Quando o
medo nos ronda e nos aprisiona em pensamentos recorrentes de possíveis males e
perdas futuros... Quando o medo pelas possíveis dores daqueles que amamos nos
aperta o coração e somos tomados por flashes de desgraças... Quando a vergonha
revive em lembranças insistentes das falhas que tivemos, das dores que causamos
e quando a culpa nos chicoteia sem descanso... Quando a mágoa é revivida em
eterno ressentimento...
Quando os
desafios do presente nos parecem sem solução e
se repetem continuamente em nossa mente, exigindo soluções que não
conseguimos entrever... Quando nos defrontamos com a impossibilidade de
modificar o destino e salvar aqueles que mais amamos, mas ainda assim,
acreditamos que temos o dever de resolver seus impasses... Quando tentamos e
tentamos e lutamos com nossas próprias fraquezas e ainda falhamos... É porque
andamos em círculos, prisioneiros de nossa mente repetitiva, de suas crenças
irreais, punitivas. É porque nosso ego, nossa mente sem freios só entende de cobrança,
só nos exige...
O futuro que ainda não é, o passado que
já se foi, nossas impossibilidades no momento, criam força e, quando
recorrentes, repetitivas, nos esgotam, quase nos alucinam. Ficamos mental, emocional e fisicamente
esgotados. Perdemos a graça de viver, aprisionados em uma angústia sem escape...
Perdemos a força, a pressão interior, que pode nos fazer prosseguir. Cansaço,
depressão... Ficamos à deriva na vida,
perdemos o comando de nossa mente, de nós mesmos.
Quando isso acontece, me resta aceitar
minha impotência ante minha mente desgovernada nesse meu momento. Só uma instância superior à
mente e ao ego, poderá me trazer a força perdida, só ela poderá acolher meu
medo, meu desespero, minha agonia... É a instância Espiritual. Afinal,
acima das dimensões física, emocional e mental existe a dimensão espiritual!
Entrego-me, então, a um Poder Superior de pura
Sabedoria e Amor que existe nessa dimensão. Com a humildade e aceitação trazidas
pela dor, com a insistência de quem quer libertar-se, mantenho contacto, busco
uma doce sintonia através da oração, e Entrego-me a Deus! Faço a outra parte, também,
olhando e ocupando-me com todo um mundo vivo e sagrado que está acontecendo à minha
volta. Ante a persistência na Entrega e na Ação, a prisão vai- se rompendo e vou
redescobrindo a liberdade de Viver.
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