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sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

COMPULSÃO DE CONTROLE




          Por ignorarmos nossa natural conexão e pertencimento a um TODO MAIOR, sentimo-nos soltos, largados e com muito medo do isolamento, da solidão, da desconexão com pessoas e coisas.   Então, amedrontados, valorizamos demais o nosso mundo conhecido, palpável. Queremos possuir coisas e pessoas.  Inseguros, agarramo-nos ao que nos é conhecido e, principalmente, a tudo e todos que nos são queridos. E tentamos, compulsivamente, manter o “controle” sobre o incontrolável – os Outros.

            Ao menor sinal de “perigo”, à ameaça de perda, com crescente agonia e ansiedade, passamos à vigilância e à fiscalização dos passos, dos sentimentos, e até dos pensamentos, daqueles que amamos. Não queremos a dor de vê-los sofrer, não podemos perdê-los para os descaminhos da vida ou para outros. Precisamos cuidar deles, orientá-los, direcioná-los, mantê-los sob  controle... Acreditamos ser esse o nosso papel e dever, não podemos fracassar! Mas, tristemente, só conseguimos, tentando controlar, a frustração, a raiva, a mágoa, o ressentimento e a constante tensão nas nossas relações com pais, filhos, amantes, companheiros, amigos...

            Nessa tentativa compulsiva e inglória de “possuir”, disfarçamos, mentimos, manipulamos...E levamos os outros a reagir, utilizando comportamentos semelhantes, para tentar fugir ao nosso controle. As relações tornam-se inseguras, desconfiadas, pesadas, sem alegria, sem espaço para as tantas faces e manifestações do Amor.

            Nossa compulsão de controle se manifesta, também, e de modo crescente, como a única resposta às ameaças de perda de poder, de prestígio, de valorização... . “Acuados”, tentamos, cada vez mais, controlar, disputar, não perder!  E o orgulho e a arrogância, mesmo inconscientes ou disfarçados, a vaidade, a presunção, a prepotência... cada vez mais, se estabelecem em nosso pensar, sentir e agir. Tanta luta acaba por nos esgotar, nos secar, tirar nossa graça de Ser e Estar. Tudo, na verdade, encobre um grande medo de ser menos e é consequência dessa percepção equivocada de nossa desconexão e isolamento.

            Somos únicos, embora iguais em nossa humanidade e pertencemos, todos, a um Todo Maior. Jamais estaremos sós e desconectados. Mas jamais teremos, também, o controle uns dos outros. Se insistirmos em não entender isso, perderemos o amor das pessoas e o controle de nós mesmos.    Para estarmos juntos, relacionados de forma sadia e gratificante, é importante entender, relaxar e acreditar na importância de estarmos atentos e ocupados em cuidar gentilmente de nós mesmos, respeitando uns aos outros. Só então poderemos  experimentar  alegria ao estarmos juntos, livres e conectados.  Quanto mais e melhor cuido de mim, mais descubro meu poder interior, o valor de Ser Único e o conforto de Estar, de Pertencer.   Quando o foco de nossa atenção se inverte, vamos abandonando essa compulsão de controlar e tudo começa a mudar...


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