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segunda-feira, 28 de setembro de 2015

O CAMINHO DO MEIO


            Ainda somos seres de extremos e excessos!  Seres de paixões avassaladoras e ódios teimosos......de condenações/danações eternas ou absolvições indulgentes.....de jejuns exagerados ou ingestões descontroladas.....de grandes misérias ou riquezas vorazes........de amores que nos escravizam ou indiferenças desumanas; de “endeusamentos”  ou desprezos......de quem “só pensa naquilo” ou  que “jamais pensa naquilo”, de quem quer tudo saber ou de quem “nem quer saber”..........de “para sempre”  ou  “jamais” ! Seres que se rotulam e se entregam a qualquer dos extremos para “firmar posição” e usufruir/viver, em excesso, aquela posição. 

            Parece-nos mais cômodo a entrega/escolha, com excessos, a qualquer  lado, de qualquer questão, do que a constante apreciação dos muitos aspectos  dessas questões. Acreditamos que é mais fácil “fechar” com “o mais” ou com “o menos” .Talvez ainda não tenhamos exercitado um olhar mais abrangente, que pode nos levar ao equilíbrio, à suficiência, à temperança.... ao caminho do meio!

            Ao transitar entre esses extremos e excessos preciso de atenção, com responsabilidade, às minhas necessidades básicas em minhas várias dimensões – físicas, afetivas, racionais, espirituais  - e atenção ao modo como estou nutrindo-as (de mais ou de menos?)  Tudo deve me chamar  para mim! Em mim estão as minhas respostas! Não posso amenizar, e tampouco acabar, com os excessos do mundo - só com os meus!

            Meus excessos, para mais ou para menos, disfarçam, escondem  ou podem estar sinalizando e revelando, as minhas carências, minhas defesas, meus medos.
Buscar o “caminho do meio” pode ser mais trabalhoso na medida em que requer de nós estarmos atuantes, atentos, observadores, flexíveis. Esse caminho  é aberto a possibilidades e ajustes, por isso mesmo constantemente enriquecido e atualizado. Buscar a temperança, respeitar a suficiência, faz-nos sentir vivos, pulsantes, mas com equilíbrio e serenidade......

terça-feira, 22 de setembro de 2015

HUMILHAÇÕES


Sentimo-nos humilhados quando  nossa dignidade como seres humanos é agredida. Quando nossa igualdade humana é ignorada, desrespeitada. Quando somos subjugados pelas forças de um mundo tão competitivo – força física, força das armas, forças do poder, do saber...  Quando somos submetidos pela miséria, pela necessidade de sobrevivência, nossa e daqueles pelos quais somos responsáveis... Quando nos sentimos envergonhados pelos vexames que nos são impostos, sempre na tentativa de nos fazer parecer e sentir ridículos, fracos, frágeis, menos, menores...      Essas humilhações geram em nós muita raiva quando nos sentimos realmente impotentes! Depois, vem a tristeza, a mágoa, o ressentimento... Doem muito, persistem doendo, dificultando o perdão, a aceitação da impotência.

 Mas, essas atitudes, que nos ferem vêm de fora,  e nossos sentimentos são, também, uma reação para fora.  No entanto, nada nos humilha tanto como nos sentirmos cúmplices das humilhações que sofremos, das humilhações que, de alguma forma, foram “permitidas” por nós mesmos. É  quando descobrimos que éramos tolos orgulhosos, vaidosos, arrogantes, que desconheciam sua própria humanidade ,que desconheciam a força de suas fraquezas.

E nos submetemos por medo da dor física, por medo da rejeição, da não valorização, da não aceitação, do abandono, do desamor...  na família e no mundo!  A humilhação de fazermos o que não desejávamos fazer, de concordar quando queríamos negar, de mentir, de ser desonesto, mesmo  quando ansiávamos pela verdade...  A humilhação de abrir mão de valores, de crenças, de responsabilidades... não porque éramos impotentes perante o mundo, e sim, impotentes perante nossas fraquezas.

Por que nos submetemos tanto, tantas vezes? Por que fizemos isso conosco? Por que entregamos tanto poder aos outros em situações onde tínhamos opções? Essas lembranças nos humilham pelo que fizemos, pelo que não fizemos, por esse passado onde  nos permitimos  ser enganados, manipulados, usados, enganados, humilhados...  Nosso orgulho e vaidade, mesmo enrustidos ou ignorados, foram confrontados por nossas fraquezas, nossa covardia, por nossas carências e necessidades materiais e afetivas.  E, em nossas lembranças, nosso orgulho assim agredido volta a nos torturar com a humilhação e vergonha de não termos conseguido ser o que idealizávamos para nós mesmos.

Custamos a reconhecer nossa participação naquelas  situações e entender porque nos doem tanto. Doem sempre que eu reviver aqueles momentos.   Mas, como sempre, a saída é aprender com o passado e deixá-lo lá ficar... É aceitar, mesmo sem gostar, o que fui e o que não consegui ser...         Caminhando, olhando com carinho e honestidade para nós mesmos, podemos ter compreensão e compaixão de nossas fraquezas. Vamos transformando esse sentimento tão doloroso da humilhação em humildade para nos acolher, para aprender, para continuar... 

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

QUEM PENSA ? O QUE ESCOLHO PENSAR ?


          Nosso corpo físico é um milagre que nos maravilha cada vez mais, na medida em que a ciência vai trazendo novas descobertas sobre suas possibilidades incríveis, seu aperfeiçoamento e adaptação ao longo do tempo. E maravilhados, o que mais nos impressiona , é nosso cérebro, incrível no comando de nosso corpo, a partir do que ele pensa e decide fazer. Ele aprende e memoriza saídas, é influenciado e se recria fisicamente para atender às demandas constantes de novos pensamentos, novos desafios, sentimentos...

 Mas, quem pensa?  O cérebro é o receptor e executor milagroso que nos possibilita encarar desafios, escolhendo as melhores respostas.  Mas, quem pensa, quem escolhe? Quem decide entre alternativas, entre os pensamentos que farão detonar emoções, comportamentos...

Quem pensa é nossa mente! Ela é de uma dimensão mais sutil, não física. Ela cria os pensamentos que se expressam no mundo material através de nosso cérebro e, através dele, no corpo físico.

            E quem dirige esse pensar? É nossa mente consciente, com suas crenças – tudo que nossa Família e nossa Cultura nos ensinaram a acreditar como certo/errado, os valores materiais, competitivos e pouco éticos do nosso mundo e ainda os registros conscientes de nossas experiências vividas e lembradas.  Também somos impelidos a pensar, sentir e atuar, de uma forma que nos parece, às vezes, incompreensível, por nossa mente inconsciente, guardiã de nossas memórias esquecidas. Nossa mente consciente ainda não as registra, mas todo nosso ser é influenciado e sacudido por essas “memórias”, em todos nosso níveis – físico, afetivo e de pensamentos.  Assim, vivemos ainda presos e condicionados por nosso ego, por nossas mentes inferiores, conscientes e inconscientes . Elas dirigem nosso pensar!    Afinal, quando penso, quem está pensando e escolhendo por mim? A minha família, a minha cultura, o mundo material e competitivo, a recordação de minhas experiências, as minhas memórias ainda perdidas...?  Somos felizes assim condicionados e dirigidos, tão pouco livres, repetidores de um modelo que nem ao menos nos faz felizes, nem ao menos cria um mundo melhor?  Precisamos nos entender  para podermos fazer outras escolhas!!!

            Na verdade, existe uma mente ainda mais sutil, uma  mente e consciência superior de seres espirituais que somos. Ela “habita” nossa dimensão espiritual. Dela emanam nossos anseios éticos e amorosos – verdade, compaixão, alegria, ordem, beleza, justiça, generosidade, respeito... Dela emanam os pensamentos de amor.

 Escolhermos nos tornar cada vez mais conscientes e íntimos dessa dimensão vai nos ensinar a pensar mais livre, vai nos levar a escolher pensamentos “do bem e do amor”, que irão possibilitar o resgate gradual de nossas memórias negadas/aprisionadas  e tudo isso vai nos conduzir a um viver mais desarmado, amoroso e feliz.

E é a partir dessa consciência/mente superior que, em “ligação direta” através da prece, entramos em sintonia com o Poder Amoroso Maior, com Deus. É então, e a partir dela, que nos sentimos sempre amorosos, amados, acolhidos e protegidos... É a partir dela que os milagres acontecem!

            Essa travessia de modelo de pensar, de um paradigma mental/egóico,  para um mental superior/espiritual só pode ser realizada individualmente. É opção e responsabilidade de cada um, mas podemos facilitá-la, torná-la mais rica e gostosa, compartilhando nosso carinho e nossas descobertas.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

VELOZES E VORAZES


           Vivemos tempos velozes, com uma subnutrição gritante de algo que parecemos nunca alcançar, com uma fome estranha,   incompreendida, que não conseguimos saciar...    O que nos falta? Permanecemos impacientes, inquietos, apressados, agoniados...  Olhamos em volta, em nosso mundo material, procurando comida, bebida, coisas, informações, sensações, saberes, poderes...  Procuramos nas geladeiras caseiras, em restaurantes exóticos, nas festas que marcamos para poder comer/beber mais, para dançar/liberar geral, seduzir... Procuramos nas lojas, nas feiras, nas viagens, na internet... num frenesi de comprar, variar, acumular!  E acumulamos leituras, cursos, técnicas, “pós após pós”, numa necessidade compulsiva de mais e sempre atualizadas informações, por quaisquer vias, em tempo real!  Afinal, tempo é dinheiro/ter/parecer e informação é poder! Consumimos tanto que ultrapassamos a capacidade de nosso corpo e nossa mente! Não conseguimos registrar, digerir e assimilar tanto e ainda  temos fome!

            Fome esquisita! Consumimos coisas, atropelamos pessoas  em busca de poder ,de possuir,  de sucesso, para termos mais.   E nada resolve!     Corremos contra o tempo para dar conta de tudo isso e sempre mais e mais!  Somos vorazes em tempos velozes!

            E agora? Estamos cansados, confusos... e ainda famintos!   O que será que nos falta? O que pode saciar essa falta, essa carência?  Nosso corpo e nossa mente apenas exigem mais e mais!  Mas corpo e mente não são tudo!  Somos muito mais!  Podemos atentar e despertar para uma outra dimensão de nós. É uma dimensão que esquecemos, que está esquecida por nós, e pelo mundo. Ela é nossa dimensão espiritual, nossa Consciência Espiritual E ela é a dimensão com possibilidade de uma “ligação direta” com um Poder Superior Nutridor, de onde podemos receber a nutrição que nos livra da agonia e nos sacia o Ser com a força, a serenidade, a alegria... do Amor.  Só ele tem o poder de aquietar nossos corpo/mente tão ansiosos e vorazes. Precisamos experimentá-lo em nós mesmos, sentir a gostosura do carinho, da aceitação, do respeito... É um manancial que jamais se esgota, porque ele flui diretamente da Fonte. É pura magia! Quanto mais nos nutrimos desse Amor , mais ele se multiplica e até transborda para os outros!

            Preciso parar de correr! Parar de correr atrás do tempo, do saber, do ter, do poder, do ganhar, do consumir... porque, quanto mais corro atrás de tudo que está lá fora, na verdade, me afasto de mim, do que realmente me nutre e me satisfaz!

                 

domingo, 6 de setembro de 2015

DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ ?!


Fazemos parte de um TODO e nele nos individualizamos, num desabrochar constante, instigados e favorecidos pelo compartilhar com outras individualidades do mesmo TODO.  Esse compartilhar e transformar contínuo é que nos possibilita estarmos voltando, e pertencendo, cada vez mais enriquecidos, a esse Todo de Origem.

            Para compartilhar ideias, sentimentos, descobertas, precisamos estar conscientes “da riqueza” de nossa humanidade, tão igual e tão diferenciada!  Precisamos estar flexíveis para acolher, respeitar, cooperar, assimilar, para aproveitar, em cada questão ou desafio, os aspectos diferentes das “mesmas verdades”.  Fazer escolhas e emitir opiniões não nos obriga a “fechar” com elas, nos proibindo quaisquer outras possibilidades.

 Quanto mais fechamos e nos repartimos, perdemos a noção maior e melhor das questões. Quanto mais “tomamos partidos”, mais nos distanciamos uns dos outros, mais nos fechamos e isolamos no mesmo grupo e mais nos empobrecemos pela impossibilidade de outras trocas.

Não importa a questão que se proponha:  no âmbito dos esportes, na política, na religião, cultura ou, principalmente, na família. Tomar partidos nos leva à disputa. Ou as disputas nos levam a tomar partidos? Não importa. Ficamos fechados, empobrecidos, magoados, zangados!  Nossa cultura racional/materialista, nosso instinto de luta, nossa afetividade possessiva, nossa lealdade ao grupo (maior que a nós mesmos e à nossa liberdade e individualidade), favorecem a nós disputarmos, radicalizarmos... E ficamos emparedados, paralisados, estagnados, inimigos e magoados com quem “escolheu o outro lado”, com quem rejeitou nossas razões, prisioneiros de uma só visão, como o “samba de uma nota só”!  

“De que lado você está?”  “Você não é mais meu amigo? Escolheu o outro?”   Ficamos infantilizados como num “Clube do Bolinha”, sem espaço para opções. Só serve quem pensa igual!  Essas perguntas, que nos amedrontam porque temos medo  de sermos excluídos como desleais, nós as ouvimos  em Família, nas Igrejas, na Política, nas questões científicas, nas ruas... em quaisquer relações humanas.

É tudo tão limitante! Tão empobrecedor! Atenção a nós mesmos quanto a termos “uma opinião formada sobre tudo”! Atenção às juras de lealdade a qualquer pessoa/lado/partido, porque “quando jurei essa “lealdade” “ eu traí a mim mesmo..”

           Somos livres! Precisamos dessa liberdade, inerente à nossa condição de centelhas divinas, para poder ver e rever, para estar escolhendo (sem discriminar), para mudar nosso olhar ou adicionar novos olhares, para uma nova escuta, para acolher (mesmo sem concordar)... Somos seres em aberto para poder nos enriquecer com as diferenças, os diferentes e os diferentes e escondidos aspectos de tudo. Só assim cumpriremos nosso destino de florescer sempre, colorindo cada vez mais o TODO ao qual pertencemos.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

O DIA SEGUINTE


           Cada dia tem seu peso!  Dias rotineiros, alegres ou tristes, têm relativa leveza. Mas existem dias diferentes, fortemente marcantes, marcados pela alegria que nos proporcionam ou chocantes pelo impacto inesperado da dor com que nos abalam. Somos envolvidos pelos fatos e reagimos a eles sem ter muito que  pensar, na emoção do momento. Mas, no dia seguinte, acordamos para uma outra realidade.. .

             Depois da alegria da festa, restam silêncios, corpos cansados, ressacados, tristezas e nostalgia. Lembranças recorrentes de pequenos detalhes de ontem, até das vozes que faltaram, do que faltou... Foram tantas emoções! Tantos encontros, reencontros... Tão pouco tempo para tantas alegrias!   No dia seguinte, restam vazios estranhos e silentes... Eles parecem o rescaldo de incêndios afetivos. É dia de nostalgia, de repouso suave para retomada das velhas  rotinas, talvez já modificadas e até requerendo novas direções...

            E o dia das grandes e inesperadas perdas? Dia que colocou um ponto final às lutas muito dolorosas, mas que não aceitávamos que acabasse... Dia que foi confuso, de choque, do inesperado, de incredulidade, de muita dor, dia de horror...  E, apesar  disso tudo, dia que foi, apenas, véspera de outro, porque a vida, insensível e generosa, continua... 

            Esse dia seguinte também é de silêncios, de assombros cheios de medo e desânimo para continuar. Despertamos do curto alívio no refúgio do generoso sono, sem vontade de acordar, acovardados com a realidade de ter que lembrar do ontem, sem aceitar ter que viver essa nova realidade. Todo nosso ser está ressentido, agredido, massacrado... Somos seres de energia e a véspera parece ter consumido toda essa energia!

            Na verdade, o dia seguinte às grandes emoções, de alegria ou de tristeza, marca o fim de um momento que passou. Traz o silêncio amargo do que já foi, do que já é passado. Sentimos tristeza e medo de virar qualquer página de nossas vidas... Mas, aos poucos, um dia de cada vez, ainda zangados ou magoados, esvaziados pelo que já passou, mesmo recalcitrantes, vamos aprendendo a seguir com as novas realidades, descobrindo novas possibilidades nos dias e momentos seguintes.  

             É assim! Rindo e chorando, seguindo, caminhando, compartilhando, nos transformando, resta-nos a graça de viver!