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domingo, 23 de junho de 2013

DOADORES


            É maravilhoso sermos também Doadores no processo do Compartilhar! Doadores abertos a receber, a acolher o que têm a nos oferecer.

            Mas atenção para não nos tornarmos aqueles doadores compulsivos que só sabem dar, doar, se doar... Aprendemos que isso seria o certo, o bonito e muito bom! Deveríamos cuidar de nossos familiares, amigos...  doando-nos completamente, por amor, com amor!  Esses doadores receberiam a admiração de todos, se sentiriam generosos, invejados, poderosos, necessários...
Quanto maior e mais completa a doação (material ou afetiva), maior o significado que teríamos na vida dos outros! E isto se tornava importante porque estávamos condicionados a buscar fora de nós o significado de nós mesmos, de nossa vida. Nessa ansiedade em nos doarmos para suprirmos as necessidades dos outros, acabamos querendo viver suas vidas à nossa maneira, acostumando-os a acomodação, negando-lhes o direito de também doarem, de servirem... E cansados e esgotados pelo tanto que nos doamos, espontaneamente ou não, quantas vezes nos sentimos explorados, magoados, e cobramos com palavras, pensamentos e atitudes!

            Quem sabe doar, não consegue compartilhar, porque não sabe receber! Para recebermos, precisamos abrir mão da nossa posição de doadores, do orgulho de sermos aqueles que possuem mais, que podem doar... Orgulhosos, não aceitamos a “vergonha e humilhação” de nos sentirmos “submissos e submetidos” a alguém que está podendo mais!  Não aceitamos esse novo papel que nos faz sentir “frágeis, fracos, necessitados, ultrapassados”...

            A caminho de mim mesma, eu preciso observar, com honestidade, gentileza e bom humor, quais são minhas motivações quando me revelo uma “doadora compulsiva” e quais são minhas dificuldades em aceitar ser  uma recebedora.
 - estou muito apegada ao poder de decidir o que é melhor para todos?
 - tenho dificuldade de deixar o controle?
 - sinto-me orgulhosa e envaidecida de ser aquela “generosa”, a que sempre doa, aquela a quem todos recorrem?
 - sinto como humilhação abrir mão desse papel e aceitar receber?...

            Somos assim... Existem dentro de nós “bons e maus” motivos para doarmos e recebermos. Somos ainda tão controversos! Quais os nossos motivos? Somos ainda tão desconhecidos de nós mesmos! E ainda tão apegados aos nossos papéis aprendidos!


 Precisamos descobrir e exercitar nossa capacidade de doar com respeito ao espaço, às responsabilidades e ao desejo do Outro, de doar com generosidade, mas atenta à sensibilidade do outro.  Precisamos descobrir e desfrutar a gostosura da simplicidade e da humildade ao receber com gratidão... Só assim descobriremos, então, a magia do Compartilhar!