Em busca da
sanidade
Algo precisa
mudar num ninho que perdeu sua função de nidar seus membros e virou um campo de
lutas e debates! Quem muda? O Grupo Familiar não sabe fazer diferente, não
acredita que deve/pode, não se permite fazer diferente de suas próprias crenças.
Seus membros, com foco externo, olham uns para os outros, acusam-se e esperam
que o “errado” mude. E continua essa ciranda de culpados que não mudam e nada
muda... Quanto tempo se perde tentando mudar o outro! Quanta energia! Quanta
dor!
Então, quem muda? Quem ousa fazer
diferente? Quem desobedece às “leis” do grupo? O “certo” ou o “errado”? Quase
sempre é aquele que sofre de modo que, afinal, lhe é insuportável. Sua dor
quebrou seu orgulho, sua vaidade, minou as “certezas” do seu ego. Preso à
lealdade a seu grupo, não ouve nada de “fora”, sente-se confuso, esgotado,
humilhado, fracassado... perante si mesmo, perante o grupo, perante o mundo. Está
frágil, perdido, desorientado... Sente-se desvalorizado, desamado...
Só a força e o poder de um Outro Grupo (Anônimo ou não), que o
acolha, num novo modelo de Família,
com respeito, valorização e amor, poderá fazê-lo baixar a guarda e ouvir... Só o poder de um Grupo de pessoas iguais a ele
em sua dor, em seu desespero, em sua confusão, em seu momento de humildade... Só esse Grupo poderá ter credibilidade para
ele. E é ali, onde vai ser respeitado, que aprende a respeitar... Onde ouve e é
ouvido... Onde se sente aceito e consegue a honestidade e a coragem para se descobrir,
se aceitar e até se revelar... Onde lhe é sugerido um novo crer, pensar,
sentir, agir, que seja realista, ético, amoroso... Onde descobre sua impossibilidade de modificar
os outros, mas descobre seu próprio
poder e a responsabilidade de Se
modificar. Lá, descobre seu dever de ser leal a si mesmo, às suas necessidades,
seus dons, suas dificuldades, suas verdades... Vai descobrindo sua humanidade e
aprendendo a aceitar a humanidade dos outros. Vai -se modificando para poder
amar melhor a si mesmo e aos outros.
Essa “nova família”, esse novo ninho, nos acolhe enquanto vamos
descobrindo-nos, nos aceitando, nos transformando... É nela onde vamos nos
“emplumando”, com novas cores, com novos cantos, para novos voos. Somos uma
Graça de Deus, esse Poder Maior de Amor, e nos foi confiado o poder de desenvolver nossos atributos mais
sagrados. Estamos agora aprendendo a nos responsabilizar por nosso voar eterno
em Sua Direção.
Não queremos abandonar o ninho antigo! Ali,
nosso coração criou vínculos eternos de amor, mas, ao “voltarmos para casa”,
precisamos trazer conosco um novo modo de Amar e de Estar... Não posso “consertar” o ninho antigo, nem aqueles
que ali habitam. Não devo tentar convencê-los, pois seria desrespeitá-los em
suas escolhas e em seus tempos. Mas
posso ser um familiar “diferente”, leve, amoroso, assertivo, honesto, livre,
libertado... Posso ser um membro mais sadio num ninho adoecido. Posso ser um exemplo da possibilidade de Ser
e Estar com Harmonia e Amor. Posso ser a prova da força e do poder libertador
de cada um de nós, a cada dia, em nossa própria vida e no convívio nos grupos
onde estivermos.