregou-se à “sua missão” e acreditou em tudo que lhe foi ensinado sobre esse novo papel: Ela deveria ser o anjo protetor e salvador daquele filho que lhe foi entregue para cuidar, orientar e modificar, se fosse preciso!. Em seu afã, seu apego, seu amor, ela acreditou que poderia e deveria torná-lo perfeito, fazê-lo feliz a qualquer preço, ante qualquer sacrifício!... 

            Mas, sob as vestes “sublimes”, idealizadas e sofridas da Mãe, existe uma pessoa. A Mãe é gente! Uma pessoa simples, já abafada por outros papéis e inseguranças, e agora, e para sempre, uma pessoa sufocando o medo pela vida e pela felicidade do filho. Uma pessoa assombrada pelo medo constante de falhar com ele. Uma pessoa massacrada pelo anseio impossível, ao qual ela se impõe, de ser perfeita! Uma pessoa fadada à dor de ver seu filho tão amado viver sujeito às dores da Vida! Uma pessoa que se parte e reparte entre o riso e as lágrimas, entre alegrias, medos e perdas! Uma pessoa que se multiplica em amor porque cada filho é sempre absolutamente único, como o somos para Nosso Pai. Esse instinto que a leva a ser Mãe é tão poderoso que sente expandir todo seu Ser só por vê-los, lembrá-los, amá-los e sua maior e eterna culpa é não conseguir ser perfeita para eles! 

Essa pessoa confusa, repuxada por tantos outros papéis e compromissos e ainda querendo ser (e precisando ser) mulher, garantir ninho e o protetor para seu filho, torna-se muitas vezes dolorosamente, triste, magoada, cansada e, ainda, envergonhada por não dar conta de tudo. Precisamos acordar! MÃE TAMBÉM É GENTE! Precisa acreditar que, até para ser um referencial melhor e poder amar melhor, ela precisa saber que sua maior responsabilidade é consigo mesma! Precisa se liberar de crenças orgulhosas e irreais sobre sua “missão impossível”, precisa aceitar com humildade que os filhos passam por suas vidas, e elas pelas deles, para aprender a amar com simplicidade, cada vez com menos apego (como é difícil!), com respeito pelas possibilidades de cada um. Precisam, com firmeza e paciência, não aceitar culpas nem cobranças, delas mesmas e nem do mundo. 

Mãe também é gente! Sua missão natural, e possível, é ser o instrumento amoroso, que uma Sabedoria Maior usou para trazer cada um de nós a essa experiência no mundo. É acolhê-los, amá-los, orientá-los, quando pequenos (ou quando solicitarem), e libertá-los na vida adulta ou quando se forem, atendendo a um Chamado Maior... É aceitá-los e amá-los mesmo sabendo quanta alegria e dor essa parceria lhes trará.  E porque Mãe é Gente, ela precisa aprender a ser leve e feliz...

sexta-feira, 5 de maio de 2017

DISFARCES DA DOR




           Todos os disfarces têm o objetivo de nos defender do mundo... e até de nós mesmos. Disfarçamos nossas dores negando-as, por medo de entrarmos em contato com elas e doerem ainda mais!  Disfarçamos, também, por orgulho e vaidade, para que não pareçamos frágeis, falíveis, derrotados, “coitados”... Disfarçamos pela vergonha de estarmos sofrendo, para demonstrarmos que somos fortes, que não ligamos, que “não estamos nem aí!”

            Algumas de nossas dores mais sofridas são consequências de expectativas fantasiosas em nossas relações. Esperamos do Outro o que ele não pode ou não quer dar. Sobrevêm, então, desilusões, o desgaste dos sonhos, sustos, mágoa, tristeza, culpa, vergonha, raiva, não conformação... Cada um dentro da relação sente a perda gradativa do amor do outro, a rejeição, a desvalorização, a frieza, a distância, a indiferença...  A comunicação, sempre manipulada, desonesta, a serviço do controle, do medo de perder, não consegue nos aproximar. Ela só nos torna mais desconfiados, inseguros...  Não aprendemos a escutar nossas emoções, não conseguimos nos revelar, só aprendemos a disfarçar, a cobrar e a culpar... e isso só nos afasta ainda mais!  Sofridos e perdidos na relação, começamos a ter atitudes de revide e “troco”: intolerância, implicância, ironia,  agressividade... Elas apenas tentam encobrir nosso medo, insegurança, frustração, raiva... e isso também só nos afasta ainda mais!

             Sofridos e humilhados, amargos, mas ainda juntos e apegados, muitas vezes acreditamos que só nos resta mascarar nossa dor, fazendo graça, piadas, “brincadeiras”... Em tom de comédia, criticamos e depreciamos, em público ou não, os defeitos e fragilidades um do outro. Como palhaços que escondem as lágrimas sob a maquilagem, nós também somos os gaiatos da festa dos outros e das nossas encenações particulares. Essas tolas e patéticas máscaras de indiferença distraem todos, mas nos mantêm aprisionados na dor, até que a relação se desfaça por completo, numa agonia triste e prolongada!

            Nada disso vale a pena! É preciso clarear minhas relações afetivas, abandonando expectativas irreais e, principalmente, abandonando disfarces de mim!  Preciso ser leal aos meus sentimentos, dando voz a eles, com honestidade, sem me envergonhar dos meus enganos... Preciso perguntar para mim o que quero: Ironias e “picuinhas” medíocres, que nos amesquinham, que servem para distrair, para disfarçar e nos distanciam ou o Respeito Simples Honesto, sem disfarces, que pode nos aproximar?

            Disfarces têm um alto custo. Eles abafam, distanciam, machucam e, principalmente, tiram a chance de acertar o Encontro...