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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

FALSIDADE




         Por que nos irritamos tanto quando descobrimos a “falsidade” dos outros? Por nos magoamos tanto quando a descobrimos em nossas relações mais queridas?  Afinal, em maior ou menos grau, todos nós também usamos nossas máscaras, nos maquiamos, conforme as situações ou pessoas que queremos impressionar, ou não magoar!
          Temos  o desejo, logo transformado em expectativa, que as pessoas sejam absolutamente verdadeiras, de preferência com “boas verdades”, porque isso nos faz sentir mais seguros, sabendo o terreno onde pisamos nas relações. É um desejo meio de bravata, porque sempre tememos certas verdades.
          Detestamos as decepções, mas aceitamos e até curtimos as adulações. Nossa vaidade nos impede de ter uma visão mais real de nós mesmos e das situações. Muitas vezes cedemos à vontade de adular, de agradar, de dizer ao outro o que achamos que ele quer ouvir, “só para nos elegermos”.
          Chamamos de “falsos” àqueles que abusam das máscaras e dos jogos desonestos para serem mais aceitos, para dominarem nas relações, em eternas disputas. Eles exigem que estejamos mais atentos aos fatos, às palavras, à realidade das atitudes. Nessas pessoas, o medo de desagradar é muito grande, a necessidade de se valorizar, de “mostrar serviço”, de receber aprovação é maior e as leva ao uso contínuo de máscaras. Inseguras, estão sempre se comparando e tentando provar que são melhores pessoas, mais merecedoras do amor e da confiança de amigos, de familiares... Usam de manipulação, de mentiras, grandes ou pequenas, porque têm muito medo da verdade, mas acabam prisioneiras das armas que usam para obter ganhos, obtendo ao fim dores e perdas nas relações.
            Na verdade, toda falsidade demonstra medo de ser verdadeiro, medo de deixar ver sua humanidade, ainda insegura e medrosa. Revela uma auto imagem fraca, grande carência afetiva e busca constante de aprovação; Quanto menos julgarmos os “falsos” e tentarmos compreendê-los, iremos aos poucos substituindo irritação e desprezo por compaixão e observação de nossos próprios medos e atitudes.
            Já foi dito “Não julgueis...” , o que não nos impede de ficarmos atentos e de “pés no chão”  conosco mesmos e em nossas relações!


sexta-feira, 21 de setembro de 2018

UM DIA A GENTE CHEGA ...



         É tudo tão passageiro, tão transitório... E é tão difícil nós encararmos essa transitoriedade do nosso mundo, das nossas relações, das pessoas que amamos e até de nós mesmos!
        “Um dia a gente chega  e no outro, vai embora...”  Numa visão simplista, focada, imediatista, materialista, tudo parece tão sem sentido, tão absurdo, até maldoso!  Mas certamente não viemos apenas para desfrutar os “sabores”, os amores, lutar pelos ganhos desse mundo e depois tudo abandonar!
         Alargando nossa visão, abraçamos uma realidade maior, mais complexa, multidimensional, onde nos sentimos fazendo parte de um Plano Maior e começamos a entrever um propósito para nossa passagem por aqui. Somos seres inteiros e eternos aprendizes, em muitas etapas.  Em meio ao desfrute dos sabores da vida, ou com total carência deles, somos constantemente desafiados com novas situações, ganhos prazerosos, perdas dolorosas, novas relações... E então, rindo e chorando, querendo ou não, vamos aprendendo e nos transformando. 
          Num determinado momento, um Relógio Maior nos chama e somos convocados a ir embora... Uma Sabedoria Maior decide que esta etapa está finda.  Impotentes, vemos acabar esse nosso tempo ou o tempo daqueles que amamos. Já sabíamos que seria assim, só não sabíamos o tempo de cada um, talvez para que pudéssemos usufruir melhor esta experiência, sem ficarmos em agonia, presos ao medo do fim! Já sabíamos, mas temos uma imensa dificuldade para aceitar o fim desse nosso Encontro, o fim dessa experiência sagrada.
            Nada, na verdade, pode suprimir, a princípio, a insegurança confusa dessa nossa passagem, de nosso mundo conhecido para uma nova etapa, ainda desconhecida. Nada, a princípio, pode diminuir a dor e nos consolar a saudade do que deixamos ou dos que nos deixaram... Só o tempo e a certeza de que tudo obedece a um bom propósito de uma Sabedoria  Maior, que está na direção de cada um de nós, garantindo novas etapas, chegadas e partidas, pode amenizar a dor e a confusão dessas separações.  Só a confiança no Amor e na Sabedoria desse Poder Maior pode nos levar a superar o medo do desconhecido e nos faz prosseguir, caminhando, abertos a novos chamados, para novas experiências, novos encontros e reencontros .


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

MENTE ABERTA



        Que medo é esse que nos mantem fechados em nossas crenças e verdades aprendidas ? Que medo é esse que só nos permite ver pessoas e situações  através  do “buraco de fechadura” de um quarto fechado onde nos mantemos guardados, defensivos, trancados?  Que medo é esse de sermos desleais às crenças ensinadas?
        Que orgulho e vaidade são essas que nos fazem desdenhar  os outros, que nos proíbem examinar outras ideias, outras possibilidades diferentes daquelas que eu acredito e defendo? Que orgulho é esse que me repete todo tempo:  Eu sei mais! Meu problema é maior e diferente! Eu penso e analiso melhor! Minhas “verdades” são as verdadeiras, e só elas!
        Que prisão é essa a qual me imponho, que me impossibilita de ver, de apreciar, de aprender, de apreender todo um mundo novo de possibilidades? Prisão de onde grito: Eu já sei isso tudo! Eu sei melhor!
        Como ver, como escolher, um novo caminho, como crescer, como experimentar o sabor de algo novo ... se não sei, ou não quero, vivenciar a dúvida, a incerteza, a ousadia de novas escolhas?
        Quando nosso ego soberbo, vaidoso e sempre medroso de ser vencido ou sacudido pelas novas possibilidades, tem total controle sobre nós, ficamos congelados, emparedados, aprisionados no “nosso lado”, em nosso mundinho aprendido, protegido e fechado, ainda que seja em meio à dor e à falta de perspectivas.  Não temos saída, não vemos nem ouvimos o diferente, só os caminhos conhecidos e defendidos. Estamos com a Mente Fechada e esse campo mental e emocional tão poderoso, quando nos governa, nos mantem num mundo em preto e branco, sem matizes, seco e estéril.
         Só o impacto de uma Dor recorrente e insistente poderá rachar  e entreabrir as muralhas dessa mente concretada que nos aprisiona.  Dor que acaba por ir superando nossos medos, dor que abala nosso orgulho e vaidade, dor que transforma nossa humilhação egoica em humildade e simplicidade, para poder aprender e ir “além dos muros”.
         Cada vez mais com a Mente Aberta, poderemos ir nos libertando, abrindo a “guarda” defensiva e aguerrida do ego soberbo, tolo e medroso, colorindo nosso mundo de possibilidades novas, adquirindo a “coragem para escolher e mudar” a cada situação, a cada dia.  E, nesse despertar, vamos ousando também estar com o  nosso “Coração Aberto” para a Vida.