Os Heróis
fazem parte do imaginário de todos nós. Desde que nascemos, vamos criando
nossos heróis em nossa imaginação e em nossa percepção física. São nossos
heróis aqueles que nos acolhem, nos cuidam, nos salvam... Nós os vestimos de
forma brilhante, poderosa, amorosa, quase mágica. Não têm falhas ou defeitos! Assim
nossa percepção na infância os vê. São nossos pais, avós, irmãos mais velhos ou
cuidadores... Até Papai Noel!
Mas o tempo, os limites da realidade humana, vão despojando-os
aos nossos olhos das vestes brilhantes e, ao chegar à adolescência e idade
adulta, ficamos zangados com nossos sonhos derrubados... Tornamo-nos críticos, muitas
vezes agressivos e até irritados com nossos heróis! Nossa arrogância de jovens
e fortes nos garante que seríamos melhores em nossos papéis.
E o tempo continuando, nos traz desafios, dificuldades... dores e aprendizados em nossos novos papéis! Então, vamos amadurecendo, entendendo e perdoando a “traição” dos nossos “heróis decaídos”. Com mais tempo ainda, iremos resgatando os aspectos verdadeiramente heroicos deles dentro das suas próprias dificuldades humanas, pessoais. Precisa-se de Tempo, de Paciência, com o processo da vida, das descobertas, em cada um...
No entanto, tristemente, nossa relação de amor/paixão com os Heróis
que escolhemos para a Vida adulta, para criarmos e darmos continuidade à
família, não teve, muitas vezes, esse tempo; não soubemos esperar!
Escolhemos parceiros movidos por sonhos e fantasias, pelas virtudes e poderes
super humanos que atendessem às nossas carências... E os Heróis/Heroínas não
conseguiram atender nossos sonhos... Ficamos todos decepcionados em nossas
expectativas infantis e reagimos como adolescentes zangados e magoados. Muitas
vezes, não quisemos ou não soubemos esperar para amadurecer, para aprender o
poder dos limites necessários na relação... Limites que nos dariam espaço para
aprender a Ser e Pertencer, para aprender a ver nossa humanidade e a do Outro, para
preservar a relação, para nos “desapaixonar” infantilmente, para nos perdoar,
para nos aceitar e finalmente para Amar.
O tempo que tivemos para amadurecer em nossas outras
relações familiares, na maioria das vezes, não nos demos nessa relação. Despojamo-nos, uns aos outros, das vestes
brilhantes, num processo cruel, de críticas, agressões maldosas e magoadas, que
“puxavam” o que de pior havia em cada um! Sem
a espera de Tempo para amadurecer, não tivemos chance! Nosso mundo
apressado e “fácil” nos ensinou a desistir e procurar novos Heróis... O desejo
de construirmos algo sólido, duradouro e amoroso, uma Família, para darmos
continuidade ao processo, viu-se truncado e feito em pedaços em novas ou várias
novas tentativas de felicidade... Com tanta pressa e “facilidades “ aprendemos
muito pouco e nos vemos colecionando e recolhendo as lembranças tristes de
nossos Heróis Despojados, de sonhos desfeitos.
Mas Vida
continua e ainda temos tempo de refletir sem amargura sobre o passado e,
mais maduros, olharmos nossos atuais parceiros dentro dessa nova perspectiva –
a realidade do que somos e o que podemos,
com Compreensão, Paciência, Compaixão e, finalmente, Amor!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Se preferir, envie também e-mail para mariatude@gmail.com
Obrigada por sua participação.