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domingo, 26 de maio de 2019

É TÃO DIFÍCIL DIZER NÃO !




       Em nossas relações no mundo, somos assediados ( e assediamos) todo o tempo com pedidos de todo tipo. Precisamos muitas vezes dizer Não,  negar. E como isso nos parece difícil!
       Quando digo NÃO a qualquer pessoa tenho medo de não ser “legal”, de não ser bondoso, de não ser amigo, participante, parceiro, salvador, ingrato... E eu queria tanto a aprovação dos outros; queria a admiração e o reconhecimento de todos. Então, como fica difícil dizer NÃO!
       E dizer NÃO a quem amamos? Enfrentar a frustração, a raiva,a mágoa, dos que nos são tão queridos? Não importa a idade, negar qualquer coisa a quem amamos, nos faz também defrontar com o medo da rejeição, da incompreensão... e  culpa por suas expectativas, decepções e dores!  Mesmo quando os pedidos são abusivos, insistentes, desrespeitosos, temos imensa dificuldade para negar. “Quando digo não me sinto cupado!”   Aprendemos que “por amor” vale tudo, pode tudo, devemos tudo... Acreditamos que somos responsáveis pelas alegrias e felicidade dos outros (pequenos ou adultos) e, para tanto, devemos atender suas vontades, necessidades e até seus caprichos.
        Quando, finalmente, amadurecemos e entendemos que somos responsáveis, antes de mais nada, por nós mesmos, começamos a vetar os abusos dos mal acostumados. Entendemos, também, que não devemos ser cúmplices e eternas muletas das inseguranças e acomodações dos outros. Precisamos “desplugar”, negar, para deixá-los viver suas vidas, enfrentar e aprender com seus desafios e vazios, resolver seus próprios impasses... Entendemos, mas ainda assim é tão difícil!
        É difícil porque está na contra mão do que aprendemos; porque não queremos assistir suas dificuldades e dores para resolver suas questões e porque ainda precisamos que precisem de nós para aquietar nossas próprias dependências, carências e inseguranças! Por isso é tão difícil!  E o Outro, para piorar, pede, insiste e insiste, percebendo  e pressentindo nossa dificuldade e fraqueza.
        É uma luta, mas é uma boa luta. Luta que, quando feita com honestidade, com assertividade, com respeito a todos, sem culpa (quase!?) nos liberta uns dos outros, resguardando e protegendo, no entanto, o respeito por nós mesmos e pelo Outro e o amor que nos une.




domingo, 19 de maio de 2019

APRISIONADOS NA MENTE



        Quando o medo nos ronda e nos aprisiona em pensamentos recorrentes de possíveis males e perdas futuros... Quando o medo pelas possíveis dores daqueles que amamos nos aperta o coração e somos tomados por flashes de desgraças... Quando a vergonha revive em lembranças insistentes das falhas que tivemos, das dores que causamos e quando a culpa nos chicoteia sem descanso... Quando a mágoa é revivida em eterno ressentimento...
       Quando os desafios do presente nos parecem sem solução e  se repetem continuamente em nossa mente, exigindo soluções que não conseguimos entrever... Quando nos defrontamos com a impossibilidade de modificar o destino e salvar aqueles que mais amamos, mas ainda assim, acreditamos que temos o dever de resolver seus impasses...        Quando tentamos e tentamos e lutamos com nossas próprias fraquezas e ainda falhamos... É porque andamos em círculos, prisioneiros de nossa mente repetitiva, de suas crenças irreais, punitivas. É porque nosso ego, nossa mente sem freios só entende de cobrança, só nos exige...
        O futuro que ainda não é, o passado que já se foi, nossas impossibilidades no momento, criam força e, quando recorrentes, repetitivas, nos esgotam, quase nos alucinam.  Ficamos mental, emocional e fisicamente esgotados. Perdemos a graça de viver, aprisionados em uma angústia sem escape... Perdemos a força, a pressão interior, que pode nos fazer prosseguir. Cansaço, depressão... Ficamos à  deriva na vida, perdemos o comando de nossa mente, de nós mesmos.
         Quando isso acontece, me resta aceitar minha impotência ante minha mente desgovernada nesse  meu momento. Só uma instância superior à mente e ao ego, poderá me trazer a força perdida, só ela poderá acolher meu medo, meu desespero, minha agonia... É a instância Espiritual. Afinal, acima das dimensões física, emocional e mental existe a dimensão espiritual!
           Entrego-me, então, a um Poder Superior de pura Sabedoria e Amor que existe nessa dimensão. Com a humildade e aceitação trazidas pela dor, com a insistência de quem quer libertar-se, mantenho contacto, busco uma doce sintonia através da oração, e  Entrego-me a Deus! Faço a outra parte, também, olhando e ocupando-me com todo um mundo vivo e sagrado que está acontecendo à minha volta. Ante a persistência na Entrega e na Ação, a prisão vai- se rompendo e vou redescobrindo a liberdade de Viver.  


domingo, 12 de maio de 2019

O QUE SE PASSA CONTIGO ?




        O que se passa contigo, atrás de teu sorriso ou de tua seriedade? A máscara que te defende e t esconde nos mantém tão afastados! Queria saber o que se passa em tua mente e teu coração, que tanto escondes...
        Vejo-te, às vezes, tão tenso, contido, mas sempre afirmando que está “tudo bem”. Sinto que escondes teus medos – pelos que amas, pelo teu desempenho profissional, pela tua saúde, pela tua vida... Medo das perdas que ainda precisas enfrentar. Medo do tempo que não pára e te fará perder o viço da mocidade, que te rouba a infância dos filhos, que envelhece teus pais... Medo de “ver” o medo de teus filhos, medo de não saber como estão eles sob suas máscaras.
        Escondes, também, tuas dores  pelas perdas e derrotas já sofridas... As tuas dores de sonhos não concretizados, dores pelas lembranças de separações, desilusões, abandonos...  dores pelas mortes das pessoas mais especiais e queridas...  
        Tanto de ti escondido sob as máscaras que usas para enfrentar teus desafios, mas que te negam aos que te amam e até a ti mesmo. Só, às vezes, deixas entrever um pouco de ti, em momentos de descontrole, quando os sentimentos transbordam para alívio de tanta pressão.
         Eu queria saber tudo de ti, porque tinha a pretensão de poder salvar-te do sofrer! Queria estar mais próxima, sem barreiras, sem minhas próprias máscaras, mas entendo que ainda não conseguimos...  O que posso, e tento, é me olhar com honestidade e, com coragem, ir revelando-me, aos poucos, a ti, de forma espontânea, “peito aberto”, sem cobranças, sem expectativas, apenas com o desejo de estar mais “juntinho” de ti !