Minha casa está vazia...
Os mais velhos da
família, já partiram. Eles eram a base de nós todos, as raízes que se
entrelaçaram e nos criaram, tão diferentes, mas brotos das mesmas raízes, com
valores semelhantes, com a mesma capacidade de amar e cuidar. Mas eles já se
foram... Pais, tios, avós, primos, velhos amigos... Eles nos criaram, cuidaram,
acompanharam... Mas eles já se foram... Deixaram lembranças, carinho, valores,
exemplos e até a aceitação da perda dessas gerações mais velhas...
Mas agora foram-se os
mais novos! Um a um, eles se foram! Filhos, depois os netos... cresceram,
“casaram e mudaram”. Eles se foram... Como dói! Como agora posso entender a dor dos
mais velhos! A casa está vazia, com ruídos estranhos substituindo as vozes, os
risos, as discussões, os pequenos segredos murmurados, as reclamações das
pequenas doenças, dos pequenos desejos frustrados...
Em cada lugar ressoam
lembranças...Cozinhas congestionadas, banheiros desarrumados, quintal com
animais e bolas, colegas chegando e entrando sem cerimônia... Nos quartos, ainda ressoam vozes, risos e
choros das sempre tantas crianças, vozes de adolescentes contestadores, de
jovens descobrindo os desafios do mundo... Ressoam os gritos de agonia com/de
um jovem perdendo a luta e a vida para a doença das drogas e ecoa o susto, até
hoje horrorizado com a perda inesperada de um bebê e de um outro jovem tão sadio...
Mas também as alegrias de jovens vencedores na disputa por trabalho, vencedores
na luta pelo amor, encarando o desafio de saírem do ninho e forjarem seus
próprios destinos longe de nós...
Hoje, as
suas aventuras e passeios, contados em fotos e vídeos, nos chegam misturados às
nossas próprias lembranças com eles... Nas festas principais ainda nos reunimos
ou nos falamos, quase todos. Alguns moram muito longe, embora o amor nos mantenha
unidos; outros, parecem esquecer ou rejeitar o ninho. Criamos pessoas únicas,
que reagem de modo diferente à vida, mas certamente é um consolo saber que o
tempo e as lembranças irão trazê-los, todos, à essa casa da infância e dessas memórias
e dessa base amorosa vão retirar força e consolo nas lutas de suas Vidas .
Existem dias, momentos,
em que esse vazio parece nos sufocar, mas preciso me distrair e ocupar com o
momento, fazer-me sentir que valeu a pena e curtir, mesmo à distância e com
alegria, as vitórias da família, sem a sombra de nossos momentos de tristeza e
saudade. Preciso viver o presente, aceitar o processo da vida e ser um bom
exemplo para eles, quando no futuro tiverem que encarar suas próprias casas
vazias.
Te amo.
ResponderExcluirTe amo.
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