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sábado, 27 de novembro de 2021

O QUE NOS SEPARA

         Eu não sabia, mas o que nos uniu foram nossas carências, nossas fantasias românticas, nossas necessidades projetadas um no outro e satisfeitas com as qualidades que, um e outro, aparentavam possuir. Seduzíamos e nos deixávamos seduzir no jogo gostoso do “amor”.

Apaixonámo-nos por fantasias, aparências, carências, ilusões... e ficamos zangados, frustrados e ressentidos quando tudo ficou diferente. Tudo e todos estavam mudados! Mas como só temos olhos para o outro, é nele que buscávamos o culpado!

Tão unidos estávamos pelo “amor” que não enxergávamos o óbvio -Éramos diferentes! Viemos de famílias diferentes, com crenças e valores de todo tipo, também diferentes. Tínhamos histórias e ambições diferentes... Precisávamos de espaço (respeito) para sermos o que realmente éramos ou o que queríamos ser como indivíduos, mas nossas crenças românticas nos impunham um amor apegado e sufocante...

Nossa comunicação, filha dessa crença e desse amor egóico, de luta, disputa e submissão, ficou, com o tempo, a serviço da “guerra”: controle, cobranças constantes, críticas maldosas, mentiras, manipulações, silêncios de abandono e punição, traições... A relação tornou se um campo árido, cheio de espinhos, onde todos se defendiam, se atacavam e “davam o troco”, com agressividade ou venenosa sutileza... E tudo isso nos separando...

É muito doloroso! Onde foi que nos perdemos? Como foi? Talvez precisemos mudar o foco de nossa atenção e olhar para o nosso próprio papel nessa agonia. Afinal, só podemos mudar a nós mesmos! Olharmo-nos como duas pessoas diferentes, que talvez ainda queiram se amar!

Preciso começar a enfrentar meus medos antigos, a experimentar a humildade abrindo mão aos poucos de meu orgulho e vaidade, que escondem inseguranças mútuas;  ter um olhar mais imparcial, verdadeiro, amoroso e tolerante... Preciso aprender a me comunicar com verdade, sem jogos e mentiras, dizendo quem sou e onde/como estou, sem cobranças, se quiser estar aberta a um bom encontro!

Quero mudar e não sei se o outro está pronto para isso, se deseja isso! Mas quero fazer a minha parte, porque viver essa relação adoecida entre egos, não mais me completa. Quero aprender a Amar com Generosidade, Parceria, Respeito e Alegria   Afinal, como já disse alguém, nascemos para aprender a Amar! 


sábado, 20 de novembro de 2021

PACIÊNCIA COMIGO

 


         Quando amadureci um pouco, entendi a necessidade de ter Paciência com os outros e com as situações que me desafiavam. Eu pensava na Paciência com o foco externo, no mundo. Eu observava, analisava, o que era certo e necessário para uma convivência sadia e até amorosa, mas, na verdade, descobri que eu teorizava a Paciência, porque não a vivenciava comigo mesma.

         Queria crescer, me libertar de pensamentos, sentimentos e atitudes que descobri não serem bons, certos ou aceitáveis... Entendi que precisava aceitar pessoas e os fatos que eu não podia modificar... E comecei uma luta com meu ego teimoso, porque, se eu já sabia e queria ser diferente, como ainda não conseguia?

         Sem perceber, quando falhava, eu não aceitava o que ainda não conseguia modificar em mim. Sentia vergonha, culpa, humilhação, queria disfarçar e dar desculpas a mim mesma, ao meu orgulho e vaidade de pessoa que buscava ser “melhor”. Mas meu desejo, minha ansiedade, minhas expectativas, se sobrepunham, muitas vezes, às minhas possibilidades do momento.  Ficava irritada, impaciente comigo e a impaciência é não aceitação! Ela traz a raiva, a frustração, desgasta, corrói nossa energia e, logo ela vai atingir todos e tudo à nossa volta.  

         Mais uma vez vou descobrindo que Primeiro Eu! Preciso vivenciar em mim a Paciência para depois conseguir ser efetivamente paciente na vida, com a vida, com os outros.

         Como nos lembra Paulo de Tarso, “O Amor é Paciente e é Bom!” E ele precisa começar em mim. O Amor aceita o momento e o tempo de cada um de nós, e de mim mesma! Ele nos pede compreensão, compaixão, tolerância, generosidade... a cada tropeço que ainda tenho, a cada cilada dos meus instintos, dos meus medos, na minha busca de prazer, de poder... Como é difícil ir resistindo, educando e superando a força de meus instintos e do meu ego!

         A Paciência amorosa, calma, lúcida, perseverante, nos favorece serenidade nas atitudes firmes, nos limites que buscamos para nós mesmos e em nossas relações. Só a Paciência fortalecida pela fé amorosa em Deus nos faz manter viva a Esperança de dias melhores.


sábado, 13 de novembro de 2021

UM MOMENTO DE CADA VEZ

 


Nossos pensamentos nos conduzem... Fomos condicionados a lembrar o que passou e nos preparar para o futuro. Nosso foco estava no antes e no adiante e... sempre acelerando, relegando o Agora, o Momento!

Por isso, nossos momentos foram, cada vez mais corridos, atropelando-se uns aos outros, desapercebidos, fugidos, perdidos em nossa Vida... Passavam, e nem notávamos! Nossa atenção/pensamento já estava sempre adiante...

Quanto mais tarefas, projetos, distrações, ocupações, fomos arranjando ao longo do tempo, mais tempo gastávamos, e a correria aumentava... Éramos empurrados por desejos mundanos, pelo amor à família, pela competição eterna em busca de valorização... As necessidades de nosso ego eram uma realidade nos fazendo correr e correr... Tornamo-nos imediatistas! Esperar um ano, um mês, até um dia, uma hora, era uma agonia...Nossas crianças afirmam: Eu quero, agora! Não sabemos esperar porque fomos adestrados a correr.

Nosso pensamento está sempre, apressado, adiante, no futuro. Quando olhamos para atrás, vemos, assustados,  quanto do que era bom se passou e mal sentimos ou percebemos...Os filhos cresceram, os pais se foram, a juventude correu, os triunfos chegaram e passaram, o “que era bom se acabou” e nós tão pouco saboreamos...

Hoje, cansados, confusos e frustrados, querendo acertar nosso pensar/sentir/caminhar e reorganizar nossa vida, ouvimos que é “um dia de cada vez”...  Entendemos, mas acredito que depois de tanto correr com o mundo e do mundo, preciso aprender a superar os desafios e a saborear o que é bom, o que posso “um momento de cada vez”. Preciso focar em mim, no momento, qualquer momento do dia. Observar, atentar (o que vejo, penso, o que faço), o que sinto (dor ou alegria), meus sentimentos... Preciso sentir meu corpo (relaxado ou tenso), saciado, faminto, deliciado... Focar no mundo à minha volta, naquele instante!    E então, ouvir, me revelar, amar, sentir as pessoas, a natureza ...

 Viver assim, realmente, intensamente, inteiramente...  um momento de cada vez me faz estar Vivo, senhor de mim e do meu tempo. O que preciso? Firmeza, Determinação, Paciência, Paciência, Paciência...


sexta-feira, 5 de novembro de 2021

PRECISO TE AMAR

 


        Amar é uma necessidade! É um sentimento gostoso, delicado, que me nutre a alma, que se expande por meu Ser. Amar me amansa a alma e me lava das raivas, das mágoas, dos desprezos... de tudo que me torna seca, árida, áspera, sem a vibração gostosa que pode tornar minha vida saborosa e valendo a pena.

Mas como é difícil varrer esses outros sentimentos, que foram se enraizando em mim, através do tempo, nos desencontros em nossas relações. Foram traições, decepções, ingratidões, agressões, cobranças, impaciências, indiferença, abandono... Penso em ti e eles estão ali, aflorados, encrustados, me afastando...

Outras vezes tentei voltar a te amar, mas do mesmo jeito idealizado, que você ainda não consegue ser ou retribuir. Queria-te perfeito, atendendo às minhas expectativas (e até às tuas próprias), como amante, companheiro, como pai/mãe, como filho, como amigo...  Esse é o amor que aprendemos, impossível, controlador, apegado às nossas crenças. Um “amor sem limites”, sem respeito, onde as lealdades ficam confusas, as deslealdades se justificam, os ressentimentos se eternizam, impedindo o Amor.

Mas preciso  Amar em minha vida! Entendo agora que só preciso amar diferente, aceitando a possibilidade de cada um. Só preciso “ver” o que você pode dar/ser hoje. Vou tentar tirar os possessivos do meu amar. Vou tentar não entender as ofensas como pessoais. Só preciso aprender a ver suas qualidades, o lado bom de sua “boa estória”, da sua personalidade... Todos temos! Cada um  é apenas  o que consegue ser a cada momento...

É muito bom poder te olhar, quem quer que seja você, varrendo memórias tristes, preconceitos, paixões decaídas, sem possessivos, sem adjetivos...E, ainda que por um instante, poder sentir carinho, compaixão, ternura... porque Amar é bom demais!