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sábado, 19 de março de 2016

VOCÊ PENSOU QUE ERA DIFERENTE ? !




           Todos pensamos!  Afinal, nós pensamos com a mente racional e ela foi ensinada a nos perceber diferentes ou a perceber as diferenças entre nós e os outros! 

            Desde que nascemos somos rotulados, etiquetados, apontados, comparados... e percebidos pelas nossas diferenças: de gênero, de idade, de raça, de posses, de poderes, de saberes... Diferenças físicas, religiosas, culturais... Pelos diferentes papéis que desempenhamos na família, na sociedade. Achamos natural e isso só nos incomoda quando essas diferenças nos fazem sentir o peso da discriminação e da intolerância. Na verdade, intimamente, buscamos semelhanças e semelhantes que nos façam companhia, porque não queremos nos sentir tão sós, tão “diferentes”! Mas, tristemente, sabemos utilizar as diferenças do outro, quando nos convém manipular e oprimir...

            Afora as diferenças externas criadas pelo Mundo, existe uma percepção interna de que somos seres únicos, individualidades, individuações de uma Centelha Divina – a intuição do Eu Sou. No entanto, essa auto percepção pode se distorcer, em maior ou menor grau, em nosso orgulho. Nossa auto imagem de distorce e, mesmo internamente, continuamos a nos comparar, sentindo-nos melhores ou mais merecedores. “Eu sei mais...” “Sou melhor, mais generoso...”  “Eu merecia mais...” “Sou diferente!” “Comigo é diferente!”...  “Eu sou mais eu”!   Essa distorção na avaliação de quem somos, ou do que podemos, nos leva a enganos, ilusões, a desenganos, desilusões, sustos, assombros, humilhações...  E  sobrevêm então a raiva, o medo, a mágoa, a vergonha... a Dor!

            Mas é a Dor que nos leva a buscar os “iguais”, aqueles que entendem a superficialidade das diferenças aparentes, porque estão descobrindo a igualdade de nossa dimensão afetiva, de nossa humanidade. A dor e a alegria nos igualam, não os motivos do mundo para a dor e para a alegria.  E precisamos ser “entendidos” afetivamente e acolhidos por nossos “iguais”.       

            O físico e o racional reforçam nossas diferenças, mas é nos sentimentos e na espiritualidade que nos descobrimos iguais. É uma pena que nossos sentimentos estejam sempre aprisionados e disfarçados pelas máscaras sociais e nossa espiritualidade, gentil, simples e amorosa, seja por nós praticamente desconhecida ou distorcida por crenças tão racionais.

            A prisão seletiva exercida pelo ego sobre os nossos sentimentos é somente quebrada pela intensidade da Dor. Ela nos faz mais humildes, mais simplesmente humanos, mais iguais no medo das perdas e na eterna e medrosa expectativa de ter valor e ser amado.

            Que bom podermos aceitar quem somos e como somos iguais!  Que bom podermos compartilhar o paradoxo de nossa igualdade e nossa unicidade!  Como então nos consolamos e nos enriquecemos! Descobrirmos que somos iguais em nossos acertos e desacertos, iguais em nossas individualidades sagradas. Somos como as ondas do mar em tempestade, tão diferentes umas das outras, mas a medida que se aquietam e se aprofundam, sentem- se  iguais e podem gozar a serenidade do Oceano Profundo.


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