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sábado, 5 de janeiro de 2019

EM PROCESSO



         Antes eu era como uma simples folha ao léu, aos caprichos do vento, que soprava inconstante à minha volta.  Ora me deliciava com as alegrias que ele me trazia, ora me assustava quando ele me empurrava para mudanças no meu caminho, no meu destino...  E eu, sem noção, sem “prestar atenção”, sem observar de onde vinha, ou mesmo quem o soprava, sorria ou chorava, inconsciente, inconsequente, ao sabor desse vento forasteiro!

          Depois de muitas cirandas e rodopios, muito mais tarde, e um pouco mais desperta, comecei a entender que alguns ventos nos chegam por determinação de um Poder Superior pleno de Sabedoria e Amor e com eles somos, então, convocados a crescer. Mas outros ventos são soprados e movimentados, não pelos outros, como eu pensava, mas sim por nossas escolhas. Escolhas, ainda em grande parte feitas de modo inconsciente, originadas das minhas crenças, dos meus condicionamentos aprendidos, das minhas características pessoais, das minhas “ necessidades” afetivas.

            Chamada a me conhecer, cada vez com maior intimidade comigo mesma, vou podendo observar e separar, nos fatos de minha história, aqueles que foram  minhas escolhas. Mergulho, cada vez mais fundo reconhecendo motivações, atitudes, carências...  Fui descobrindo  as emoções poderosas que me dominaram ( medo, raiva, vergonha, vaidade, soberba...  ) Elas desencadearam atitudes nocivas para mim, pela agoniada necessidade de amor e valorização  e foram muito destrutivas em minhas relações mais queridas, por covardia, irresponsabilidade, culpas, desculpas, revides...

          Tão poderosa é a força dessas minhas questões íntimas que, mesmo descobrindo-as, elas ainda me fazem, muitas vezes, repetir e repetir atitudes com origem nesses meus medos, carências e dependências.  Vou entendendo e corrigindo o racional, mas o emocional é muito mais lento, persistente...  Vou descobrindo o quanto “sentimento ilhado, ignorado, amordaçado, volta a incomodar”, mesmo quando já lhe dei relativa visibilidade e voz!
          Às vezes, isso me assusta, me irrita, me envergonha, me indigna... mas procuro entender que somente com paciência e aceitação de mim mesma, me perdoando do que ainda sou e do que fui no passado, sem desistir de me libertar e melhorar, poderei me suprir do amor e da valorização que tanto buscava fora de mim, nutrindo minha auto imagem, podendo então compartilhar o meu melhor . Afinal, estamos em processo...

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