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segunda-feira, 16 de maio de 2016

MOMENTOS DE FRAGILIDADE


          Naquele momento, eu só queria parar, sentar-me bem escondidinha e chorar...  Poder liberar águas represadas por um sem número de diques, sempre tentando conter prantos e me isolar no seco, em seco.  Tive a impressão que, se deixasse rompê-los, eu iria vazar, sangrar, até me acabar... Era muito pranto! De onde vêm tantos prantos!?  “Me” encastelei, muitas vezes e muito tempo, em meu mundo, na minha dor. Será ela a maior, a mais diferente? Alguém me entenderia? Como deixar ver a dor dos abandonos, das rejeições, da vergonha de sentir-se incompreendida, preterida?  Ah, esse meu orgulho que me isola, me priva de compartilhar minhas dores, minhas confusões, minhas reflexões... E hoje, sufocada, preciso apenas chorar...

            Nesse momento, tão doída e frágil, gritam em mim anseios de carinho, de braços e abraços me acolhendo.  Eu queria um sorriso para me receber... Queria sentir um toque leve, suave, de simpatia... E um abraço longo, gostoso, protetor... Um sorriso e uma palavra paciente, tolerante e bem humorada com minhas distrações, meus erros e confusões.... Um sorriso cúmplice e orgulhoso com meus acertos e minhas pequenas conquistas... Um cuidado de tentar tirar pequenos empecilhos ao meu caminhar... A lembrança de dizer que ama, que sente falta da minha companhia... O cuidado de evitar cobrar, criticar, ironizar... Apenas me aceitar!

            Precisamos de todas essas formas de carinho como uma plantinha necessita de solo, sol e água . Carinho é como o sol doce e morno de meia estação, é como uma manta macia que nos envolve e faz o caminho valer a pena, mesmo nos momentos de muita dor. Carinho é como a água que nos nutre e dá força para prosseguir. Carinho nos dá o equilíbrio de um solo seguro para seguir. 

            Na verdade, sob a armadura que nos defende para lidar com o mundo, escondemos muitas dessas nossas carências, dessas “securas” de afeto, de atenção, de carinho. Tão defendidos e distantes, temos muita dificuldade de dar e até de receber o carinho que tanto desejamos e precisamos. Ficamos sem graça, medrosos, desconfiados, escondendo nosso anseio. Precisamos de coragem para chegar, para ousar, para dar, para vivenciar o carinho, abrindo assim a possibilidade de, talvez, recebê-lo. Mas, inseguros e frágeis, fica  ainda muito difícil buscarmos abrigo e conforto no outro! 

             Nesses momentos de fragilidade, quando fica evidente a força dessa carência afetiva, é preciso atentar que tudo começa em nós mesmos!  O carinho do mundo é um presente a mais, que receberemos (ou não!), mas a primeira fonte de todo o carinho que preciso está na relação comigo mesma. Todas as formas de carinho, cuidado e atenção que busco no outro, preciso, antes, trazer para o trato constante comigo. Nesse momento, me ouço, me acolho, choro e me consolo, me aceito com muito carinho... Então, sorrio confiante, confortada e fortalecida.  Depois, levanto e caminho...


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