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sábado, 6 de abril de 2019

A AGONIA DA ESPERA



       Esperar sem ocupar o corpo ou distrair a mente no momento presente, é se deixar consumir por pura agonia.  Sentimo-nos acorrentados, hipnotizados, pela ideia de algo que ainda está no futuro desconhecido. Agonia de algo que desejamos muito ou que tememos muito, e que está no momento fora de nosso alcance, fora de nosso poder de atuar.
       Mesmo quando a espera é por algo muito bom e desejado, ficamos em grande tensão: Será tudo, afinal, como ansiamos? Que agonia essa alegria que ainda tarda! E o medo de nos frustrarmos, de que algo saia errado e corte nosso sonho! A espera dos filhos, viagens ou férias programadas, ganhos prometidos...
       As esperas mais difíceis são as que nos ameaçam com perdas e dores ou de posicionamentos e atitudes: Diagnósticos “ruins”, cirurgias graves, dias marcados para despedidas, espera de decisões que independem de nossa vontade, espera do dia de darmos nossas decisões, decisões dolorosas... Elas marcam, também, nossa impotência ante o futuro, ante a vida ou a morte de quem amamos.. A agonia da espera pela volta, ou não, de um filho “perdido na noite”, pela volta de um companheiro que se afasta, pela volta de alguém amado desaparecido...
        Nossa mente viaja em círculos, nos aprisiona em possibilidades que nos agoniam e não nos saciam. É tão agoniante que as “salas de espera”, de qualquer tipo de espera, utilizam revistas, televisões... que nos distraiam do stress dessa “espera”.
        Esperar sem agonia demanda exercício de ocupar-se: ocupar a mente e o corpo com o momento presente. É o exercício de ir desligando-se a cada instante da espera futura (boa ou má) até que se torne presente. Só assim estaremos, então, mais tranquilos e serenos para desfrutar o que a vida nos trouxer de bom ou prontos para encarar novos desafios. 

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