Cada dia tem
seu peso! Dias rotineiros, alegres ou
tristes, têm relativa leveza. Mas existem dias diferentes, fortemente marcantes,
marcados pela alegria que nos proporcionam ou chocantes pelo impacto inesperado
da dor com que nos abalam. Somos envolvidos pelos fatos e reagimos a eles sem
ter muito que pensar, na emoção do
momento. Mas, no dia seguinte, acordamos para uma outra realidade.. .
Depois da alegria da festa, restam silêncios,
corpos cansados, ressacados, tristezas e nostalgia. Lembranças recorrentes de
pequenos detalhes de ontem, até das vozes que faltaram, do que faltou... Foram
tantas emoções! Tantos encontros, reencontros... Tão pouco tempo para tantas
alegrias! No dia seguinte, restam vazios estranhos e
silentes... Eles parecem o rescaldo de incêndios afetivos. É dia de nostalgia,
de repouso suave para retomada das velhas rotinas, talvez já modificadas e até requerendo
novas direções...
E o dia das grandes e inesperadas
perdas? Dia que colocou um ponto final às lutas muito dolorosas, mas que não
aceitávamos que acabasse... Dia que foi confuso, de choque, do inesperado, de
incredulidade, de muita dor, dia de horror...
E, apesar disso tudo, dia que
foi, apenas, véspera de outro, porque a vida, insensível e generosa,
continua...
Esse dia seguinte também é de
silêncios, de assombros cheios de medo e desânimo para continuar. Despertamos
do curto alívio no refúgio do generoso sono, sem vontade de acordar,
acovardados com a realidade de ter que lembrar do ontem, sem aceitar ter que viver
essa nova realidade. Todo nosso ser está ressentido, agredido, massacrado... Somos
seres de energia e a véspera parece ter consumido toda essa energia!
Na verdade, o dia seguinte às
grandes emoções, de alegria ou de tristeza, marca o fim de um momento que
passou. Traz o silêncio amargo do que já foi, do que já é passado. Sentimos
tristeza e medo de virar qualquer página de nossas vidas... Mas, aos poucos, um
dia de cada vez, ainda zangados ou magoados, esvaziados pelo que já passou, mesmo
recalcitrantes, vamos aprendendo a seguir com as novas realidades, descobrindo
novas possibilidades nos dias e momentos seguintes.
É assim! Rindo
e chorando, seguindo, caminhando, compartilhando, nos transformando, resta-nos a
graça de viver!
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