Todos
pensamos! Afinal, nós pensamos com a
mente racional e ela foi ensinada a nos perceber diferentes ou a perceber as
diferenças entre nós e os outros!
Desde que nascemos somos rotulados,
etiquetados, apontados, comparados... e percebidos pelas nossas diferenças: de
gênero, de idade, de raça, de posses, de poderes, de saberes... Diferenças
físicas, religiosas, culturais... Pelos diferentes papéis que desempenhamos na
família, na sociedade. Achamos natural e isso só nos incomoda quando essas
diferenças nos fazem sentir o peso da discriminação e da intolerância. Na
verdade, intimamente, buscamos semelhanças e semelhantes que nos façam
companhia, porque não queremos nos sentir tão sós, tão “diferentes”! Mas,
tristemente, sabemos utilizar as diferenças do outro, quando nos convém
manipular e oprimir...
Afora as diferenças externas criadas
pelo Mundo, existe uma percepção interna de que somos seres únicos, individualidades,
individuações de uma Centelha Divina – a intuição do Eu Sou. No entanto, essa
auto percepção pode se distorcer, em maior ou menor grau, em nosso orgulho.
Nossa auto imagem de distorce e, mesmo internamente, continuamos a nos
comparar, sentindo-nos melhores ou mais merecedores. “Eu sei mais...” “Sou
melhor, mais generoso...” “Eu merecia
mais...” “Sou diferente!” “Comigo é diferente!”... “Eu sou mais eu”! Essa distorção na avaliação de quem somos,
ou do que podemos, nos leva a enganos, ilusões, a desenganos, desilusões,
sustos, assombros, humilhações... E sobrevêm então a raiva, o medo, a mágoa, a
vergonha... a Dor!
Mas é a Dor que nos leva a buscar os
“iguais”, aqueles que entendem a superficialidade das diferenças aparentes,
porque estão descobrindo a igualdade de nossa dimensão afetiva, de nossa
humanidade. A dor e a alegria nos igualam, não os motivos do mundo para a dor e
para a alegria. E precisamos ser
“entendidos” afetivamente e acolhidos por nossos “iguais”.
O físico e o racional reforçam
nossas diferenças, mas é nos sentimentos e na espiritualidade que nos
descobrimos iguais. É uma pena que nossos sentimentos estejam sempre
aprisionados e disfarçados pelas máscaras sociais e nossa espiritualidade,
gentil, simples e amorosa, seja por nós praticamente desconhecida ou distorcida
por crenças tão racionais.
A prisão seletiva exercida pelo ego
sobre os nossos sentimentos é somente quebrada pela intensidade da Dor. Ela nos
faz mais humildes, mais simplesmente humanos, mais iguais no medo das perdas e
na eterna e medrosa expectativa de ter valor e ser amado.
Que bom podermos aceitar quem somos
e como somos iguais! Que bom podermos
compartilhar o paradoxo de nossa igualdade e nossa unicidade! Como então nos consolamos e nos enriquecemos!
Descobrirmos que somos iguais em nossos acertos e desacertos, iguais em nossas
individualidades sagradas. Somos como as ondas do mar em tempestade, tão
diferentes umas das outras, mas a medida que se aquietam e se aprofundam,
sentem- se iguais e podem gozar a
serenidade do Oceano Profundo.
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