Por que um simples gostar (ou não) se transforma numa
paixão? Por que aquela pessoa? O que ela
personifica para mim naquele momento? Um ideal, uma fantasia, um sonho? O que
me encanta, e que talvez eu não tenha? Ousadia, desenvoltura, beleza, força,
inteligência, sucesso, generosidade, meiguice...?
O objeto de nossa paixão
naquele momento parece vir de encontro
às nossas carências afetivas de nos sentir importantes para alguém tão
especial, de ser importante! Parece vir ao encontro de nossos anseios
delirantes de aventura, de justiça, de valorização, de liberdade... Quando
encontramos esse alguém que “incorpora” nosso herói guerreiro e justiceiro, ou
injustiçado, perseguido, necessitado de nosso amor e apoio, esse alguém que
alimenta nossas carências, sonhos e fantasias – Pronto, nos apaixonamos! E
quanto mais perseguirem nossas paixões, mais nos apegamos a elas!
A força desmedida e distorcida
desse “amor” nos faz atropelar valores, crenças, responsabilidades, família... Dentro
dessa nuvem delirante, perdemos o equilíbrio, o bom senso, a capacidade de
“ver” e analisar pessoas e situações e poder fazer livremente nossas escolhas.
Só o tempo, que nos traz
experiência com fatos e verdades, desenganos e desilusões, pode ir retirando
aos poucos a “purpurina” das paixões, deixando-nos frente a frente com pessoas,
simples pessoas, com acertos e desacertos, com heroísmos e covardias. Apenas
pessoas!
Nesse processo do
desapaixonar, sofremos a perda das luzes e do calor delirante das paixões. Lutamos
contra a verdade que se impõe, acusamos duramente os objetos de nossa paixão (de heróis a anti heróis!), por não quererem
(ou conseguirem) permanecer no pedestal em que os colocamos. Mas não adianta!
Acordamos desse sonho, antes tão lindo!
Desapaixonamos. Agora,
sim, podemos iniciar o aprendizado de
Amar essas ou outras pessoas. Pessoas, simples pessoas...