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segunda-feira, 25 de julho de 2022

A DIMENSÂO QUE GUARDA A DOR

 


Existimos em várias dimensões. A dimensão física, a dimensão emocional. a dimensão mental e outras ainda mais sutis... Em nossa evolução, percebemos o físico (mais concreto) e logo adiante, nossas emoções. Elas são comandadas a princípio pelo medo, que nos garantia sobrevivência.  A emoção do medo fica marcada em nosso corpo emocional e é reforçada, sempre, por nossa mente racional, nosso corpo mental, que grita “Cuidado!’.  Forma-se uma dupla de atuação perversa, que nos mantem sempre alerta e em Dor.

Nossas experiências difíceis ou dolorosas ficam impressas nesse corpo emocional, na memória desse corpo (dimensão). Ele se torna nosso Corpo de Dor! Todas nossas dores ficam ali guardadas através do tempo, da vida, aumentadas por novas experiências dolorosas.

Nossa dimensão mental, adestrada em nos “cuidar e salvar”, alimenta sem parar nosso medo e outras emoções desencadeadas por ele (raiva, mágoa, ciúme, frustração, desespero...) Juntas, elas elaboram o nosso Ego, especializado em lutar, brigar, disputar... Juntas, elas robustecem nosso corpo de Dor, retroalimentando-o com pensamentos medrosos, agoniados, destrutivos, negativos... E ficamos presos, viciados nesse jogo de pensamentos e emoções, sem escolha, repetindo crenças e preconceitos e padrões culturais de lutas/comparações que nos foram ensinados. Presos ao Passado ou ao Futuro, que eterniza o medo, a insegurança, mantendo esse círculo vicioso e perverso da dor...

A Liberdade só poderá vir de nossa interferência em nossos pensamentos! Desligando-os e substituindo-os por outros de nossa livre escolha, parando de retroalimentar nossa mente egóica e livrando-nos, assim, de novas dores e de reviver as antigas... Desligando-nos desse pensar doentio, tiramos a força e o poder do Ego em nós, reeducando-o para não realimentar mais dor. Precisamos redirecionar nossos pensamentos, a cada momento, para o que acontece Aqui/Agora e para níveis mais altos, para valores de alegria, beleza, generosidade, justiça, serviço, ...

E a Dor antiga? Ela está guardada em nossa dimensão emocional! Não podemos simplesmente deletá-la, esquecê-la...Sempre que eu reviver, com pensamentos/lembranças, a dor passada, ela cria força e vida. Daí  a importância de não viver ou reviver o passado doloroso como vítima impotente dele. Mas posso olhar, eventualmente, para essa dor antiga de frente, em catarse ou compartilhando-a como terapia,  deixando-a perder um pouco de força, embora saiba que ela permanece escondida e “esquecida” em nosso “corpo de dor”... 

Resta-nos a Liberdade de pensar, sentir e viver a vida no Aqui e Agora, com doces e gentis escolhas, com “tolerância zero” para pensamentos que nos tragam mais lutas e dor!  A escolha é nossa! A responsabilidade com nosso mundo interior é nossa!


segunda-feira, 18 de julho de 2022

QUANDO AS PAIXÔES NOS DOMINAM

 


        Nossas paixões encontram terreno fértil em nossas carências latentes, muitas vezes até inconscientes, ainda não visualizadas ou experimentadas. Só quando provamos do fruto, que parece saciar nossas carências, quando vislumbramos a possibilidade de saborear e saciar nossa fome de prazer e “felicidade”, só então conhecemos a força de nossa dimensão emocional faminta e deslumbrada. Ela é incrível, ela nos arrasta, ela é avassaladora...

         Quando isso acontece, a dimensão racional já não nos comanda, nem direciona! ‘Perdemos a cabeça” Perdemos o freio da prudência, do medo, das regras, de nossa lealdade a outros amores.  Atropelamos as crenças de nossos valores primeiros, somos arrastados a atitudes absurdas de amor e ódio, sem freio, por nossas paixões!

Nossa carência, nossa auto imagem e autoestima frágeis, podem, então, se deixar cegar pelas luzes do poder, do sucesso, do dinheiro, das cores esportivas, pelo brilho do status de superioridade dos vencedores...

         Nossas dores afetivas, muitas vezes ainda insuspeitas, nossos medos e inseguranças para enfrentar os naturais desafios da vida em nossas relações, podem nos levar, deslumbrados, à paixão prometida pelos prazeres fantásticos e fantasiosos  de um “amor” diferente e maior ou aos químicos anestesiantes que nos fazem “fortes e desafiadores ou ainda às “verdades únicas” de ideologias e religiões e à paixão pelo Poder e tudo que ele nos proporciona ...

Na verdade, buscamos fora de nós, no mundo, no exagero e excessos das paixões, aplacar os anseios de nossas carências internas. Só as dores das perdas, dos desenganos e das  desilusões  podem, com o passar do tempo, arrefecer e aplacar a força dessas paixões que nos tumultuam, nos confundem e nos fazem perder o rumo. Precisamos desapaixonarmos para, então, mais serenos, lúcidos e amadurecidos, voltados para nosso interior, conhecendo-nos melhor, aprendendo a nos valorizar e amar, podermos fazer escolhas mais livres que reflitam nossos mais queridos valores, nossas necessidades e possibilidades...  


segunda-feira, 11 de julho de 2022

REVENDO NOSSO SISTEMA DE CRENÇAS


         Nossas crenças se alicerçam em tudo que nos foi passado como verdades. É o que acreditavam aqueles que nos criavam e nelas passamos a acreditar. Olhamos para o mundo através dessas “Verdades”. Com elas aprendemos conceitos e pré-conceitos sobre tudo e todos. Através delas aprendemos, também, nossos papéis e funções no mundo e na sociedade.

Elas nos ensinaram a rever e reviver sempre o passado e temer o futuro... Querendo que déssemos certo, nos foi ensinado e cobrado a perfeição em nossos desempenhos. Deveríamos atender às expectativas de quem amávamos e seríamos responsáveis pela felicidade deles! Para isso, tínhamos e poder e o dever de modificar os Outros! Não devíamos falhar, ou perderíamos o Valor e o Amor de quem amávamos e do Mundo!

Mas esse nosso Sistema de crenças era Ideal e Irreal, com o foco fora de nós, de nossas possibilidades, nos trazendo angústia, medo, sentimento de incompetência, frustração, menos valia, culpa, vergonha...   Sob essa pressão constante de mudar os outros, de agradar ao outro, usaríamos de qualquer arma: mentira, manipulação, agressão, cobranças de todo tipo... Tentávamos tudo porque acreditávamos em tudo que nos foi ensinado, porque tínhamos um vínculo de lealdade com o grupo que nos criou. Para agonia tão grande buscamos anestesia e prazer nos químicos de qualquer forma! Tentando o impossível, nos desesperamos, lutamos, rompemos com que amávamos, nos desesperançamos, deprimimos, adoecemos... até morremos! 

Custamos, sofremos muito, mas um dia acordamos e questionamos a “verdade”, a irrealidade, daquelas crenças, que não levavam em conta a Possibilidade de cada um de nós – a Liberdade de cada um em fazer escolhas e de se Responsabilizar por elas. Precisávamos de crenças com o foco interno.  Hoje, podemos escolher acreditar que Primeiro Eu! Preciso ver o que posso, o que quero e entender que eu faço meu caminho, que  eu e o outro somos duas individualidades separadas, com caminhos separados e diferentes, ainda que nos amemos, ainda que tenhamos a mesma Origem Sagrada. Finalmente, acreditamos que a vida acontece Aqui e Agora, Um dia de cada vez! Estas são crenças baseadas no Respeito a mim e ao outro, guardando o espaço e limite que nos permite amar sem invadir, amar sem apego/paixão, amar com compaixão.

           Estas são novas crenças, que podem resgatar a nós mesmos e às nossas relações. Precisamos de Mente aberta e a certeza que nos acompanha um Poder Superior Amoroso. Não podemos descartar o “programa” antigo e simplesmente substitui-lo pelo novo. É um processo longo, onde nos veremos recaindo várias vezes em nossos propósitos e misturando crenças. Requer muita Paciência e Perseverança, mas é o que irá garantindo nossa .Liberdade e Felicidade. 


domingo, 3 de julho de 2022

O CUSTO DA LIBERDADE

 


Liberdade é o que todo ser vivo precisa para viver e crescer – plantas, animais, pessoas! Mas há um longo caminho para desfrutá-la! Primeiro, precisamos “abrir mão” da proteção dos que tentam nos direcionar e defender do mundo tão hostil. Precisamos sair, ser livres, para cumprir nosso propósito de crescer. E só mesmo a ânsia pela Liberdade nos impulsiona para fora do ninho, afrontando os medos de nossas famílias e nossos próprios medos e inseguranças.

         Deslumbrados, embora assustados, saímos soltos, libertos, experimentando e enfrentando tudo que nos era proibido: ideias, costumes, sexo, químicos... Não queríamos regras que nos toldassem a liberdade total... Entramos muitas vezes em choque com as regras do mundo, começando a sentir os primeiros custos sociais de nossos desregramentos!  Muitos, assustados, horrorizados, se viram aprisionados nas consequências físicas, emocionais, mentais dessa louca corrida para ser livre! Foi um custo muito alto, que nem todos tiveram como pagar!

         Mais tarde, acreditamos que éramos livres para buscar a felicidade, o sucesso familiar ou profissional, a qualquer preço e atropelamos as regras, sem responsabilidade uns com os outros. Eufóricos, seguimos, muitas vezes traindo, abandonando, usando pessoas como objeto nas oportunidades que apareciam, deixando muitas vezes um rastro de dor, na busca de nossas livres escolhas para a felicidade....

Mas tudo tem um custo e ele vem na forma da saúde, das cobranças familiares pelos pais abandonados, pelos parceiros tantas vezes traídos, pelos filhos negligenciados, confusos, ou sacrificados em nosso egoísmo, pelos nossos melhores valores esquecidos e atropelados...  O custo vem com o arrependimento e a culpa num doloroso despertar. A conta chega e é alta! Não imaginávamos que fosse assim! Queríamos apenas ser livres e agora nos vemos tão enredados!

Deslumbrados pela liberdade alcançada, não sabíamos que ela requer responsabilidade, atenção e cuidado conosco mesmos  e com os outros! Soltos, precisamos da responsabilidade para nos proteger de nossos próprios excessos e atenção para novas escolhas!   Esse custo doloroso é que nos sacode e faz crescer.

O fascínio pela liberdade, a necessidade de liberdade e seu custo, é que nos faz vivos, evoluindo e em movimento.  É isso o que nos faz ousar, errar, sofrer, reformular, acertar,... num eterno aprendizado.