Sobreviver e Viver

 

Nascemos num mundo material, aguerrido, de sobrevivência difícil. Nosso ego ali se formou, aliado ao Instinto, ainda tão animal, voltados ambos para nossa sobrevivência. Assim, fomos cuidados e educados pelos valores desse ego: lutar, conviver com eterna vigilância e medo, competir, comparar, jamais perder... Isso é sobreviver!

Mesmo em família, em meio às fortes emoções afetivas, essas crenças e experiências nos foram  passadas e as lutas se reproduzem: competições, ciúmes, medo de desamor, de menosprezo, controle... Necessitamos de amor, mas esse mundo do ego só nos oferece lutas – A “felicidade” só nos chega em breves momentos de ganhos, materiais ou não.

Viemos nessa caminhada de seres racionais, contudo ainda tão instintivos, atravessamos o terreno duro do ego, mas precisamos continuar, porque somos seres Espirituais! Ansiamos por uma felicidade mais intensa e duradoura, independente do mundo de lutas, de vencidos e vencedores. Embora o mundo ainda esteja em lutas e disputas, hoje já nos sentimos como indivíduos que precisam de algo mais do que só a sobrevivência física e dos ganhos tão rapidamente perecíveis do ego: poder, posse, sucesso...

Queremos Viver. Podemos fazer escolhas nesse novo caminho e nos responsabilizarmos por elas. Esse Poder é nosso, não mais do mundo. Queremos nutrir esta  dimensão, que pode nos levar à Felicidade, vivenciando os valores de nossa origem sagrada, a espiritual: justiça, compaixão, perdão,  solidariedade, verdade, liberdade interior...Hoje entendo que posso e devo cuidar de mim, dar atenção à minha humanidade, ainda tão fragilizada e confusa, para poder ser mais empática com as agonias do mundo....

São novas experiências, novas crenças, um novo olhar! É preciso paciência e perseverança, a cada dia, a cada novo desafio ao nosso velho ego. Mas vale a pena, pois esses ganhos não são perecíveis, independem do mundo. São eles que garantem leveza, alegria e felicidade  ao nosso caminhar. Isto é Viver!

SEGUINDO EM FRENTE ...

 

Essa é a lei da Vida! Seguir... Caminhar...  Não Parar...

É uma caminhada que se faz numa contínua instabilidade, com chuvas, tempestades, chuviscos, trovoadas, raios assustadores, que queimam mas nos iluminam, e com tempos de bonança e arco íris.

Nós, vivos, caminhando, seguindo em frente, algumas vezes curtindo, sorrindo, outras vezes chorando, tropeçando... mas seguindo!  Quando a dor chega mais forte, ficamos raivosos, revoltados, injustiçados, sem entender, querendo “negociar” com um Poder Maior, sem aceitar nossa impotência ante as borrascas que nos chegam do Mundo ( as perdas, os Outros, as doenças...) Essa luta quando não cessa nos faz cansados, desiludidos, magoados, fracos, desanimados e com o tempo, talvez conformados , resignados, finalmente aceitando o que não podemos modificar! Mas essa é uma aceitação morta, sem vida, uma calmaria,  sem ação.

É preciso buscarmos uma Aceitação  Construtiva, Transformadora de nós!  Com as lições do caminho já percorrido, evitando os erros e descaminhos do que achávamos que sabíamos ou podíamos, utilizando nossas novas e próprias descobertas, com força e orientação de nosso Poder Maior, adquirida e robustecida na perseverante e sofrida caminhada, iremos descobrindo as possibilidades de um novo caminhar, paciente, humilde, amoroso...mas construtivo, livre e criativo!

Assim, seguiremos sempre em frente...

INTOLERÂNCIA

 

É revelada por nossa dificuldade em lidar com as diferenças. Demonstra um apego rígido às crenças aprendidas, um olhar que busca sempre a “perfeição” estética do esperado, que traduz a vigilância com pequenas diferenças que possam trair nossa expectativa.

Intolerantes, tornamo-nos ferrenhos críticos negativos. Estamos quase sempre irritados, zangados, em nosso pequeno mundo, assim invadido pelas diferenças de fora. Olhamos esse mundo monocórdio, observando, julgando e condenando tudo que fuja às nossas crenças: pessoas, papéis, comportamentos, artes, ideias, sonhos, crenças alheias, religiosas, filosóficas, políticas...

Um olhar e um sentir assim fechados, sem abertura ou sorriso para a vida, geram uma energia pesada, para baixo, sem alegria... Geram também comportamentos de cobrança, sarcasmo, crítica desamorosa...

A insistência na busca desse nosso “mundo perfeito” nos isola , mesmo em nossas relações mais queridas, mantendo todos assim sob pressão, sem comunicação, “fugindo” uns dos outros.  A saída para um viver mais aberto e relaxado inclui uma atenção com nosso olhar...Ele está mais humano, generoso, entendendo nossas diversidades e as nossas escolhas? 

A tolerância às nossas diferenças em nossas relações é regulada pelo respeito ao espaço de cada um. Tolerância aos comportamentos invasivos e agressivos requerem limites claros e firmes, ainda que colocados com firmeza e gentileza.

MINHA PSICOSFERA

 

Como estou? Meu Corpo Físico respira na Atmosfera onde vivo. Hoje, já é uma atmosfera pesada, poluída pelos excessos das obras, das queimadas, de gazes estranhos, aos quais meu organismo vai tentando se adaptar...

Mas, há também minha dimensão psíquica ,que tenta se adequar aos desafios constantes de meus momentos. É uma dimensão complexa onde coexistem meus medos, minhas crenças mais antigas e ensinadas e as mais recentes trazidas por novas experiências. Ali residem meus Pensamentos, sempre atrelados às minhas Emoções. Ali estão gravados sonhos, decepções, ousadias, vitórias, alegrias... e as dores das perdas, em meu “corpo de dor”. Juntos eles formam nossa Psicosfera e comandam, carregam, direcionam nossa vida, trazem luz ou escuridão à nossos momentos.

Nosso Livre Arbítrio, nossa auto responsabilidade reside na atenção e cuidado com nossa Psicosfera, Ficamos aprisionados em eternas recordações de um passado que não volta, que já cumpriu sua parte em nossa história ou na angústia de um futuro não temos o poder de saber ?

        Nosso poder de Seres Sagrados está na escolha dos Pensamentos com que nutrimos essa dimensão. Nosso poder está nos pensamentos com que atualizamos nossas crenças, nosso saber, nosso crescimento pelas experiências, na escolha dos sentimentos que nos tornam mais felizes, no modo como encaramos cada novo desafio.

Imersos nessa “esfera” de nosso psiquismo, temos uma percepção diferenciada de fatos e pessoas e agimos, interagimos ou reagimos no mundo.

Fica a reflexão: Como estou? Onde escolho viver?  Como está a Psicosfera que mantenho para mim? É leve ou pesada? É revoltada, crítica, magoada... ou , com humildade e paciência, busco torná-la mais amorosa e feliz?