Nossas
paixões encontram terreno fértil em nossas carências latentes, muitas vezes até
inconscientes, ainda não visualizadas ou experimentadas. Só quando provamos do
fruto, que parece saciar nossas carências, quando vislumbramos a possibilidade
de saborear e saciar nossa fome de prazer e “felicidade”, só então conhecemos a
força de nossa dimensão emocional faminta e deslumbrada. Ela é incrível, ela
nos arrasta, ela é avassaladora...
Quando
isso acontece, a dimensão racional já não nos comanda, nem direciona! ‘Perdemos
a cabeça” Perdemos o freio da prudência, do medo, das regras, de nossa lealdade
a outros amores. Atropelamos as crenças de
nossos valores primeiros, somos arrastados a atitudes absurdas de amor e ódio, sem
freio, por nossas paixões!
Nossa carência, nossa auto imagem e autoestima frágeis, podem,
então, se deixar cegar pelas luzes do poder, do sucesso, do dinheiro, das cores
esportivas, pelo brilho do status de superioridade dos vencedores...
Nossas
dores afetivas, muitas vezes ainda insuspeitas, nossos medos e inseguranças
para enfrentar os naturais desafios da vida em nossas relações, podem nos levar,
deslumbrados, à paixão prometida pelos prazeres fantásticos e fantasiosos de um “amor” diferente e maior ou aos químicos
anestesiantes que nos fazem “fortes e desafiadores ou ainda às “verdades únicas”
de ideologias e religiões e à paixão pelo Poder e tudo que ele nos proporciona
...
Na verdade, buscamos fora de nós, no mundo, no exagero e
excessos das paixões, aplacar os anseios de nossas carências internas. Só as
dores das perdas, dos desenganos e das desilusões podem, com o passar do tempo, arrefecer e aplacar
a força dessas paixões que nos tumultuam, nos confundem e nos fazem perder o
rumo. Precisamos desapaixonarmos para, então, mais serenos, lúcidos e amadurecidos,
voltados para nosso interior, conhecendo-nos melhor, aprendendo a nos valorizar
e amar, podermos fazer escolhas mais livres que reflitam nossos mais queridos
valores, nossas necessidades e possibilidades...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se preferir, envie também e-mail para mariatude@gmail.com
Obrigada por sua participação.