Como
crescemos e somos avaliados num mundo materialista, quantitativo, competitivo e
tecnológico, buscamos, mais e mais, acumular conhecimentos e técnicas. Somos
rotulados por graus, etiquetados como aprendizes, mestres, doutores nos vários
setores de nossa vida (religiosa, acadêmica, profissional...) Isso influencia
nossa personalidade, nossa vida social e reforça a hierarquia baseada não só no
dinheiro, aparência, poder e status, mas também em títulos acadêmicos,
técnicos, religiosos e intelectuais. Avaliamos pessoas e situações a partir de
nossa “altura “ e, por tudo isso, desenvolvemos, muitas vezes, um orgulho, uma Soberba Intelectual.
No entanto, não somos seres apenas
mentais. A extrema valorização, e sua busca constante, de nosso desenvolvimento
mental/intelectual acarreta possíveis distorções em nossos outros níveis,
principalmente no emocional, no caráter e em nossas relações.
Comparações,
competições desde a infância, escolas (e famílias) que apregoam e buscam formar
vencedores baseadas no saber intelectual, acabam por massacrar-nos
emocionalmente. Alimenta-se a soberba, a vaidade, a arrogância, em
desequilíbrio com nossos aspectos afetivos e de valores éticos, determinando
uma infantilidade emocional e uma subnutrição espiritual. Tudo isso esconde o
grande medo de falhar, a necessidade constante de se superar, e aos outros, a
angústia dessa eterna comparação onde não devo me deixar superar, a frieza e o distanciamento
dos “menos dotados”... Tudo que a soberba traz.
Esse mundo
tão intelectualizado, asséptico e técnico, onde somos os melhores, não nos faz
felizes em nossas relações afetivas com “seres humanos normais”. O orgulho nos
mantém distanciados dos outros, afastados do que somos e podemos como seres,
também, afetivos e espirituais. Ele nos blinda, isola e encarcera numa auto
imagem incompleta e distorcida, nos mantendo no auto engano.
Precisamos descer de nosso pedestal
intelectual e chegar ao “espírito” do que sabemos. Precisamos humanizar e
vivenciar o que aprendemos. Precisamos abrir espaços para sermos aprendizes na
dimensão dos sentimentos e da espiritualidade. Precisamos observar, descobrir e
valorizar os aspectos afetivos e a sabedoria dos mais simples...
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