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sexta-feira, 24 de maio de 2024

TEMPESTADES E RECOMEÇOS

 


Passamos a maior parte de nossas vidas como folhas soltas , à deriva, inconscientes, buscando as alegrias que o Mundo nos promete na imaginação...

Em algum momento, no entanto, somos colhidos por tempestades! São tempestades que nos derrubam, nos arrastam, nos gritam e nos fazem gritar... Conhecemos, então, dores desconhecidas, desilusões que nos despedaçam os sonhos, as “certezas”, o nosso chão, o nosso mundo!   Parece que nada mais faz sentido: por que? Para que? Como pode tudo acontecer? Parece que a Vida nos sacodiu de nosso sonho infantil, de nosso passeio, de nosso caminhar inocente ao vento...  Somos despertados, sacudidos, chamados para outros níveis e para outras descobertas em nossas relações com Deus, com outros seres humanos (tão humanos), conosco mesmos...

Iremos, então, descobrindo, muito mais próximo, um Deus Amoroso que nos acolhe e nos fortalece; descobrindo o que há de pior e mesquinho/egoísta no ser humano cego pela materialidade e descobrindo a sensibilidade/generosidade amorosa de amigos também humanos...Vamos descobrindo a força sagrada de nossa origem divina! As tempestades têm esse poder de nos sacudir e despertar...

Depois das Tempestades vem a Bonança, glorificante e merecida! São momentos de refazimento de nossas forças; é um tempo para apagar velhas mágoas, ilusões... É como fazer uma operação de rescaldo no passado que passou para seguirmos adiante num eterno recomeço...

Acredito que as tempestades pelas quais passamos – mortes ou separações, seja em nossas relações mais íntimas e familiares como casamentos, amizades ou com as perdas materiais com as incertezas da natureza,  elas têm o duro e bom propósito de nos sacudir e despertar para recomeços, mas que não sejam eles meras repetições infantis, sem aprendizado, sem auto responsabilizarmo-nos pela parte que nos coube na possível prevenção ou condução das tormentas, afetivas ou não.  

            As tempestades continuarão a se apresentar de diferentes formas em nosso caminhar, mas os recomeços nos exigem contínuos e continuados ressignificados – de Deus, das pessoas, de nós mesmos!




domingo, 12 de maio de 2024

QUANDO AMAR É DEIXAR PARTIR...



Para as Mães (e pais), é esse o maior desafio, o maior sacrifício, a maior dor, o maior ato de amor. É devolver ao mundo difícil e cruel a criatura que você mais ama, que você desde o inicio cuida, defende, ensina... É, finalmente, ir entendendo que seu papel mudou, criou novas nuances ...mas sempre com o mesmo incomensurável Amor!

Na verdade é um processo que se iniciou desde que aquele filho se anunciou. O medo que algo estivesse “errado”, que algo ameaçasse aquela cria de amor... Não o conhecíamos, mas já o amávamos, já intuíamos que nosso papel era amar, cuidar, defender... Esse amor nos levou a um apego intenso, apesar de sabermos que estávamos num mundo de passagem, onde tudo é tão transitório!

Nosso Amor era intenso e para sempre, mas nosso papel na vida do filho era mutante, porque ele também estava em constante mudança. Ele crescia para a Vida, para suas próprias escolhas, por vezes tão diferentes das nossas, dos nossos cuidados... Eles precisavam sair do nosso colo, se arriscar, desafiar, cair, se magoar, aprender, crescer... Para isso um Poder Maior de pura sabedoria amorosa nos havia criado. Meu Deus, como é difícil, doído, aceitar essa distância que se faz necessária.

Quando insistimos em, “por amor”, querer controlar,  facilitar, orientar seus novos desafios (casamentos, educação de filhos, empregos...), sem que sequer fosse solicitado o conselho, nós os infantilizamos ou sufocamos. Noutras vezes nós os afastamos, deixando em nós saudade e tristeza e neles, libertação com culpa!

É muito difícil entender e aceitar nosso papel de Mãe ao longo dessa caminhada com os filhos. Amar libertando cada vez mais, ter disponibilidade  para ele a qualquer tempo e ter Respeito a esse Ser que não é nosso, que apenas Deus nos confiou nessa passagem...   É um Amor  muito complicado para as mães e precisamos de perdão para as vezes que nos confundimos e falhamos! 


quinta-feira, 2 de maio de 2024

AUTOENGANO


 

Nossa “inocência” e desconhecimento de nós mesmos, nos levam, ante os desafios da Vida, a nos defendermos com máscaras que acabam por nos esconder de nós mesmos, a viver e conviver num auto engano.

Os desafios que enfrentamos nos assustam e, sem pensar, inconscientemente, procuramos esconder nossos medos, carências e inseguranças sob uma máscara de  poder e superioridade, máscaras de orgulho, de vaidade, arrogância, esnobismo ... Cuidado! Absorvemos tanto essas máscaras sem atentar para suas raízes que entramos num processo de Auto  engano!

Essas máscaras, que disfarçam nossas fragilidades, nos encantam, fazem os outros sentirem-se menores e nós mais seguros em nosso auto engano. No entanto, se formos confrontados com desafios maiores, com as consequências de nossos erros, que ameacem nossas posições ante o Mundo e ameacem nossas máscaras (orgulho, vaidade...) seremos capazes de quaisquer atitudes, mesmo as mais egoístas, para não ficarmos expostos em nossas vulnerabilidades e fraquezas.

Toda essa luta, que acaba por nos trazer culpa e vergonha por nossos atos, se trava em nosso interior e muitas vezes ainda inconscientes do que nos leva às essas atitudes.  As raízes desses nossos excessos e distorções de caráter de todo tipo passam muitas vezes desapercebidas por nós por auto desconhecimento ou auto engano.

Só buscando analisar nossos porquês, com honestidade e perseverança, poderemos trazer para nosso Consciente a raiz dos nossos medos e disfarces, nos tornando mais livres e senhores de nós mesmos.