São tantas as perdas!
Perdas materiais de bens, de coisas... Perdas de situações,
de status, de sonhos, ilusões, expectativas... Perdas de pessoas, “nossas
pessoas”, pessoas que se tornaram “nossos objetos” mais preciosos de amor e
adoração! Perdas...
Na verdade,
seria bom se abandonássemos a ilusão de que somos donos, proprietários,
possuidores de qualquer coisa num mundo de mudanças constantes, um mundo onde
estamos, tudo e todos, passando... Somos apenas “seres de passagem”! Mas temos
e mantemos essa ilusão de posse; a ela nos agarramos num medo crônico de
qualquer novidade que venha ameaçar o que já conhecemos e “possuímos”. Tendemos à inércia, ao não movimento. Se
pudermos, sem sentir, preferimos ficar encalhados nas situações conhecidas (com
pessoas e coisas) do que nos arriscarmos ao novo.
Mas a vida
nos empurra. Precisamos continuar - para
conhecer, adaptar, aprender, apreender, re-significar, crescer... Somos, então,
confrontados, à nossa revelia, com o Novo e com as Perdas – duas faces da mesma
moeda! Como dá medo e assusta! Como
incomoda e irrita! Como dói!
É tudo tão
forte, que nossa primeira reação é de luta, de negação, de repúdio à idéia da
perda( pequena ou grande)! - “Não acredito...”
- e sobrevém a raiva,
a revolta, o sentimento de injustiça, pela “rasteira” que estamos tomando. “Por
que logo comigo? Eu não merecia!”
- e tentamos negociar
com Deus/Vida a suspensão do “castigo” com promessas. Se não conseguimos, fazemos
“birra”, nos fechamos, cortamos relações, magoados...
- e vamos alternando
essas reações de desespero e luta, nos desgastando, perdendo a esperança de
voltar ao passado... Até que, desesperançados, vamos conformando-nos, cheios de
mágoa, raiva surda, “bronca enrustida”.
- e mais uma vez, tendemos
a estagnar, ali permanecendo, uns mais tempo, outros menos, todos mal!
Mas o
impulso da Vida é maior e se faz presente no processo mágico da Aceitação da perda, Aceitação da nova realidade. Para aceitar
não é preciso gostar! É apenas parar brigar/zangar! É encontrar Paz, mesmo na dor!... E nossa energia/alegria,
finalmente livre da luta e das lamentações pela perda do passado, nos
impulsiona a seguir, renovados, acrescidos, crescidos, mudados,
transformados...
A dor perene/viva recolheu-se, permanecendo, no entanto,
latente, mas o sofrimento que nos paralisava foi superado e nós, mesmo tão
machucados, até “sequelados”, de novo, avançamos...
Superando as perdas, acolhendo o novo, nós caminhamos... É assim!