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sábado, 10 de novembro de 2018

MISSÕES




             Com o passar do tempo, vamos acreditando que temos “missões” a cumprir. Na adolescência, vamos desbravar e consertar o mundo... Na idade adulta vamos constituir família, criar filhos, trabalhar, construir no mundo...  Nosso foco está lá fora...  Alguns  têm como meta principal crescer profissionalmente em busca de valores mais materiais como dinheiro, status, sucesso...  Mais velhos, entendemos que não iremos “salvar” o mundo, mas continuamos com o foco fora, querendo agora salvar, modificar e direcionar as pessoas, principalmente as mais próximas, as que mais amamos. Empenhamos toda nossa energia, em dias e pensamentos, para desempenhar com afinco  essas nossas  “missões” .

              Quando nossas missões estarão finalmente cumpridas?  Quando nos aposentarmos? Quando ficarmos ricos ou nos tornarmos importantes? Quando os filhos crescerem e saírem de casa? Quando os amores se forem? E depois? Quando uma “missão” se encerra, nossa vida também se encerra?   Na verdade estamos apenas ultrapassando etapas às quais nos obrigamos ou escolhemos.  Precisamos, então, mudar o “curso” de nossa vida, adaptá-lo e continuar...

               O trabalho profissional vai diminuindo, porque nosso corpo vai, aos poucos, se esgotando e a corrida pelo ouro e sucesso vai revelando-se cansativa e vazia...  Para os filhos adultos seremos sempre pais amorosos, mas agora apenas “órgãos consultivos” ( e só quando consultados), um porto seguro e disponível em emergências (afetivas ou não), eternos amigos e companheiros... Com amantes e companheiros, a paixão, o afã de possuir e dirigir o outro, desengana-se, e sem abandonar a missão de ser companheiro, vamos transformando-a em respeito amoroso pela individualidade do outro, aos poucos conhecida e reconhecida...

                Essas etapas, quando as reconhecemos como “missões cumpridas” no mundo, trazem um toque meio amargo e nostálgico às nossas vidas, mas também nos dão a oportunidade nos tornarmos mais flexíveis para mudar e, principalmente, nos sinalizam com a necessidade de mudarmos o foco de nossa atenção para, finalmente, cuidarmos de nossa verdadeira “Missão”:  Descobrir , conhecer, reconhecer, quem somos:  as nossas possibilidades, nossos talentos, esquecidos ou ignorados, que precisam ser aprimorados   e as  nossas emoções escondidas, nossos traços defeituosos de caráter, que tanto nos atrasam e tanto precisam ser reconhecidos, para serem transformados...
                Essa é a nossa principal Missão de seres em evolução e transformação. É a Missão mais importante! É aquela que, afinal, jamais se esgota, se encerra! Ela é eterna como nós, aqui e em qualquer tempo ou dimensão.

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