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terça-feira, 23 de julho de 2019

ALGEMADOS AO PASSADO



        Somos caminhantes em eterno prosseguir, mas muitas vezes nos permitimos ser puxados para atrás, dificultando, ou até mesmo impedindo, a nossa marcha, pelas amarras do passado. 

         Em nossas relações afetivas de Homem/Mulher tivemos expectativas, quase sempre idealizadas, sem respeitar a realidade possível uns aos outros...  E sobrevieram decepções, cobranças, traições, agressões, manipulações, lutas... Tudo isso desencadeou muita mágoa, muita frustração/raiva, revanchismo, culpa, vergonha, marcando-nos a “ferro e fogo”. E tudo que se iniciou “por amor”, transformou-se em muita dor. 

         Na verdade, isso aconteceu no passado. Já passou... Mas, será que deixamos tudo isso ficar no passado?  Em alguns relacionamentos os parceiros conseguem superar dificuldades e fantasias, transformando a relação em parcerias mais maduras e intensas.  Outros, não! Sonhos e fantasias se estilhaçam e as relações, simplesmente, se quebram e acabam! Os dois aceitam o fim e, mesmo doídos e chamuscados, continuam sua caminhada, abertos a novos relacionamentos.

         Outros, ainda, até parecem, finalmente, resolvidos. O casal se separa, se abandona, se divorcia, mas só na superfície... Os sentimentos de mágoa, rancor e ódio, gerados por suas expectativas frustradas no passado continuam vivos e os mantém na luta. É uma doentia fixação que os aprisiona ao passado e nem mesmo novas relações afetivas conseguem neutralizar. A capacidade de amar no presente fica negada ou contaminada, enfraquecida, pela sombra amarga do passado. E essa sombra amarga, marca e mancha, muitas vezes, as relações amorosas com os filhos, nutridos pelo ódio dos pais e usados como instrumentos de trocas nas lutas eternas.   Estão algemados, prisioneiros desse passado, sempre retroalimentado.

         A chave para nos libertar está numa reflexão mais amadurecida desse passado. Em entender que numa relação não há mocinhos e bandidos, mas pessoas reais (feias ou bonitas), diferentes das nossas fantasias, carências e desejos. Poder ressignificar esse passado sob esse olhar mais humanizado e generoso, com o Outro e conosco mesmos, nos aquieta e consola. Aceitar e perdoar o casal que fomos, ou que conseguimos ser, nos traz paz.    Tudo já passou! Não volta! Não podemos consertar, ser diferentes ou fazer diferente! A maturidade advém desse novo olhar realista e sereno onde a dor pôde nos amaciar, servir de lição e nos curar.  E a libertação  nos faz mais livres para amar...  

2 comentários:

  1. Cada um aje de uma forma a separação,principalmente se for de muitas décadas. No início da separação existe o tempo do luto,o tempo de resignificar os acontecimentos,avaliar o desgaste e o próprio amor. E só com o tempo e atravéz do autoconhecimento e espiritualidade,pode-se se sentir liberta. Um novo amor pode sim aparecer mas o que mais importa foi enxergar o amor por mim mesma e me sentir mais feliz agora.
    Gratidão Tude! Vc nos faz refletir e ver que guardar mágoas e rancores só nos faz ficar no passado.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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