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terça-feira, 31 de agosto de 2021

MANTENHA O FOCO


        Todos temos uma visão, um desejo maior, que nos norteia – é o nosso Ideal!  E existimos numa realidade pratica onde vivemos cada momento como podemos  e conseguimos – é o Real! Não podemos, ou não devemos, perder de vista nosso Ideal ao caminharmos pela nossa realidade de todo dia...

        A vida em comum com outros pessoas que têm desejos, fantasias e ideais diferentes dos nossos nos exige estarmos atentos ao nosso próprio Ideal, sem o perdermos em nossas interações com o mundo. Esse é o nosso grande desafio – SER E ESTAR!   O que busco para mim? Qual a minha visão de um mundo amoroso e perfeito? Que valores me norteiam? Como mantê-los num mundo absolutamente materialista?

         Novas ideias, ideologias, razões práticas, desejos materiais, a atração pelas satisfações do ego, o eterno medo de perdas... nos confundem e envolvem, levando-nos a perder de vista a base de nossos ideais. Nesse caos em que vivemos, de materialismo e competição, precisamos a todo instante parar e refletir: o que quero, mesmo, para mim? Minhas atitudes, minhas reações, estão coerentes com meu Ideal? Como manter o foco num Ideal de Justiça, Ordem, Beleza, Compaixão, Solidariedade. Respeito, Responsabilidade, Verdade e Liberdade... se vivemos num mundo egóico que contesta todos esses valores?

          Acredito que só mantendo a atenção e cuidado comigo mesmo, sendo honesto na constante análise de minhas motivações, emoções e atitudes; aprendendo a me dar um tempo para agir coerente com minhas convicções, e não apenas a reagir.  Preciso estar firme no que busco, sem me deixar arrastar por atitudes de luta, de vitimação, revide, revanchismo...porque são incoerentes com meu Ideal. Preciso me manter firme, acreditando na Justiça, sem me tornar um justiceiro, sem alimentar em mim o ódio, a “raiva justa” dos enganados, ameaçados, traídos, sucateados, submetidos.... Preciso conversar com o meu ego ressentido, educando-o, e apaziguando-o em suas justas reivindicações, sempre revendo, contudo, a minha responsabilidade e omissões no caos de minha vida; Preciso de Humildade e Flexibilidade para rever atitudes e posições que firam meus princípios e meu Ideal...Preciso aprender a Perdoar, sem ceder meus valores; Aprender a ter Firmeza e Transparência ao colocar minhas opiniões, atitudes e decisões nos  meus limites com o mundo.

            É isso! Manter o foco no Ideal ao caminhar no Real! E ir, todo o tempo, corrigindo o meu rumo!



terça-feira, 24 de agosto de 2021

PULSAÇÔES E OSCILAÇOES

 


       Somos criaturas pertencentes a um Universo Vivo, de energia viva, pulsante... Esse movimento, essa pulsação, é que demonstra a Vida, em nós e em todo o Universo.   Assim caminhamos:  vivos, pulsantes e em constante oscilação. Hoje tranquilos, amanhã ansiosos, sempre flexíveis, numa caminhada confusa, às vezes muito dolorosa, equivocada, assustada... mas atendendo a uma vocação incoercível para a Luz!

         Somos, à principio, tangidos por nossos instintos primários (fome, sexo, dominação), que nos levam a lutar e disputar. Aos poucos, mais racionais, vemos nossos instintos serem “educados” e direcionados por crenças culturais, religiosas e familiares, que muitas vezes nos sufocam, não levando em conta nossas inclinações, desejos e talentos naturais e ignorando, ou até exacerbando, nossos defeitos de caráter.

         Com nossa mente racional detonando e retroalimentando nossas emoções pulsantes, desenvolvemos um Ego poderoso, medroso, e por isso mesmo brigão, sempre em busca de fazer sobrepujar seu poder, suas “verdades”, sua fome de ter prazer e procurando sempre modos de fugir da dor! Nesse mundo dominado pelas oscilações de nosso Ego em suas lutas e pela falta de compaixão nas disputas, somos ainda mais atingidos pelas dores, pelo medo, pela solidão... e por mais que busquemos fora outros modos de nos aditivar e anestesiar artificialmente, somos sufocados pela dor ou pelo vazio!

         Nesse momento, nossa pulsação original está lenta, como seres em agonia! Precisamos de algo mais( ou além), do instintivo e do racional! Precisamos acessar nossa dimensão espiritual para nos reabastecer nessa caminhada em busca da Luz Maior, Como “Ets” moribundos, precisamos do Amor em suas várias formas, que nos acenda e fortaleça a Pulsação Divina e nos conduza à “casa do pai” onde encontraremos a serenidade e a felicidade.

         Esse caminhar, mesmo quando já compreendemos o processo, é cheio de altos e baixos, com nossas muitas oscilações tão humanas. Mas estamos vivos, somos pulsantes originais de Deus e, entre tropeços e sucessos, vamos caminhando e entendendo cada vez mais a sutileza e complexidade de tudo que somos...  



terça-feira, 17 de agosto de 2021

ARMADILHAS

 


           Como animais pequenos e tolos, somos sempre atraídos pelo que nos oferecem de prazer e “felicidade”. Primeiro os mais básicos; proteção e alimento para sobrevivência física. Depois, já mais “fortalecidos”, somos atraídos pelo “amor” e pela “valorização“, que nos são oferecidos através de  carinhos, elogios, adulação, poder, sucesso, riquezas...

            Mas quando sentimos que a armadilha se fecha, tanto para animais como conosco, quando entendemos que estamos aprisionados em situações que antes aceitamos e até desejamos, quando tudo que recebemos não nos nutre um vazio maior, não anula o medo do abandono...  Então, o anseio por liberdade fala mais forte e nos debatemos, lutamos para sair...

            E  “Com gente é diferente”, É mais complexa a falta dessas nutrições mais altas(espirituais) e a luta, até que, finalmente,  entendemos que as trancas dessas armadilhas só podem ser abertas por nós mesmos. Os prazeres do mundo, do ego, montaram a armadilha, mas só nós mesmos poderemos entender nosso papel nesse jogo e nos libertar!   Gritamos agora por liberdade, dignidade, amor e valorização interior e essa é a nossa luta.

            É muito difícil o processo da libertação, porque nos sentimos fracos e completamente enredados em nossas relações. Estamos acostumados a buscar valor e nutrição afetiva no mundo fora: em pais, filhos, amantes, amigos, no mundo maior! Ainda não acreditamos em nosso próprio valor e não aprendemos a nos amar com carinho, gentileza, confiança...

             Nossos “senhores afetivos” também não sabem que os carcereiros estão tão presos quanto seus subjugados e não querem abrir mão dos jogos de poder e manipulação, em nome do amor.

             Precisamos efetivamente e pacientemente entender nosso papel nesse jogo que tanto nos anula e escraviza uns aos outros: o prisioneiro e o carcereiro, o esperto e o tolo, o poderoso e os subjugados, o sucesso e o seguidores, o que manda e o que obedece... Isso nos leva sempre a uma agonia ou ao que nos anestesia!

            O que essas armadilhas nos ofereciam, ou oferecem?    O conforto alimentado por nossa acomodação preguiçosa? O sexo sem compromisso? O sexo como arma de poder, de manipulação ou de carência? Ou foi o medo orgulhoso de ser preterido? Ou é a vaidade soberba de nos mostrarmos superiores? Será a vontade de “dar o troco” que nos mantem acorrentados!? Qual o ganho que tinha e já não me serve mais?...

             Preciso me entender. Preciso me olhar com calma, coragem amorosa, com compaixão honesta e firme, com carinho e gentileza. É um processo paciente, para ir tirando a ferrugem dessas trancas em mim. É um despertar da força e da humildade em mim! É importante observar a humanidade dos outros para entender melhor a minha. É fundamental a entrega ao amor de Deus através de contínua oração, pedindo força e orientação!

            O preço da liberdade é o eterno cuidado honesto e amoroso conosco.



terça-feira, 10 de agosto de 2021

CARINHO

 


        O carinho é a água que segue regando o Amor. Sem carinho continuamos a amar, mas o amor vai se ressecando e ressentindo, perdendo o viço e a alegria.

         É tão fácil fazer carinho com as crianças! Sua fragilidade, dependência, inocência... nos desarmam e atraem. Gostamos de beijá-las, tocá-las, abraçá-las, cuidar delas, dizer-lhes palavras doces, bobas, de puro amor. Receber o carinho delas é um deleite, uma gostosura.   Mas as crianças crescem, nós crescemos, e perdemos o esse jeito inocente e gostoso de amar, de dar e de receber carinho. Nosso modo de amar foi sendo contaminado pelas disputas, manipulações, seduções, paixões, desilusões, desconfianças...

Já adultos, entre adultos, as nossas relações mais próximas com filhos adultos, com pais, com companheiros, com amigos... foram perdendo a espontaneidade terna e alegre do carinho. Aprendemos a nos defender no Amor e já não o aguamos tanto de carinho. Amamos, mas o carinho ficou cada vez mais poupado, não fazemos nem recebemos o carinho que precisamos. Nesse mundo adulto e seco o carinho vai ficando sem espaço, tornando-se tolo, sem jeito de se mostrar para nutrir a relação e nosso coração.

 Não se vive realmente, docemente, sem nos sentirmos aquecidos pelo carinho. Buscamos essa nutrição com crianças, animais e até com plantinhas. Precisamos tocar e acariciar quem amamos, repetindo bobagens de amor; precisamos olhar amorosamente quem amamos, sorrir e falar docemente de quanto amamos, de quanto é importante esse amor, esse encontro em nossas vidas... 

Em relações muito agredidas e ressentidas, precisamos nos desarmar para ousar no amor!     Precisamos de “Coragem para Mudar” nosso jeito de amar; de coragem para chegar aos outros ousando parecer “bobos”, ousando enfrentar o olhar sem graça e desconfiado de quem não espera isso. Podemos começar por um toque rápido e suave nas cabelos, nos ombros, ou um sorriso apenas cordial num momento de tranquilidade.

          Amar sem carinho é matar o amor lentamente. Secando-o,  vamos nos secando, como um galho triste e morto, em  uma terra árida e sem alegria.  O carinho é o alimento suave, doce, colorido, perfumado, que nutre nossos amores e nossas vidas.




terça-feira, 3 de agosto de 2021

A CASA VAZIA

 


         Minha casa está vazia...

Os mais velhos da família, já partiram. Eles eram a base de nós todos, as raízes que se entrelaçaram e nos criaram, tão diferentes, mas brotos das mesmas raízes, com valores semelhantes, com a mesma capacidade de amar e cuidar. Mas eles já se foram... Pais, tios, avós, primos, velhos amigos... Eles nos criaram, cuidaram, acompanharam... Mas eles já se foram... Deixaram lembranças, carinho, valores, exemplos e até a aceitação da perda dessas gerações mais velhas...

Mas agora foram-se os mais novos! Um a um, eles se foram! Filhos, depois os netos... cresceram, “casaram e mudaram”. Eles se foram...  Como dói! Como agora posso entender a dor dos mais velhos! A casa está vazia, com ruídos estranhos substituindo as vozes, os risos, as discussões, os pequenos segredos murmurados, as reclamações das pequenas doenças, dos pequenos desejos frustrados...

Em cada lugar ressoam lembranças...Cozinhas congestionadas, banheiros desarrumados, quintal com animais e bolas, colegas chegando e entrando sem cerimônia...  Nos quartos, ainda ressoam vozes, risos e choros das sempre tantas crianças, vozes de adolescentes contestadores, de jovens descobrindo os desafios do mundo... Ressoam os gritos de agonia com/de um jovem perdendo a luta e a vida para a doença das drogas e ecoa o susto, até hoje horrorizado com a perda inesperada de um bebê e de um outro jovem tão sadio... Mas também as alegrias de jovens vencedores na disputa por trabalho, vencedores na luta pelo amor, encarando o desafio de saírem do ninho e forjarem seus próprios destinos longe de nós...

         Hoje, as suas aventuras e passeios, contados em fotos e vídeos, nos chegam misturados às nossas próprias lembranças com eles... Nas festas principais ainda nos reunimos ou nos falamos, quase todos. Alguns moram muito longe, embora o amor nos mantenha unidos; outros, parecem esquecer ou rejeitar o ninho. Criamos pessoas únicas, que reagem de modo diferente à vida, mas certamente é um consolo saber que o tempo e as lembranças irão trazê-los, todos, à essa casa da infância e dessas memórias e dessa base amorosa vão retirar força e consolo nas lutas de suas Vidas .

Existem dias, momentos, em que esse vazio parece nos sufocar, mas preciso me distrair e ocupar com o momento, fazer-me sentir que valeu a pena e curtir, mesmo à distância e com alegria, as vitórias da família, sem a sombra de nossos momentos de tristeza e saudade. Preciso viver o presente, aceitar o processo da vida e ser um bom exemplo para eles, quando no futuro tiverem que encarar suas próprias casas vazias.