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sábado, 8 de junho de 2013

ELES CRESCERAM !


                Eles nasceram de nós, nasceram em nossas vidas... Nós os cuidamos, nós os amamos... Nós os apresentamos às pessoas, ao mundo, à Vida... Nós lhes ensinamos o que sabíamos do Viver e da Vida. Nós os conduzimos, orientamos, demos-lhes diretrizes... O que acontecesse, nós estávamos ali para abraçá-los, acolhê-los, consolá-los... Mas muito pouco os ouvimos, porque tínhamos tanto a informar! Eles eram nossos ! (nós acreditávamos) – nossa responsabilidade, nossos amores...

                Mas eles cresceram! E cada vez ficou mais claro que não eram nossos! Cada vez ficou mais claro que muito pouco nós sabíamos, realmente, quem eles eram sob as vestes de “nossos” filhos! E eles também muito pouco sabiam de nós, escondidos que permanecemos sob nossos papéis de pais e orientadores.

 E então, me assusto e me arrependo de tão pouco saber e de tão pouco me revelar, porque agora eles cresceram!  Saíram de casa, distanciaram-se do meu olhar amoroso, sempre inquieto e intrometido...  Estão agora fazendo suas escolhas, desenvolvendo crenças e opiniões próprias, às vezes tão diferentes das minhas!
Formaram suas próprias famílias e entregam-se a elas, priorizam suas questões, como antes nós nos entregávamos a eles e também os priorizávamos.

                Então às vezes, de novo, me assusto quando descubro meu colo vazio! Será que os perdi? Será que perdi toda a importância em suas vidas? Será que acabou todo aquele nosso amor?
               
                Procuro entender que nossos papéis na vida uns dos outros são dinâmicos – eles mudam conforme mudam as fases de nossa vida. O Amor não muda – ele amadurece, conforme amadurecemos! Aquele amor de total doação com imposição, precisa se adaptar com respeito às novas fases de nossas vidas e se transformar em amor parceiro, amor que ouve, amor de trocas espontâneas, que tenta não invadir, que respeita quem eles são e quem somos.
Nossos papéis vão mudando: pais de filhos pequenos, pais de adolescentes, pais de filhos adultos, pais de filhos com seus próprios filhos... ( Preciso tanto estar me lembrando disso!!!)

                Não adianta chorar as lembranças do tempo em que dependiam e precisavam de nossa proteção!  Os passeios, as férias, os tombos, as febres, o estudo, as broncas, os carinhos, o “papel principal” no filme de suas vidas... Eles aprenderam, e de alguma forma aproveitam, tudo que lhes proporcionamos com nossos acertos e, também, com os nossos erros. Nós não fomos descartados de suas vidas. Estamos todos, pais e filhos, impregnados, internalizados, na vida uns dos outros. Cumprimos nosso papel na primeira fase da história de cada um deles... Agora é uma nova fase e precisamos nos adaptar a ela, porque continuamos a amá-los.

                Quando doer a distância, quando bater a saudade, quando gritar o silêncio da falta de notícias, de ouvir suas vozes tão queridas, quando a cada ficar imensa de tão vazia... preciso apenas agradecer toda a vida que temos e tivemos e me lembrar – eles cresceram!