A SOMBRA QUE NOS ENVOLVE

 

         Somos sementes de Luz, ainda muito envolvidos por sombras. Elas fazem parte de nós, aderidas a nós através dos tempos de nossa história humana. Ela se estabeleceu e firmou, como resposta aos desafios da vida aos nossos medos primários. Formou-se com nossas reações pesadas de raiva, agressividade, competitividade, desonestidade, injustiça...  e também aprendeu a existir como defesa. Nossa sombra entrincheirou-se no ego. se esconde, se disfarça, engana ao mundo e a nós mesmos!

Estes aspectos sombrios ainda fazem parte de nós e, ou como resposta aos desafios da vida ou como defesa/ataque, eles nos aprisionam; aprisionam nossa Luz e nossas melhores possibilidades de nos libertar para sermos felizes. Não devemos nos envergonhar, mas não podemos nos adaptar a essa Sombra, tentar justificá-la ou nos esconder nela!

Como centelhas sagradas que somos, no “candeeiro  do tempo” nos vemos aprisionados e enovelados nessa Sombra de fuligem nebulosa de nossos pensamentos viciosos, nossos sentimentos distorcidos, nossas atitudes sem ética, nossos defeitos de caráter... Só não podemos esquecer que, sob toda essa escuridão brilha nossa Luz, herança de nossa Origem Sagrada. 

Cabe a cada um de nós, a limpeza dessa Sombra que nos envolve. Nesse candeeiro individual, a limpeza da campânula também é um trabalho individual – não pode ser feito de fora para dentro! Por mais que nos amemos, não podemos fazer esta tarefa uns pelos outros. Afinal, esse é o propósito da vida de cada um de nós – libertar nossa Luz! 

Não tema, Não fique triste ou envergonhado com as camadas frias e feias que iremos descobrindo, Algumas muito escondidas, outras muito encrustadas; algumas de “estimação”, outras “justificáveis!”... Não importa, um dia de cada vez, com perseverança, boa vontade, bom humor, carinho e honestidade vamos caminhando e compartilhando nossas descobertas, para caminhar mais leves... Sem pressa, porque o Amor e Paciência de Deus são infinitos...

HERÓIS DESPOJADOS

 

        Os Heróis fazem parte do imaginário de todos nós. Desde que nascemos, vamos criando nossos heróis em nossa imaginação e em nossa percepção física. São nossos heróis aqueles que nos acolhem, nos cuidam, nos salvam... Nós os vestimos de forma brilhante, poderosa, amorosa, quase mágica. Não têm falhas ou defeitos! Assim nossa percepção na infância os vê. São nossos pais, avós, irmãos mais velhos ou cuidadores... Até Papai Noel!

Mas o tempo, os limites da realidade humana, vão despojando-os aos nossos olhos das vestes brilhantes e, ao chegar à adolescência e idade adulta, ficamos zangados com nossos sonhos derrubados... Tornamo-nos críticos, muitas vezes agressivos e até irritados com nossos heróis! Nossa arrogância de jovens e fortes nos garante que seríamos melhores em nossos papéis.

 E o tempo continuando, nos traz desafios, dificuldades... dores e aprendizados em nossos novos papéis! Então, vamos amadurecendo, entendendo e perdoando a “traição” dos nossos “heróis decaídos”. Com mais tempo ainda, iremos resgatando os aspectos verdadeiramente heroicos deles dentro das suas próprias dificuldades humanas, pessoais.  Precisa-se de Tempo,  de Paciência, com o processo da vida, das descobertas, em cada um... 

No entanto, tristemente, nossa relação de amor/paixão com os Heróis que escolhemos para a Vida adulta, para criarmos e darmos continuidade à família, não teve, muitas vezes, esse tempo; não soubemos esperar! Escolhemos parceiros movidos por sonhos e fantasias, pelas virtudes e poderes super humanos que atendessem às nossas carências... E os Heróis/Heroínas não conseguiram atender nossos sonhos... Ficamos todos decepcionados em nossas expectativas infantis e reagimos como adolescentes zangados e magoados. Muitas vezes, não quisemos ou não soubemos esperar para amadurecer, para aprender o poder dos limites necessários na relação... Limites que nos dariam espaço para aprender a Ser e Pertencer, para aprender a ver nossa humanidade e a do Outro, para preservar a relação, para nos “desapaixonar” infantilmente, para nos perdoar, para nos aceitar e finalmente para Amar.

O tempo que tivemos para amadurecer em nossas outras relações familiares, na maioria das vezes, não nos demos nessa relação.  Despojamo-nos, uns aos outros, das vestes brilhantes, num processo cruel, de críticas, agressões maldosas e magoadas, que “puxavam” o que de pior havia em cada um!     Sem a espera de Tempo para amadurecer, não tivemos chance! Nosso mundo apressado e “fácil” nos ensinou a desistir e procurar novos Heróis... O desejo de construirmos algo sólido, duradouro e amoroso, uma Família, para darmos continuidade ao processo, viu-se truncado e feito em pedaços em novas ou várias novas tentativas de felicidade... Com tanta pressa e “facilidades “ aprendemos muito pouco e nos vemos colecionando e recolhendo as lembranças tristes de nossos Heróis Despojados, de sonhos desfeitos.  

          Mas Vida continua e ainda temos tempo de refletir sem amargura sobre o passado e, mais maduros, olharmos nossos atuais parceiros dentro dessa nova perspectiva – a realidade do que somos e o que podemos,  com Compreensão, Paciência, Compaixão e, finalmente, Amor!

UM ATO DE REBELDIA

 

Num mundo tão escuro, agressivo, maldoso, mentiroso, você buscar a Luz, a Alegria, a Esperança... é um Ato de Rebeldia! Acostumamo-nos a ver a rebeldia como uma forma de crítica, de revolta, de luta, de disputa mundana, de resistência fechada, de ser contra!. Mas esse ato de rebeldia é diferente!. Ele não se contrapõe aos outros, ele apenas acredita no poder que temos de nos iluminar, mesmo dentro dessas trevas.

É assim, o Rebelde, que prefere acreditar na força do Bem e do Amor. Que prefere esperar o melhor, que prefere ter Esperança, que mantém a Fé num Poder Maior, nos valores do Amor, da Família e entre os Homens. Esse rebelde neles acredita e se mantém firme em meio a dores, agressões, ironias, mentiras...É esse o rebelde que tira as máscaras, que acreditamos nos proteger e, com desassombro, se expõe e expõe suas verdades, seus sonhos, suas “batalhas” interiores, seus acertos e desacertos ante o mundo (na família e noutros grupos)

Num mundo de apegos (ao poder e pessoas), de submissões/prisões (afetivas ou não), de valorizações externas, esse Rebelde “beleza” é quem sacode esses grilhões em busca de sua liberdade, em busca da descoberta de seu mundo interior, de suas potencialidades, ainda tão encobertas. É rebelde quando abandona o conformismo amargo e revoltado pelo que não deu certo e decide sorrir, acreditando que pode sempre melhorar! 

Essa Rebeldia leve, que busca valores do Bem, tem um preço. Incomoda o mundo egóico e rixento, que quer luta, que não aceita e não acredita nas mudanças pessoais e de paradigma, Não resistir nem revidar às provocações desse mundo, também é um ato de doce rebeldia!

É preciso um ato de Coragem para ter esse tipo de Rebeldia amorosa, voltada para esses valores e para a Verdade. É preciso também um ato de Humildade  para aceitar e nos perdoar pelas “recaídas” no mundo trevoso/raivoso que nos cerca. E um ato de Persistência e Resiliência é continuarmos, não desistirmos...

Acredito que somos impulsionados por acreditar na Vida, no Poder Maior de Deus e nos valores do Amor: Respeito, Verdade, Trabalho, Justiça, Generosidade, Liberdade, Solidariedade... Essa nossa “Sagrada Rebeldia” é apenas a busca destemida por Liberdade e Felicidade!

PRINCÌPIOS E PERSONALIDADES II

 

          A sabedoria dos Anônimos nos chama a atenção para o cuidado que precisamos ter em nossa vida de relação, quando se misturam nossos princípios e nossas diferentes  personalidades.

          Princípios Espirituais são eternos, imutáveis, atravessam o tempo, as culturas, a História dos homens. São as várias nuances do Amor, do Sagrado, do Bem. Eles são o Respeito, a Generosidade, a Verdade, a Justiça, a Solidariedade, a Paciência ... Eles nutrem e orientam nossa alma, nossa dimensão espiritual, e é através da vivência desses princípios, em nós mesmos e em nossas relações, que chegamos à felicidade pela qual tanto ansiamos. Afinal, nós somos seres espirituais, ainda que nessa “viagem” material.

Mas somos seres humanos, vivendo nossa materialidade ainda tão arraigada e tão primária em relação com seres também afetados pelo materialismo de nosso mundo. Somos seres de Personalidades diferenciadas por culturas diferentes, com histórias diferentes, com qualidades e defeitos de caráter diferentes... tendo em comum o poder de nosso Ego influenciado por crenças familiares, pela cultura de valores materiais, pela necessidade constante de competir, lutar, dominar para ter poder, sucesso, razão, “amor” e valorização.

Dentro de cada um de nós coexistem os Princípios Espirituais de nossa origem sagrada e nossa Personalidade, forjada no Ego. Como fica complicado! E complica mais quando estamos em grupo!  “Por Amor” na família, buscando convencer/dominar os outros  para o que acho ser melhor, ou em quaisquer outros grupos, nossa personalidade assume o comando de nós mesmos e nos vemos defendendo princípios espirituais mas usando armas do ego!!!

Precisamos estar sempre atentos e nos perguntando - o que quero: a razão/poder e o louvor do mundo ou a alegria e serenidade que me trazem a vivência dos princípios espirituais?    As personalidades egóicas brigam, lutam, estilhaçam nossos grupos; os princípios espirituais os nutrem e preservam.

Por isso, atenção! Se desejamos a união/preservação de nossos grupos/relações, precisamos colocar sempre – os princípios acima das personalidades!