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terça-feira, 22 de setembro de 2015

HUMILHAÇÕES


Sentimo-nos humilhados quando  nossa dignidade como seres humanos é agredida. Quando nossa igualdade humana é ignorada, desrespeitada. Quando somos subjugados pelas forças de um mundo tão competitivo – força física, força das armas, forças do poder, do saber...  Quando somos submetidos pela miséria, pela necessidade de sobrevivência, nossa e daqueles pelos quais somos responsáveis... Quando nos sentimos envergonhados pelos vexames que nos são impostos, sempre na tentativa de nos fazer parecer e sentir ridículos, fracos, frágeis, menos, menores...      Essas humilhações geram em nós muita raiva quando nos sentimos realmente impotentes! Depois, vem a tristeza, a mágoa, o ressentimento... Doem muito, persistem doendo, dificultando o perdão, a aceitação da impotência.

 Mas, essas atitudes, que nos ferem vêm de fora,  e nossos sentimentos são, também, uma reação para fora.  No entanto, nada nos humilha tanto como nos sentirmos cúmplices das humilhações que sofremos, das humilhações que, de alguma forma, foram “permitidas” por nós mesmos. É  quando descobrimos que éramos tolos orgulhosos, vaidosos, arrogantes, que desconheciam sua própria humanidade ,que desconheciam a força de suas fraquezas.

E nos submetemos por medo da dor física, por medo da rejeição, da não valorização, da não aceitação, do abandono, do desamor...  na família e no mundo!  A humilhação de fazermos o que não desejávamos fazer, de concordar quando queríamos negar, de mentir, de ser desonesto, mesmo  quando ansiávamos pela verdade...  A humilhação de abrir mão de valores, de crenças, de responsabilidades... não porque éramos impotentes perante o mundo, e sim, impotentes perante nossas fraquezas.

Por que nos submetemos tanto, tantas vezes? Por que fizemos isso conosco? Por que entregamos tanto poder aos outros em situações onde tínhamos opções? Essas lembranças nos humilham pelo que fizemos, pelo que não fizemos, por esse passado onde  nos permitimos  ser enganados, manipulados, usados, enganados, humilhados...  Nosso orgulho e vaidade, mesmo enrustidos ou ignorados, foram confrontados por nossas fraquezas, nossa covardia, por nossas carências e necessidades materiais e afetivas.  E, em nossas lembranças, nosso orgulho assim agredido volta a nos torturar com a humilhação e vergonha de não termos conseguido ser o que idealizávamos para nós mesmos.

Custamos a reconhecer nossa participação naquelas  situações e entender porque nos doem tanto. Doem sempre que eu reviver aqueles momentos.   Mas, como sempre, a saída é aprender com o passado e deixá-lo lá ficar... É aceitar, mesmo sem gostar, o que fui e o que não consegui ser...         Caminhando, olhando com carinho e honestidade para nós mesmos, podemos ter compreensão e compaixão de nossas fraquezas. Vamos transformando esse sentimento tão doloroso da humilhação em humildade para nos acolher, para aprender, para continuar... 

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