É maravilhoso sermos também Doadores no processo do
Compartilhar! Doadores abertos a receber, a acolher o que têm a nos oferecer.
Mas atenção
para não nos tornarmos aqueles doadores compulsivos que só sabem dar, doar, se doar... Aprendemos que isso seria o certo, o
bonito e muito bom! Deveríamos cuidar de nossos familiares, amigos... doando-nos completamente, por amor, com
amor! Esses doadores receberiam a
admiração de todos, se sentiriam generosos, invejados, poderosos,
necessários...
Quanto maior e mais completa a doação (material ou afetiva),
maior o significado que teríamos na vida dos outros! E isto se tornava
importante porque estávamos condicionados a buscar fora de nós o significado de
nós mesmos, de nossa vida. Nessa ansiedade em nos doarmos para suprirmos as
necessidades dos outros, acabamos querendo viver suas vidas à nossa maneira,
acostumando-os a acomodação, negando-lhes o direito de também doarem, de servirem...
E cansados e esgotados pelo tanto que nos doamos, espontaneamente ou não,
quantas vezes nos sentimos explorados, magoados, e cobramos com palavras, pensamentos
e atitudes!
Quem só sabe doar, não consegue
compartilhar, porque não sabe receber! Para recebermos, precisamos abrir mão da
nossa posição de doadores, do orgulho de sermos aqueles que possuem mais, que podem
doar... Orgulhosos, não aceitamos a “vergonha e humilhação” de nos sentirmos
“submissos e submetidos” a alguém que está podendo mais! Não aceitamos esse novo papel que nos faz
sentir “frágeis, fracos, necessitados, ultrapassados”...
A caminho
de mim mesma, eu preciso observar, com honestidade, gentileza e bom humor,
quais são minhas motivações quando me revelo uma “doadora compulsiva” e quais
são minhas dificuldades em aceitar ser uma recebedora.
- estou muito apegada
ao poder de decidir o que é melhor para todos?
- tenho dificuldade
de deixar o controle?
- sinto-me orgulhosa
e envaidecida de ser aquela “generosa”, a que sempre doa, aquela a quem todos
recorrem?
- sinto como
humilhação abrir mão desse papel e aceitar receber?...
Somos
assim... Existem dentro de nós “bons e maus” motivos para doarmos e recebermos.
Somos ainda tão controversos! Quais os nossos motivos? Somos ainda tão
desconhecidos de nós mesmos! E ainda tão apegados aos nossos papéis aprendidos!
Precisamos descobrir e exercitar nossa
capacidade de doar com respeito ao espaço, às
responsabilidades e ao desejo do Outro, de doar com generosidade, mas atenta à sensibilidade
do outro. Precisamos descobrir e
desfrutar a gostosura da simplicidade
e da humildade ao receber com gratidão... Só assim
descobriremos, então, a magia do Compartilhar!