Sentimo-nos humilhados
quando nossa dignidade como seres
humanos é agredida. Quando nossa igualdade humana é ignorada, desrespeitada.
Quando somos subjugados pelas forças de um mundo tão competitivo – força
física, força das armas, forças do poder, do saber... Quando somos submetidos pela miséria, pela
necessidade de sobrevivência, nossa e daqueles pelos quais somos
responsáveis... Quando nos sentimos envergonhados pelos vexames que nos são
impostos, sempre na tentativa de nos fazer parecer e sentir ridículos, fracos,
frágeis, menos, menores... Essas humilhações geram em nós muita raiva quando
nos sentimos realmente impotentes! Depois, vem a tristeza, a mágoa, o
ressentimento... Doem muito, persistem doendo, dificultando o perdão, a
aceitação da impotência.
Mas, essas atitudes, que nos ferem vêm de fora,
e nossos sentimentos são, também, uma
reação para fora. No entanto, nada nos
humilha tanto como nos sentirmos cúmplices das humilhações que sofremos, das
humilhações que, de alguma forma, foram
“permitidas” por nós mesmos. É quando
descobrimos que éramos tolos orgulhosos, vaidosos, arrogantes, que desconheciam
sua própria humanidade ,que desconheciam a força de suas fraquezas.
E nos submetemos por medo da dor
física, por medo da rejeição, da não valorização, da não aceitação, do
abandono, do desamor... na família e no
mundo! A humilhação de fazermos o que
não desejávamos fazer, de concordar quando queríamos negar, de mentir, de ser
desonesto, mesmo quando ansiávamos pela
verdade... A humilhação de abrir mão de
valores, de crenças, de responsabilidades... não porque éramos impotentes
perante o mundo, e sim, impotentes perante nossas fraquezas.
Por que nos submetemos tanto, tantas
vezes? Por que fizemos isso conosco? Por que entregamos tanto poder aos outros
em situações onde tínhamos opções? Essas lembranças nos humilham pelo que
fizemos, pelo que não fizemos, por esse passado onde nos permitimos ser enganados, manipulados, usados, enganados,
humilhados... Nosso orgulho e vaidade,
mesmo enrustidos ou ignorados, foram confrontados por nossas fraquezas, nossa
covardia, por nossas carências e necessidades materiais e afetivas. E, em nossas lembranças, nosso orgulho assim
agredido volta a nos torturar com a humilhação e vergonha de não termos
conseguido ser o que idealizávamos para nós mesmos.
Custamos a reconhecer nossa
participação naquelas situações e entender
porque nos doem tanto. Doem sempre que eu reviver aqueles momentos. Mas, como sempre, a saída é aprender com o
passado e deixá-lo lá ficar... É aceitar, mesmo sem gostar, o que fui e o que
não consegui ser... Caminhando,
olhando com carinho e honestidade para nós mesmos, podemos ter compreensão e
compaixão de nossas fraquezas. Vamos transformando esse sentimento tão doloroso
da humilhação em humildade para nos acolher, para aprender, para continuar...
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