Trazemos caraterísticas e
tendências, boas e más, quando nascemos. E crescemos ouvindo sempre e absorvendo
“verdades” que se tornaram crenças. Eram constantes elogios à beleza maior, à nossa
raça, nossa cultura, religião, nome de família, ideologias... Isso alimentou o orgulho,
a vaidade e a satisfação de nos acharmos os melhores, mais “certos”, mais
orientados, mais estudados, mais generosos, mais “legais”, mais merecedores e
superiores, enfim! Tudo isso encontrando um eco maior ou menor em nós, conforme
nossas tendências naturais.
Essa “certeza” nos fechou, bloqueou, cegou,
a qualquer outro saber ou sentir que não o nosso! Ficamos prisioneiros de nós
mesmos, de tudo a mais que acreditamos que somos e podemos. Tornamo-nos um vaso
lacrado e isolado do resto desse mundo “pobre e burro”, que nós menosprezamos
(mesmo quando os amamos) e que acreditamos ter a obrigação de orientar e
conduzir.
Acreditamos ser “ o orientador” em nosso
pedaço e, se preciso for, vamos entrar e lutar pelo “nosso grupo”; grupo dos
que nos seguem, dos que nos aceitarem e nos seguirem nas orientações ou no
comando. Não podemos aceitar qualquer liderança diferente da nossa! Não aceitamos
a ideia de liderar abrindo espaço para ideias novas e liberdade para segui-las,
ou não. Quem não reconhece ou aceita nossa superior orientação não está do nosso
lado, escolheu o outro lado!
Soberbo e vaidoso, tenho
meu próprio mundo interior estreito, sem muitas opções, porque não me permito
ver, olhar, ouvir... Nego, julgo e condeno coisas e pessoas novas,
diferentes.... Invalido todos que não concordaram comigo, rejeito todos que
pensaram diferente do meu saber... Desconfio, desprezo e me contraponho a
qualquer outra liderança que se apresente pela Verdade e pela Liberdade de
escolha... Torno-me facilmente manipulável
na medida que inflam minha vaidade ou que se submetem a mim. Posso ser bom, amoroso, gentil e generoso, aos
que forem leais a mim, mas me afasto e desprezo os “dissidentes”. Quando
resolvo lutar, teimosamente me lanço à luta, à resistência, para fazer valer o
que “sei” que é o melhor para os outros.
Mas meu mundo interior é confuso. Minha natureza
amorosa e sagrada grita por igualdade, parceria, liberdade, contudo minha mente
distorcida pelo orgulho e vaidade é hegemônica e não admite parcerias com
igualdade.... Quando todos os seguidores
ou as pessoas que mais amo se cansarem do papel igualmente lacrado de
submissão, quando começarem a entender e querer a liberdade de serem e pensarem
diferente, eu me sentirei sozinho, porque não consigo aceitar sermos iguais em
nossas diferenças.
A vaidade é minha cegueira e prisão!
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