Nossa Humanidade está doente. Sempre esteve? Ou vivemos um
momento delicado e doloroso de maior afloramento do mal, dos desequilíbrios e das
mazelas humanas. Assistimos com horror nosso mundo! É como se o mal crescesse e se disseminasse
por toda parte, como uma infecção que se alastrasse ou um tumor que cresceu demais e agora precisasse ser drenado,
expurgado. Assustados, temos muito medo desse dreno que se faz necessário para
que possamos evoluir como pessoas, como
nações, como espécie.
Recursos nos são dados para as mudanças, mas pouco
aproveitamos. Queremos a cura do mundo, esquecendo que fazemos parte dele, que
precisamos nos curar. Revezes na vida acontecem, por uma Diretiva Maior ou por
nossas escolhas, mas não entendemos que podem ser remédios para nossa cura, e
nos revoltamos! Não entendemos a doença física como último estágio da
necessidade de mudar. Não ouvimos nossas dores, também, como um alerta e um chamado. Olhando para fora, para os outros, apenas
julgamos as suas doenças físicas, suas doenças de comportamento, suas doenças
da alma, acusando-os ou nos condoendo deles, mas de preferência de longe, nos
resguardando em nossos “mundinhos” porque, quando chegamos bem perto da miséria
física ou moral é terrível! Ela é suja, feia, cheira mal, e sentimos medo de
nos contaminarmos física ou moralmente. Queremos ajudar de longe, queremos que
alguém, ou Alguém, tome providências, queremos fugir da verdade de tanta
miséria e dor em nosso mundo. E nos
revoltamos, choramos, até nos culpamos...
Talvez porque, na verdade, o Outro, qualquer outro, em qualquer lugar,
serve de espelho para nossa própria humanidade com suas dores e agonias.
Como tudo que vive, estamos todos em processo. A Cura está
acontecendo também nesse processo, às vezes, muito doloroso e muito mais lento
do que desejávamos. Parece que o mundo está parado ou até em retrocesso, mas,
acredito, estamos a caminho do melhor. A
Cura de nossa Humanidade, segue em seu próprio tempo e depende do tempo de cada um de nós.
Não posso curar a doença dos
falsos, dos maus, os bandidos, os alienados, os drogados, os corruptos...Não
posso curar a raiva dos injustiçados, a tristeza dos depressivos, a agonia dos
desesperançados... Só posso observar e ir curando tudo isso que, em qualquer
grau, existe em mim. Somos
convalescentes em graus diferentes, mas jamais terminais, sem solução.
Precisamos de Sensibilidade Amorosa para acolher as mazelas
dos Outros, de Humildade e Aceitação para enxergarmos as nossas próprias, de Paciência
e Perseverança em nosso próprio “tratamento” e de Fé, a certeza, de que a Cura
Maior nos aguarda.