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terça-feira, 30 de julho de 2019

AUTO ENGANO



         Vivemos na aparente superfície de nós mesmos e distraídos pela aparente superfície dos outros à nossa volta. Assim, somos enganados e enganamos a nós mesmos e uns aos outros. Antenados com tudo que nos ensinaram, querendo atender às expectativas do mundo para sermos valorizados e amados, fomos criando e moldando uma imagem irreal do que somos, ou do que deveríamos ser, ou do que queríamos ser, ou do que “vendemos” ao mundo. Criamos uma concepção e uma imagem de alguém que não somos nós!

         Vamos nos enganando, sem realmente saber um mínimo de quem somos. O que, realmente, queremos? O que, realmente, sentimos? Ao agir, ou reagir, o que realmente nos move? 

         “Até que ponto sou bom, generoso e solidário, ou isso alimenta minha superioridade, vaidade e “orgulho cristão”?  Preciso me mostrar, e acreditar, ser pacífico ou isso esconde medo de enfrentar questões de assertividade e limites? Sou desafiador e agressivo ou é assim que escondo minhas inseguranças e fraquezas? Sou defensor da verdade total, ou a uso para intimidar os outros? Sou crítico em tempo integral, superior a tudo e todos, ou ajo assim para me sentir mais confiante, livre talvez de ser eu mesmo criticado?  Sou tímido, “humilde” e sem talentos ou me escondo nessa “zona de conforto” para não ser questionado e desafiado?    E tantas outras questões...”

         Na verdade, somos mocinhos e somos bandidos! Somos Sombra e Luz!   Precisamos de um olhar e uma escuta interior, atentos e contínuos, para conhecer nossa sombra, nossos verdadeiros motivos, para que não nos enganemos, não nos confundamos e não nos percamos na caminhada. Quanto mais luz trouxermos para nosso interior, mais Luz irá clareando e anulando os escondidos de nossa sombra.

        Não se perca de você, não perca o tempo de você, nos descaminhos do auto engano. Cada descoberta resgata aspectos de nós mesmos para, com aceitação, com paciência, carinho e coragem, podermos ir corrigindo o rumo e acertar... É esse o caminho para a construção da auto estima, de uma auto imagem mais verdadeira e para a auto valorização de quem, realmente, somos.  

terça-feira, 23 de julho de 2019

ALGEMADOS AO PASSADO



        Somos caminhantes em eterno prosseguir, mas muitas vezes nos permitimos ser puxados para atrás, dificultando, ou até mesmo impedindo, a nossa marcha, pelas amarras do passado. 

         Em nossas relações afetivas de Homem/Mulher tivemos expectativas, quase sempre idealizadas, sem respeitar a realidade possível uns aos outros...  E sobrevieram decepções, cobranças, traições, agressões, manipulações, lutas... Tudo isso desencadeou muita mágoa, muita frustração/raiva, revanchismo, culpa, vergonha, marcando-nos a “ferro e fogo”. E tudo que se iniciou “por amor”, transformou-se em muita dor. 

         Na verdade, isso aconteceu no passado. Já passou... Mas, será que deixamos tudo isso ficar no passado?  Em alguns relacionamentos os parceiros conseguem superar dificuldades e fantasias, transformando a relação em parcerias mais maduras e intensas.  Outros, não! Sonhos e fantasias se estilhaçam e as relações, simplesmente, se quebram e acabam! Os dois aceitam o fim e, mesmo doídos e chamuscados, continuam sua caminhada, abertos a novos relacionamentos.

         Outros, ainda, até parecem, finalmente, resolvidos. O casal se separa, se abandona, se divorcia, mas só na superfície... Os sentimentos de mágoa, rancor e ódio, gerados por suas expectativas frustradas no passado continuam vivos e os mantém na luta. É uma doentia fixação que os aprisiona ao passado e nem mesmo novas relações afetivas conseguem neutralizar. A capacidade de amar no presente fica negada ou contaminada, enfraquecida, pela sombra amarga do passado. E essa sombra amarga, marca e mancha, muitas vezes, as relações amorosas com os filhos, nutridos pelo ódio dos pais e usados como instrumentos de trocas nas lutas eternas.   Estão algemados, prisioneiros desse passado, sempre retroalimentado.

         A chave para nos libertar está numa reflexão mais amadurecida desse passado. Em entender que numa relação não há mocinhos e bandidos, mas pessoas reais (feias ou bonitas), diferentes das nossas fantasias, carências e desejos. Poder ressignificar esse passado sob esse olhar mais humanizado e generoso, com o Outro e conosco mesmos, nos aquieta e consola. Aceitar e perdoar o casal que fomos, ou que conseguimos ser, nos traz paz.    Tudo já passou! Não volta! Não podemos consertar, ser diferentes ou fazer diferente! A maturidade advém desse novo olhar realista e sereno onde a dor pôde nos amaciar, servir de lição e nos curar.  E a libertação  nos faz mais livres para amar...  

terça-feira, 16 de julho de 2019

AUTO ABANDONO



           É a consequência de nos entregarmos a uma visão distorcida de nós mesmos, carregada de desvalor e desamor. 

Quisemos sempre ser valorizados e amados pelo Mundo e as constantes cobranças, críticas, ironias, rejeições, traições, pouca afetividade, principalmente em nossas relações significativas mais próximas, nos fez entender que a “culpa” era nossa, que não merecíamos mesmo ser amados e valorizados, e nos entregamos à auto rejeição, ao auto abandono, num desprezo inconsciente por termos falhados em nossas expectativas e nas dos outros.   

         Cada falha nossa víamos explicada por nossa incompetência, nossa covardia, nossos defeitos de caráter... e isso gerava mais vergonha, mais culpa, mais raiva, mais “impotência”...   Criou-se   um vórtice negativo sem fim, sempre reforçando essa percepção distorcida e maldosa, permitindo que a incorporássemos, cada vez mais, à nós mesmos.

         Aos poucos, fomos aceitando os fracassos, a submissão aos maus tratos, as derrotas antecipadas... Esmolando atenção e afagos, encalhados na vida, nos entregamos  a um processo de auto punição e auto abandono.

         Assim se explica, mas não se justifica, que eu me deixe aprisionar nessa situação de abandono! Afinal, é minha responsabilidade CUIDAR DE MIM!  Quanto mais frágil ou problemático acredito que seja (ou me fizeram crer), mais cuidado, mais atenção, mais respeito, mais valorização e mais amor tenho que ter comigo mesmo. ESQUEÇA O MUNDO – PRIMEIRO EU!

         Preciso de tempo para mim! Preciso me ouvir, valorizar meus sentimentos, minhas ideias, meus sonhos... Preciso ser gentil, generoso e paciente comigo mesmo! Sentindo-me cuidado, valorizado e amado por mim mesmo, vou descobrindo meus gostos, meu estilo, meus talentos. Vou entrando em contato com minha força e luz interior, transformando minha auto imagem e construindo minha auto estima!
 Descobri que eu sou minha prioridade! Em vez de buscar amor e valor no mundo, descobri que posso, sim, oferecer e compartilhar o que Sou.