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quinta-feira, 29 de junho de 2017

SOLIDÃO E LIBERDADE




            São sentimentos ligados àquilo que entendemos como nosso eterno dilema, a necessidade de SER ou ESTAR. Precisam ser excludentes? Podem ser excludentes? 

            Como seres únicos que somos, precisando descobrir e honrar o que somos e para isso ansiamos por Liberdade, pela volúpia de poder SER, do nosso jeito, com um estilo original... Simplesmente Ser!  Ansiamos por criar e administrar um “espaço” próprio, sem a preocupação constante de defendê-lo do Outro, do seu olhar e do seu julgamento, sem a agonia de sermos cobrados pelas suas expectativas a nosso respeito... Ansiamos pelo silêncio de respeito quando nos emocionamos, de forma única, com situações, com a natureza, com a música, com a proximidade com Deus...  Ansiamos pela Liberdade de fazer o que queremos, quando queremos, quanto queremos, como queremos, com quem queremos, ou mesmo nada fazermos... sem termos que nos preocupar com críticas, cobranças, ciúmes, palpites... Poder amar e desamar sem culpas, poder ficar ou sair, poder decidir - livremente...

 Mas, já se disse que “o momento da decisão é o momento maior da Solidão humana”! Estamos livres como queríamos e precisávamos, mas nos sentimos tão sós! Quanta falta nos faz o Outro, algum Outro! Quanta falta de podermos partilhar ideias, opiniões, momentos, emoções...  Quanta falta de quem nos acompanhe, que nos seja companhia, nos defenda, nos console, nos ouça... Falta de quem seja testemunha de nossos momentos, que esteja conosco quando rimos, quando choramos, quando celebramos vitórias, quando falhamos... Quanta falta de quem sinta a nossa falta, de quem nos valorize, de quem se importe, de quem nos ame e queira estar conosco...

Somos controversos ou apenas, maravilhosamente, complexos? Somos tudo isso! Temos necessidade da liberdade e nos sentimos faltos na solidão. Para atravessarmos e vencermos essa grande aventura da Vida, precisamos lidar com esse desafio constante – SER e ESTAR.  Não é uma alternativa radical, mas uma adição equilibrada. Precisamos curtir a nossa própria companhia, curtindo o estar só, resguardando nossa necessidade de Ser e precisamos valorizar, com cuidado, os momentos de encontro, de Estar com os Outros, evitando a solidão.     No Encontro que respeita a Liberdade de cada um, poderemos nos descobrir, nos enriquecer, nos aquecer...  Cabe a cada um de nós cuidar dessas nossas necessidades de seres sagrados tão complexos.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

SURTOS




          Surtos, picos, excessos, descontrole...  Quase sempre inesperados, nos “dando rasteira”, assombrando, desconcertando...  Surtos, algumas poucas vezes, positivos, são construtivos, nos empurram e nos fazem desenvolver, avançar... Mas surtos doentios, destrutivos, nos acometem quando nossa mente inferior se acopla e se deixa “cavalgar” de forma doentia por nossas emoções mais primitivas de medo. Elas, então, se retroalimentam: pensamento desgovernado, obcecado, gerando emoções que alimentam e geram, compulsivamente, mais pensamentos insanos... 

            Quando surtados, perdemos o controle de nossa mente racional. Ela foge com medo de um perigo, consciente ou inconsciente, criado por ela mesma. Desconfiados e assustados, passamos a ver em tudo sinais premonitórios de perigo. Ela nos faz prever e “viver” horríveis ataques, fracassos, perdas, em nós mesmos e em nossas relações. Ameaças de traições, abandonos, doenças, morte... A mente, então surtada, foge sem freio, sem ouvir qualquer lógica e nos impulsiona para o ciúme, para a paranoia, para a falência física e mental... Estamos em pânico! É o caos!  

            Estamos desconectados de nossa Mente Superior, de nossa Luz, e vagamos, desesperados, num escuro sem fim, soturno, muito ameaçador, com o medo infiltrado em nós. Tentamos, desesperadamente, reagir, mas o fazemos de modo irracional e compulsivo, querendo nos defender e nos livrar das terríveis ameaças criadas por nossa própria mente adoecida.  Sem saída, correndo em círculos, queremos sumir de nós mesmos, das situações, da vida! E nosso corpo, encharcado de adrenalina, se une a essa agonia nos liberando agressividade e tentamos, inutilmente, convencer os outros a entenderem ou a lutarem nossa luta!  O Sistema todo está em “curto”, surtado, e sofremos demais! Desesperados, tentamos distrair nossa mente ou anestesiá-la, sem resultados duradouros. 

Nossa Mente Racional Superior, mais livre, nos intui que estamos desgovernados e precisando de uma Ajuda Maior para desarmar essa corrente irracional que nos arrasta.  Rendemo-nos à realidade de que, tão fragilizados e confusos estamos, somente   nos entregando à proteção e à força de uma Luz Maior,  poderemos relaxar e começar a vencer o surto de pânico. Continuando, precisamos fazer a nossa parte e olhar dentro da nossa agonia; precisamos falar, escrever, desenhar... e compartilhar esse medo, para, cada vez mais, trazê-lo à luz, tirar-lhe poder.

Os surtos nos desmontam, dão uma rasteira em nosso orgulho, em nossa vaidade, em nossa arrogância, em nossa prepotência... Mas, ao buscarmos ajuda em Deus e em nossos semelhantes, compartilhando nossa humanidade, iniciamos o aprendizado de nós mesmos e da Humildade.

sábado, 17 de junho de 2017

SÓ NOTÍCIA BOA !




            Somos responsáveis por nosso mundo interior! Somos responsáveis pelo que pensamos, pelo que sentimos, pelo que nos impulsiona a agir! E somos responsáveis pelo que trazemos do mundo exterior para dentro de nós !

            Muito racionais e materiais, nos preocupamos em “nutrir” nosso corpo físico com produtos (nem sempre sadios, mas sempre prazerosos) que o mundo nos oferece e induz a consumir, mais e mais. Quando cuidamos mal de nosso corpo, ele se ressente e acaba por adoecer, não por azar ou injustiça, mas por não sabermos nos cuidar!  O mesmo acontece com nosso corpo emocional quando insistimos em viver sempre sob fortes tensões e emoções ou quando insistimos em remoer lembranças traumáticas e sentimentos “ruins”. 

            Mas nossa responsabilidade principal e original é pelos nossos Pensamentos, que geram em nós emoções, sentimentos e comportamentos.  Pensamentos são energia pura! Nascem da nossa energia e se espalham em nós e à nossa volta. Têm força – para o Bem e para o Mal. Da mesma forma, os pensamentos gerados no mundo chegam até nós através, principalmente, da comunicação falada, escrita, assistida e pelo “boca a boca”. Essas notícias comunicadas podem nos trazer “verdades” chocantes, boatos, “fofocas”, calúnias e nos convocar à luta, ao ódio. Podem trazer, também, boas palavras, que nos enternecem ou fazem rir, e nos chamam ao auxílio uns dos outros e da paz... Todas são notícias que chegam até nós e geram fortes reflexos em nossa mente. 

            Somos seres habitualmente distraídos de nós mesmos pelo mundo. Somos seres distraídos de nosso propósito maior na Vida: conhecer a nós mesmos, nos aceitar, nos transformar e florescer – para amar e ser feliz. As notícias, as informações, os chamados,. podem, além de nos distrair, também nos insuflar pensamentos, sentimentos e atitudes para o Bem ou para o Mal. Por isso temos que ter atenção com as notícias! O que estão nos comunicando? Como estão nos contagiando? Para o Bem ou para o Mal? Essas notícias estão gerando em nós reflexos de compaixão, alegria, compreensão, justiça, esperança... ou nos contaminam com medo, ódio, insegurança, desesperança...?      E as notícias que estamos levamos aos outros?

            Num mundo tão violento, disputado, agressivo, desonesto... é importante cuidar do que “ingerimos”. Não podemos nos desligar totalmente do que acontece à nossa volta, ficarmos alienados, mas podemos nos defender de mergulhos mais constantes e profundos no mal que nos rodeia. Podemos nos defender de noticiários tóxicos, maldosos, policialescos... Podemos tentar, a cada dia, resistir às disputas e ódios que eles vinculam e não sermos, nós mesmos, os portadores de notícias maldosas, que só trazem o que há de pior nas pessoas e tentam nos aliciar para o desamor.  Podemos nos negar a notícias e comentários que debocham da miséria humana, que alimentam vingança, que negam compaixão e respeito...  Toda essa lama mental certamente irá aderindo à nossa mente e nós adoecemos, perdendo energia e alegria de viver, da mesma forma que nosso corpo físico adoece quando nos alimentamos de podridão.

            “Só notícia boa!” É nossa responsabilidade buscarmos e compartilharmos só notícias boas. Elas nos alimentam do bom e do melhor em nosso mundo. Coisas boas e maravilhosas estão acontecendo em todo lugar, com pessoas como nós, ávidas do que é bom, felizes de compartilhar novas ideias, novas descobertas, de levar bom humor, alegria, solidariedade, compaixão, generosidade, honestidade... As boas notícias nos trazem sempre a esperança de tempos melhores! Elas só precisam que nós as escolhamos e as compartilhemos!  

domingo, 11 de junho de 2017

RENÚNCIAS II




            Nossas escolhas trazem consigo perdas e ganhos. Renúncias são a parte da escolha do que abrimos mão. Ainda que muito dolorosas, as renúncias representam uma “perda consentida”, uma perda escolhida. São forças maiores e poderosas aquelas que, dentro de nós, comandam nossas escolhas. Forças e valores sociais, tradicionais, religiosos, que pressionam nossa humanidade, nosso interior cheio de medos, inseguranças, vaidades, orgulhos... E desse embate surgem nossas escolhas – e nossas renúncias. 

            Escolhemos, em algum momento, renunciar a algo que entendíamos ser nosso dever, que amávamos, que desejávamos, que de alguma forma nos tornava mais felizes. Mas o fizemos por uma necessidade, por um ganho que se revelou ainda maior, ou melhor, para nós. Renunciamos para ter “ganhos”: materiais, sociais, amorosos, espirituais... Renunciamos por grandeza ou covardia, mas renunciamos por responsabilidade e escolha nossa.  É importante termos absolutamente claro para nós, que renunciar foi/é uma escolha nossa. As pressões que sofremos são muitas vezes terríveis, injustas, desumanas, mas não nos tiram a responsabilidade de nossas escolhas. Quando as razões da renúncia se tornam claras para nós, mesmo doendo, ela nos alimenta, porque entendemos que estamos recebendo, ou nos nutrindo, de algo maior do que aquilo que cedemos.


Muitas vezes carregamos o peso e a dor de renúncias, porque, acreditamos, tenham elas nos sido impostas pela sociedade, pelo destino, por Deus! Dessa forma, nos sentimos vítimas, ficamos magoados, ressentidos, amargos, com aqueles que nos “impuseram” aquela perda (pessoas, sociedade, a vida). E, eternamente, cobramos... Na verdade, algumas circunstâncias nos pressionaram ao extremo – pressões morais, sociais, de gênero, de raça... Pressões que nos fizeram pensar que não tínhamos escolha... Como abrir mão de sonhos, carreiras, oportunidades, riquezas, amores...? Como resistir à força, à injustiça, à maldade? Nossos medos, nossa fraqueza naquele momento, nossa humanidade, não nos deixaram muitas vezes enfrentar todo esse peso e acabamos por renunciar ao que achávamos certo. Mas, mesmo assim, mesmo muito difíceis, ao fazer nossas escolhas, a responsabilidade foi nossa e obtivemos algum tipo de “ganho”.


Quando revemos nossa história, podemos hoje ter uma nova leitura de nossas renúncias -  do que nos privamos e do que não quisemos (ou não conseguimos) nos privar. É importante entender e aceitar o que pudemos ou não pudemos fazer. Quando hoje me sentir pressionada entre o desejar e o dever, posso entender que uma renúncia amarga traz em contrapartida a doçura do que nos parece mais de acordo com nossos valores e amores.


 No entanto, convém nós atentarmos que a renúncia absolutamente constante, auto punitiva, forçada, rígida... aos nossos gostos e desejos, por um ideal de dever, sem a humildade de consultar nossas possibilidades, pode nos levar a uma “santidade” amarga, vaidosa, enganosa, que  cobra de todos uma escolha que foi nossa.... Talvez ainda não tenhamos grandeza suficiente para tanto.Renúncia é escolha. Não é apenas uma negação para nós, mas também uma abertura a novas possibilidades. Só nos exige Honestidade, Humildade e Coragem. 

domingo, 4 de junho de 2017

DEIXE IR ...




Deixe ir! É preciso respeitar a Vida, seu fluxo, seu movimento... Tudo chega, tudo passa e nos transforma... Ás vezes, parece retornar, mas já é sempre diferente, como as ondas batendo na praia, tão únicas, num movimento tão igual... Momentos bons, não queremos deixar ir embora! Tentamos parar o tempo, segurá-lo para nosso deleite, em fotos, filmes... Momentos ruins, parecem fixados em nossa memória, em agonias perpétuas. Mas o tempo, quaisquer que sejam suas marcas, não pára e precisamos seguir acompanhando seu movimento. 

Deixe ir! Não podemos ser prisioneiros do passado!  Deixe ir para o campo das lembranças tudo que já passou! As pessoas que tornaram nossos momentos mais doces, que trouxeram melhor significado à nossa vida e as que nos trouxeram medo, decepções, mágoas, amargor... Deixe ir! Elas, certamente, já cumpriram um papel em nosso destino, em nossos aprendizados. Uns, foram heróis, anjos, mocinhos/as, que nos acolheram, defenderam e amaram. Deixe ir até as boas lembranças deles para podermos, eventualmente, revisitá-las. Outros, foram os vilões, que nos ensinaram a nos defender dentro de um mundo real, tantas vezes muito cruel. Deixe ir as lembranças amargas. Que guardemos delas apenas o que aprendemos! Deixar ir o passado, é libertar os que fizeram parte dele e nos libertar da tentativa tola de parar o fluxo da vida com nossas fixações.

Deixe ir, também, e deixe voltar para o limbo, para o não real, as nossas especulações sobre um tempo que não chegou, sobre uma vida ainda não vivida, sobre dores e misérias irreais, que se tornam fantasmas em nossas mentes amedrontadas, adoecidas e aprisionadas... Solte-se da hipnose do futuro! Deixe ir...

Somos senhores no Agora! Senhores de um presente que podemos construir com alegria e respeito. Deixe ir pessoas sem afeto, sem os nossos valores, pessoas de quem guardamos mágoa, más recordações... Deixe-os ir, liberte-se deles, do peso de carregá-los no coração... Deixe ir as pessoas que mais ama, se elas quiserem ir... Deixe ir os sonhos de apego e controle sobre quem se ama, para não sufocá-los, para não “perdê-los”...  Deixe ir a necessidade de disputar, de vencer, de saber mais, de ser mais, de ter mais... Deixe ir esses comandos do ego, que nos cansam e não nos fazem felizes... Deixe ir pensamentos recorrentes que nos trazem ódio, mágoa, ansiedade, inveja, raiva... ao coração. Solte-se deles...

É simples!  Deixe de lado tudo que nos traz amargura – pessoas, fatos, lembranças, pensamentos, crenças, sentimentos... Solte-se deles, com paciência, firmeza, perseverança...E escolha, a cada momento, o que nos traz alegria e nos enriquece.    Se não começar a funcionar, é porque nosso orgulho e nossa vaidade não estão nos deixando aceitar e perseverar!