Minhas
raízes eram fortes, sólidas, bem fixadas e espalhadas, vindas de muitas
direções, trazendo nutrientes variados para a formação de mim e da minha história... Assim são as raízes. Dão sustentação e nutrem
para sempre cada novo Ser. Elas nos alimentam física, emocional, racional e
espiritualmente. Ajudam a nos fixar ao “solo”, qualquer que seja o solo onde a
vida nos tenha plantado.
Nossos pais são nossas raízes mais
próximas, mas eles também se nutriram de muitas outras, que se entrelaçaram
formando uma verdadeira teia de vida, que nos nutrem a todos. São nossos
ancestrais, não só nos “sobrenomes”, mas nos costumes, nas crenças, nas
tradições, nas histórias que ouvimos e tanto embalaram nossa infância.
Apoiados e garantidos por essas
raízes, crescemos, florescemos. Na brisa suave da mocidade, nos enternecemos e
enamoramos. Na idade adulta, poderosos, enfrentamos ventos mais fortes e
quisemos ser, nós mesmos, as raízes dos frutos que geramos.
No curso natural dessa vida, vamos
perdendo algumas das raízes que nos sustentavam. A perda de cada uma delas,
começa a marcar o início do processo de nossa própria finitude aqui. A perda da
experiência carinhosa dos avós, da presença enriquecedora de tios, irmãos,
amigos... e a perda do pilar
representado por nossos pais. Todas essas perdas nos fazem sentir que a teia
que nos acolheu, vai ficando mais rala, mais puída... Sentimo-nos por muitos momentos meio soltos,
“bambos”, sem a firmeza plena e rica daquele solo que nos mantinha. É muito importante, então, cultivarmos, com
muito cuidado e carinho, o solo dos que ainda ficaram, os que nos restaram.
Muitas vezes os procuro fisicamente,
quero contar-lhes algo, sorrir com eles, quero ir às suas casas, quero poder
ouvi-los para me posicionar melhor ante
os desafios da vida, quero me sentir tão cuidada e amada ... E quando,
fisicamente os encontro tão frágeis ou, tristemente, não mais os encontro,
sinto-me abandonada, assustada, num mundo cada vez mais vazio deles. Então
procuro lembrar-me de tudo que recebi e que me fixou à vida: suas presenças,
suas falas, seus exemplos, suas zangas e alegrias, suas humanidades, seus
cuidados... Forjaram em mim mesma uma raiz/mãe mais forte e profunda, que sustentará
meu próprio tronco envelhecido até meu fim aqui.
Como na natureza, as raízes não se
acabam. Cumprem seu destino, depois se eternizam, desmanchando-se na
disponibilidade do solo para novas sementes.. Aqueles que nos antecederam, que
se doaram como nossas raízes, sobrevivem e vivem em nós, assim como também nós
nos transformaremos em “adubo” de vida para os que nos seguirem.
Minhas raízes estão tão vivas em
mim! Na pessoa que sou, nas minhas mais queridas lembranças, na saudade que
tanto machuca, no respeito a tudo que são, ou que foram.
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