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domingo, 24 de abril de 2022

HOSTILIDADE IV

 


É uma sensação de  mal querer, de desamor, que em alguns momentos nos faz sentir hostis com o Mundo, com os outros e até com pessoas que muito amamos.

            Com estranhos, a hostilidade está quase sempre presa a nossos preconceitos ou a alguma experiência difícil e dolorosa de medo e desconfiança... Então, a priori, consideramos o Outro antipático, falso, perigoso... e nos fechamos e defendemos com hostilidade,

            Nas relações mais próximas, principalmente no casamento, a hostilidade nasce ou vai-se instalando com um misto de não aceitação, após decepções, frustrações... Esperávamos mais afeto, respeito, de amantes, dos pais, dos filhos, amigos! O abuso ( mesmo quando consentido por nós mesmos), as expectativas frustradas, as mágoas, criam um campo defensivo hostil entre nós. Passamos a esperar o pior do outro, ficamos sempre desconfiados, em alerta, entendendo tudo de forma errada (ou não entendendo), irritados, com nossos conceitos de experiências passadas à “flor da pele”. Vemos uma segunda intenção em tudo!  Agimos então de forma irritadiça, Impaciente, velada ou não, mas sempre presente na relação.  Parecemos até calmos, mas prontos para revidar qualquer forma de ataque que se revele mais explícita. Distantes, alertas e hostis!

Em nossas relações humanas, próximas ou não, assim como nos tornamos hostis ao Outro, pelos mesmos motivos sofremos a hostilidade dos outros conosco!

A hostilidade nasce e se cria na dificuldade de abertura no coração e na dificuldade de comunicação. Tudo é reação ao que é subentendido. Nada é dito explicitamente, honestamente: só silêncios de abandono, implicâncias disfarçadas e negadas, irritação constante, mal humor, Impaciência... As relações ficam envenenadas nessa luta velada, nessa “guerra fria”, num jogo de xadrez meio empatado, onde afinal todos nos perdemos uns dos outros! Perdemos oportunidades, vida, amores... e ganhamos solidão e tanta dor!

Não posso entender totalmente, nem modificar, a hostilidade do outro! Posso apenas procurar entender minhas próprias dificuldades, respeitando-me em meu próprio espaço.  Posso também não reagir com a mesma hostilidade do outro, nem me fixar nesse jogo maldoso e tentar ir abrindo meu coração dentro da relação. Depondo armas e transpondo distâncias posso resgatar ou descobrir as delícias de um Encontro ou um Reencontro.


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